Boletim Geped Pibid Ufac nº 08 abril/2016

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Edição nº 08, Abril 2016 - ISSN 2447-2832

Nas entrelinhas da docência: o aprender fazendo REITOR Dr. Minoru Martins Kinpara VICE-REITORA Dra. Margarida de Aquino Cunha PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO Dra. Aline Andréia Nicolli COORDENADOR INSTITUCIONAL PIBID UFAC Ms. Elder Gomes da Silva

Expediente Editores Alexandre Melo de Sousa Rosane Garcia Silva Tatiane Castro dos Santos Redação Alexandre Melo de Sousa Rosane Garcia Silva Tatiane Castro dos Santos Revisão Tatiane Castro dos Santos Diagramação Alexandre Melo de Sousa

Maria das Graças da Silva

O ingresso do aluno à universidade o envolve numa série de novos conhecimentos e informações que precisam ser apreendidas e com as quais deve se familiarizar. A licenciatura exige que, ao final dos quatro anos de curso, o aluno tenha construído saberes e competências sobre a prática pedagógica. Momento esse em que ele deve estar apto a vivenciar o âmbito da escola, constituído de complexidades, tais como: sala de aula, disciplinas, conteúdos, alunos e inúmeras elaborações necessárias à realização de sua prática. A graduação aponta caminhos a serem seguidos pelo aluno na formação do professor; sugere teorias que podem elucidar problemas de aprendizagem; apresenta modelos, métodos avançados e didáticas específicas. Entretanto, ainda é pouco diante as necessidades que envolvem a aprendizagem. As disciplinas pedagógicas que compõem o currículo apenas auxiliam na compreensão do objeto; as práticas estudadas deixam uma lacuna quanto as verdadeiras razões de ser; os estágios acabam tomando um rumo metódico, estabelecidos dentro de limites, tabelas, horários, cronogramas, relatórios, pautados em métodos com pouca reflexão. Por sua vez, o estudante uni-

Supervisão Rosane Garcia Silva Edição online: www.ufac.br

Apoio Assessoria de Eventos e Cerimonial Ascom - Assessoria de Comunicação

Campus Floresta Ufac - Cruzeiro do Sul Créditos: Maria das Graças da Silva

versitário não consegue assimilar o verdadeiro sentido do estágio, ou seja, a primeira forma de envolvimento com o fato pedagógico, com o ser aprendiz, a razão maior desse momento, que deveria ser constituído de aprendizado valorativo, contundente.. Mas é na prática, no convívio com a escola e o aluno, que o graduando encontrará as respostas necessárias às suas indagações. A iniciação à docência, por meio do Pibid, traz ao aluno da graduação possibilidades de antecipar alguns conhecimentos, de analisar e refletir sobre esse fazer que tanto o atrai e o amedronta ao mesmo tempo. Imerso no contexto da escola, ele poderá adquirir para si as tão necessárias competências, pois estas, segundo Perrenoud (1993, p. 178), permitem a articulação entre “a análise e a ação, a razão e os valores, as finalidades e os constrangimentos da situação”. Na observância dessa prática, ele aprenderá fazendo, tanto quanto o artesão vai emoldurando sua arte, ele também vai lapidando seu conhecimento, transformando-o em experiência, acrescentando a cada atividade vivenciada, um novo aprendizado, moldando-se, construindo-se, imerso no locus de participação e aprendizagem: a escola. O ingresso na carreira docente é marcado por muitos percalços, e a fase inicial se configura como um período de aprendizagens significativas e intensas, de muita dedicação, ansiedade e, até mesmo, desespero, principalmente quando o impede de realizar uma boa prática. Segundo Lima (2006, p. 8), “implica mesmo num verdadeiro processo


de sobrevivência”. Entendemos que a iniciativa do Ministério da Educação, por meio da CAPES de e do Programa Institucional de Iniciação à Docência, requer, principalmente, que os estudantes da graduação antecipem o acesso ao universo escolar, e passem a lidar diretamente com práticas concretas da realidade docente. No mundo pós-moderno, é inegável a velocidade de informações e de inúmeras aprendizagens. Assim, o aperfeiçoamento de competências, que precisam ser construídas na vida profissional, visam facilitar o acompanhamento desse profissional, justificando-se a proposta do Pibid de proporcionar o amadurecimento que será possível no convívio escolar. Pensar a formação do professor por meio da Iniciação à Docência implica reconhecer a contribuição do Pibid para o processo inicial dos estudantes. O programa se traduz como um meio de acesso ao conhecimento prático da atividade pedagógica que os bolsistas vão vivenciando em situações de aprendizagem e, assim, adquirem experiências que poderão ser ampliadas na sua prática futura em sala de aula. A experiência no mundo contemporâneo satisfaz e complementa uma necessidade inerente aos processos de aprendizagem sobre as teorias estudadas em sala de aula nos cursos formação de professores. Compreende-se melhor vivenciando, experienciando, fazendo. Tardif (2002) fala do professor ideal como alguém que deve desenvolver um saber prático baseado em sua experiên-

A Escola São José, localizada na Av. 17 de Novembro, nº 94, em Cruzeiro do Sul, é uma das escolas do município que recebeu o Pibid desde o ano de 2013. A Instituição destaca-se por sua história, atuação na sociedade cruzeirense e por seu comprometimento com o ensino estadual, em especial, com a educação inclusiva. Atualmente, a Escola São José (ESJ) atende aproximadamente 1.247 alunos do 1º ao 9º Ano em dois turnos: matutino e vespertino. A equipe gestora da ESJ é composta pela Diretora Prof.ª Sernízia de Araújo Correia; Coorde-

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cia cotidiana com os alunos. Enquanto Perrenoud (1993) argumenta que é necessário o professor saber compreender os saberes na essência. Isso implica a relação entre aquilo que se ensina/aprende e o contexto. Assim, compreendemos a importância de experiência adquirida pelo aluno de graduação na escola, Profa. Maria das Graças da Silva de modo especial, Coordenadora de Gestão de Processos Educacionais Pibid Ufac - Cruzeiro do Sul no contexto cruzeirense quando a superação dos dilemas e os impasses vivenciados em sala de aula darão um suporte especial a sua formação. Referências LIMA, E. F. de. (Org.). Sobrevivências no início da docência. Br asília: Líber Livr o Editor a, 2006. PERRENOUD, P. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação: per spectivas sociológicas. Lisboa: Dom Quixote, 1993. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

Simone Cordeiro de Oliveira

nadora de Ensino Prof.ª Eliete de Souza Melo; Coordenadora Pedagógica Prof.ª Ana Lima Cordeiro Gomes e Coordenadora Administrativa Maria Vânia D. Magalhães. A equipe gestora da ESJ sempre acreditou que a família tem um papel muito importante no processo de aprendizagem das crianças e dos jovens, por isso a escola constantemente desenvolve atividades diversificadas com o intuito de integrar a família ao cotidiano escolar. Como resultado dessa metodologia, a Escola São José apresenta hoje um dos índices mais baixos de reprovação no município de Cruzeiro do Sul. Para a equipe gestora o segredo está na constante inovação das práticas pedagógicas, atualização curricular dos docentes e agregação do conhecimento especializado. Atualmente, dois subprojetos Pibid Ufac são desenvolvidos na escola; a saber: Língua Portuguesa e Biologia. Durante o desenvolvimento dos subprojetos, os bolsistas do Pibid têm apresentado importantes projetos e atividades


em conjunto com os supervisores das áreas, bem como com os respectivos coordenadores. A aplicação de metodologias inovadoras voltadas para o ensino da leitura e da escrita (Língua Portuguesa) e atividades de conscientização sobre o uso de recursos naturais (Biologia) têm sido uma via de mãodupla no cotidiano de professores, alunos e bolsistas ID, pois ao mesmo tempo em que a escola tem acesso ao conhecimento especializado, ela permite Bolsistas ID de Língua Portuguesa que os acadêmicos dos cursos de licenciatura em Letras Português e licenciatura em Ciências Biológicas conheçam o cotidiano escolar, seus desafios e conquistas. As supervisoras Maria de Nazaré Soares Lima e Maria do Rosário de Melo Martins da Silva destacam a importância de programas educacionais como o Pibid por sua aplicabilidade

ao ensino gerando no iniciante à docência o gosto pela prática e o despertar da reflexão sobre o ensinar e educar. Segundo elas, esse modelo de programa, além de permitir o desenvolvimento dos bolsistas ID em suas práticas acadêmicas, possibilita que as escolas recebam profissionais mais qualificados para atuarem na sala de aula, conscientes do seu papel como educadores e dos desafios que envolvem a prática docente.

PIBID NA ESJ LÍNGUA PORTUGUESA Coordenadora Simone Cordeiro de Lima e Supervisoras Maria Nazaré Soares e Maria do Rosário de Melo Martins da Silva

BIOLOGIA Coordenador Reginaldo Assêncio Machado e Supervisora Joneide Correia da Silva

A interação entre os pibidianos do Campus Floresta Ufac, os professores e os alunos da Escola São José Sernízia da Araújo Correia

A formação docente, ao longo dos anos, passou por várias matrizes curriculares, sem, no entanto, deixar de lado a vivência nas escolas de educação básica: seja na observação do espaço, entrevistas, pesquisas in loco ou mesmo em estágio supervisionado, quando o acadêmico exercita os conhecimentos adquiridos ao longo do curso em uma sala de aula com os alunos nos diversos níveis. A Escola de Ensino Fundamental São José recebe diariamente um grande número de acadêmicos de vários cursos e instituições para a iniciação de práticas pedagógicas. Entre estes estão os “meninos e meninas do Pibid”. SupervisiSernízia de Araújo Correia Diretora da Escola São José onados pelas professoras Maria de Nazaré Soares Lima e Maria do Rosário de Melo Martins em Língua Portuguesa e Joneide Correia em Biologia. Os acadêmicos participam dos encontros de planejamento com os professores, estabelecendo um convívio colaborativo pois, enquanto participam na elaboração das sequências didáticas, auxiliando com pesquisas, metodologias e estratégias diferenciadas para facilitar a assimilação do conhecimento, aprendem a “ver” a realidade da escola, internalizam o cotidiano escolar e toda a complexidade que o envolve, PÁGINA 3

pois além de “ensinar” o educador é mediador de conflitos e relações entre família, escola, aluno. O conhecimento da realidade da escola e, essencialmente, da prática de sala de aula, proporciona ao futuro professor possibilidades de eficácia na gestão das situações complexas e rotineiras ocasionadas pela grande dialética do espaço escolar. As escolas, por sua vez, têm probabilidade maior de receberem profissionais com melhores condições de sucesso no processo de ensino aprendizagem por terem vivenciado com mais proximidade as atividades que compõem a prática docente e os desafios inerentes a ela. O Pibid tem se apresentado para a Escola São José como uma oportunidade de integrar às constantes buscas de alternativas para elevação dos índices da qualidade do ensino ofertado pela instituição. O conhecimento e Supervisoras do Pibid Ufac a disponibilidade dos acadêmicos aprendizes no contato direto com os alunos, desenvolvendo atividades diversificadas em conjunto com os professores, já têm mostrado importantes resultados; especialmente, no que se refere aos resultados parciais de avaliação.


Para transpor os obstáculos da carreira docente, o professor pode lançar mão das mais diversificadas estratégias e técnicas como apoio às suas atividades. Dentre elas, está a pesquisa que implica em melhoria na formação dos futuros professores (ANDRÉ, 2006), em especial na área de ciências biológicas (MARINI-TEIXEIRA, 2013). Conforme Freire (1999), não há ensino sem pesquisa e nem pesquisa sem ensino. Assim, a pesquisa pode ser usada para compor o universo do conhecimento, bem como para conhecer a técnica de ensino a ser usada em cada situação. Também, pode-se usar a pesquisa como método para o alcance do objetivo da aula, envolvendo os acadêmicos em todas as suas etapas. O Pibid oferece a oportunidade de aliar a teoria e a prática na produção do conhecimento em ciências biológicas, o que permite ao bolsista desenvolver o “ser pesquisador”, estimulando nele a formação de um profissional mais amplo, completo e atual. É neste contexto que atua o Pibid Biologia da Escola São José: as atividades são desenvolvidas em duas etapas, uma de pesquisa, com levantamento de dados, e outra de extensão. Na análise das informações coligidas, os alunos do 8º e 9º anos demonstram ter conhecimentos acerca de di-

Reginaldo Assêncio Machado Joneide Correia da Silva

ferentes questões que envolvem, por exemplo, o lixo e as queimadas urbanas. Desta forma, os bolsistas ID, além de estudarem livros didáticos, participarem da elaboração e execução de sequências didáticas e da avaliação das atividades desenvolvidas intra e extraclasse, trabalham em atividades de educação ambiental e orientação sobre como lidar com as situações-problema apontadas pela pesquisa. Vale lembrar que a relação dos bolsistas ID com as rotinas de estudante da Ufac permite que eles levem estas discussões para o âmbito da academia, assegurando uma discussão ampla sobre cada questão-problema e a tomada de decisão mais adequada para cada caso. Referências ANDRÉ, M. O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. 5ª Ed. Editor a Papir us, Campinas, 2006. FREIRE, P. A pedagogia do oprimido. 17ª Ed. Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1999. MARINI-TEIXEIRA, P. M. Iniciação à pesquisa: um eixo de articulação no processo formativo de professores de ciências biológicas. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Universidade Federal de Minas Gerais, 2005, 5(1): 1-14.

Um dos focos do Pibid Espanhol é a promoção da leitura e da escrita. Por isso, entre suas atividades, há a oficina de dramatização relacionada à leitura de obras hispânicas, bem como da literatura universal em língua espanhola. Orientados pela Coordenadora Suerda Mara Lima e as supervisoras Maria Dulcilene Carneiro e Edileusa França, os bolsistas ID trabalham o desenvolvimento da pronúncia, da escrita e da compreensão leitora, além de aspectos contextuais e culturais. Como resultado de uma dessas oficinas, foi realizada, na Escola Craveiro Costa, uma atividade teatral na qual os alunos apresentaram dramatizações, recital de poemas e músicas hispano americanas.

“O Pibid tem sido um divisor de águas para mim. Com a palavra, os que fazem ID...

Por meio do Programa eu tenho percebido o que, de fato, é a docência e quais os desafios que vou enfrentar na prática docente. Me enche de felicida-

Alex Sandro Souza e Silva Bolsista Pibid Língua Portuguesa

de saber que vou ajudar a formar cidadãos e fortalecer a educação do país.”

Divulgue as atividades de sua escola. Entre em contato com a equipe de gestão por meio do endereço eletrônico geped.pibid@gmail.com.


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