Recôncavo da Bahia e a 110 km da cidade de Salvador. A comunidade fica as margens da Baia do Iguape, constituída por aproximadamente, 2.500 habitantes divididas em vários núcleos familiares que se interligam por laços de parentesco e afinidade. A comunidade é reconhecida pela Fundação Cultural Palmares como comunidade remanescente de quilombos e está em processo de lutas pela titulação das terras quilombolas. Buscaremos fazer uma análise da comunidade atentado brevemente para o processo de surgimento, a organização política da comunidade, lutas pela terra, bem como o processo de construção e consolidação de uma identidade quilombola na comunidade. O presente trabalho ajuda a cristalizar os estudos sobre o Recôncavo da Bahia, se debruçando sobre um objeto de estudo ainda não analisado pela perspectiva histórica, além de se abrir frente à problemática sobre o negro. Palavras-chave: comunidade, organização política, identidade.
Ancelmo Schörner
Professor do Departamento de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO/PR). Pósdoutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) ancelmo.schorner@hotmail.com
Terra: posses e usos entre os zagrugari e faxinalenses
Esta comunicação é parte do Projeto Migrantes Eslavos no Sul do Paraná: relações familiares, ocupações e usos da terra – os faxinais e a zadruga, desenvolvido pelo autor, com a colaboração de José Adilçon Campigoto, entre 2010 e 2011. Ela destaca as relações que zadrugari e faxinalenses tinham e têm com a terra. A Zadruga se constituía de uma família de pessoas, isto é, marido, esposa e filhos, bem como todos aqueles que à ela eram incorporados. Seu número total variou entre 20 e 40 pessoas. Esta unidade tinha direitos comuns sobre os campos, pomares, vinhas e prados, mas também lojas que trabalham com linho e cânhamo. Alimentos, medicamentos, roupas, casas e móveis eram produzidos na Zadruga, sal e ferro eram produzidos fora. A Zadruga detinha a totalidade de suas propriedades como uma unidade: seus membros viviam na mesma casa, sob a direção de um chefe e trabalhavam a terra indivisa, garantindo a alimentação e reprodução de seus membros. Para manter a independência, uma quantidade considerável de pessoas era necessária para arar a terra com uma enxada e outras ferramentas, no trabalho com linho e lã, preparar as refeições, a construção de casas e cuidar dos rebanhos. Por sua vez, o Faxinal, tem no uso comum de parte das terras para a pecuária e na criação de animais à olta sua principal característica. Ele conjuga o uso da terra em comum com a utilização dos recursos naturais - pinhões, guabirobas e araçás, jabuticabas pitangas, com a manutenção da vida em comunidade e a preservação da memória comum. Os faxinalenses utilizam a área cultivada de forma coletiva, mesmo se o terreno é privado. O plantio pode acontecer de uma maneira particular por membros de uma família ou comunidade, ou seja, várias famílias se reuniram para um trabalho específico. 277