GeoMag 22

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Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

CAMINHADAS

Caminho de Santiago O relato de uma caminhada a ser lembrada para o resto da vida. À DESCOBERTA DE

Caminho dos Pescadores pelo Geo.leo CACHES EREMITAS

Mi Querida Llardana por pgavlak E AINDA...

– Cruzilhadas – Aldeia e Castelo de Sortelha – De A a Z – Ponto Zero – E muito mais...

Global Trekkers Viajantes, exploradores e aventureiros. Um casal com bastante história no panorama do geocaching nacional em entrevista na geomag! Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 1


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Índice Editorial............................................................. 04 Caminho dos Pescadores............................ 07

Nota sobre Acordo Ortográfico: Foi deixado ao critério dos autores dos textos a escolha de escrever de acordo (ou não) com o AO90.

Cruzilhadas....................................................... 16 O que levo na minha mochila...................... 20

Créditos

Mandamentos.................................................. 26

Annie Love

Aldeia e Castelo de Sortelha..................... 28 A a Z - Team Martinez................................... 34 Rota das Bétulas e Trilho Inca................... 36 Love Love Braga - Rescaldo....................... 41 Entrevista - Global Trekkers...................... 44

António Cruz Bruno Gomes Bruno Rodrigues Cândida Filipe Nobre Filipe Sena Hugo Silva José Maria

Caminho de Santiago.................................... 70

Luís Machado

Geotour Azores - Grupo Central............... 82

Leonel Baptista

From Geocaching HQ with Love................ 90 O meu Waymark.............................................. 92 Cache em Destaque....................................... 96

Pau Pedro Almeida Rui Duarte Tiago Heleno Vítor Sérgio

Ponto Zero........................................................ 98 Baja TB Alentejo 2016................................... 100 Mi Querida Llardana...................................... 101 C.I.T.O. Week..................................................... 104

Com o apoio :

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EDITORIAL

por Rui Duarte

Olá caro amigo! Sê bem vindo a mais

vontade. Siga um tutorial by GeoMag.

mas, parece que sim).

uma GeoMag!

Vamos assumir que tens conta na

Agora estás pronto para partir em

Google e que já instalaste a aplicação.

busca dos ditos Pokemons… Sai por-

E que sabes o que implica utilizares a

ta fora e boa sorte. Tens no teu ecrã

tua própria conta da Google e que te

o mapa das redondezas, o teu avatar

apercebeste de que estás expor TODA

(teu perfil), uma pokebola (menu) e

a tua informação a terceiros e que há

um pequeno separador com a bicha-

quem ache isso arriscado nos dias de

rada que se esconde à tua volta… se a

hoje. Sim, eu sei, tentaste criar uma

abrires verás até nove pokemons sel-

conta como treinador e não dá… pois,

vagens (os que tiverem imagem as-

aparentemente não é para dar mes-

sociada já tens na colecção, os outros

da?! De andares a fazer figuras esqui-

mo. Esperemos que não esteja rela-

são-te desconhecidos).

sitas na rua?! Mas, já és Geocacher…

cionado com o que disse acima.

Vai de apanhar tudo e todos! É para

não me digas que achas que não an-

Vá, vamos lá então. Inscreveste-te,

apanhar tudo o que te saltar para

das a fazer figuras estranhas?!

escolhes o teu boneco e agora tens

Vá, se os teus amigos geocachers dis-

três pokemons na sala. PÁRA TUDO!!!

…desculpem… é só um segundo… já está! Estava aqui um zubat no meu café. O QUE É UM ZUBAT?! Mas que raio… andares a dormir?! Ok, és mais um daqueles que tem vergonha de experimentar o “Pokemon Go”? Tens medo do quê? De achar pia-

serem alguma coisa, manda-os falar comigo… diz-lhes que foi o próprio Editor da GeoMag que te disse para instalares a aplicação e perderes algum tempo a experimentar a coisa. Sim, eu sei, não sabes como… és da-

NÃO ESCOLHAS NENHUM!!! Afastate até que desapareçam… repete… repete… pronto. Diz que da quarta vez aparece-te também o célebre Pikatchu para escolheres (caçares). É só um pormenor mas se vais ser o maior

o ecrã. Esta parte é muito mais fácil se desligares a realidade aumentada. Neste caso os bicharocos aparecem sempre no meio do ecrã, não interessa para onde te vires, e serão muito mais simples de apanhar… além de que dá para disfarçar um pouco o que andas a fazer, se ainda não te sentes à

da tua rua, tens de ter o mais famoso

vontade com teres achado piada.

logo à cabeça (eu não tenho… não li as

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não foi? Tens de saber mesmo a priori

guidelines e escolhi o Charmander e

O objectivo é mesmo teres todos os

o que é para fazer. Ok. Vou fazer-te a

na realidade não sei se isto funciona

bonecos e evoluíres enquanto “trei-

queles que leu as guidelines da GS

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nador”, coisa que se consegue de vá-

mos de ser de nível cinco para aceder

para evoluir um deles. PÁRA TUDO!!!

rias maneiras! Apanhar Pokemons é a

ao ginásio, o mais certo é estar cheio

O QUE ESTÁS A FAZER?! ESPERA LÁ

mais óbvia! Sempre que apanhas um

de pokemons fortíssimos e de só con-

PÁ!!!

recebes pontos de XP (100), se ainda

seguirmos fazer má figura frente aos

Sim, de cada vez que apanhas um, ga-

mesmos, e, levar autênticas surras.

nhas algum “stardust” e três “candys”

Para terminar esta parte, a quarta ma-

desse tipo específico… mas… queres

não o tiveres na coleção recebes mais (500), se conseguires acertar bem com a bola recebes mais uma pequena gorjeta, depois vês como é (não te posso ensinar tudo). Outra é visitando pokestops, uma das duas coisas que existem no mapa, além dos pokemons. São uns pontos que têm um pequeno cubo no topo e que mudarão de forma quando estiverem ao nosso alcance. É só clicarmos neles e, depois de nos aparecer a imagem (redonda), fazermos uns spins deslizando o dedo pelo ecrã. Além de XP ganharemos alguns itens, fundamentais para o decorrer do jogo (pokebolas, poções para curarmos os nossos pequenos lutadores, etc., eles

neira de ganhar XP é chocando ovos. Sim, leste bem, chocando ovos! Para este efeito temos à disposição uma incubadora infinita (e outras do género consumível que vamos ganhando), onde vamos colocando os ovos que nos saem de vez em quando nos pokestops. Estes ovos são incubados ao caminharmos pelo que temos de percorrer a distância que cada um indica (2km, 5km ou 10km) para que nos nasça um novo pokemon. Quando maior a distancia que temos de percorrer, maiores as hipóteses de nos sair um mais raro ou mais forte.

mesmo gastar esses preciosos recursos a evoluir um fracote?!? Acalma-te. Tens tempo. O mais provável é que no fim da rua apanhes um mais forte do que esse. Quanto maior for o teu nível mais frequentemente aparecerão Pokemons carregados de esteroides, prontinhos a defender os ginásios da tua facção e a humilhar os teus adversários. Por isso espera mais uns dias até pensares em evoluir algum… Entretanto, e porque não vale de nada teres 15 bonecos iguais no inventário, podes “transferir alguns para o professor”. Isto faz-se clicando no botão POKÉMON, escolhendo aquele de que

explicam-se por si mesmo na descri-

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ção de cada um).

Ok. Apanhaste meia dúzia de morce-

Uma terceira forma é utilizando os Gi-

gos ou pássaros… e agora!? Bem, pro-

násios, a outra feature que nos apare-

vavelmente agora já exploraste mais

direito) e correndo as características

ce no mapa. Se estamos a começar é

do aqui escrevi e estás prestes a re-

até ao final, onde nos aparece o botão

difícil ganhar xp assim… além de ter-

bentar com os teus candys e stardust

“Transfer”. Cada um que oferecemos

nos queremos ver livres (podemos ordena-los por diferentes parâmetros clicando no relógio no canto inferior

Reuters© Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 5


para cobaia dá-nos mais um “candy”

que apareçam mais pessoas… para

não terá paciência.

dessa mesma espécie. É por isso que

não parecer que flipaste de vez.

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nos dá muito jeito apanhar tudo e to-

2º - Se tens idade para ter um apare-

Aqui está… alguns dias de teste à lou-

dos… ganharmos mais “candy” para

lho compatível que este jogo, para te-

cura dos bicharocos coloridos! E não

evoluir os mais fortes.

res uma conta na Google e para anda-

Nesta fase talvez seja interessante

res sozinho na rua, já deves ter juízo

me fez mal, parece-me. Hoje fui tes-

guardar um trio de cada tipo… não se sabe se numa próxima atualização passe a ser possível fazer trocas com outros jogadores. -----------------------------------Existem mais algumas coisas a saber: 1º - A maneira de potenciar o ganho de XP… A partir de um certo nível ganhamos “lucky eggs” (depois de activados dobram todo o xp que ganharmos durante os próximos 30 minutos) que podemos, e devemos, combinar com outro item chamado “lure” (utiliza-se num slot que existe nos pokestops) que atrai a bicharada para o local onde o colocamos (parece que os pokemons curtem festa e confettis). Se fizermos isto, combinado com a evolução dos animais, temos meia hora

suficiente para não andares a brincar no meio da estrada ou noutros locais menos próprios e/ou seguros e para não te meteres em sarilhos, fazendo incursões em becos escuros e afins e, PRINCIPALMENTE, para não andares à cata de pokémons enquanto conduzes!!! Vá lá, sabes mais que isso. 3º - Ao chegares ao nível 15 perceberás se és talhado ou não para isto. Se até aqui a evolução é relativamente rápida e simples (por cada nível acresce a necessidade de 1000 xp; ie: nível 3 = 3000xp, nível 4= 4000xp), a coisa muda de figura ao chegar ao décimo quinto. Passa a precisar de 20000Xp por cada nível (provavelmente até ao nível 20 onde deve ser pedida uma quantidade obscena de xp para continuar a evoluir). Obriguei-me a chegar

tar a coisa de bicicleta pelos Jardins do Campo Grande em Lisboa e em 45 minutos encontrei, a jogar, dois grupos de adolescentes, alguns “putos” mais novos, dois jovens casais de namorados e até uma mãe com um miúdo de uns 12 anos. Todos semi-emersos nos ecrãs dos telefones mas a passear alegremente pelo jardim… Quanto a mim, “não é a minha praia”, como não será a da grande maioria dos geocachers, já que as coisas não tem realmente nada em comum, mas é divertida qb. -----------------------------------Ao meu geocacher familiar (com o meu filho) foi a melhor coisa que podia ter acontecido! Agora basta dar-lhe o telefone para a mão e deixá-lo entretido a caçar os “seus” Pokémons enquanto

de explosão de XP e é a L:O:U:C:U:R:A!

ao 16º, só para ver o que acontecia e a

nos encaminhamos para as “minhas”

Neste caso em particular talvez quei-

verdade é que passa a ser necessária

caches! Já nem reclama das caixinhas

ras encontrar um pokestop calminho,

alguma dedicação, coisa para a qual

não terem brinquedos. E só por isso,

a uma hora em que não seja provável

a grande maioria de nós (eu incluído)

MUITO OBRIGADO Niantic!

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caminho dos pescadores •Rota Vicentina• Por Geo.leo Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 7


A Rota Vicentina é uma rede de percur-

sua extensão e o piso sempre de areia.

trilhos. No entanto e neste primeiro dia

sos pedestres no sudoeste de Portu-

Demorámos cerca de sete horas a fazer

é onde se pode fazer a grande maioria,

gal, constituído pelo Caminho Histórico,

esta etapa. Muita atenção aos manti-

com 20 caches disponíveis de Porto

que vai de Santiago do Cacem ao cabo

mentos e água para o percurso visto

Covo a Vila Nova de Milfontes.

São Vicente, pelo Caminho dos Pesca-

não existir maneira de nos podermos

Nós já tínhamos feito algumas a quan-

dores, que começa em Porto Covo e

abastecer durante toda a etapa.

do do evento FotoSafari II - Costa Vi-

termina em Odeceixe, com cerca de 80

Ao longo desta etapa foi possível cons-

centina [GC45Y03], mas ainda assim

quilómetros.

tatar a diversidade de formas absolu-

estavam muitas por fazer.

tamente fantásticas que as praias as-

Começámos a caçada com a “Porto

sumem. Praias protegidas por rochas

Covo” [GC2ZW2M] dos Almargem-

antigas, escuras, que resistem glorio-

Team, cache que não encontrámos

samente à erosão, formando falésias

porque estava (mesmo) desaparecida,

e ilhotas (a que os locais chamam pa-

no entanto localiza-se no largo da lo-

lheirões). Praias como a dos Aivados,

calidade e num local muito agradável,

de calhaus rolados, arredondados pela

com vista para a igreja.

erosão do mar. Praias em que as dunas

Ao sair de Porto Covo e já do outro lado

fósseis descem até ao mar deixando-

da enseada e do porto de pesca, está

se trabalhar por ele em rendilhados

a “No lugar de Porto Covo #2 - Version

surpreendentes, como na praia do Fa-

3.0” [GC1FQAT] do Team canais, uma

quir ou do Farol. Praias de areia, em

usados pelos locais para acesso às

cache com uma vista magnifica para a

suave transição desde o cordão dunar,

aldeia de Porto Covo.

praias e pesqueiros. Trata-se de um

como o Malhão. Praias com bicas de

A seguir à praia da Ilha do Pessegueiro

single track percorrível apenas a pé, ao

água doce, vinda da serra por caminhos

encontramos a “Forte do Pessegueiro”

longo das falésias, com muita areia e

subterrâneos, justificando o nome de

[GCNVB0] dos GlorfindelPT & Elektra,

por isso mais exigente do ponto de vis-

Milfontes.

uma cache de 2005 e que nos dá a co-

ta físico.

A biodiversidade das dunas é notável,

nhecer o forte da Ilha do Pessegueiro

Um desafio ao contacto permanente

mostrando todo o seu esplendor, com

num local com uma vista fantástica

uma profusão de cores, aromas e for-

para a ilha.

mas absolutamente espantosas. Estas

Uns quilómetros mais à frente, a praia

plantas têm adaptações perfeitas para

de Aivados e a “Aivados [VN1000Fon-

este meio hostil, com um solo pobre,

tes]” [GC1EV45] do vsergios. A cache

mais de seis meses sem água e ventos

leva-nos a um local onde se avista

fortes e salgados.

toda a praia com uma faixa enorme de

Mesmo plantas como o pinheiro, o ale-

seixos, uma daquelas vistas únicas da

crim ou a esteva, adquirem aqui formas

Costa Vicentina.

diferentes e melhor adaptadas às con-

Depois veio a praia do Malhão e a sua

dições severas. Algumas destas espé-

respetiva cache: “O miradouro da praia

cies são endémicas da costa sudoeste

do Malhão” [GC6B20F] do Team mi-

e não se podem encontrar em mais ne-

gaspt, uma cache num dos locais que

nhum local do mundo.

mais gostámos, com os novos passadi-

Em todo o percurso desde porto Covo

ços que nos levam até às arribas e nos

a Odeceixe existem cerca de 40 caches

dão uma perspetiva soberba da praia.

das desertas que foram uma autenti-

disponíveis (sem contar com as Pre-

E eis que, entrámos em território dos

ca surpresa pela sua rara beleza. É, no

mium member), e sem grandes desvios

vsergios, btrodrigues e MightyReek,

entanto, um percurso cansativo, dada a

da Rota, estando a maioria delas nos

estes três conhecidos geocachers co-

Depois de fazer o caminho histórico com cerca de 230 quilómetros, de bicicleta e em autonomia, há dois anos

(http://blogfragoselas.blogspot.

pt/2014/09/rota-vicentina-setembro-2014.html), desta vez decidi-me por fazer os caminhos dos Pescadores, também em autonomia, na companhia da minha esposa Manuela. O caminho dos pescadores é sempre junto ao mar, seguindo os caminhos

com o vento do mar, à rudeza da paisagem costeira e à presença de uma natureza selvagem e persistente. Chegámos a Porto Covo um dia antes de iniciar o caminho, onde ficámos no parque de campismo com condições muito razoáveis e aproveitamos o dia para descansar e conhecer a aldeia. A primeira etapa foi entre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes. Esta é a etapa das praias, em que se caminha ao longo dos extensos areais das praias da Ilha do Pessegueiro, Aivados e Malhão, e descobrindo ainda pequenas ensea-


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locaram uma serie de 9 caches que nos

pelo local e sobretudo pelo conheci-

levaram até perto de Milfontes. Estas

mento que a cache nos dá sobre o For-

caches estão todas em locais magní-

te de São Clemente.

ficos e muito interessantes que, para

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quem queira fazer só este powertrail

No segundo dia partimos de Vila Nova

muito acessível, vale bem a pena por toda a envolvência natural e paisagens brutais, que só mesmo na costa Vicentina se podem disfrutar. As caches são: –– “Furada do Norte [Milfontes Powertrail #0]”( GC1EXZJ); –– “Angra da Barrela [Milfontes Powertrail #1]”( GC1EXZY); –– “Catorze [Milfontes Powertrail #2]”( GCXQ8F); –– “Burca [Milfontes Powertrail #3]”( GC156QQ); –– “Baía do Burdo [Milfontes Powertrail #4]”( GC156CZ); –– “Praia da Angra da Cerva [Milfontes Powertrail #5]”( GC156RW); –– “Ponta do Landeiro [Milfontes Powertrail #6]”( GC156CP); –– “Ponta da Galhofa [Milfontes Powertrail #7]”( GC1FJQQ) e –– “Baía da Boleia [Milfontes Powertrail #8]”( GC1FJMZ). Em Vila Nova de Milfontes existem outras seis: –– “O Arcanjo de Milfontes” (GC2KQ8W) do AlmargemTeam; –– “A Ver Milfontes” (GC2W2VR) do AlmargemTeam; –– “Cais ao rio” (GC2W2VY) do AlmargemTeam; –– “Igrejas de Milfontes” (GC3P1W3) do AlmargemTeam

de Milfontes para mais uma etapa de “apenas” 15 quilómetros até Almograve, a única localidade sem parque de campismo, mas, no entanto, com pousada da juventude para a qual aconselho fazer reserva anteriormente. Nós, como temos amigos com casa na zona ficámos com eles e fomos recebidos de uma forma espetacular. Trataram-nos com um carinho tão especial que não tenho palavras para lhes agradecer. Um grande bem-haja aos amigos Zé Manuel e Teresa por tudo, nunca esqueceremos esta receção. São pessoas destas que fazem com que estas aventuras se tornem ainda mais especiais. Esta etapa já a tínhamos feito parte em sentido contrario há uns anos atrás no mesmo evento “FotoSafari II - Costa Vicentina [GC45Y0], mas como na altura não acabámos em Milfontes, não sabíamos que a saída até aos trilhos é chata e monótona. Neste dia o caminho levou-nos às vistas deslumbrantes sobre Vila Nova de Milfontes e o rio Mira, que tem aqui o seu encontro com o Atlântico, num dia de caminhada curto e acessível para que se possa desfrutar em pleno a região. Também aqui é fundamental levar mantimentos para todo o percurso. A passagem da ponte sobre o rio, em

–– “Pelo Mira em Milfontes” (GC32RWG) do Team auGuiça e, finalmente,

Vila Nova de Milfontes, permite con-

–– “Mil Fortes” [V.N. Mil Fontes] (GC1A2FE) do Team Limão

Neste troço pode-se apreciar as mar-

templar a foz, a vila e as encostas cobertas de matos mediterrânicos. cas do ser humano no litoral. Há sítios onde a vegetação nativa mostra toda

Esta última a única que fizemos nesta

a sua diversidade e outros onde ela

localidade, mas que valeu bem a pena

foi eliminada pela planta exótica mais

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agressiva do SW – a Acácia. Esta invasora tem potencial para reduzir a biodiversidade das dunas praticamente a zero. Também a agricultura intensiva se estende por vezes até bem perto do mar. No entanto, podemos apreciar outras marcas de presença humana bem mais pacatas, como a pesca artesanal, ou as fábricas de pedra lascada que afloram sob a areia das dunas, vestígios do homem da idade da pedra. De Milfontes a Almograve existem apenas 4 caches, a “2112-O Templo das Furnas (Syrinx)” [GC2D1W6] do Team Strangedays, cache que não fizemos por estar algo desviada dos trilhos, a “Costa Vicentina - Projecto Alentejo [VN Milfontes]” [GC1E172] dos GeoCricket, manelov e ajsa, que é uma das caches que já tínhamos feito há três anos (no evento). É também uma cache que só tem acesso a pé, mas que proporciona um belo passeio. Existe ainda a “Foz do Almograve” [GC4MMNN] do Team grenosaurus123 (cache que não fizemos por estar um pouco desviada da rota e porque já estávamos muito cansados e só já queríamos era chegar a Almograve para almoçar e descansar) e, finalmente, nos lavadouros à entrada da localidade a “Lavadouro do Almograve” [GC37Q8F] do Team auGuiça, também esta feita no evento de há três anos. -----------------------------------No terceiro dia e a convite do Zé Manuel e da Teresa, ficámos a descansar em Almograve. Aproveitamos para desfrutar da magnífica praia e conhecer uns montes alentejanos para turismo rural com vistas brutais para o rio Mira. Com isto despoletou-se-me a próxima aventura, descer o rio Mira, de Odemira a Vila nova de Milfontes, em canoa. Claro que os pontos altos foram as belas refeições de peixe ultra fresco e o


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convívio magnífico com estas pessoas

ma, “Lapa de Pombas II” [GC63K1X] do

Mar a Odeceixe”. Foram cerca de 18

extraordinárias.

Team pipl, uma cache que nos mostra

quilómetros mas é um pouco menos

------------------------------------

um dos muitos portos de pesca artesa-

perigosa e com abastecimento a meio.

nais fantásticos, todos caracterizados

Uma etapa onde passámos pelas praias

por serem recantos muito bonitos, de

dos Alteirinhos, Carvalhal, Machados e

nos encherem o olho.

Amália. A abrirem caminho até à Aze-

Mais à frente, já no cabo Sardão, está

nha do Mar (onde se encontra um porto

a “The Last Eagle [Cabo Sardão]” [GC-

de pesca natural) e, mesmo para ter-

WQFK] do Team Limão, uma cache que

minar, uma das mais impressionantes

está num local absolutamente idílico

vistas de todo o território, a praia de

por toda a envolvência natural. A ca-

Odeceixe, vista da majestosa Ponta em

che fala-nos do último casal de Águias

Branco (e toda a costa Algarvia até ao

pesqueiras da região, mas vale a pena

cabo S. Vivente).

ficar por aqui algum tempo a apreciar

Neste dia, das 8 caches disponíveis, fi-

todas as aves que por ali nidificam. Um

zemos 3. Na Zambujeira do Mar está

espetáculo natural que só aqui pode-

a multi “Arribas da Fonte D. Catarina

mos contemplar.

[Zambujeira do Mar]” [GC1ATQ9] do

Um pouco antes do Porto das Barcas (mais um porto artesanal muito bonito), está a “FF08 - The Hidden Bay [Zambujeira do Mar]” [GC1EZFW] do pterogeo, uma cache com uma vista magnifica para a praia do Tonel, que para quem tenha mais tempo, ou que a vá fazer de propósito, vale bem a pena descer até ao gz e disfrutar de mais uma magnifica praia desta costa.

Team smmf, e que começa numa bo-

Ao quarto dia demos inicio logo pela manhã à etapa entre Almograve e a Zambujeira do Mar, a maior, com cerca de 22 quilómetros. Mais uma etapa sem abastecimento e, como em todas, raramente se vê alguém. Se bem que nesta encontrámos duas jovens, uma Norte Americana e uma Alemã, com quem meti conversa e que acabaram por me dizer que já tinham estado na Nova Zelândia e na Austrália, mas que confessam que o caminho de costa mais bonito que tinham feito até agora era este. E se alguém compara a nossa costa Vicentina com Países como a Nova Zelândia, é porque de facto o Caminho dos Pescadores é mesmo muito bonito. Os portinhos de pesca artesanais, as dunas avermelhadas, o perfume dos pinhais e o espetáculo, único no mundo, das cegonhas que nidificam nas falésias, tornam esta caminhada num verdadeiro bálsamo para os sentidos. As falésias altas e escarpadas deste troço, apesar de expostas ao vento salgado e teimoso do mar, são local de nidificação de mais de 20 espécies de aves. Vale a pena permanecer em sos-

Já perto da Zambujeira do Mar estão as “Xavi ‘s Fourth one - Naked beach” [GC60EYJ] do Team TP_PT’s; “Praia de Nossa Senhora, vista norte” [GC5BTF6] do Team VimaraPeres e a “Um Momento” [GC2EJN4] do Team Metrass.

nita fonte que se avista da Zambujeira, mas, como a fonte está desviada da rota e depois teríamos que andar a fazer contas, não quisemos perder tempo e ficou por procurar. A outra é a “Xavi Second One” [GC5BB28] do Team TP_ PT’s, uma cache de terreno 3,5 num palheirão que, por essa razão, também ficou por fazer. Na praia do Alteirinho, também estão duas caches a “Xavi First One” [GC4J1E0] do Team TP_PT’s, uma cache muito idêntica à sua irmã “Xavi Second One”, que também não fizemos, mas

aos nossos amigos. Uma cache que na

Uma pequena série de caches seguidas mas que estão afastadas da rota cerca de 100/200 metros. Quando passámos por perto já o cansaço acumulado era muito, o troço monótono (ao lado de uma estrada alcatroada) e o calor que se fazia sentir com alguma intensidade, inibiram-nos de procurar por elas. Aproveitámos as distâncias que teríamos de percorrer até às caches para aproveitar e progredir até à Zam-

altura tinha um contentor muito engra-

bujeira do Mar e ao merecido descanso.

çado, num local com vista para a praia.

Antes de chegar à praia do Carvalhal e

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ainda no alto da falésia encontra-se a

Continuando no estradão até à Lapa

No último dia completámos a nossa

“FF07 - Carvalhal [Brejão]” [GC1EZFR]

das Pombas, encontramos a homóni-

aventura com a etapa “Zambujeira do

também do pterogeo, outra que não fi-

sego e ir discretamente vigiando a falésia de cima, apreciando o voo das ditas aves junto ao Cabo Sardão. Neste troço e logo à saída de Almograve está a “O Tesouro Pirata Escondido No Almograve” [GC32ME1] do Team 4Costa, que já tínhamos feito há algum tempo atrás, aquando de uma visita

aconselho a quem venha de propósito fazer caches a não deixá-la para trás, por estar num local brutal, daío ter sido nomeada para os prémios GPS. A outra é a “FF06 - Alteirinhos [Zambujeira do Mar] (GC15G25) do pterogeo. E esta nem eu sei porque é que não a fizemos, mas passou-me, e assim fica para uma próxima oportunidade (que espero não demore muito).

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zemos, pela mesma razão da anterior,

melhor esta aldeia tão pitoresca. A ca-

os momentos vividos com intensidade

e, também porque neste dia estava

che é a “Azenha do Mar”( GC412K1) do

nestas aventuras e os momentos que

muito calor e quisemos avançar o mais

Team Sotavento.

passámos juntos com todos os amigos.

possível pelo fresco da manhã. No en-

Finalmente “acabámos” as caches nes-

Em Odeceixe ainda está a “Odecei-

ta aventura inesquecível, com a “The

xe Windmill.” [GC3NEAX] do Team

Odeceixe Beach” [GCPTXZ] do zoom_

alexblack13, cache que já tinha feito

bee, e não podia existir melhor maneira

aquando da minha aventura nos cami-

de acabar. Para mim uma das melhores

nhos históricos. Não obstante, esta en-

caches de todos estes 80 quilómetros

contra-se perto de um moinho que nos

que fizemos a pé. Está num local so-

dá uma vista fantástica para Odeceixe

berbo e com uma vista de nos encher a

e para todo o vale da ribeira Seixe.

alma, uma cache imperdível para quem

O regresso era para ser feito de expres-

gosta da essência do geocaching.

so a partir de Odeceixe no dia seguinte,

Fizemos uma pausa na praia de Ode-

às 9.30h até Cercal do Alentejo e daí de

ceixe e só depois é que seguimos para o

táxi até Porto Covo, onde tínhamos o

parque de campismo de S. Miguel (fica

carro. Mas mais uma vez os amigos Zé

a cerca de 5 quilómetros), onde che-

Manuel e Teresa, com a sua imensa ge-

gámos por volta das 17 horas. Nessa

nerosidade, dispuseram-se a ir buscar-

tanto, o local é magnífico com uma vista fantástica para uma das praias bonitas desta região. Na praia da Amália, um dos locais que nos deixou atónitos pela sua beleza, encontra-se a “FF01 - Amalia Dream [Brejão-Odemira]” [GC1566W] do… pterogeo, claro. Uma daquelas caches que deve constar em qualquer lista de caches a fazer de um geocacher e, de todas as caches do Team pterogeo nesta região, esta para mim é, sem dúvida, uma das melhores. Desde já fica aqui os meus parabéns e um agradecimento a este Team pela partilha e por nos dar a conhecer este local e a sua historia tão diretamente envolvida com um dos grandes nomes do fado. A meio desta etapa encontramos as Azenhas do Mar, onde aproveitámos

noite também encontrámos uns bons amigos acampados no parque… tão bons que sou padrinho da Sofia, filha do meu grande amigo Leão e Anabela.

nos a Odeceixe, levando-nos a Porto Covo, onde acabamos numa grande almoçarada, como não podia deixar de ser.

Não podia existir melhor maneira de

para descansar e reabastecer. Aprovei-

acabar esta aventura.

támos também para fazer a cache que

Só tenho pena de não ter fotos desses

Texto / Fotos: Geo.leo (Leonel Baptis-

ali se encontra que nos dá a conhecer

momentos, mas o que interessa são

ta)

14 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

Fonte : http://pt.rotavicentina.com/


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 15


o triunfo dos

números CRUZILHADAS

PRAIA DA CLARIDADE

16 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

POR VALENTE CRUZ


Se no seu registo alguém precisar de esconder a verdade é porque não deveria registar aquela descoberta. Todos os geocachers são iguais, mas

renças abismais de dedicação, tempo

Mais cedo ou mais tarde acabaremos

alguns são mais iguais do que outros.

despendido e distâncias percorridas.

por perceber que não conseguiremos

Quando ninguém está a ver, já todos,

Uma não-descoberta pode mesmo

encontrar todas as caches que exis-

ou quase todos, contornámos normas

valer por mil falsos registos. Como

tem. Ainda que no imediato a perceção

e acumulámos sorrisos sem que os ti-

dono de caches, e por respeito aos

dos números possa afagar o orgulho,

véssemos granjeado devidamente. Os

geocachers que se empenharam para

com o tempo as falsas descobertas

contextos podem ser muito variados,

encontrar uma determinada cache e/

conduziram ao desinteresse. De cons-

desde as descobertas desligadas em

ou atingir um objetivo, muitas vezes

ciência tranquila, as estatísticas têm

grupo, as coordenadas finais que sur-

indo além daquilo que consideravam

outro encanto. Não por vaidade, mas

gem por magia ou os enigmas que se

os seus limites, tenho o dever de pro-

para que as possamos sentir como

auto-resolvem. Existem vários níveis

teger a cache de descobertas que,

verdadeiras; por respeito ao passa-

de perversão e não é fácil descortinar

embora não pareçam ilegais, são des-

tempo, mas sobretudo por respeito a

o que ultrapassa o limite do razoável.

providas de sentido e ameaçam o pró-

nós próprios.

Talvez a mentira seja a melhor for-

prio conceito do passatempo. Muitas

Os registos imaginários e as estatísti-

ma de o perceber. Se no seu registo

vezes são os próprios geocachers, que

cas enviesadas não conseguem gerar

alguém precisar de mentir ou de es-

já concluíram uma determinada cache,

experiências marcantes. Tais desco-

conder a verdade é porque não deve-

a informar sobre a situação imprópria,

bertas são insubstituíveis, pese em-

ria registar aquela descoberta. Todos

“insistindo” na reposição da verdade.

bora todas as dificuldades inerentes,

temos telhados de vidro, mas alguns

Infelizmente, essa proteção apenas

desde a preparação da aventura até à

abusam.

pode ter efeitos nos vindouros. Os

superação do desafio. E isso vale por

Não tenho qualquer pretensão de ser

maiores problemas associados a es-

qualquer pódio, sobretudo os falsos. É

moralista e não penso que o geoca-

tas descobertas desviantes é que não

esse, também, o geocaching que nos

ching deva ser aquilo que eu desejo ou

sabemos os limites ou repercussões

inspira e pelo qual deveremos insistir;

alguém idealiza. Trata-se de um pas-

da situação. Rapidamente as coorde-

promover um geocaching verdadei-

satempo e cada um poderá vivê-lo à

nadas podem ir parar a uma lista e a

ro; prezar por uma lei moral acima de

sua maneira, desde que isso não pre-

única solução é alterar o ponto final e/

qualquer interesse pessoal e propagar

judique outros geocachers ou o pró-

ou reformular o enigma. Para além de

uma consciência cívica sobre o melhor

prio passatempo. Também, no que diz

injusto, é imoral.

para o passatempo; fazer o bem sem

respeito às normas a seguir, a legiti-

Ao olhar para o meu percurso no geo-

estarmos à espera de benefícios; agir

midade das descobertas pode ser de-

caching associo geralmente os mo-

de forma correta independentemen-

masiado simplista e insuficiente: se o

mentos de maior satisfação e reali-

te das consequências e possuir uma

nome do geocacher estiver no livro de

zação às conquistas mais exigentes.

registos, então a descoberta é válida.

Tanto a nível de caches colocadas

Cada um de nós, desde a inscrição no

como descobertas. Compreendo que a

passatempo até à colocação da última

vontade de subir nas estatísticas pos-

cache, aceitou estas normas. Porém,

sa induzir as pessoas na tentação de

independentemente dos factos referi-

registar mais caches do que deveria.

dos, a questão não é assim tão linear.

Porém, acredito que quando gosta-

Entre um simples registo no livro e a

mos de algo deveremos fazer um es-

Texto e fotos: António Cruz (Valente

descoberta da cache pode haver dife-

forço para evitarmos as más práticas.

Cruz)

disposição natural para, mesmo que mais ninguém veja, agirmos como se estivéssemos a ser observados. Contra o triunfo dos números, vale a pena lutar por um “geocaching de rosto humano”!

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 17


CHAPÉUS VOADORES

18 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


PRADO DO VIDOAL

VELAS BRANCAS

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 19


por TIAGOGH

20 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


“O que levo na minha mochila” é uma rúbrica da geomag, que pretende partilhar com todos os nossos leitores um pouco do que os nossos convidados levam consigo nas suas cachadas mais organizadas. Não deixem de partilhar connosco as vossas mochilas, através do nosso facebook em http://fb. me/geomagpt

SUBIDA AO PICO, AÇORES Quando se faz qualquer excursão a pé que envolva pernoita a meio, as mochilas e o material a levar podem envolver alguma logística que terá de ser bem planeada. Especialmente, quando a quantidade de coisas a levar é inversamente proporcional ao esforço despendido. Sem dúvida que a subida à montanha do Pico, nos Açores, não é excepção. A subida começa na Casa da Montanha, a 1250 metros de altitude, onde fazemos o registo de subida, e termina a uma altitude de 2351 metros. Neste artigo irei enumerar o material que levei na minha mochila durante a subida ao ponto mais alto de Portugal, com pernoita em tenda lá no topo, na caldeira do vulcão.

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 21


No caso específico, fomos 2 casais

vestidos de manga curta, mas sabía-

nho, o ponto mais alto, antes de obser-

aventureiros, pelo que o material que

mos que o tempo nesta montanha é

var o melhor nascer do sol de sempre.

eu levava comigo corresponde ao ne-

bastante imprevisível e que, além dis-

A ferramenta fundamental do geoca-

cessário para duas pessoas, já que as

so, à medida que a altitude aumentava

cher, o GPS, também não podia ficar

senhoras foram menos carregadas

mais fria seria a atmosfera, pelo que

esquecido e está assim sempre acessí-

que os cavalheiros.

levámos mais 3 camadas de roupa:

vel enquanto guardado. Em alternati-

A minha mochila não é de marca. É

Camisola polar leve e fina, corta-vento

va, também poderá ser útil estar preso

ultra leve e um casaco polar mais gros-

ao pescoço com uma fita, se quisermos

uns anos no Continente, por uns mó-

so. Além disso levámos ponchos im-

seguir o track previamente carregado

dicos 25 euros, pelo que a qualidade

permeáveis que, felizmente, não che-

através do aparelho. No entanto, para

do material deixa um pouco a desejar.

gámos a ter de usar.

este trilho específico, isso pode ser

No entanto, em termos de conforto e

Algo que nos esquecemos no carro

dispensável, uma vez que está dotado

ergonomia, fica a par de outras mochi-

mas que nos fez muita falta lá no alto,

de sinalizações por meio de 46 postes

las da especialidade pois é almofadada

onde se fazia sentir mais frio, e que,

marcados que nos ajudam a não des-

e arejada nas costas, e tem bastan-

portanto, faz parte do material a levar,

viar do percurso.

te apoio lombar. Além disso vem com

foram as luvas e o gorro. No topo do

Por fim, no que toca a reservas de

uma capa à prova de água guardada na

compartimento principal, levava uma

energia (além de toda a que precisa-

bolsa superior. O compartimento prin-

garrafa de água de 1,5 L. Entre todos,

mos nas pernas para a subida), ainda

cipal pode ser acedido tanto na parte

levámos 6 litros de água, o que deu

havia espaço para irmos prevenidos

de cima como na base da mochila, o

quase à conta para o regresso, pelo

com 4 pilhas AA (para o GPS), 4 pilhas

que dá jeito quando está carregada de

que 1,5 litros por pessoa deverá ser o

AAA (para algumas das lanternas),

coisas.

mínimo obrigatório.

baterias extra da GoPro e um power

uma Wild Nature de 60L comprada há

bank de 20.000mAh, que serve para 5 cargas do meu smartphone e mais

COMPARTIMENTO PRINCIPAL

BOLSA SUPERIOR

A tenda onde dormimos os 4 ia dentro

Esta mochila não tem aquelas peque-

da minha mochila, pelo que convinha

nas bolsas e redes que costumamos

que fosse de formato compacto e não

ver na maior parte destes modelos

daquelas que se abrem em 3 segundos

mas, no cimo, tem uma bolsa com fe-

mas que, arrumadas, são de formato

cho onde se encontra guardada a capa

largo e circular. No caso, era uma Ul-

impermeável e onde sobra espaço ex-

EXTERIOR

traLight Pro 3 da Quechua (éramos 4

tra para guardar outros utensílios que,

Do lado de fora da mochila, ainda ar-

magrinhos).Este era o elemento mais

desta forma, ficam mais acessíveis.

ranjámos maneira de prender duas

pesado, pelo que foi bem junto às cos-

Os seguintes elementos são pequenos

esteiras de campismo, o que dá um

tas.

em dimensão mas podem ser de uma

aspecto de verdadeiro montanhismo à

Junto à tenda e bem compactados vão

utilidade enorme:

coisa.

2 sacos cama quentes, para tempera-

O canivete é aquela ferramenta que

A GoPro, com o seu pole/stick, tam-

turas de conforto de 5º e 10º. As al-

ora pode não ser preciso para nada, ora

bém vinha presa à mochila através de

mofadas insufláveis e uma manta de

pode ser fundamental para qualquer

uma das alças, numa posição que não

sobrevivência preenchiam os escassos

situação. Um pequeníssimo protector

incomodava e permitia facilmente re-

espaços entre os sacos-cama e a ten-

solar factor 50 também vai sempre

da.

connosco para estas aventuras. Para

qualquer um dos muitos momentos

Quanto aos agasalhos, também foram

não andarmos às escuras na caldei-

espectaculares desta experiência.

transportados neste compartimento,

ra, levámos uma lanterna frontal para

Quanto à máquina fotográfica, ape-

mas numa zona mais acessível. Come-

cada um, fundamental para a pernoita

sar de não ter ido por estar avariada,

çámos a caminhada com algum calor,

e para a subida madrugadora ao Piqui-

também costumo prender a bolsa a

22 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

qualquer coisa. Pode, por exemplo, dar muito jeito para realizar os time-lapses do pôr e do nascer do sol, que sugam muita bateria à GoPro.

tirar e registar, em vídeo e fotografia,


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 23


24 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


O fundamental é levar água, comida energética, força nas pernas e, sobretudo, muito respeito pela montanha

uma das alças de maneira que fique completamente ajustada, sem que se torne um empecilho, estando também sempre à mão. Esta mochila já vai bem cheia e pesada, pelo que toda a alimentação tem de ser carregada pela minha companheira de aventura. Além dos líquidos, levámos barras de cereais, chocolates e frutos secos, bem como umas barras substitutas de refeições, extremamente compactas e calóricas, saciando qualquer estômago esfomeado. As subidas à montanha do Pico, se forem feitas no mesmo dia das respectivas descidas, sem pernoita, não exigem metade do material que eu levava na minha mochila de 60 L. Nem é preciso uma mala tão grande. O fundamental é levar água, comida energética, força nas pernas e, sobretudo, muito respeito pela montanha e pelas condições em que a encontramos quando quisermos vencê-la. Texto / Fotos: Tiago Heleno (TiagoGH) Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 25


MANDAMENTOS

Dura lex, sed lex por

26 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

TiagoSGD


Vais criar uma conta em Geocaching.

T-O-D-O-S.

mãos: qualquer Comunidade precisa

com. Metes o username desejado,

Ao contrário da sociedade, no Geoca-

de orientação, uns direitos e deveres!

password e email. E és convidado a ler

ching não é aplicável o “dura lex, sed

Pelo bem de todos! Para que ninguém

e a concordar com os “Terms of use”. O

latex” (para quem tem dificuldades

processo é igual para todos, ricos ou

em entender alguma das palavras, o

seja “atropelado” pelo outro.

pobres, lackeys ou revisores. A partir daí entras no Geocaching. E deves cumprir o que concordaste antes. Pelo bem de todos. O processo parece fácil. Mas não é.

Google translator disponibiliza a tradução: “a lei é dura, mas estica”). E quando algum batoteiro tenta furar a regra, há sempre algum voluntário mais atento. E respetivas consequências. Ainda bem. O Geocaching é uma atividade de tem-

Na “Comunidade”, em qualquer uma, existem relações que têm de ser reguladas. Entendemos isso? As orientações do Geocaching, as suas normas de funcionamento, pretendem gerar um equilíbrio entre todos os jogadores; um “jogo”/”despor-

pos livres. É um jogo. É um desporto.

to”/”atividade” mais saudável.

Irmãos de GPS, muitos - entre nós -

É orientação. É desafio. É um passa-

Talvez algumas normas pareçam du-

avançaram o “terms of use”, outros

tempo.

ras. Mas serão mesmo? Em caso de

ignoram as “guidelines” e bastantes

Para que tudo corra bem, por favor,

dúvida ou insatisfação, o melhor é

seguem o seu próprio jogo, com as re-

sejam inteligentes e sigam o básico:

contactar algum Revisor Voluntário ou

gras que querem, que mais lhes convém. Há um famoso brocardo latino que diz dura lex, sed lex. Em português corrente, é como quem diz: “fizeste o registo? É porque concordas! Não inventes e segue a regra que é igual para todos!”. Sim, caríssimos, a norma deve ser

coordenadas, GPS, cache conforme as guidelines e found legal. Não há necessidade de procurar coordenadas num ficheiro excel. Não precisas de logar um giga-event na casa de banho. E qual a piada em esconder uma cache numa ilha rodeada de piranhas? Vá lá! Bom senso nisto tudo!

a própria Groundspeak. Dessa forma, perceberás melhor os motivos que estão por trás de determinada “lei” ou decisão. Esta parece-me ser a melhor atitude a tomar, ainda antes de abrir uma guerra civil numa rede social ou fórum!

As regras do Geocaching pretendem uma coisa, só uma coisa: o bem do

Que o Satélite Todo Poderoso que

igual para todos. Até para os engra-

geocacher-geocaching. Custa muito

çadinhos que tentam enganar os re-

orienta os GPS continue a abençoar-

perceber isso?

visores. Que tentam enganar a Comu-

mos com bom sinal.

Ouve-se falar muito em “Comunida-

nidade, ou a Groundspeak. Igual para

de de Geocachers”… Bem, meus ir-

Texto: Tiago Veloso (tiagosgd)

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 27


por 28 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

R u i J S D u a r te


A ALDEIA...

ções meteorológicas adversas...

go).

Para nosso deleite, e enquanto nos Quando em fevereiro se proporcionou

debatíamos com pratos tradicionais

Aqui podemos encontrar, além das in-

um passeio de fim de semana pelos

muito bem confecionados, o sol levou

dicações da GR22 e dos painéis infor-

distritos de Castelo Branco e Guarda,

de vencida as nefastas nuvens e quan-

mativos (que populam por toda a urbe),

Sortelha era um dos destinos que tí-

do voltamos a colocar os pés fora do

um painel da PR6 – Rota dos Castelei-

nhamos marcado para uma paragem e

conforto do restaurante parecia que

ros (uma pequena rota linear com cer-

umas poucas horas de descoberta.

tinha nascido um outro dia. Apesar de

ca de 6km e que faz a ligação de Sor-

A chegada à aldeia é só por si bastan-

bastante... fresco vá, estavam reuni-

telha a Casteleiro). Além deste, há um

te interessante e o coroar é mesmo a

das condições mais que perfeitas para

outro, o PR7 – Caminho Histórico de

“Porta da vila”, virada a Este e onde ire-

deambular pelas ruas desta “aldeia

Sortelha, que se desenvolve em redor

mos entrar se chegarmos à pequena

histórica de Portugal”.

da localidade. Infelizmente e devido

localidade da forma mais convencio-

Ao subirmos pela “rua principal”, que

maioritariamente ao frio, não fizemos

nal (há outras portas sendo que a ou-

une as duas portas que refiro acima,

nenhuma destas, certamente muito

tra entrada principal dá pelo nome de

passamos pelos locais (construções)

interessantes, caminhadas.

“Porta Nova”).

mais interessantes, primeiro no Largo

Era tempo de regressar ao interior,

A entrada é deveras imponente e es-

do Pelourinho manuelino, onde encon-

desta vez utilizando a “Porta Falsa”,

conde de forma excepcional a beleza

tramos o dito e o acesso ao Castelo,

aberta umas poucas dezenas de me-

encerrada no interior...

além de alguns serviços e uns metros

tros mais a Norte daquela por onde tí-

“Sortelha mantém o seu legado medieval,

adiante o Largo da Igreja.

nhamos saído. As ruas e ruelas são, de

o casario que se espraia como um regular

Deixámos a visita a ambos os espaços

uma forma algo incomum, bastantes

anfiteatro de granito aninhado entre as

para mais tarde... Tínhamos agora todo

espaçosas. O relevo em forma de “an-

muralhas, à sombra da silhueta altiva da

o (bom) tempo para cirandar por ali e o

fiteatro” e o solo granítico terão con-

torre de menagem, memória das estórias

meu GPS indicava que a cache que ti-

tribuído de forma decisiva para que, ao

da primeira história de Portugal.”

nha pré-selecionado para procurar na

invés de se proceder a adaptações no

Uma singela frase que resume na per-

região até estava no exterior das mu-

interior da aldeia, a população tenha

feição a singularidade do espaço intra-

ralhas, para lá da porta oeste, falo da

procurado terrenos mais favoráveis e

-muralhas...

“Cabeça da Velha - Sortelha” [GC2BG-

férteis no seu exterior, ajudando gran-

Chegámos no que prometia ser o de-

VW] publicada em Julho de 2010 e da

demente a que sejamos brindados hoje

baldar de uma verdadeira tempestade

autoria do white_shark.

com o acesso a uma “das mais belas e

e procurámos refúgio logo ali, no inte-

O interesse desta zona, fora da protec-

antigas vilas portuguesas, tendo man-

rior do Restaurante Dom Sancho, no

ção da zona muralhada, não se perde

tido a sua fisionomia urbana e arquite-

Largo do Corro e sob a protecção de

neste penedo granítico deveras invul-

tónica inalterada até aos nossos dias,

uma lindíssimo e secular Lódão (árvo-

gar e podemos (devemos) dar alguma

sendo considerada uma das mais bem

re que pode chegar aos 600 anos de

atenção às ruínas da Igreja da Miseri-

conservadas.”

idade). Procurámos refúgio e alimento

córdia (ou de Santa Rita) e às suas Se-

Sortelha mantem de forma exemplar

para o corpo... O alimento para a alma

pulturas Antropomórficas, não deixan-

a traça medieval e devemos prestar

parecia que nos ia escapar pelos dedos.

do do visitar o pequeno troço de bonita

alguma atenção também à parte ha-

Os 760 metros de altitude não abonam

Calçada Medieval (um pouco além do

bitacional. A grande maioria das casas

muito a favor de passeatas com condi-

antigo Hospital e da Capela de Santia-

são retangulares e de dois pisos, onde Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 29


o piso superior está(va) reservado para

entrada, atestam as obras ordenadas

afloramento rochoso, e a “Porta Falsa

habitação propriamente dita e o infe-

pelo mesmo, por volta de 1500.

do Castelo”, mais simples e localizada

rior ocupado pela “loja”. As casas são

a Sul.

invariavelmente muito simples, sem

Da Guerra da Restauração aos nossos

No interior da praça de armas está lo-

alpendre e com o mínimo necessário

dias

calizada a cisterna (quadrangular) e, no

de portas e janela, pelo que se desta-

contro da zona mais elevada, a Torre

cam algumas, propriedade de gentes

A fortaleza voltou a ser alvo de inter-

de Menagem (também quadrada), de

com posição social de destaque (Casa

venção por altura da Guerra da Res-

um só pavimento.

do Escrivão, Casa do Governador e

tauração da Independência, para ser

A cerca da vila (muralha) apresenta, tal

Casa do Juiz).

adaptada ao uso de artilharia. A loca-

como o castelo, um traçado ovalado ir-

lização estratégica do lugar colocou-o

regular, ou seja, está construída sobre

no caminho de muitas disputas, prin-

os afloramentos rochosos de granito e

cipalmente aquelas com Castela, mas

segue os seus contornos. Esta é ras-

O castelo de Sortelha não pode ser dis-

os Franceses e as suas famosas Inva-

gada por quatro portas, descritas no

sociado do conjunto histórico que for-

sões (Guerra Peninsular) também por

artigo dedicado à Aldeia.

ma com a restante aldeia histórica e

lá passaram.

O perímetro defensivo urbano integra

por isso, excepcionalmente, temos um

Foi posteriormente desguarnecido e,

ainda a Torre do Facho, a Nordeste, e,

“dois em um”...

tanto o castelo como a própria vila,

a Sudeste, junto à Porta da Vila, uma

Local habitado desde a pré-história

votados ao abandono e decadência.

pequena torre (ou vigia), circular.

(pensa-se que tenha sido um Castro

Situação invertida com a classificação

Neolítico), ergue-se sobre um maciço

de Monumento Nacional (1910) e as

granítico dominante sobre o vale de Ri-

obras de conservação e restauro sub-

ba-Côa e foi ocupado por romanos, vi-

sequentes.

... E O CASTELO!

sigodos, muçulmanos e, a reboque da Reconquista Cristã da Península Ibéri-

Características

ca, pelos Portugueses (provavelmente

O Castelo (ou cidadela) encontra-se

em 1187, no reinado de D. Sancho I).

760 metros acima do nível do mar, e é de estilos românico e gótico, com al-

Um local a visitar (e revisitar), sem sombra de dúvida!

Fontes: www.aldeiashistoricasdeportugal. com/sortelha https://pt.wikipedia.org/wiki/Sortelha www.sortelha.sabugal.pt

O castelo na época medieval

guns pormenores manuelinos. Está in-

O castelo propriamente dito terá sido

serido na muralha da vila (a Sudeste da

construído em 1228 (foi o último dos

mesma) e cresce para o seu exterior. O

castelos de estilo românico da Bei-

acesso ao interior está localizado jun-

ra Interior a ser edificado), já com D.

to do pelourinho, por uma escadaria, e

Sancho II (as muralhas terão sido er-

tem muros de “traçado ovalado irregu-

http://www.historiadeportugal.info/

guidas apenas no reinado de D. Dinis,

lar”.

castelo-de-sortelha/

com a assinatura do Tratado de Alca-

O Castelo em si tem duas portas, a

nisese, e melhoradas por D. Fernando).

“Porta do Castelo”, a Nordeste, com

Texto / Fotos:

As armas de D. Manuel I, colocadas na

ombreiras parcialmente entalhadas no

Rui Duarte (RuiJSDuarte)

30 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

https://www.visitportugal.com/pt-pt/ content/sortelha https://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_ de_Sortelha


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 31


32 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 33


com TEAM_MARTINEZ por

34 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

T eam M a r r etas


Numa sociedade em que se fala cada

vém que nunca faltem energias a meio

esse o objectivo.

vez mais do descartável e do “conse-

da procura.

guir mais e mais”, ainda existem mui-

Q de Qualidade – É sempre melhor

F de Favoritos – Tenho muitos favori-

que quantidade. E a qualidade engloba

tos. Uns dei no site, outros não.

tudo o que se refere à “cachada”.

G de Groundzero – O local que todos

R de Reformado – É como me sinto

queremos alcançar.

em relação ao Geocaching hoje em dia.

H de Hugo (sup3rfm) – O meu padri-

Faço muito poucas caches. Procuro ir

nho do Geocaching. Foi ele que me deu

em grupo, pelo grupo e não pela cache

cacher desde 2008, conta com pouco

a conhecer o jogo há mais de 10 anos.

em si.

menos de 600 founds no seu curículo

Hoje, o meu melhor amigo!

S de Simples – Sempre vi o Geocaching

e é owner de 8 caches, todas elas em

I de Imaginação – É preciso muita. É

Lisboa. Falamos da Team Martinez,

como um jogo simples. Há malta que

com imaginação que as coisas aconte-

aqui representada pelo Nuno Marti-

complica muito isto. Torna o jogo numa

cem. No Geocaching não é diferente.

nez. Geocachers de Lisboa, afilhados

disputa agressiva. Não me identifico

J de Jogo – Foi sempre como encarei

(nem participo) nesse jogo.

o Geocaching. É um jogo. Apenas isso.

T de Terreno – Há para todos os gos-

tas pessoas que preferem a qualidade em vez da quantidade, a calma em vez da pressa, o desfrutar ao invés do acumular. Penso que podemos dizer que o nosso convidado é um desses exemplos. Geo-

de outro reconhecido nome do mundo do geocaching nacional, dão-nos a conhecer o seu geoaching e aquilo que este significa para eles, ao som de um alfabeto completo. Várias foram as experiências vividas

Não ligo muito aos números, confesso. L de Listings – Quase ninguém as vê. Nas minhas caches, tentei ser original, mas sabemos que passou a não ter

ao longo de 8 anos que lhes permiti-

muita importância.

ram construir a sua própria visão sobre

M de Milhares – São aos milhares de

tão especial hobbie. Assim, e porque

caches por todo o lado. Quando co-

provavelmente a curiosidade já aper-

mecei, eram umas quantas espalha-

ta, conheçamos já de seguida a Team

das aqui e ali. Todos conheciam todas.

Martinez, aqui connosco, de A a Z!

Agora, saem e morrem caches todos

A de Amizades – Fiz muitas e boas nestes tempos de Geocaching. Para mim, o mais importante do jogo. B de Bússola – Sem ela, nada disto faz sentido. É o nosso orientador. C de Caminho(s) – Fiz muitos. Maiores, mais curtos, fáceis ou difíceis, o importante é percorrer o caminho para chegar

os dias. Deixei de acompanhar. N de Nunca – Nunca fiz uma Letterbox. Porquê? Porque nunca calhou. É este o meu Geocaching. Nunca faço nada só porque sim. O de Oportunidade – O Geocaching é sempre uma oportunidade. De conhecer um novo local, de sair de casa, de

tos. Pessoalmente, nunca me aventurei por terrenos muito difíceis. Prefiro caminhos fáceis de percorrer. Volto a lembrar que isto é um jogo. U de Único – Com o Geocaching fui a lugares únicos para mim. Lugares que nunca lá iria se não fosse o jogo. E isso é que me dá gozo. Ser uma visita única. V de Vitória – Cada found é uma meta que se corta. É o extase do jogo. É para isso que andamos com um GPS na mão durante aquele tempo todo. X de Xabregas – Bati muito sapato naquela zona à procura de caches. Quase todas com o meu grande amigo Bruno Rodrigues (btrodrigues). Esta letra não é fácil... Z de Zero – Número de caches que fiz

ao GZ.

estar com amigos, de ir viajar.

D de Desligar – Para mim, o Geocahing

P de Parabéns – A todos que jogam,

serve para desligar de tudo.

brincam, divertem-se e aproveitam

E de Energia – Precisamos de muita!

o Geocaching. Foi para isso é que se

Texto / Fotos:

Tanto para nós, como para o GPS. Con-

enterrou a primeira caixa no chão. Era

Nuno Martinez (Team_Martinez)

nos últimos 3 meses. :)

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 35


Rota das Bétulas e Trilho Inca por

36 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

V a l ente C r u z


A Rota das Bétulas é um percurso ofi-

que a exploração de volfrâmio termi-

Trilho Inca aceita-se com desconfian-

cial, inserido no Maciço da Gralheira,

nou, mas os resquícios das memórias

ça que ele nos levará até à outra pon-

que serpenteia entre a Fraguinha, Can-

subsistem pelos edifícios abandona-

ta (GC5P2YF). Porém, à medida que se

dal e Póvoas da Leiras, no concelho de

dos. O percurso passa ao lado de um

avança na encosta, as dúvidas desa-

São Pedro do Sul. O Trilho Inca é um

dos locais míticos da prova Ultra Trail

parecem e tudo conflui num dos mais

percurso oficioso numa vertente es-

Serra da Freita, a Besta (GC53RJQ); vis-

espetaculares, cénicos e desafiantes

carpada que faz a ligação entre Póvoa

ta de cima, parece intransponível. É por

percursos das Montanhas Mágicas. Já

das Leiras e Covêlo do Paivô. A proxi-

esta altura que surge uma das melho-

do outro lado, as vistas alongam-se

midade entre os dois trilhos e a espe-

res vistas do percurso; vale a pena pa-

até aos limites da Serra da Arada, com

tacularidade do cenário envolvente faz

rar e apreciar com detalhe o trabalho

a Drave escondida num segredo lon-

com que seja um pecado de natureza

ao longo de séculos dos habitantes de

gínquo. Lá no fundo, o Rio Paivô fura

percorrer um e ignorar o outro. Juntan-

Póvoa das Leiras. Provendo da aldeia,

pelos meandros do vale.

do os dois trilhos, o percurso circular

as leiras tropeçam indefinidamente

fica com um total de 12 km e é um ex-

até ao fundo do vale.

Depois de momentos infindos de con-

celente cartão-de-visita da região.

A descida da encosta até Candal

uma nova zona de eólicas. Parece per-

Tratando-se de um percurso circular, o

(GC2B4FX) faz-se por um antigo e bem

to, mas o percurso ainda se delonga.

início poderá decorrer em qualquer um

conservado caminho rural. Passando a

Respeitando os ritos lentos da nature-

dos locais por onde ele passa. Nós re-

aldeia, segue-se por campos de agri-

za, vale a pena fazer algumas paragens

solvemos começar junto ao Parque de

cultura persistente e alcança-se uma

Campismo da Fraguinha, que fica per-

zona de arvoredo variado. O reencon-

para descansar o olhar na paisagem

to da aldeia da Coelheira. A parte mais

tro com o ribeiro, que desce desde a

acidentada do percurso coincide com a

Fraguinha, é uma boa desculpa para

vertente da Serra da Ribeira, que fica

mais uma paragem; as cascatas e os

sobranceira a Candal; nós optámos por

moinhos compõem o cenário. Logo de-

fazê-la a descer. Saindo da Fraguinha,

pois surge uma subida exigente para

a parte inicial do trilho faz jus ao nome,

Póvoa das Leiras (GC2HDE3), onde se

visto que a zona está muito bem com-

pode ter uma nova visão da Besta. Ao

posta de bétulas (GC1J7JN). O riacho

passar-se pela aldeia compreende-se

ajeita o ambiente de um bucolismo na-

a importância da pecuária, já que em

tural e os sentidos vão-se habituando

quase todas as casas existem lojas de

ao abandono civilizacional.

animais.

Subindo a encosta, o horizonte tor-

Logo depois da aldeia chega o ponto

Informação técnica e track do percur-

na-se mais amplo e magnificente. A

em que se deve abandonar o PR e en-

so:

Fraguinha transforma-se depois num

trar no mítico Trilho Inca (GC2H5XN).

http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.

amontoado de resistência verde, com

Vagueando no início por um caminho

do?id=13511915

as encostas despidas em plano de

rural, rapidamente somos levados

Boas caminhadas e melhores aventu-

fundo. O topo da Serra da Ribeira é do-

pelo tempo até um trilho desenhado

ras!

minado por eólicas gigantes e as ver-

a custo na encosta escarpada. As la-

tentes acidentadas estão minadas de

jes de xisto sobrepostas parecem um

Texto e fotos:

buracos (GC2CBWK); há muito tempo

tapete da natureza! Quando se inicia o

António Cruz (Valente Cruz)

templação, segue-se uma subida até

envolvente. Lá em cima, o percurso prossegue por um estradão e logo depois inicia-se a descida para o final. A Fraguinha, com o lago a servir de espelho, parece um oásis na paisagem despida das ladeiras envolventes. Todos os dias são bons para realizar este percurso, mas recomenda-se particularmente a primavera; as encostas ficam engalanadas com cores muito fotogénicas.

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 37


38 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 39


40 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 41


Centenas de geocachers deslocaram-

trada com um GPS à procura de caches

do norte de Portugal e mostraram que

se a Braga de 12 a 15 de agosto de

(vários conseguiram completar com

o Geocaching não tem fronteiras.

2016. De diversos pontos do mundo,

sucesso a geo-art “Love Love Braga” e

desde os Estados Unidos da Améri-

Os 100espinhos agradecem do fundo

o respetivo coração!

do coração a todos os que tornaram

Entre sorrisos estampados nos ros-

possível este Mega Evento, à Grou-

tos e rostos cansados de tanto traba-

ndspeak, à Câmara Municipal de Bra-

lho, houve energia para um quizomba,

ga, às várias empresas patrocinadoras

comer um mega bolo e contemplar o

e a todos os geocachers bracarenses

fogo de artifício em homenagem aos

que souberam arregaças as mangas

geocachers de Braga que dedicaram

nos últimos meses e tornaram possí-

o seu tempo ao serviço pelo bem do

vel esta grande festa internacional do

ca, passando pelo Canadá, Espanha, Finlândia ou Portugal, foram mais de 1000 os amantes do Geocaching que participaram no “Love Love… Braga”, o terceiro Mega Evento organizado pelos 100espinhos. Durante 4 intensos dias foi possível escalar paredes, relaxar à beira da piscina (ou dar uns mergulhos), partilhar

Mega, à cidade de Bracara Augusta e

Geocaching.

aventuras, procurar as divertidas Lab

ao Geocaching, claro está.

Caches, receber formação em vários

O Signal e a Carly (Lackey) também es-

Em 2017, o Mega chegará à mui nobre

temas e, imaginem só, sair para a es-

tiveram presentes neste Mega Evento

e sempre leal cidade do Porto.

42 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 43


por RuiJSDuarte

44 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


GeoMag - Ora então Bom Dia compa-

do geocaching.

isso? Ou seja, esses primeiros founds

nheiros! Obrigado por terem acedido a

A nossa primeira cache “oficialmen-

(dois, certo?) foram os motivadores de

partilhar um pouco do vosso percurso

te” encontrada como membros re-

mais uma caminhada pelas bonitas

“geocachiano” connosco e com os lei-

gistados, teve pois lugar alguns dias

serras da Arrábida ou tinham já in-

tores da GeoMag! Com praticamente

mais tarde, a 22/Set/2007. Foi a “Al-

tenções de (re)visitar a zona e procu-

09 anos de existência enquanto Geo-

cube Valley [GCTQRK]”, hoje, com mui-

raram caixinhas que ficassem a jeito,

cachers certamente têm muito para

to pena nossa, já arquivada. Quanto à

pelo caminho?

contar.

“Fonte Santa da Fornalha”, voltámos

GT - Tínhamos feito a nossa inscri-

Global Trekkers - Olá Rui! É um prazer

lá no ano a seguir (2008), para registar

ção no Geocaching cinco dias antes (a

contar um pouco da nossa expeiência.

oficialmente o nosso found.

17/09/2007), pelo que estávamos a

GM - Comecemos pelo mais simples

GM - A melhor maneira de começar!

aguardar a próxima caminhada para

e óbvio! Visto que o “Quando” sabe-

Apadrinhados por alguém com os

nos estrearmos oficialmente nesta

mos pelo vosso perfil (registaram-se

mesmos gostos e hábitos... a mim ti-

atividade, com o primeiro found. Qua-

em 17.09.2007), queremos saber o

nha-me poupado alguns dissabores

se toda a zona da serra da Arrábida (e

“Como” e o “Porquê” do vosso apare-

no início! [risos]

em particular a serra de São Luís) era

cimento nestes “preparos” (como diria

E o vosso nick? Global Trekkers. Era

já nossa conhecida pelo que juntámos

a minha saudosa Avó), ou seja, como

algo que já utilizavam noutros “locais”

mais uma passeata, com a estreia das

descobriram o Geocaching?

ou foi algo criado propositadamente

buscas no geocaching. O geocaching,

GT - Conhecemos o Geocaching nu-

para este hobbie?

acabou assim por ser uma atividade

mas curtas férias de fim de verão no

GT - o nick “global trekkers” foi esco-

complementar às nossas caminhadas

Algarve na companhia de uns amigos.

lhido por nós com base num programa

que já tinham lugar bastantes anos an-

Estávamos algures na primeira quin-

que víamos na altura no Travel Chan-

tes. O geocaching fez-nos ter objetivos

zena de setembro de 2007. Um desses

nel: “Globe Trekker”, que era sobre um

mais precisos nas nossas caminhadas

nossos amigos, com quem muito an-

jornalista que percorria os diversos re-

(não apenas atravessar a serra x, ou

tes partilháramos várias caminhadas

cantos do mundo, dando a conhecer as

chegar ao cume de serra y), conhecer

por essas serras fora, tinha-se regis-

histórias, culturas, curiosidades e atra-

novos locais, abraçar novos desafios.

tado em 2006 (nickname: mecasan-

ções dos diferentes locais. Também era

Neste momento, por exemplo, os nos-

tos). Aproveitando esses dias de lazer,

esse o nosso propósito quando nos

sos passeios e caminhadas são quase

logo nos quis apresentar este novo

iniciámos no geocaching, i.e., conhecer

todos definidos com base no geoca-

“passatempo” que vinha de encontro

diferentes locais (não só em Portugal

ching.

às caminhadas que há muito fazíamos.

mas no estrangeiro) procurando todo o

GM - Os “found it” são, de uma for-

Foi portanto o nosso “padrinho” (e dos

tipo de caches.

ma geral, algo simples de identificar...

restantes amigos que nos acompa-

Hoje contudo, e passados 9 anos, o

mas, no caso dos malfadados “DNF’s”,

nhavam, hoje cada um com a sua conta

geocaching que praticamos tornou-se

a coisa pia de outra maneira! Lem-

no GC). A cache selecionada para tal foi

mais selectivo, não dirigido para todas

bram-se dos vossos primeiros?

a Fonte Santa da Fornalha [GCZ4JT] na

os locais e/ou caches, mas só para de-

GT - Sim, ainda temos alguns desses

ribeira de Monchique. Depois de uma

terminados desafios.

DNF’s iniciais na nossa memória. O

bela caminhada por trilhos florestais,

GM - E sobre essa estreia oficial... foi

primeiro, foi logo no dia a seguir ao do

foi um regalo beber água daquela fon-

uma primeira caminhada planeada e

primeiro found, na cache “At the heart

te! A partir desse dia, logo ficamos fãs

virada para o Geocaching ou nem por

of the empire [GCKV98]” e logo de seAgosto 2016 - EDIÇÃO 22 45


O geocaching permitiu-nos conhecer locais aqui tão perto em Lisboa que desconhecíamos na totalidade e que nos permitiram olhar para a cidade com outros olhos. guida foram as várias caches do almei-

aqueles locais que julgávamos já ter

foram caches colocadas com o intuito

dara que nos presentearam com uma

visto? A “desculpa” perfeita para revi-

de dar a conhecer as antigas salas de

série de DNF’s, nomeadamente as da

sitar locais que nos são queridos?

cinema (muito poucas já em atividade)

série “AsSeteColinas” e a “Mastermind

GT - Foi isso mesmo! O geocaching

da cidade de Lisboa, grande parte de-

[GCXT34]”, a qual foi um verdadeiro

permitiu-nos conhecer locais (e revi-

las inauguradas nos anos 20 e 30 do

quebra-cabeças descobrir o respetivo

sitar outros) aqui tão perto em Lisboa

século passado. De um modo geral as

contentor. Nesta fase do geocaching,

que desconhecíamos na totalidade e

listings das caches eram bem elabo-

em que nos estávamos a iniciar nesta

que nos permitiram olhar para a ci-

atividade, foram bastantes os DNF’s

dade com outros olhos. De carro, a pé

como seria normal.

ou de transportes, aproveitávamos a

E foi assim “procura aqui, procura ali,

presença de caches na cidade (que na

pede dica a este, ajuda aquele, etc.” que

altura não eram assim tantas quan-

fomos ganhando experiência na busca

to isso), para ir conhecendo um pouco

de contentores. No fundo são registos

mais da mesma. Parques, jardins, mo-

como os “found it”, os quais nunca dei-

numentos (e até a saga dos cinemas),

xamos de fazer - uns mais detalhados

etc. tudo era desculpa para não ficar-

que outros conforme a ocasião e o tipo

mos em casa, e irmos explorar estes

de cache- e que dão sempre informa-

recantos. Daqui até associar o geoca-

ção importante para o owner da cache,

ching às nossas caminhadas e passea-

nomeadamente do respetivo estado e

tas nas serranias foi um instante. Con-

da aferição correta do grau de dificul-

tinuámos a fazê-las, agora com mais

dade.

frequência, mas com outros objetivos

GM - Confirmo! [risos] Tenho um ou

em mente :).

dois registos vossos de DNF em ca-

GM - “A saga dos cinemas”... ora aí

ches minhas, muito mais interessan-

está uma coisa de que nunca tinha ou-

tes que 99% dos registos de “Found”

vido falar! Querem elaborar um boca-

de outros em caches até mais bem

dinho? [Risos]

conseguidas (na minha opinião). A

GT - A “saga dos cinemas” como lhe

primeiro arquivamento ocorreu a 29/

fazer fé no vosso perfil, os primeiros

chamávamos, foi um conjunto de ca-

ago/2009 (Éden Cinema, GC1952Q),

tempos “pós-registo” foram de redes-

ches (21) criadas pela dupla fmrodri-

sendo a machadada final dada a 10/

coberta da cidade de Lisboa... Confir-

gues (Ana Filipa e Frederico) e coloca-

mai/2015, com o arquivamento da

mam? O Geocaching proporciona, na

das no terreno entre 30/Out/2007 e

última das 21 caches (Cine Tortoise,

vossa opinião, um novo olhar sobre

8/Jun/2008. Como o próprio nome diz,

GC1952P).

46 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

radas, mostrando fotos dos cinemas e das fachadas dos edifícios que as albergavam. Não se pode portanto dizer que este conjunto de caches configurasse alguma espécie de “powertrail” (uma palavra desconhecida na altura), já que cada cache tinha isoladamente a sua história, o seu local de ser, a respectiva listing, sendo todo o conjunto publicado ao longo de um período de quase 8 meses. Esta saga deu-nos a conhecer salas de cinema que jamais pensávamos existir. E era sempre um regalo ler aquelas listings. Infelizmente, como qualquer conjunto de caches colocadas em tecido urbano com grande movimentação de pessoas, estava irremediavelmente condenada a desaparecer num relativamente curto espaço de tempo, devido à manutenção que se lhe exige. O


A AVENTURA HUMANA

GM - Dessas primeiras andanças, al-

albufeira). Seria simplesmente brutal!

pondeu às “expectativas”? Tudo boa

guma cache de que vos recordem em

GM - Belíssima cache sim senhor! Tive

gente, etc.?

especial?! Aquela primeira em que

oportunidade de o comprovar in loco

GT - Sim, o log do Cláudio já nessa altu-

“WoW, altamente! Quem diria?!”

pois acompanhei o Cláudio quando fez

ra é bem explícito quanto à questão dos

a primeira ronda de manutenções (em

números. Para nós que nos estávamos

dezembro de 2013), pouco depois de

a iniciar no geocaching e a estrear nes-

adoptar algumas das caches do Alber-

ta tipologia de caches, era um assunto

to. É mesmo um local especial!

que nos passava completamente ao

Cerca de 50 caches e dois meses de-

lado. O nosso intuito de comparecer a

pois do vosso “nascimento”, o primei-

este evento, cujo tema percebe-se, foi

ra (aka manchanegra), adoptada mais

ro “attend”, num evento que até deve

uma brincadeira engraçada dos Blue

recentemente pelo Cláudio Cortez (aka

ter dado urticária ao Cortez!!! Aliás,

Trekkers, era tão somente de come-

clcortez). É simplesmente fantástica,

isso “nota-se” no log dele, “Os núme-

çar a conhecer pessoas e a fazer novas

fenomenal! Todo o percurso até à ca-

ros, sempre a porcaria dos números.

amizades no geocaching.

che, as ruínas da aldeia em si, a envol-

Pode ser que seja desta que o Geoca-

E assim foi: este evento foi o ponto de

ching se torne um desporto de com-

partida para futuras amizades e geo-

petição.”. A “glorificação dos números”

cachadas em grupo. Era tudo boa gen-

estampada num evento que assinala-

te e as conversas rodavam inevitavel-

va (de uma forma ligeira e bem humo-

mente à volta do tema. A partir deste

rística) o facto de termos passado os

evento, começámos a comparecer a

espanhóis em caches colocadas. Mal

outros com maior regularidade, como

presença da barragem e com vales en-

sabia o Cortez o que aí vinha... Como

por exemplo aos eventos que tinham

caixados com o rio a correr bem lá em

foi este vosso primeiro contacto com a

lugar quase todos os meses no IKEA,

baixo (hoje obviamente inundados pela

“Comunidade Geocachiana”? Corres-

organizados alternadamente pelo da-

GT - Logo nos tempos iniciais de geocaching, a primeira que nos mereceu um WOW! (com maiúsculas), foi sem dúvida “A Aldeia Abandonada do Funcho [GC14VBW]” do Alberto Sequei-

vente, são fantásticos. Agora imagine-se como seria aquela paisagem por alturas dos anos 20 do século passado (aquando da exploração das ruínas encontrámos uma data de 1919), sem a

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 47


VENTIFACTS EARTHCACHE

48 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


nieloliveira, manchanegra e btrodri-

meros.

che, a 16/Fev/2008, aquando da

gues. Aprendemos muito nestes even-

GM - Sim... como estão as coisas, pelo

nossa ida ao evento “1º Jantar Saloio

tos com estes e outros geocachers

menos aqui por Lisboa, uma pessoa

[GC18KXE]”, organizado pela GeoDu-

mais experientes, por exemplo acerca

nem se apercebe se há algum evento

plaP&F. Nesse evento conhecemos

“de jeito”. Daqueles a que valeria mes-

mais alguns geocachers, nomeada-

mo a pena comparecer, tal é a quanti-

mente os 2Cotas que eram dos mais

de tipos de contentores, stash notes, dicas para enigmas complicados (muitas soluções obtidas nestes eventos), técnicas de “stealth”, etc. Foi também nestes primeiros eventos que tivemos

dade deles. Nem dá vontade de abrir as listings… Entretanto, meio ano desde o vosso registo no site, vemos aparecer a vos-

o nosso primeiro contacto com os cha-

sa primeira cache! E, uma cache que se

mados trackables (geocoins e travel

destaca de uma forma muito “natural”

bugs, esses items colaterais ao geo-

das demais das redondezas (e não só).

caching que atualmente têm levado

Esta vossa primeira [GC1BPEY], e a vi-

uma verdadeira razia). Temos de fac-

zinha que apareceu ano e meio mais

to saudades desses eventos e desses

tarde [GC20HMB], são duas caches

antigos (desde 2002) presentes e que ficaram sentados ao nosso lado. Na altura lembro-me de ter conversado bastante com o Diamantino (um deles) e de lhe ter pedido alguns conselhos para a futura colocação da nossa primeira cache entretanto já planeada para ser uma cache enigma. Logo me referiu - e não mais esqueci - que a

muito interessantes e que nos ensi-

primeira cache escondida de um geo-

nam um pouco mais acerca da nossa

cacher nunca deveria ser um enigma,

fauna, de uma maneira muito espe-

mas sim do tipo tradicional. Acabámos

cial.

por seguir as suas palavras, abortan-

horários (vários no mesmo dia como

Como e porquê surgiu esta ideia? Tan-

do a colocação da dita cache enigma

já chegámos a ver). Compreendemos

to a da colocação como a do “recheio”.

(dedicada às Adivinhas Portuguesas e

agora perfeitamente as preocupações

GT - Tudo começou umas semanas

ainda na gaveta depois de todos estes

do Cláudio acerca da questão dos nú-

mais cedo antes da colocação da ca-

anos) e colocando ao invés uma cache

tempos. Agora, na atual realidade, já não temos bem eventos mensais, mas sim eventos quase diários ou mesmo

TOU ÀS ARANHAS

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 49


tradicional.

(ISA), embora por vias diferentes: a Cân-

táculos fluviais.

O objecto dessa cache (e da “irmã” que

dida seguiu engenharia agronómica e é

Em Portugal existem inúmeras esca-

surgiu no ano seguinte) acabou por ser

técnica do Ministério da Agricultura. Eu

das para peixes instaladas em várias

os peixes de água doce, pois é essa a

(José Maria) segui engenharia florestal,

mini-hídricas e/ou açudes, mas a maior

área em que trabalho (investigação

e posteriormente a via da investigação

parte ou não funciona ou tem uma efi-

em ecologia fluvial e migrações de pei-

tendo feito o doutoramento em dis-

cácia questionável, já que muitos des-

xes). Mas queríamos fazer uma coisa

positivos de transposição para peixes,

tes dispositivos foram construídos

diferente, que proporcionasse além

nomeadamente escadas e ascensores

há décadas com base em modelos do

(sim, os peixes também têm direito a

norte da Europa/EUA, onde os princi-

escadas e elevadores tal como nós :)).

pais grupos de peixes existentes são

da informação na listing, um contacto mais próximo com os geocachers. Daí a ideia de termos colocado dentro do recipiente da cache, uma amostra real de um indivíduo conservado no interior de um frasco de vidro. Essa foi de facto a mais-valia dessas caches, e embora tenham ambas muito poucas visitas para o tempo de vida que têm, os logs recebidos são na generalidade bastante positivos quanto a esse facto. GM - Duas caches que merecem ser mais conhecidas, sem dúvida. Aproveito a referência ao teu ganhapão para te pedir para falares um pouco das vossas profissões. E, nes-

A filosofia é a mesma: tens um açude ou uma barragem construída num rio ou ribeira. E o que acontece depois? Os peixes simplesmente não conseguem subir o rio para desovar e satisfazer as demais necessidades (alimentação, refúgio, crescimento, etc.). Alguns, como o salmão, o sável ou a lampreia, ou mesmo os barbos e as bogas necessitam de ter acesso aos habitats de desova para completar o seu ciclo de vida. Muitas vezes esses habitats encontram-se inacessíveis precisamen-

salmonídeos (truta, salmão), e como tal com elevada capacidade natatória. Ora em Portugal, na Península Ibérica e nos demais países mediterrânicos, a principal família de peixes são os ciprinídeos (barbos, bogas, escalos, ruivacos) que têm uma menor capacidade natatória e uma capacidade de salto limitada. Daí que a maior parte desses dispositivos se tenham revelados ineficazes para a nossa ictiofauna autóctone. É precisamente nesta área onde desenvolvo trabalho de investigação: através de estudos de campo e labora-

se âmbito, qual a relação, se é que há,

te por causa dessas obras hidráulicas

com o geocaching que praticam... tens

(açudes, barragens, pontes) que lhes

xes à escala real construída no Labo-

saídas de campo, certo? Aproveitas

bloqueiam o caminho para montan-

ratório Nacional de Engenharia Civil),

para conhecer um pouco mais dos lo-

te. É então necessário dimensionar e

perceber, através de modelos hidráuli-

cais e, claro, procurar conciliar com o

construir dispositivos adequados de

cos e experimentação animal, quais as

geocaching?

transposição, tais como escadas, ele-

configurações/dimensionamento que

GT - Os nossos caminhos cruzaram-

vadores ou eclusas, que são usados

optimizam o funcionamento daqueles

se no Instituto Superior de Agronomia

pelos peixes para transpor esses obs-

dispositivos, i.e. que mais contribuem

toriais (temos uma escadas para pei-

Quanto a hobbies associados aos geocaching, destacaria além das sempre apetecíveis caminhadas, o mergulho e a canoagem 50 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


MONTANHAS NEBULOSAS

PRAIA DA AGUDA EARTHCACHE

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 51


para uma passagem com sucesso (e

mias escaladoras que tratam as pare-

a iremos experimentar mais cedo do

no menor tempo possível) do maior

des verticais por “tu”, e depois de alguns

que pensávamos. E quando o fizermos

número de indivíduos e de classes de

anos a dizermos entre os três “é este

iremos começar por acrescentar umas

tamanho.

ano, este ano é que é”, lá conseguimos

outras tantas escadas de peixes a essa

Uma vez que a minha actividade profis-

efectivar a colocação/publicação desta

categoria (em Portugal neste momen-

sional está assim intimamente ligada

cache em 2013. Apesar da sua vonta-

to haverá cerca de 50 a 60 dispositivos

aos rios (várias são as saídas de cam-

de em fazer nascer esta cache, não se

deste tipo).

po que tenho por esse país fora todos

quiseram associar ao geocaching, pelo

Quanto a hobbies associados aos geo-

os anos), não é de espantar que isso

que a cache acabou por ficar na nossa

caching, destacaria além das sempre

se tenha reflectido em algumas das

conta. Desta forma, e em jeito de re-

apetecíveis caminhadas, o mergulho

nossas caches colocadas. Com efeito,

sumo, 6 das nossas 20 caches (30%)

e a canoagem, estas duas que já nos

para além das já referidas caches dos

estão directamente relacionadas com

permitiram agarrar outras tantas ca-

peixes (“Iberochondrostoma lusitani-

a minha actividade profissional.

ches. Já a escalada representa uma

cum [GC1BPEY]” e “Cobitis paludica

Quanto às caches encontradas, onde

actividade muito residual, com apenas

[GC20HMB]”, temos também outras

quer que vá em actividade profissio-

(e se bem me lembro), somente uma

(multi-caches), cujo objectivo é dar a

nal (saídas de campo, conferências e

cache encontrada, a “Escalada na Guia

conhecer aos geocachers, belos troços

congressos) tento sempre levar o GPS

[GCVQCF].

fluviais por esse país fora: no SW al-

carregado com algumas caches locais,

GM - Continuando “mais ligado ao

garvio temos a “Por este Arade Acima

conciliando deste modo ambas as ac-

mar”, e na senda das vossas coloca-

[GC5C80R]” que como o nome indica

tividades desde que o tempo não seja

ções, o Verão de 2008 viu chegar duas

tem lugar no rio Arade; no outro extre-

limitante.

caches mesmo a preceito... acessíveis

mo do país (NE transmontano), temos

GM - Eia! Temos de falar em particu-

apenas por mar e em locais... bem, Lo-

o “Tesouro Romano [GC5JM56]”, por

lar!! [Risos] Sabias que há uma cate-

cais com “L” grande!!

entre vales e serras e depois ao longo

goria no Waymarking chamada “Fish

A “The Cave” tornou-se uma cache

do rio Macãs, e o “Sabor Transmontano

Ladders”? Exatamente para referen-

icônica e foi justamente considerada

[GC3HTHB]” que se desenvolve ao lon-

ciar esse teu campo de “expertise”?!

uma das melhores desse ano (e de

go de troço de 10 km no médio Sabor, e

Em Portugal apenas uma está publi-

sempre), enquanto que a “The Beach”

que é talvez, do ponto de vista físico, a

cada, em Manteigas, do razalas.

teve um prematuro fim...

nossa cache mais exigente.

Falando de hobbies pararelos, além

Quais as histórias e estórias por de-

Através da ligação ao Instituto Supe-

da Caminhada, claro, há outro tipo de

trás destas vossas caches algarvias?

rior Técnico (IST), em particular com a

passatempos que combinem com o

GT - Os locais das caches “The Cave” e

Isabel Boavida, com a qual tive alguns

Geocaching? A Escalada que referes

“The Beach” têm um grande significa-

projectos sobre modelação de habitat

atrás, é/foi caso esporádico?

do para mim. Ainda estava na barriga

para peixes, nasceu também outra ca-

GT - Combinado! Não fazia a míni-

da minha mãe e já frequentava estas

che, esta mais ligada ao mar do que aos

ma ideia que havia uma categoria no

águas. A praia de Benagil foi a praia da

rios: a “Noiva [GC4HNY5]”. Tendo cola-

Waymarking denominada “Fish La-

minha juventude e onde aprendi a na-

borado simultaneamente com a Isabel

dders”. Na verdade, o Waymarking é

dar. Aos 12 anos fiz a minha primeira

e com a Verónica Dias (na altura minha

uma actividade que ainda não abor-

ida à Gruta (nome pela qual ainda hoje

mestranda no ISA, a trabalhar igual-

dámos até ao momento. Agora com

tratamos esse imponente algar de Be-

mente em modelação de habitats), exi-

esta novidade que me dás, certamente

nagil) a nadar, tendo na altura os meus

52 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 53


CURRAL DO TEIXEIRA

primos mais velhos como superviso-

tes e caches colocadas. Foi então que

submarina, ora, e sobretudo para fu-

res. Foram pois muitos os verões (e al-

tive um pressentimento que deveria ir

gir ao demasiado “trânsito” da praia

guns invernos, outonos e primaveras)

quanto antes (ainda nesse mês de ju-

de Benagil. Sim, porque nessa altura e

que ali passei.

lho, evitando o agosto tradicionalmen-

mesmo durante os primeiros anos de

Tendo chegado ao geocaching quase

te bem mais caótico) colocar a cache

vida destas duas caches, podias sair

no final de setembro de 2007, e após

na Gruta.

da multidão de Benagil e vir aqui fazer

uma inicial procura activa de caches

E assim foi: no dia 27 de julho de 2008,

praia, estar sozinho, passear, meditar,

onde nos começámos a inteirar de

fui e vim no mesmo dia propositada-

o que quer que fosse. Chegavas aqui

todos os contornos desta actividade

mente ao algarve para vir colocar esta

e não estava ninguém (sobretudo na

(como “seeker” e como “hiders”), co-

cache. Pouco tempo após ter sido pu-

“The Beach”), quando muito lá apare-

meçámos poucos meses depois a pen-

blicada, lembro-me de ter recebido um

cia um ou outro visitante a nadar ou

sar também em esconder as nossas

email do João (“Bringer”) a felicitar-nos

num colchão. Eram verdadeiros refú-

próprias caches. É óbvio que a Gruta,

pelo facto e dando conta que já pla-

gios aqueles locais, tendo somente as

pelo significado que tinha, foi uma can-

neava ir lá colocar uma cache dentro

gaivotas como companhia.

didata natural a ser colocada no verão

de uma semana.

De há uns anos para cá, as coisas mu-

seguinte, logo que fôssemos de férias.

Quando fomos de férias em setembro,

daram. Os locais - sobretudo a Gruta,

Os planos estavam feitos, no entanto

viemos de imediato ver o logbook e ve-

que tem aparecido em tudo o que é

com o aproximar da época estival sur-

rificar se estava tudo ok com a estan-

notícias, jornais, agências de turismo,

giu um contratempo e tivemos de adiar

quicidade do contentor, aproveitando

etc. - outrora quase desertos, passa-

as nossas férias já planeadas em agos-

igualmente para esconder uma segun-

ram a ter uma afluência desmesurada

to, para setembro. Estávamos em ju-

da cache na zona, nomeadamente na

de pessoas. Diria mesmo, excessiva.

lho de 2008 e senti que mesmo só ten-

Praia Deserta (como sempre chamáva-

Se ao início, era sobretudo em agosto

do chegado a esta actividade há cerca

mos), “The Beach”.

que este efeito se fazia sentir, agora

de 10 meses atrás (setembro 2007), o

À semelhança, da “The Cave”, era um

tem sido durante todos os meses de

geocaching já começava a ter alguma

local onde vinha várias vezes, ora para

verão. Por exemplo, fui à Gruta no ini-

disseminação em termos de pratican-

descansar quando andava a fazer caça

cio de julho deste ano para recolocar a

54 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


nado. Que local deslumbrante!

cache entretanto desaparecida, e só consegui sair de lá passados 40 minutos, tal era o movimento de pessoas a entrar e a sair, ora a nadar, ora de barco, catamarã, etc. Para tal muito tem contribuído o rápido florescimento das novas empresas

“Com a crescente disseminação do geocaching, é natural que a pressão para se publicar em locais de propriedade particular também aumente.”

de passeios às grutas, não só

desarquivar a respectiva listing.

em Benagil como em toda a costa al-

Tudo isto já começou também a fazer

garvia.

alguma mossa na vizinha “The Cave”:

Os efeitos não se fizeram esperar mui-

outrora com belos e excitantes logs de

to tempo, pois a “The Beach” foi de

veraneantes que aqui chegavam e se

imediato arquivada - também não era

deslumbravam com o local (e também

para menos: outrora uma praia deserta

sobretudo com a experiência de chegar

(mesmo em agosto!), esta praia pas-

ao local em si), no último ano temos

sou agora a ser o local de atracamento de grandes barcos, veleiros, catamarãs, etc., que aqui descarregam, não 10 ou 20, mas várias dezenas de turistas e os demais equipamentos para sardinhadas e almoçaradas (churrascos, mesas, cadeiras, etc.). Cheguei ao ponto de ter de me intrometer no meio da multidão, para vir colocar/manter a cache, tendo por vezes de esperar vários minutos enquanto ninguém estava a ver. Era esta a imagem que eu queria dar a um geocacher que aqui viria pela

assistido a um aumento (significativo) dos chamados logs minimalistas (um mal, infelizmente cada vez mais comum no geocaching), o que não seria de estranhar, dada a grande actividade de pessoas num constante entra/ sai. Vamos ver durante quanto mais tempo vai ficar activa. Tem valido sim as experiências positivas (relatadas

Aproveitando que falamos de caches arquivadas gostaria de te pedir os teus “dois cêntimos” sobre Permissões e afins para a colocação de caches em Propriedades Particulares. Não são estranhos ao assunto, certo? Têm pelo menos duas que

estavam nestas condições, na zona de Lisboa, e que neste momento apenas residem nas memórias de quem teve o prazer de por lá passar. GT - Com a crescente disseminação do geocaching, traduzida num aumento cada vez maior do número de caches e geocachers, é natural que a pressão para se publicar em locais de propriedade particular também aumente. Esses locais podem ser jardins de museus, hotéis, palácios, quintas. Enfim, julgo que sejam estas as situações mais comuns. Quanto a nós, o assunto não é completamente estranho, já que, com efeito tivemos duas caches que se enquadravam nestes perfis, embo-

nos logs) que já proporcionou a muitos

ra as razões dos seus arquivamentos

geocachers, claramente um sinal “+”

tenham sido bem distintas.

em como a comunidade “acarinhou”

As caches em questão eram a “Palá-

efectivamente esta cache.

cio do Marquês de Valle Flor” e a “The

GM - Era uma pena, e uma enorme

Fearless Warrior”, ambas arquivadas

perda, se a “The cave” tivesse o mes-

por diferentes motivos.

mo fim da sua “irmã”. Foi uma das

A primeira estava escondida nos jar-

poucas (se não mesmo a única vez)

Claro que não! Só havia uma saída: a do

dins do actual Pestana Palace Hotel,

que, de férias com a família, progra-

arquivamento. No entanto, se algum

tendo sido aí colocada após algumas

mei uma manhã tendo como principal

visitas nossas no verão e outono des-

dia as empresas turísticas deixarem

intuído procurar uma cache. Dessa

se ano, onde íamos frequentemen-

de vir atracar neste local e escolherem

memorável aventura, a solo pois eles

te tomar café e dar uns passeios na-

outro poiso, então, e caso ainda esteja

ficaram na praia, só tenho a lamentar

queles magníficos espaços verdes.

dentro das guidelines, optaremos por

a falta de fotos dado ter feito a coisa a

Qualquer pessoa, mesmo exterior ao

primeira vez? Depois de ler (e ver o cartaz alusivo ao filme “The Beach” com Leodardo DiCaprio) a página da cache?

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 55


hotel, podia entrar naquele local para

tado por uma pessoa dos Parques de

priedade privada; 2º) se no entanto o

visitar os interiores e jardins anexos.

Sintra a referir-me que tinham rece-

local (privado) justificar de todo uma

Foi com esse espírito que decidimos

bido várias queixas de pessoas que se

cache pela sua extraordinária natureza,

avançar para a colocação de uma geo-

tinham dirigido em busca da cache e

pedir autorização (sempre por escrito,

cache, tendo previamente falado com

que a mesma tinha provocado alguns

doravante) ao responsável máximo,

uma das pessoas da recepção para o

acidentes (alguns até graves). Ob-

tendo em atenção que estas autoriza-

efeito, pensando nós, quais ingénuos

viamente fiquei estupefacto com tal

ções são sempre válidas até os donos

novatos geocachers que tal seria sufi-

afirmação e perguntei-lhe, (e poste-

dos locais se lembrarem que não estão

ciente. Foi um erro, e após quase um

riormente a outra colega que sugeriu

para levar com mais geocachadas (es-

ano de actividade que se traduziu em

alteração do local da cache) que tipo de

tão no seu direito na verdade).

mais de uma centena de founds sem

acidentes tinham acontecido, pois em

GM - Assumo portanto que ambos os

qualquer problema, acabámos por

mais de 250 logs não encontrei qual-

“organismos” estavam/estão ao cor-

criar uma situação desagradável para

quer evidência de sinistros (inclusive

rente de que existem (existiam) Geo-

os últimos geocachers que visitaram a

grande parte dos DNF são até elogio-

caches nas suas propriedades. No

cache e que foram surpreendidos por

sos), nem nunca fui contactado por

caso das que estão a cargo do Parques

uma verdadeira teia de seguranças.

ninguém (seja do Parque ou não) nesse

de Sintra - Monte da Lua isso acaba

Explicações à parte e felizmente que

sentido durante o período de vida ca-

por ser bem interessante, na minha

tudo acabou bem (de tal maneira bem,

che. Até hoje, nenhum me conseguiu

opinião, dado até existirem muitas

que no final ainda houve direito a uma

especificar os ditos acidentes. Ainda

nos seus terrenos.

visita guiada pelos espectaculares sa-

assim, não excluo a hipótese de na

Já há pouco falaste um pouco sobre a

lões do hotel). Alguns meses depois de

realidade ter ocorrido algum acidente.

vossa “Noiva”, uma das quatro caches

a cache ter sido arquivada em conse-

Todavia, dados os milhares de turistas

colocadas na zona costeira de Sin-

quência desta situação, combinei uma

que todos os meses visitam o parque,

tra/Cascais. Todas elas de excelência

reunião com o Director do hotel, res-

apenas uma ínfima percentagem serão

(duas tradicionais e duas EC´s)! Se a do

ponsável máximo do local, com vista

efectivamente geocachers. Eu próprio

Xenolito e a da já referia Noiva ficam

à re-activação da cache. Levei para o

aquando de anteriores manutenções,

em locais óbvios e “à mão” de quem

efeito uma amostra de vários conten-

fui abordado no topo do Guerreiro por

ali anda a passear, as outras duas fi-

tores, tendo-lhe explicado a essência

turistas (não-geocachers) que ali vi-

cam numa zona bem mais inacessível!

do geocaching e o que se pretendia es-

nham subir e apenas tirar fotografias

Conta-nos como se descobre um local

pecificamente com esta cache. Apesar

e observar o panorama. Posto isto

daqueles e como nasce uma das me-

de ter mostrado bastante entusiasmo

e como não aceitei mudar a cache cá

lhores tradicionais da zona da grande

com esta actividade, as “negociações”

para baixo (para a base do Guerreiro

Lisboa!

acabaram por não chegar a bom porto,

ao longo do caminho) conforme me foi

GT - Muito antes de aderirmos ao geo-

já que o mesmo esperava uma contra-

sugerido pelos Parques da Lua, o que

caching, já tínhamos o nosso grupo de

partida financeira, traduzida em esta-

desvirtuava completamente a sua na-

caminhadas com o qual fazíamos inú-

dias que derivassem das geo-visitas.

tureza e objectivo, arquivei-a de ime-

meros passeios em toda a costa litoral

Ponto final nesta cache!

diato.

entre o Guincho e a Praia Grande. Toda

A outra, “The Fearless Warrior”, foi uma

Depois de todas estas experiências,

esta zona era particularmente procu-

situação completamente diferente:

o que aprendemos foi o seguinte: 1º)

rada durante o verão para os nossos

após anos de actividade, fui contac-

evitar colocar caches em locais de pro-

passeios, já que os destinos habituais

56 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


CONVENTO DO TOMINA

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 57


CASTELO DO ALGOSO

CABO DA ROCA EARTHCACHE

58 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


de inverno/primavera - Arrábida, Mon-

ber que paisagem se escondia do ou-

tos, tanto melhor!

tejunto, Aire e Candeeiros se tornavam

tro lado, foi superior, e pouco a pouco

Toda a costa litoral da zona de Lisboa,

insuportáveis naquela época do ano

- progredindo com cautela e apoiados

entre o cabo Raso e o cabo da Roca é

por causa do calor.

simultaneamente pelos pés e mãos

Das inúmeras caminhadas que fize-

ao longo da rocha, sem nunca usar a

particularmente rica neste tipo de ca-

mos naquela costa, a nossa preferida

corda (cujo estado desconhecíamos),

era entre a praia Grande e o cabo da

lá conseguimos chegar ao outro lado

Roca, que oferecia os cenários mais

e apreciar in loco aquele magnífico en-

atraentes, além de umas quantas

quadramento: a Ursa a norte, a Aroei-

praias (quase todas isoladas e de difícil

ra a Sul e em frente, qual proa de um

acesso) de enorme beleza, tais como a

navio, o rochedo que termina no mar

praia do Cavalo, praia do Caneiro, praia

a perder de vista. Ficou de imediato

da Aroeira, sem esquecer claro a fa-

claro que aquele local tinha de albergar

mosa praia da Ursa. Foi numa dessas

uma cache: assim nasceram os Portos

caminhadas que quisemos fazer um

Cinzentos (“The Grey Havens”), onde

trilho diferente, progredindo a meia-

paralelamente, e de acordo com a his-

para a particularidade do fenómeno

-encosta em vez de andar pelo topo

tória de John Tolkien, partem para oes-

geológico (filões) presente e nos deu

das arribas. Acabámos por dar de ca-

te os últimos barcos de Elfos da Terra-

indicações de como avançar para cria-

ras com a praia da Aroeira e depois de

Média.

ção da EC.

um mergulho retemperador naquelas

GM - 2010 viu nascer as vossas três

Da mesma forma, foi graças à ajuda do

águas atlânticas, partimos à explora-

Earthcaches. O que pensam deste tipo

Daniel que semanas mais tarde publi-

ção de um promontório saliente que

tão “específico” de geocaching. Não

cámos também “A xenolith at the bea-

parecia fazer a divisão com a praia da

duvido que sendo verdadeiros adep-

ch [GC2F7QG]”. Ambas as caches, aliás,

Ursa a norte. Sendo impossível de ace-

tos do ar livre já se devem ter cruza-

têm ligações a outras EC do Daniel.

der pela areia, a alternativa foi trepar

do com centenas de locais propícios a

um pouco mais e tentar descobrir um

mais algumas boas lições de Geologia

Foi também nesse verão de 2010, um

caminho acessível. Foi assim que vis-

(e afins). Alguma razão especial para

lumbrámos um pequeno trilho mais

terem colocado estas três quase de

acima e que parecia ser utilizado por

uma assentada e terem ficado por aí?

pescadores. Esse trilho contudo ter-

GT - As Earthcaches (EC) são um dos

minava numa enorme parede de pe-

nossos tipos preferidos de caches. E

dra (com desníveis acentuados de cada

cada vez mais! Normalmente estão

lado), onde se via mais abaixo um con-

associadas a boas caminhadas quer na

junto de cordas atadas que permitia a

montanha quer na costa (embora tam-

passagem para o outro lado (oeste, em

bém as haja com boa qualidade nas

direcção ao mar). Era claro que o mes-

cidades) e como tal são um dos nos-

Embora a partir dessa altura tenha-

mo era utilizado por pescadores.

sos “alvos” preferidos. Se associados

mos vislumbrado vários locais dignos

O passo seguinte foi ganhar coragem

a essa busca, pudermos aprender um

de colocação destas caches, falta-nos

para transpor aquela barreira física e

pouco mais sobre esses interessantes

de facto conhecimentos mais específi-

“psicológica”. Mas a ansiedade de sa-

fenómenos geológicos e tirar boas fo-

cos de geologia (e tempo) para abordar

ches graças ao enorme empenho do Daniel Oliveira, pai do Earthcaching nacional, e com quem muito aprendemos. Com efeito, duas das nossas três EC têm a inestimável colaboração do Daniel. Lembro-me em particular da “Igneous Dykes [GC2DEVK]”, na altura criada aquando duma visita à “The Grey Havens” com o Daniel, em que foi o próprio que nos chamou a atenção

pouco mais cedo (agosto), que, aquando numa ida de férias ao Pico, descobrimos a “Gruta das Torres” e através da ajuda de um dos guias que nos forneceu informação sobre o local, criámos a respectiva EC. Foi de facto um verão bastante fértil para nós no que respeita à publicação de EC.

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 59


a matéria mais detalhadamente.

fácil do ponto de vista técnico - mas

estrangeiro?

GM - Em relação à Noiva, estavam à

pela dificuldade psicológica (o isola-

GT - Foi de facto a nossa primeira via-

espera que tivesse tão poucas visitas

mento e (in)acessibilidade do local, o

gem fora de portas para um evento in-

(tem apenas uma em três anos)? É um

facto de estar quase sempre rodeado

ternacional de geocaching, neste caso

local realmente acessível apenas a

por mar, possibilidade de ventos for-

o primeiro mega-evento austríaco.

alguns? Diz-se que os geocachers ar-

tes, etc.).

Estávamos em 2009, ainda relativa-

riscam muito... que vão muito além do

O que recomendaria a quem está in-

mente “frescos” no geocaching e com

que seria razoável. Neste caso, não, de

teressado em procurar esta cache (es-

o desejo de conhecer cada vez mais

todo. O que recomendam a quem pen-

tou obviamente a assumir que a pes-

e embarcar em novas aventuras. Por

se em vencer esta GRANDE aventura?

soa tem conhecimentos e já praticou/

esta altura, este tipo de eventos ain-

GT - Conforme já referido, a cache da

pratica escalada) é que, ou contacte a

da não tinha acontecido em Portugal

“Noiva” surgiu através da iniciativa de

Associação Desnível (que sabe da sua

(apenas 6 meses depois seria publica-

um conjunto de colegas de trabalho:

existência) ou então que me contacte

do o primeiro evento que iria dar ori-

nós e as “climbing girls (Isabel e Veró-

(email do geocaching) e eu fornecerei

gem ao primeiro mega), pelo que deci-

nica)”, sendo que as últimas preferiram

o contacto das “climbing girls” para

dimos embarcar nesta aventura de vir

não associar-se ao geocaching, tendo

o efeito. São aliás elas das melhores

experimentar um Mega, como sendo,

ficado connosco a “gestão” desta ca-

pessoas que podem aconselhar sobre

não um evento isolado como qualquer

che.

a abordagem à cache. Também reco-

outro simples evento, mas sim um

A Noiva é um rochedo com um his-

mendo vivamente contactar o único

programa de 3 dias com vários even-

torial de escaladas que remonta aos

“finder” da cache, o João Oom (joom).

tos-satélites de diferentes naturezas.

anos 70 do século passado, quando

O João é para nós um dos geocachers

Isso sim, era a grande novidade desta

foram abertas as primeiras vias. Na

de referência do norte do país, alguém

nova tipologia de eventos: havia even-

altura de colocação da cache, muito

que para além da grande qualidade das

tos de recepção ao geocacher, de pro-

discutimos se a mesma iria ter ou não

suas caches, nos tem dado valiosos

cura nocturna de caches (fáceis e difí-

(muitos) founds. Eu defendia que não,

conselhos e dicas aquando das nossas

ceis), worshops, um evento num lago

elas defendiam que sim, que era prá-

caminhadas pelo PNPG. Estou certo

no sopé dos Alpes onde se podia ex-

tica corrente verem-se escaladores

que se disponibilizará a ajudar com di-

perimentar andar em cordas e deixar-

na Noiva. Eu próprio devo admitir que

cas e conselhos, quem pretenda abor-

se cair naquelas águas geladas (uma

aquando das nossas passeatas a pé

dar a Noiva.

experiência inesquecível). Depois havia

pelas arribas, vislumbrava por vezes 1

GM - Já deu para perceber que são, de

também várias bancas com venda de

ou 2 escaladores solitários no local. O

facto, geocachers bem sociáveis (ao

produtos de geocaching de diferentes

que me leva a concluir desde já, que as

contrário de mim [risos]) e que têm

países vizinhos (Alemanha, Rep. Checa,

pessoas ligadas (verdadeiramente) à

vindo a granjear muitos amigos nes-

etc.). E claro, o facto de ser um encon-

escalada, não têm muito interesse no

tas andanças! Foi a vossa experiência

tro de diferentes nacionalidades. Tam-

geocaching (será?).

nesta matéria que vos fez, ainda em

bém este aspecto da internacionaliza-

Este baixo número de founds está com

2009, saírem fora de portas e com-

ção era a grande novidade até então

efeito de acordo com o que eu previa.

parecer no Mega (o vosso primeiro)

(não nos esqueçamos que ao contrário

Talvez não seja tanto pela dificuldade

na Áustria [GC1JYHN]? Como é que se

de Portugal, a Áustria está rodeada de

física - tanto a Isabel como a Verónica

embarca numa brincadeira destas, se

vários países vizinhos, o que é uma

garantem que a Noiva é uma escalada

não me engano, a vossa primeira no

mais-valia neste tipo de eventos). Por

60 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


tudo isto, aliado ao facto de Salzburgo

esse “ícone” no perfil?

ral. Para o evento CITO, foi a curiosida-

ser uma cidade das mais encantadoras

GT - Não foi só nessa ocasião que per-

de o principal factor que nos moveu, já

da Europa e com um enquadramento

corremos mais de 600 km para propo-

que até então só tinha praticado estas

cénico de excelência, acabámos por

sitadamente procurar uma cache (nes-

acções em meio aquático, e agora se-

fazer umas férias propositadamente e

te caso um evento). Na verdade, cada

ria a oportunidade de o fazer em meio

vez mais fazemos estas deslocações

terrestre...e logo numa reserva ornito-

ao norte do país (sobretudo PNPG)

lógica! Foi de facto uma sensação mui-

para vir em busca de caches há mui-

to gratificante, além de que a juntar

to seleccionadas. No caso deste CITO

ao evento, tivemos a oportunidade de

que teve lugar na Reserva Ornitológica

conhecer vários geocachers do norte/

do Mindelo, o que nos moveu foi es-

Porto, onde até então só os conhecía-

sencialmente a curiosidade acerca de

mos pelo nome nos logs.

GM - Ia-me, inadvertidamente, es-

como estes eventos se desenrolavam.

GM - Esta vossa faceta mais interac-

quecendo de referir a vossa única

Com efeito, muito antes de ser geoca-

tiva com os praticantes deste nosso

presença registada num Evento Cito.

cher, participava todos os anos no dia

hobbie não se reflete de todo online,

Estávamos ainda no verão de 2008

internacional de limpeza subaquáti-

certo? Refiro-me aos Fóruns e afins...

quando, em mais uma salutar loucura

ca (beach cleanup day), uma iniciativa

encontram-se umas poucas (muito

com moldes muito semelhantes ao

poucas mesmo) entradas, tanto no

CITO. O principio era exactamente o

Geopt como no @PT. Apesar de pouco

mesmo, só que a acção tinha lugar de-

interventivos são frequentadores as-

baixo de água, por meio do mergulho

síduos e/ou atentos dos mesmos?

com garrafa. A sensação com que fica-

GT - É verdade, a nossa presença como

va depois destas acções era bastante

pessoas activas nos fóruns de geoca-

que vos motivou a tal deslocação? Foi

gratificante, por ter contribuído para

ching é bastante pontual. Creio que o

alguma coisa relativa ao evento em si,

tornar aquele meio ambiente mais

tempo que temos para o geocaching

ou mais o queres colecionar também

limpo e próximo do seu estado natu-

(agora cada vez menos) é quase todo

inteiramente dedicadas ao geocaching. Neste caso do mais alto nível, pois os eventos era de grande qualidade, tudo correu de feição e os organizadores foram de uma enorme hospitalidade. 5 Estrelas!

geocachiana, se dispuseram a percorrer “mais de 600 km para participar” no CITO R.O. Mindelo [GC19P15]. Visto que em 2008 até nem deviam ser muito comuns estes eventos, o

PELA PRÉ HISTÓRIA DO ALENTEJO

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 61


ATLANTIS

62 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


usado para planear e procurar as ca-

discussão, sem dúvida! Uma outra ini-

dramento e experiência que proporcio-

ches que seleccionamos e também

ciativa incontornável, neste caso do

nam) e que acabaram por não ser no-

posteriormente para descrever essa

Geopt, é a dos Prémios GPS (que já

meadas nas listas distritais/nacionais.

experiência nos logs. No entanto so-

referi atrás), que tem vindo de forma

E porquê? Porque simplesmente têm

mos frequentadores assíduos dos

bem consistente a assinalar as vossas

um (muito) baixo número de visitas. E

mesmos, consultando as mais recen-

colocações. Que “ilações” tiram daí?

como são as visitas, os founds, os DNF,

tes novidades todas as semanas. Há

[Risos]

que fazem o “sumo” das caches, se não

aliás temas que merecem a nossa es-

Qual a sensação de saber que, ape-

os houverem, mesmo que estejam no

pecial atenção. Destaco por exemplo o

sar de se ter caches que não estarão

local mais excepcional ou associadas

projecto “Geocaminhadas” do forum

ao alcance de todos, a grande maioria

a um contentor xpto, simplesmente

Geopt.org e a rúbrica “Geo-sugestão

de quem supera os desafios propos-

não haverá teor crítico dessa cache, e

para o fim de semana” do forum @PT,

tos aprecia deveras o vosso trabalho

como tal a mesma não terá capacida-

que na verdade por várias têm delinea-

e escolhas?

de de ser seleccionada. Creio portan-

do os nossos fins-de-semana. Apesar

Em termos mais “práticos”, participam

to que cada geocacher deve escolher

de utilizadores passivos, reconhece-

activamente nas votações? Têm nas

o seu caminho em termos de tipo de

mos no entanto o papel fundamental

caches nomeadas/vencedoras mais

geocaching a praticar - local a atingir,

e activo de muitos geocachers e dos

uma bitola parasnas vossas saídas?

aventura a experimental, contentor

revisores que todos os dias ou qua-

GT - Penso que os Prémios GPS foram

original a descobrir - e munir-se das

se todos os dias contribuem para as

uma mais-valia para dar a conhecer

diversas ferramentas que têm ao seu

discussões nos fóruns pelos mais di-

várias caches do país de qualidade aci-

dispor, p.e. número de pontos favoritos

ferentes tópicos, que relatam as suas

ma da média (embora no geocaching

(infelizmente apenas para PM), pon-

experiências e aventuras, que expõem

não seja fácil definir “qualidade”), que

tuação no GCVote, n.º de fotos publica-

as ultimas novidades e sugestões, que

outrora passavam despercebidas, re-

das na listing e comprimentos médios

aconselham os mais novos no “hide

conhecendo o trabalho/esforço que

dos logs, para além claro, das listas de

and seek”, que dão a conhecer novos

muitos geocachers tiveram para as

caches capturadas pelos métodos de

locais e caches, que actualizam cons-

criar, quer seja ao mostrar um local

seleção dos Prémios GPS que certa-

tantemente as mais diversas estatísti-

que sobressai no meios de tantos ou-

mente incluem a totalidade ou parte

cas, que criam conjuntos de iniciativas

tros (paisagem/história/cultura, etc),

dos critérios atrás referidos. É assim

para distinguir caches e geocachers,

ao proporcionar uma aventura que fica

pelo menos que fazemos a coisa.

etc. São estas pessoas as verdadei-

na memória ou dar a conhecer um con-

Ficámos obviamente satisfeitos por

ras dinamizadoras e que fazem avan-

tentor elaborado de forma excepcional.

algumas das nossas caches terem

çar o geocaching para patamares mais

Não quero dizer de modo algum com

sido incluídas nas listas de nomeação

elevados. O geocaching sem fóruns (e

isto, que as caches não capturadas pe-

dos Prémios GPS e isso de facto re-

como tal sem as pessoas que lhes im-

los métodos de selecção no Geopt se-

flectiu-se nos logs das pessoas que as

primem essa constante dinâmica) era

jam de “qualidade” inferior. De modo

procuraram, os quais, pela experiência

algo impensável, uma actividade para-

algum! Veja-se por exemplo o nosso

relatada, nos deixaram muito satisfei-

da no tempo que teria certamente ten-

caso em que temos vindo a procurar

tos. É sempre uma enorme satisfação

dência a desaparecer.

caches perdidas por esses montes e

quando alguém visita as nossas ca-

GM - Alguns excelentes exemplos de

serras fora (p.e. Gerês, Algarve), de

ches, sobretudo as mais “recônditas” e

mais valias dos fóruns e grupos de

enorme qualidade (pelo local, enqua-

relata uma experiência bastante posiAgosto 2016 - EDIÇÃO 22 63


“Temos participado todos os anos nas votações dos Prémios GPS, com excepção do ano passado”

tiva. E isso é de facto o mais importan-

referida acima.

tifique, parece-me.

te para nós e o que nos faz prosseguir,

Temos participado todos os anos nas

De onde vem essa vontade de deixar

sempre que possível, com novos pro-

votações dos Prémios GPS, com ex-

uma marca assim por onde passam?

jectos. Com efeito, a fasquia no geo-

cepção do ano passado (e possivel-

É um agradecimento ao(s) Owner(s)

caching, pelo cada maior número de

mente este ano também), já que não

ou a vossa maneira de relembrarem e

geocachers e de pessoas talentosas,

tínhamos caches encontradas da-

prolongarem um pouco mais as boas

quele ano. Na verdade tem sido cada

experiências? E já agora, é uma tarefa

está bastante alta e como tal, sempre que pensamos em avançar com um novo projecto temos necessariamente de perguntar-nos algo como, o que que eu quero mostrar com esta cache à restante comunidade? Ou, o que é que esta cache acrescenta de novo ao que já existe? Se não for uma mais-valia, não vale a pena avançar. Talvez seja por isso que há mais de 6 anos não publicamos caches no distrito de Lisboa (à excepção da “Noiva” que como já referi, é um caso peculiar de uma cache colocada pelas climbing girls e gerida por nós), tendo-nos ultimamente virado para Trás-os-Montes, onde temos

vez mais complicado ter tempo para

repartida a dois ou nem por isso?

o geocaching, daí que o pouco tempo

GT - Tentamos sempre fazer um regis-

disponível seja empregue na busca ci-

to personalizado nas caches que en-

rúrgica para certas regiões/desafios, de caches há muito planeadas (geralmente mais antigas), como por exemplo a que fizemos há duas semanas e onde conduzimos cerca 350 km (mais outros tantos à volta) para ir em busca de uma cache (GC1WGQ5). GM - Mais uma excelente cache essa “Sombrosas - O Desafio” com certeza, pelo menos a fazer fé no vosso registo! E, já que falamos em registos, em

contramos, imprimindo algum detalhe acerca do como e o porquê de termos vindo a esta ou aquela e como é que correu a experiência em termos de busca. É claro que a descrição da nossa experiência vai sempre depender do tipo de desafio colocado. Não querendo generalizar porque há obviamente exceções, caches mais citadinas de baixo grau dificuldade/terreno, que não exijam qualquer planeamento prévio e cuja busca possa ocorrer sob quaisquer

duas caches que na realidade conside-

“logs”... [Risos]... Se há uma coisa que

ramos mais-valias para o geocaching

vos identifica claramente, até mais

daquela região. E isso tem-se compro-

que as excelentes caches que colo-

tudo se não se tratarem de qualquer

vado nos logs dos visitantes que nos

cam(ram), é a vossa “veia escritora”!

local de destaque (histórico, cultural,

têm dado grande satisfação, embora

Mesmo alguém que nunca tenha tido

etc.). No extremo oposto, caches que

nestes casos tenhamos a perfeita no-

oportunidade de procurar uma das

exijam um considerável planeamento

ção que estas caches jamais poderiam

vossas meninas, arrisca-se a ter um

para a sua procura (sobretudo em re-

ser capturadas para os Prémios GPS,

“log daqueles” nas suas criações, des-

lação a condições meteorológicas, per-

precisamente pela falta de teor crítico

de que o desafio proposto assim o jus-

noitas, acessos, caminhos, etc.), asso-

64 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

condições, terão à partida um registo mais curto e menos detalhado, sobre-


ARCO DA POMBEIRA

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 65


ciadas a elevados graus de dificuldade

com múltiplas iniciativas associadas

mesma tendência seguiu também ou-

e/ou terreno, cujo sucesso derivado da

(prémios GPS, concurso de melhores

tro tipo de caches, aquelas associadas

busca é apesar de tudo uma incerteza,

logs, concursos de fotografias asso-

por exemplo a grandes caminhadas e

caches que proporcionam uma memo-

ciadas ao geocaching, trackable races,

passeios (embora não tenha comigo

rável aventura para mais tarde recor-

etc.) e alimentadas por uma comuni-

informação estatística que suporte

dar, caches com (muito) poucas visitas

dade de membros bastante activos.

este facto, parece-me claramente que

(“eremitas”), este tipos de situações

Falo também das próprias caches em

antes de 2007/08 eram muito poucas

configuram obviamente um registo de

si: para quem anda no geocaching há

as caches existentes com atributo> 10

maior dimensões, complementado se

alguns anos, há sempre a tendência

km), se bem que há que ter em atenção

possível com fotografias da experiên-

de ouvir dizer que “antigamente é que

muitas se encontram inseridas em se-

cia. Esta é para nós simplesmente a

era bom, em que a qualidade das ca-

quências de caches, vulgarmente co-

forma de relembrarmos todas as boas

ches era muito superior” e que “hoje

nhecidas como powertrails, mas a isso

aventuras e experiências que temos

somos bombardeados quase todos os

já lá vamos.

vivido no geocaching há quase uma

dias por caches com um interesse e

É claro que nem tudo é bom. A glo-

década. E um dia quando a saúde já

qualidade questionáveis”. Sim é verda-

balização do geocaching (entenda-se

não nos permitir abraçar desafios mais

de, que agora há muitas mais caches,

o uso do geocaching por um núme-

arrojados, é nosso desejo organizar

muitas delas de interesse duvidoso;

ro cada vez maior de pessoas, com o

num documento (um pouco à seme-

contudo, a proporção de caches de

consequente aumento significativo do

lhança do dos nossos amigos corvos :))

boa qualidade e de geocachers talen-

número de caixinhas colocadas) trou-

todas estas memoráveis experiências

tosos aumentou muito também. Bas-

xe igualmente coisas menos boas. Um

geocacheanas. Quanto à tarefa de es-

ta olhar-se para número de favoritos

delas, e que já por várias vezes senti na

crita de logs na internet, essa fica qua-

(e outros indicadores, tais como n.º de

pele, é o “esfriamento” das relações,

se sempre comigo; já no campo (livro

fotos, tamanho dos logs, etc.) de mui-

i.e. o afastamento entre geocachers

de registos) essa tarefa é geralmente

tas caches mais recentes (últimos 3-6

aquando de um encontro em alguma

repartida a dois.

anos) para se verificar que a qualidade

geocache. Quando nos iniciámos nes-

GM - Terminamos o périplo pela vossa,

das caches tem evoluído para patama-

ta actividade, e quando a ocasião pro-

já quase, década de ligação ao Geoca-

res mais elevados. Veja-se por exem-

piciava um encontro com outros que

ching com uma última pergunta e um

plo o número de caches com contento-

estavam igualmente na busca de uma

pedido... a pergunta é, qual é para vo-

res sofisticados ou associadas a algum

cache, era normal e espontâneo ficar-

cês o “estado da nação”, para onde ca-

tipo de tecnologia. Do que me lembro

mos à conversa, conhecermo-nos e às

minha este nosso hobbie? Um futuro

da altura em que entrámos para o geo-

vezes até trocar ideias sobre projectos

risonho? Negro? Cinza? Outro? [risos]

caching (2007), quase que se contava

e planos futuros. Isto agora é cada vez

GT - Queremos sobretudo acreditar

pelos dedos de uma mão o número

mais uma miragem, pois cada vez tem

que o geocaching caminha para um

destas caches (“Alien Invasion”, “Gripe

sido mais comum quando avistamos

patamar superior em termos de qua-

das Aves”, “GT Night Colours” e pouco

ou somos avistados por algum(ns)

lidade. Na verdade muito se tem feito

mais, pelo menos aqui nos distritos de

geocacher(s), o mesmo se retirar, evi-

nos últimos anos quanto a isso. E não

Lisboa/Setúbal). Hoje são em quanti-

tando desta forma qualquer contacto

falo só sobre o dinamismo que esta

dade muito maior e certamente com

e/ou troca de experiências.

actividade encerra – traduzido por

tecnologia mais avançada (além dos

Trackables, vulgo Geocoins e Travel

exemplo na presença de dois fóruns

novos formatos whereigo, chirp,..). A

Bugs! Esses apêndices ao geocaching

66 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


GEOFORTRESS MEGA

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 67


MONTANHAS NEBULOSAS

que tantas alegrias nos davam (a mim

das caches que eram o seu poiso natu-

excelentes aventuras e caminhadas,

pelo menos) quando os encontráva-

ral, para passarem agora a andar nos

ao levarem-nos por locais e caminhos

mos em alguma cache. E não preci-

bolsos de uns tantos geocachers, os

que foram uma verdadeira surpre-

sávamos de procurar muito: às vezes

quais deles tomaram posse “ad aeter-

sa para nós e que desconhecíamos

umas 5 ou 6 caches, até na cidade, e

num” juntando-os às suas coleções. A

completamente. Quando assim o é, o

lá estava ele (TB) ou ela (GC) a fazer as

tendência tem sido cada vez mais algo

pensamento que me vem de imediato

nossas delícias. Isso agora é cada vez

do tipo: “achei um TB: vai para a minha

à cabeça é: “porque raio o owner des-

mais uma miragem, pois estes items

coleção para um dia destes trocar por

te powertrail não criou ao invés uma

há muito que parecem estar “a saque”

outro de alguém que encontre em al-

(super) multi-cache, ganhando assim

no nosso país. Com efeito, não se justi-

gum evento”. É pena e lamento que as-

muito maior notoriedade no seio da

fica de todo que a explosão no número

sim seja.

comunidade e contribuindo com uma

de caches e de geocachers no nosso

Powertrails, um assunto cada vez mais

cache de qualidade?”. Com efeito não

país, aliada ao enorme crescendo de

na moda no mundo do geocaching.

tenho a mínima dúvida ao afirmar que

empresas de geocaching que comer-

Aqui também as opiniões são díspares,

muitas e fabulásticas multicaches já se

cializam estes produtos, tenha causa-

ficando com a ideia que geocachers

perderam por o owner x ter criado um

do uma razia aos mesmos. A tendência

mais antigos não vêm com muito bons

powertrail ao invés de utilizar o referi-

e o mais expectável era que de fac-

olhos estas sequências de caches co-

do formato. Não vou referir exemplos,

to fosse ao contrário, i.e. que os ditos

locadas no terreno, normalmente de-

mas da nossa experiência assim já

fossem encontrados mais frequente-

zenas, mas não raras vezes centenas.

aconteceu na serra de Sintra, na ser-

mente. Mas não. A verdade é que sim-

No nosso caso, “mixed feelings”. Mui-

ra do Risco,e outros tantos locais…que

plesmente deixaram de andar dentro

tos powertrails já nos proporcionaram

pena se ter perdido essa oportunidade

68 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


em magníficos passeios bem delinea-

res de caches. Embora o nosso tempo

o merecido prémio: banhos naquelas

dos…caches que sem sombra de dú-

não nos permita imprimir maior dedi-

praias desertas!

vida entrariam nas melhores de mui-

cação nos fóruns como seria desejável,

- centro do país (Costa de Sesimbra), a

ta gente, tornando-se memoráveis.

os comentários que de um modo geral

“Mystic Rhythms (GC19MM3)”. O ca-

Por exemplo, quando me perguntam

recebemos nas nossas caches, indi-

minho até chegar esta cache é algo pe-

acerca de boas caches de caminhada

ciam que pelo menos vamos deixando

noso pela distância percorrida e efeito

para procurar na serra de Sintra, gos-

a nossa marca neste hobby. E isso já é

to sempre de referir o caso da “Hansel

suficiente.

and Gretel (GC1ZA4N)”, uma excelen-

GM - E o pedido.. que nos deixem, a

te multicache e que nos leva ao lon-

nós e aos nossos leitores, um par de

go de uma bela caminhada. Parabéns

boas sugestões para ajudar a pas-

aos owners que neste caso resistiram

sar este finalzinho da “silly season”!

à tentação de criar mais uma sequên-

Umas caches que proporcionem o tipo

cia de caches pelos quais certamente

de aventura/desafio que defina tam-

não seriam certamente recordados. E

bém os vossos gostos.

assim fica uma cache para relembrar

GT - Ora muito bem! Estando em plena

(pelo menos para nós)!

época estival em que o calor excessivo

Em resumo, há coisas boas e menos

tem sido a nota dominante, só posso

boas a esperar do geocaching no futu-

propor caches que que estejam verda-

ro, vai depender não só da postura da

deiramente associadas ao elemento

groundspeak mas também da forma

“água”, premiando o geocacher após a

como os novos praticantes encararem

sua demanda, com um belo e refres-

esta actividade e dos princípios que

cante banho. Aqui vão pois 3 sugestões

nela ponham em prática. Entretanto

que certamente ficarão na memória de

outras actividades e hobbies paralelos

quem as procurar:

vão surgindo no mercado, empregando

- sul do país (Algarve), a “Gruta da Afu-

recursos semelhantes (GPS, máquina

rada (GC1V8CH)”, que tem inicio na

fotográfica) e dando cada vez mais a

Praia dos Caneiros e que nos leva, por

possibilidade de escolha aos utilizado-

uma praia deserta, até no final atin-

res de se tornarem geocachers, poke-

girmos o interior de uma gruta que dá

monGOs, ou o que quer que seja. Quan-

para uma outra bonita enseada. Ne-

to a nós, creio que vamos encontrando

cessário que o mar esteja calmo e le-

o nosso caminho no Geocaching, tanto

var lanterna. Do melhor que já vimos

Texto: Rui Duarte (RuiJSDuarte)

como procuradores, como escondedo-

no Algarve, grande aventura. E no final

Fotos: Global Trekkers

que o calor por ter na progressão (levar muita água). Além disso, a parte final exige grande cuidado já que se trata de uma descida com forte inclinação. Mas depois o merecido prémio: uma espectacular praia deserta (Cova da Mijona) com águas fresquíssimas, calmas e transparentes, onde estamos literalmente sozinhos! Um MUST! - norte do país (PNPG), o “Poço do Baraceira (GC15QZW)”. Esta cache envolve uma caminhada de média extensão a partir da aldeia de Froufe, até uma magnífica cascata e poço onde os sinais de perturbação humana são literalmente nulos. O passeio até ao GZ é feito em parte paralelamente ao rio onde se pode observar manchas de carvalhos e castanheiros intactas e contínuas. Depois é o merecido prémio: um local de indescritível beleza onde rejuvenescemos depois de nadar naquelas águas! Local com muitos poucos founds. E ainda bem :) !

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 69


Caminho de Santiago por btrodrigues

70 Agosto 2016 - EDIĂ‡ĂƒO 22


À data que inicio, mais uma vez, este

lo que me estava a ser transmitido de

soais que detalham a experiência de

artigo, passaram já três meses so-

uma forma mais genuína. Que havia

cada um, mais ou menos factual, mais

bre o momento em que iniciei uma

de chegar à Praça do Obradoiro pelo

ou menos introspectiva, que mere-

das mais interessantes aventuras da

meu pé e com uma mochila às cos-

cem uma leitura rápida. No Facebook,

minha vida. Perdi a conta aos pará-

tas, com uns quantos quilómetros nas

há pelo menos dois grupos bastante

grafos que escrevi entretanto e que

pernas. Tinha que perceber o que era

activos e participativos que dão boas

deitei fora, frustrado com a candura

terminar um “Caminho de Santiago”.

dicas. Optei por não complicar muito

e superficialidade com que aflorava o

A vida dá muitas voltas. Perdi a con-

e escolher 10 pontos de passagem

tema. Passaram três meses e encon-

ta aos testemunhos de pessoas como

para outros tantos dias ao longo do

tro-me agora a mais de 600 Km do sí-

eu que adiaram o seu “Caminho”.

chamado Caminho Central Português,

tio onde iniciei a minha aventura, mas

Que acabaram por não o fazer como,

deixando dois dias de parte para qual-

a 50 metros de onde escrevo estas

quando ou com quem o planeavam.

quer imprevisto. Após afinar as datas

palavras existem setas amarelas pin-

Os cerca de 260 Km que percorremos

um par de vezes, ficou assente. Às 6

tadas no chão pelas quais passo to-

estão cheios de provas disso. Entre as

da manhã de 4 de Maio encontrava o

dos os dias e que mo recordam. Como

voltas da vida, consegui uma janela

Ricardo e o Basílio na Gare do Oriente

se fosse fácil esquecer tal coisa.

de disponibilidade, aprovação familiar

para uma viagem mal dormida no Alfa

Há cerca de cinco anos estava tem-

e companhia. Como é que se prepara

Pendular, uma mudança de comboio

porariamente colocado na Galiza em

um caminho? A informação, a título

até São Bento, um saltitar frenético

trabalho. Durante uma breve visita a

institucional e originada nas múltiplas

até à Sé do Porto para estrear a cre-

Santiago de Compostela, fiz um pe-

associações de simpatizantes e utili-

dencial de peregrino e calcorrear os

queno passeio guiado pelo seu centro

zadores dos Caminhos de Santiago é

primeiros quilómetros na senda das

histórico, tomando conhecimento de

exaustiva e profícua - muitas vezes

setas amarelas.

algumas das suas histórias e lendas

redundante e até confusa, com um

“Peregrino” é uma palavra estranha.

e refrescando outras quantas. Decidi

risco inerente de estar desactualiza-

Origina no latim peregrinus, “que vem

então que tinha que sentir tudo aqui-

da. Existirão dezenas de blogs pes-

de terras distantes, estrangeiro, exó-

Chegada a Rubiães

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 71


tico, estranho”. Diz-se do que anda em

primeiro dia, ao chegar a São Pedro de

ra multi-cultural e multi-linguagem.

viagem a um lugar santo ou de devo-

Rates, tinha dores terríveis na coluna

Um dos factos curiosos desta ex-

ção. A definição no dicionário nada

cervical. Foi altura de nos tornarmos

periência foi a pluralidade de faixas

indicia sobre o que leva à tal viagem,

um bocadinho turigrinos e recorrer,

etárias, sociais e nacionalidades que

mas é comum assumir-se que é por

daí para a frente, a um dos inúme-

encontrámos ao longo dos seus doze

devoção. Que fique aqui explícito que

ros serviços que fazem transporte de

dias. Enquanto caminhámos em solo

não me parece que algum de nós três o

mochilas entre albergues (que faria

nacional, foram raros os portugue-

o transporte de uma mochila com os

ses de mochila às costas com que nos

itens mais pesados e reduzindo para

cruzámos (no caminho ou nos alber-

algo mais confortável o que transpor-

gues). Encontrámos muitos estran-

távamos connosco).

geiros que tinham iniciado o caminho,

tenha feito por motivos religiosos, nenhum de nós é praticante. Se há coisa em que acredito de resto, é que o âmbito do “pietis causa” necessário para obter a Compostela tenha ao longo do tempo sido aligeirado, passando a incluir como motivações para fazer o Caminho, para além do “Espírito Cristão”, os motivos espirituais e de busca interior. Da folha do questionário que preenchi para receber o dito “diploma”, a coluna “motivos religiosos” estava ostensivamente vazia, enquanto os “motivos espirituais” e “turismo” estavam bem populados (curiosamente, nas estatísticas oficiais, a separação é feita pelas seguintes categorias: “religioso e outros”, “religioso” e “não religioso”). Há peregrinos de todas as idades e de todas as origens. Há os que caminham com a casa às costas e há efectivamente os “turigrinos”, espécie odiada que caminha ocasionalmente, em regime de pensão completa e que é transportada de minibus quando o terreno se torna um desafio. Topamse à légua, de passo ritmado e sem mochilas à vista, roupa engomada e máquina fotográfica em punho. 260

O momento da chegada a cada um dos albergues a que recorremos foi, sistematicamente e sempre por motivos diferentes, um dos momentos chave do dia. Estas pequenas vitórias diárias permitiam-nos então desligar o conta-quilómetros por umas horas, tomar um duche retemperador e garantir um local para nos podermos deitar e descansar. Os locais por onde passámos eram na sua maioria edifícios históricos reconvertidos em albergues, com muito boas condições (considerando o custo, quase nunca superior a 6 euros), mas alguns locais deixaram algo a desejar - ao ponto de termos que procurar alternativa na vasta oferta privada que existe nos principais centros urbanos ao longo da rota. E como é um albergue? É abdicar totalmente do espaço pessoal. É dividir uma camarata com dezenas de pessoas que conhecemos vagamente. É uma saída da zona de conforto a que o caminho nos obriga. Faz parte. Após

tal como nós, no Porto, optando pelo Caminho Central em detrimento do Caminho da Costa. Chegámos inclusivamente a encontrar alguns que tinham iniciado o Caminho Central em Lisboa, com passagem por Fátima. Aparentemente, a maioria dos peregrinos de origem portuguesa preferia no entanto iniciar o percurso junto à fronteira Valença-Tuy. Perguntámos aqui e ali, surpreendidos. A razão é absurda e simples, passa sistematicamente pelo “já conheço bem o meu país”. É redutor, apercebemo-nos. Em Portugal, o “Primeiro Itinerário Cultural Europeu”, segundo o Parlamento Europeu e Património da Humanidade, declarado pela UNESCO, não se limita às cidades do Porto e Barcelos, a Fortaleza de Valença ou à travessia do Rio Lima pela ponte que dá nome à vila. Há pequenos tesouros como S. Pedro de Tamel, a travessia da Serra da Labruja, há toda uma componente cultural milenar que não pode ser negligenciada, por muito maltratada

Km não são para meninos e encher

recuperadas as forças, era altura de

uma mochila para 12 dias em auto-

vestir e calçar algo mais confortável

data. No mês de Maio, 20% dos pe-

nomia é a primeira prova de esforço.

e ir em busca de uma refeição lauta e

regrinos que chegaram a Santiago

Já partilhei com a Geomag o conteú-

bem regada, reencontrando as caras

fizeram-no pelo Caminho Português,

do da minha mochila. Aquilo que me

conhecidas no caminho e partilhando

valor que só é batido pelo Caminho

parecia o mínimo essencial revelou-

as conquistas do dia, quase sempre

Francês (com 65%) [2] - talvez fosse

se demasiado. Ao fim dos 30 Km do

em amena e bem-disposta cavaquei-

altura das edilidades e associações

72 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

e/ou mal documentada que esteja à


Pontevedra GC3BFGP

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 73


FISTERRA, KM 0

74 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


locais perceberem a importância des-

nião: as pessoas.

mas mantemos a Lale, a Kim, a Jordyn,

tes valores... digo eu, aqui à distância.

Cruzamo-nos com centenas de pes-

a Fernanda, o Ben, a Don, a Judith, o

Tenho a cabeça cheia de frases soltas.

soas no caminho. Dizemos “Bom ca-

Allan, a Mary Jane, a Molly, a Helga, a

Não sei se são minhas, se são frases

minho!” e tentamos adivinhar-lhes a

Julieta, a Francesca, o Mario, o Luigi,

soltas que guardei no bloco de notas

nacionalidade, tirar-lhes a pinta. Há

a Mónica, a Kate, o Chris e o Lucas.

ou se são ecos de todos os artigos, re-

sempre conversa de circunstância, o

Manteremos estes nomes marcados

latos, filmes e livros que me passaram

banal. Perguntar a alguém de onde é,

na memória para todo o sempre.

pelos olhos entretanto. Toda a gente

onde iniciou a sua viagem e o que o/a

Passam-se os dias assim. Bem acom-

leva a fazê-la é um desbloqueador de

panhado, bem alimentado - que bem

conversa eficaz. Afinal de contas, são

que se come na Galiza! - e bem hi-

pessoas como nós, temos em comum

dratado. Quem se faz ao caminho a

arrastarmo-nos desde as 6 da manhã

pensar que vai fugir da rotina cedo

com uma mochila às costas. Cruza-

se apercebe que, sem querer, está na

mo-nos com as mesmas pessoas nos

mesma sujeito a elas. Em vez de um

bares e restaurantes dos sítios onde

despertador de madrugada, temos

paramos e sorrimos. Reconhecemo-

uma camarata inteira a tentar arru-

nos. Temos uma espécie de aperto de

mar coisas em silêncio para sair (e a

mão secreto. Horas depois, estaremos

falhar redondamente). Repetimos-lhe

a pedir licença às mesmas pessoas

os gestos como autómatos. Prepa-

para desviarem o seu estendal impro-

ramos as bolhas que temos nos pés

visado com bastões para podermos

para mais um dia na estrada. Deixa-

subir para o nosso beliche ou a pedir

mos a mochila algures, na esperança

para partilhar uma ficha para carregar

que alguém a apanhe como prometi-

o telemóvel. Muitos de nós irão resso-

do e a possamos encontrar noutro sí-

nar e manter acordados um ou outro.

tio qualquer ao final do dia. Tomamos

A bem ou a mal, criam-se laços. E em-

um pequeno-almoço à pressa porque

bora saibamos todos que caminha-

não queremos ser os últimos a come-

mos no mesmo sentido e em direcção

çar a caminhar e não ter ninguém por

a um único destino, as passadas são

perto com quem ir falando. Paramos à

diferentes, uns irão sair mais cedo

sombra para ver as vistas, para comer

pela manhã e outros irão ficar por ali

e beber qualquer coisa. Tiramos foto-

a descansar. Sabemos que o albergue

grafias (mentais e das outras). Grace-

ficará cheio e que alguns terão que

jamos. Prosseguimos. Ultrapassamos

procurar outro sítio onde ficar. A gar-

os outros, ultrapassamo-nos nós pró-

rafa de vinho que partilharam connos-

prios, que nunca na nossa vida ima-

co ao jantar poderá ter sido a última,

ginámos fazer isto tudo (quem sabe

a fotografia que tirámos todos será a

mais?) a andar. A ver a distância a ficar

última prova que alguma vez estive-

cada vez menor - até chegar ao quase

quem não tem, efectivamente, mais

mos juntos. As pessoas cruzam-se e

nada. Ao “amanhã”. Amanhã chega-

nada que fazer senão caminhar e di-

desencontram-se espontaneamente

mos finalmente a Santiago.

vagar. Apreciar. O caminho e as fontes

e muito dificilmente se conseguem

E para quem chega a caminhar 30 km

e as pontes estão ali há centenas de

voltar a unir. Apercebemo-nos disso

por dia, há quem propositadamen-

anos. Tudo converge para o que real-

demasiado tarde. O caminho imita a

te altere os planos para ficar a muito

mente faz o caminho na minha opi-

vida. Perdemos muitos pelo caminho,

menos que isto de Santiago, para no

me diz que o caminho é meu, que cada um faz o seu caminho e que vai demorar um tempo a perceber a razão de o ter feito e a recolher os frutos de o ter conseguido terminar. E depois dizemme que o caminho ainda não acabou, que o faço todos os dias. Confirmo, passa-me pela cabeça muitas vezes. Recordo-o quase todos os dias. Como é o caminho? Bom, onde o caminho conseguiu resistir e fugir aos centros urbanos, a beleza do percurso é por vezes indescritível - não há fotografias que lhe façam justiça. As aldeias e os campos a perder de vista... Onde o caminho se desenrola ao longo de estradas movimentadas - muito frequente, todo o cuidado é pouco e os acidentes são habituais. Não há margem de manobra para lirismos, há que manter a atenção. Torna-se difícil fazer um relato exaustivo de tudo o que se faz e de tudo o que se sente. Estáse a caminhar a um ritmo confortável, mas os episódios e as peripécias sucedem-se a um ritmo alucinante e é impossível registar tudo. Ou então a conversa desenrola-se e aprecia-se com aquela tranquilidade própria de

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 75


“último” dia poder lá chegar bem cedo

timento de termos cumprido um de-

mens, num movimento pendular pela

e disfrutar com mais calma do mo-

safio imenso sem complicações de

nave da catedral, lançando o incenso

mento. Não foi o nosso caso, e as úl-

maior (bem, essa é a versão oficial)

queimado e fazendo voos rasantes a

timas dezenas de quilómetros foram

e de nos termos divertido imenso no

cerca de 70 Km/h por cima da audiên-

feitas tranquilamente, sob aguaceiros

processo, há um abraço de grupo, mas

cia. Com todos os desvios ao planea-

brutais e já com algum desgaste físi-

surpreendentemente nada de efusivo.

mento inicial, conseguimos chegar

co e mental acumulado. Revêem-se

Estamos mesmo esgotados e a preci-

num dos poucos dias em que este ri-

mentalmente os motivos que nos le-

sar de uma pausa para processar bem

tual secular tem lugar.

varam a embarcar naquela loucura e

toda aquela informação. Almoçar tal-

Desenganem-se se pensam que San-

pensamos “agora não importa”. Não

vez fosse boa ideia - talvez o cansaço

tiago vive só da peregrinação ao tú-

há nada no corpo que nos vá doendo

fosse na realidade uma fome galo-

mulo do apóstolo. Não muito longe do

que não tenha já doído assim ou pior

pante e um desejo lancinante de nos

centro ergue-se, com a sua arquitec-

- tem sido assim há dias. Parar para

atirarmos a um pulpo à galega...

tura futurista, um complexo cultural e

almoçar tranquilamente? Nem pen-

Yo no creo em brujas, pero que las

de entretenimento que merece uma

sar. Com o destino ali tão perto? Falta

hay... Safamo-nos por uma unha ne-

detalhada visita, a Cidade Cultural da

muito? Pedras no caminho? Guardo

gra de caminhar uns significativos

Galiza. A universidade de Santiago de

todas. Um dia havemos de lá chegar

quilómetros extra (à chuva!) na bus-

Compostela é uma das mais antigas

e será hoje. Loucura? Loucura é beber

ca da mochila e do albergue porque o

do mundo e não é difícil encontrar,

a água da chuva, não vá ela entrar pe-

restaurante onde iríamos almoçar es-

pelos seus becos e ruelas, paralelos

las costuras do poncho. ¿Donde coño

tava fechado para obras e no regresso

com as nossas próprias cidades uni-

está el rio Louro? Falta muito? Os

do mesmo tropeçamos no albergue

versitárias. Os claustros estão aber-

marcos que assinalam a distância de-

para onde a mochila tinha sido mes-

tos ao público e estão convertidos em

saparecem ou enviam-nos para todos

mo enviada. Nota mental para os pró-

galerias de arte ao ar livre. As tunas

os lados, quando nunca estivemos

ximos: confirmar duas vezes as mo-

passeiam-se pelas ruas e dão concer-

tão perto do destino marcado. Já de-

radas e as localizações GPS dos sítios

tos espontâneos debaixo das arca-

víamos ter chegado. Quando menos

relevantes. Fazer marcações sempre

das, com a catedral ali à espreita. Não

esperamos, há uma referência visual

que possível e confirmá-las com an-

é de estranhar portanto o pout-porri

que recordo da minha primeira visita:

tecedência.

de gente que popula até altas horas

As Duas Marias (e um DNF que final-

Encontramos mais caras conhecidas.

os bares, os restaurantes e as tascas

mente vinguei). Estamos mais perto

Alojamo-nos no albergue do Seminá-

que se amontoam a cada porta na Rua

do que pensávamos. Vemos rostos

rio Menor, que é grande e imenso e

do Franco, Rua do Vilar e Rua Nova. É

familiares. Confirmamos em portu-

bem organizado. Quartos individuais,

por ali que jantamos e reencontramos

guês nortenho que chegámos. A cate-

o luxo. Luxo é mais uma vez o duche

mais uma vez muitos dos amigos que

dral é já ali.

quente e retemperador, voltar ao cen-

fizemos ao longo destes dias. E que

Podia haver uma corrida apoteóti-

tro a tempo de encontrar a Oficina do

fazemos as inevitáveis despedidas.

ca e alucinada. Podia, mas estamos

Peregrino, transformar a credencial

Não foi pela ressaca monumental

demasiado cansados. Há um silêncio

agora repleta de carimbos na tão al-

nem por falta de vontade ou força

sepulcral mascarado de mini-êxta-

mejada Compostela e ainda conse-

nas pernas que não nos fizemos no

se na forma como nos aproximamos

guir assistir à Missa do Peregrino na

dia a seguir ao caminho em direcção

de um spot livre na Praça em frente

Catedral e ao ritual do Botafumeiro.

a Fisterra, a cerca de 100 km a oeste

à Catedral para tirar uma selfie pano-

O Botafumeiro é um mecanismo com

de Santiago de Compostela. À falta de

râmica, para eu fazer Bruning à von-

53 kg que é carregado com incenso,

tempo (são necessários 3 a 4 dias), ti-

tade, para cada um telefonar à família

suspenso por um conjunto de cordas

vemos que remediar com uma visita

e dizer que chegou bem. Há um sen-

e baloiçado habilmente por oito ho-

de autocarro. Passamos confortavel-

76 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


GC1R5Z6

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 77


PRIMEIRO CARIMBO NA SÉ DO PORTO

78 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


mente mas com muita inveja por dezenas de peregrinos. O ponto outrora conhecido como “o fim do mundo” é o destino final de muitos, decalcando os percursos ancestrais e rotas anteriores à era cristã a (diz-se) um templo pagão ali existente. Este percurso e a lindíssima envolvente do seu ponto final são fonte de inúmeras lendas e costumes: a queima das roupas e botas de caminhada, o banho purificador no mar e a contemplação do mar, do Atlântico em todo o seu esplendor. É aqui que respiramos fundo e ficamos sem fôlego porque o vento nos entra pelo corpo cansado adentro sem que ofereçamos resistência. É aqui que encontramos o marco com a distância “0.0”, que marca para muitos o (verdadeiro) fim do caminho, o fim da aventura, o reencontrar das famílias, o culminar de um grande esforço. É impossível ficar indiferente à atmosfera

Apesar de não ter sido sido uma caminhada

quadrar os motivos históricos e a dar infor-

feita em função do geocaching, não abdi-

mação relevante sobre os mesmos.

quei de levar o GPS carregado com algumas geocaches. Tendo uma boa ideia do trajecto a fazer, usei a funcionalidade “caches along a route” para fazer uma pequena selecção. De

GC3BFGP - Puente 5- Puente del Burgo - À saída de Pontevedra, uma engenhosa geocache com uma vista curiosa sobre o Rio Leréz.

todas as caches por onde passei e às quais

Passa despercebida a todos, mas os olhos

dediquei um pouco de tempo, eis uma peque-

treinados de um geocacher detectam-na de

na selecção:

imediato.

GC1WM7D - Portas da Maia - Esta geocache fica literalmente no meio do caminho e levanos a conhecer um monumento que está relacionado com a antiga divisão geográfica do

GC2MV25 - Puente Romano do río Bermaña - Uma geocache com vista para o Albergue de Caldas de Reis, colocada numa ponte romana engenhosamente construída e que resiste ao

país. Este pormenor passaria despercebido

tempo como poucas.

se não fosse o texto da geocache.

GC2GR5D - Thermal Spring at Caldas de Reis

GC5JY19 - Santiago Maior - Uma das geo-

- Numa aldeia termal, há que experimentar as

caches que encontrámos pelo caminho nos

águas que lhe dão fama. Esta Earthcache le-

inúmeros monumentos dedicados aos pere-

var-vos-á a um local onde a água jorra a uma

grinos. Deu algum trabalho a encontrar. GC624H8 - Casa do Lavrador - Esta geocache já esteve colocada no recinto do albergue de S. Pedro de Rates, onde está o núcleo mu-

temperatura única. Para descobrir qual, terão que se deslocar lá, já que a resposta permitirvos-á reclamar o “found” na mesma...

seológico que lhe dá o nome e que tivemos

GC3CF36 - Convento del Carmen - À porta do

oportunidade de espreitar. Um dos contai-

albergue de Padron ergue-se um convento

ners mais engenhosos que encontrámos.

de proporções gigantescas e com um balcão

GC4PYQW - Mítica Labruja - Seria impossí-

com uma vista privilegiada sobre a pequena

vel escrever estas linhas sem mencionar esta geocache, a culminar a subida íngreme e de progressão difícil. Dizem que a vista é linda, mas naquela manhã chovia e a neblina não

vila que deu origem aos lendários pimentos que picam (ou que non). GC4DP91 - Via Crucis de Santiaguiño do

que se vive. É impossível estar ali e

permitia apreciar a paisagem devidamente.

monte - Ainda em Padrón, esta é uma das

não sentir a mística do local. O “ponto

GC5B4H0 - La catedral de Tui 2.0 - Esta geo-

geocaches que podem encontrar ao subir os

cache atravessa-se (literalmente) à nossa

136 degraus até à Ermida que se ergue no

frente e fica a uns passos do Albergue de Tuy.

topo do monte e que esconde um conjunto de

zero”, para muitos (para mim próprio, há que admiti-lo), é o ponto inicial de algo mais, de uma nova etapa, de um novo desafio, de um novo caminho.

Aproveitem para visitar a Catedral, se estiver aberta, porque é lindíssima. GC40RR7 - Batalla de Pontesampaio - Embora nos tenha “oferecido” um DNF, a história

lendas e costumes bastante interessantes. GC1R5Z6 - As dúas en punto - Das lendas e costumes que Santiago encerra, esta é uma

da curiosa ponte por cima do Rio Verdugo por

das mais interessantes. Ponto de passagem

onde passámos e da batalha que herdou o

obrigatório para peregrinos e não só... e uma

nome da pequena localidade que ali se apre-

geocache muito difícil de encontrar num local

(Um grande agradecimento ao Basílio

senta teria passado com certeza despercebi-

e ao Ricardo, sem os quais nada disto

da.

sempre repleto de muggles.

Um destes dias. Ultreia!

tinha acontecido. )

GC3C1VT - Iglesia de la Peregrina - Pontevedra é das cidades que mais gostámos de explorar à passagem do caminho. O centro

Texto / Fotos: Bruno Rodrigues (Btrodrigues)

GCQ6KZ - Finis Terrae - Cache at the end of the world - É claro que a visita a um sítio tão particular merece uma geocache especial.

histórico está recheado de monumentos, es-

Mantém-se no local há anos, depois da mi-

tátuas e recantos escondidos referenciados

nha primeira visita. Uma boa forma de assi-

por geocaches como esta, que ajudam a en-

nalar o marco. Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 79


COISAS QUE TÊM QUE ACONTECER

80 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


GC2MV25

GC3CF36

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 81


G E O T O UR A Ç O R E S

Grupo Central por

82 Agosto 2016 - EDIÇÃO 20 22

P a l h ocos M ac h ado & P ed r o . B . A l me i da


A GeoTour Azores é a única existente

ilhas.

tória e património, ou outros locais de

atualmente em Portugal e começou

A ILHA DO PICO

encanto natural como a famosa Gruta

a funcionar em abril do corrente ano.

“Esta é a segunda maior Ilha do mara-

das Torres, as Furnas de Frei Matias

Esta GeoTour foi alvo de uma peque-

vilhoso Arquipélago dos Açores, a Ilha

na remodelação (ao nível das regras e

do Pico. É uma joia natural, desenvol-

das caches na ilha de São Miguel) em

vendo-se em redor do ponto mais alto

Junho passado. É constituída por 170

do território Português, o pico do Pico,

caches (com o prefixo AZGT ou AZGTJ, das quais 20 são caches “Joker” (com o prefixo AZGTJ) e com mais de mil favoritos.

situado a 2351 metros de altitude, conhecido por Piquinho. A Ilha do Pico estende-se por 447 km2 de superfí-

ou a formação rochosa do Arco do Cachorro. Terra de grande tradição baleeira prima pelas variadas peças artesanais em osso e dente de baleia, bem como outras peças de excelência e tradição, que demonstram o encanto destas paragens”.

cie, 42 km de comprimento e 15,2 km de largura máxima, inserida no grupo

AZGTJ PICO’S - GC2WWJ4

central de Ilhas da Região Autónoma

Esta earthcache (a que se situa a

dos Açores.

maior altitude de Portugal), tem por

Desde os primeiros tempos, o Pico

owner “isioux” e versa sobre a génese

tornou-se num importante polo co-

da Montanha do Pico! No listing pode

mercial, dada a facilidade de comuni-

ler-se, entre outra informação, que:

cação portuária com a Ilha do Faial, e

“O Pico é o resultado de diversas

com a crescente importância agrícola,

erupções que começaram há cerca de

nomeadamente no cultivo de trigo,

ches Joker) e em São Jorge existem

240.000 milhões de anos e que fo-

criação de pomares e na importan-

quinze caches (com, de novo, duas

ram construindo a montanha por eta-

te vinha, que alterou a paisagem e a

pas, sendo a Fase I: Edificação de um

caches Joker). Assim o geocacher que

cultura ocidental da Ilha, classificada

grande cone vulcânico, devido a uma

pretenda concluir a GeoTour através

desde 2004 Património da Humani-

grande actividade na parte central

desta “porta” terá que encontrar so-

dade pela UNESCO.

do vulcão, tendo atingido dimensões

mente 35 caches. Outras das formas

Outra das principais actividades da

semelhantes à do vulcão actual. Esta

de completar e registar esta GeoTour,

Ilha está patente no Museu dos Ba-

fase termina com o colapso do topo

consiste em encontrar 50% das ca-

leeiros, nas Lajes do Pico, sendo

do vulcão, originando uma cratera-

exactamente a caça de Baleia, muito

-poço com cerca de 800m de diâme-

desenvolvida e influenciada pela pre-

tro a uma altitude de cerca de 2050m;

sença Norte Americana na Ilha, des-

e a fase II que se caracteriza pela ac-

de finais do século XVIII, e hoje em dia

tividade vulcânica no topo do vulcão

transformada em aprazíveis viagens

dá-se a partir de fissuras localizadas

de observação destes e outros cetá-

na cratera, originando extensos der-

ceos, em momentos inesquecíveis.

rames lávicos pahoehoe, que preen-

A Ilha do Pico apresenta diversos

chem toda a cratera, e aumentam a

pontos de interesse, começando pela

altura do vulcão. Esta fase termina

própria arquitectura típica de casario

novamente num colapso do vulcão

simples branco e blocos de lava preta,

originando uma cratera à cota aproxi-

que tão bem espelham a origem vul-

mada de 2250m. Por outro lado a fase

cânica da Ilha, mas também lugares

III, tem a ver com a Formação do cone

Nesta edição da GeoMag vamos apre-

como as principais localidades: Lajes,

do Piquinho, no interior da cratera ac-

sentar duas caches de cada uma das

São Roque e Madalena, plenas de his-

tual, elevando a altura para os 2351

Uma das formas de “fazer” esta GeoTour é visitar as ilhas do triângulo (localizadas no grupo central do arquipélago açoriano). As “Ilhas do Triângulo” são Pico, Faial e São Jorge. No Pico existem dez caches da Geotour (mais duas caches Joker), no Faial existem outras dez caches (e mais duas ca-

ches da mesma (portanto: 75 caches), independentemente da ilha. De qualquer forma, para atingir qualquer uma das “portas” (e portanto ter acesso aos prémios) é sempre necessário encontrar caches em pelo menos duas ilhas açorianas. À data da publicação desta edição da GeoMag já concluíram esta GeoTour mais de dezasseis geocachers, por todas as portas, com excepção da “porta”: “totalidade da GeoTour”, a que corresponde 150 caches.

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 83


84 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


metros”.

irregular, com penhascos, pequenos

mão e a sua chegada era um aconte-

montes, vales profundos e verdejan-

cimento. Hoje são centenas os iates

AZGT FAROL DA PONTA DA ILHA -

tes e praias de areia escura, estando o

que fazem da Horta o seu porto de es-

GC4DZA5

seu ponto mais alto situado no Morro

cala obrigatório na travessia do Atlân-

Esta é uma cache tradicional, que tem

do Cabeço do Gordo, a cerca de 1043

tico ou o vértice de um triângulo que

por owner “Diana&Miguel” e que se

metros de altura.

termina nas costas da América ou da

localiza na ponta da Manenha, ten-

Foi na ilha do Faial que se deu a última

Europa. Açores, paraíso para iatistas.

do um container, muito interessan-

erupção vulcânica, em 1957 no Vul-

te e completamente enquadrado no

cão dos Capelinhos, cujas consequên-

tema…!

cias são ainda nos dias de hoje bem

“O Farol da Ponta da Ilha também de-

visíveis, uma delas o aumento do pró-

nominado Farol da Manhenha, é um farol português localizado na Manhenha, freguesia da Piedade. A sua construção teve início em 1942, com um orçamento de 231.632$81.Começou a funcionar 4 anos depois a 21 de Julho de 1946, tendo sido eletrificado com energia da rede pública apenas em 1993. A sua torre quadrangular

prio território com a solidificação da lava que ficou acima do nível do mar. Hoje em dia a Ilha do Faial apresenta-se como um destino perfeito para todos os amantes da natureza, e tem no seu porto marítimo, na Horta, uma das suas maiores características de local hospitaleiro, por onde passam as mais variadas nacionalidades e cultu-

branca tem 19 m de altura, situando-

ras desde há largos anos.

se o plano focal a 29 m de altitude,

Continuando a longa tradição Baleei-

sendo seu alcance de 24 milhas. Este

ra da ilha, e do Arquipélago, a Ilha do

edifício e seus anexos encontram-se

Faial é dos locais privilegiados para

dentro da área de Paisagem Protegida

a Observação de Cetáceos, existindo

de Interesse Regional da ilha do Pico.

diversas empresas que se dedicam a

Neste momento este farol é guarneci-

esta maravilhosa actividade, que per-

do por 2 faroleiros”.

mite aprazíveis momentos de lazer,

A ilha do Faial

contemplação e contacto com a natu-

“A bonita Ilha do Faial situa-se no grupo central do fantástico Arquipélago dos Açores, em pleno Oceano Atlânti-

reza”. AZGT A MARINA DA HORTA – GC5K-

A Horta é o ponto de partida ideal para um cruzeiro de sonho no arquipélago, Para desvendar os seus segredos, passar dias agradáveis convivendo, apreciando os vastos e límpidos horizontes matizados pelo verde e os maciços de flores das ilhas. A Marina da Horta, inaugurada em 1986 é uma das mais movimentadas do Mundo. É por isso bem conhecida a tradição dos iatistas ou aventureiros em deixarem uma pintura alusiva à sua embarcação sobre os paredões da Marina. Segundo a lenda, este ato levará o barco em segurança ao seu destino. Assim, quem passa pela Marina da Horta depara com uma galeria de arte a céu aberto com o mundo inteiro representado no molhe deste porto açoriano, por criativas e coloridas pinturas. A sua localização oferece um excelente abrigo contra os ventos de todas as direções e faz dela uma paragem quase obrigatória para as centenas de iates das mais diversas nacionalida-

co, separada pela vizinha Ilha do Pico

CAB

pelo Canal do Faial, um estreito braço

Esta é uma cache letterbox híbrida,

de mar com cerca de 8 km de largura.

que tem por owner “Palhocosmacha-

A Ilha ocupa uma área de cerca de 172

do” e que se localiza na cidade da Hor-

km2, com 21km de comprimento e

ta, tendo um container apropriado ao

uma largura máxima de 14km, encan-

tema e localizando-se, quer o primei-

tando pela sua paz de espírito, pela

ro ponto, quer o GZ, em locais impor-

grande beleza natural, pelo patrimó-

tantes desta cidade.

cruzeiro, com meta ou escala nesta

nio de grande valor e pelas tradições

“Horta, na rota dos iates. Ao principio

marina, tornando a Horta num ponto

que sabiamente se perpetuam. A pai-

- e há apenas escassos anos - o seu

de encontro de muitas provas de vela

sagem desta Ilha apresenta um relevo

número contava-se pelos dedos da

internacionais como Les Sables – Les

des que aqui fazem escala anual nas suas viagens pelo Atlântico Norte, e também para os veleiros que viajam das Caraíbas em direção ao Mediterrâneo. Todos os anos aqui se realizam diversas regatas internacionais, normalmente dirigidas à vela oceânica de

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 85


Açores- Les Sables, Atlantique Pogo,

arribas fósseis (neste caso com uma

córias, que reflectem a evolução do

La Route des Hortensias, ARC Euro-

abordagem completamente diferente

vulcanismo basáltico que o originou,

pe, Ceuta-Horta, OCC Azores Pursuit

e inovadora), situa-se nos Capelinhos,

passando de uma actividade hidro-

Race, entre muitas outras”.

perto do Farol.

magmática, a uma actividade predo-

AZGT Farol dos Capelinhos (Açores –

“A ilha emergiu de uma fractura tectó-

minantemente estromboliana. A alte-

Faial) – GC5V2KM

nica de orientação ONO-ESE, a mesma

ração das características da erupção,

Esta é uma cache tradicional, que tem

que deu origem à Ilha do Pico, deno-

de submarina para terrestre, deveu-

minada Fratura Faial - Pico. Constituí-

se ao isolamento dos centros erupti-

da integralmente por materiais vulcâ-

vos do mar.

nicos, a ilha do Faial estrutura-se em

O cone principal resultante atingiu

torno de um grande vulcão central,

uma altura máxima de 160 m, o volu-

em cujo centro se situa uma profun-

me de material emitido foi da ordem

da caldeira, com relevos muito jovens,

dos 174 milhões de m3 e houve um

pouco trabalhados pela erosão e pelo

aumento de 2,4 km2 na área da ilha

tectonismo. No topo do Maciço da Cal-

do Faial, da qual restam actualmen-

deira, abre-se uma grande cratera de

te apenas 0,6 km2 devido à intensa

abatimento, a Caldeira, quase perfei-

erosão (essencialmente marinha) de

tamente circular e com cerca de 2.000

que é alvo. Até 1957 a linha de costa

m de diâmetro no seu bordo interior.

mais ocidental do Faial era o Costado

No fundo da Caldeira, a cerca de 570m

da Nau, mas o Vulcão dos Capelinhos,

acima do nível médio do mar e mais

fez surgir o “pedaço” de terra mais

de 400m abaixo da cumeeira. “Na

jovem de Portugal que originou uma

madrugada do dia 27 de Setembro de

nova ilha que depois se uniu ao Faial.

1957, com a terra balançando conti-

O extremo oeste da ilha passou a en-

nuadamente, os “vigias da baleia” do

tão ser constituído pelas novas estru-

Costado da Nau, a escassos metros

turas construídas pelo vulcão dos Ca-

acima do Farol dos Capelinhos, nota-

pelinhos.

ram o oceano revolto a meia milha da

Um local a visitar não só pela impres-

costa, para os lados de oeste. Assus-

sionante paisagem que proporcio-

tados, desceram ao farol, alertaram

na como pela importância cultural e

os faroleiros e os seus companheiros

científica do Centro de Interpretação

de baleação no porto do Comprido.

ali edificado”.

Não era baleia, nem cachalote nem

A ilha de São Jorge

outro bicho qualquer – o mar entrava

“São Jorge é a ilha das arribas, falésias

em ebulição e havia cheiros fétidos!

e fajãs, uma das mais verdes do arqui-

A erupção dos Capelinhos iniciou-se a

pélago dos Açores e o local perfeito

27 de Setembro de 1957, a cerca de 1

para umas férias em contacto com a

km ao largo da ilha do Faial e a baixa

natureza e o mar.

profundidade (20 a 60 m) A activida-

Esta ilha com 54 quilómetros de com-

AZGT COSTADO DA NAU - UMA AR-

de deste vulcão terminou no dia 24

primento e 6,9 quilómetros de largura

RIBA DIFERENTE – GC68BCC

de Outubro de 1958, ao fim de quase

máxima está integrada no Grupo Cen-

Esta earthcache, que tem por owner

13 meses. É constituído por um cone

tral e é um dos vértices das chamadas

“Pedro.b.almeida”, tem por tema as

de tufos surtseiano e um cone de es-

“ilhas do triângulo”, em conjunto com

por onwer “Paulohercules” e que se localiza num dos pontos mais emblemáticos e conhecidos desta ilha. “O Farol da Ponta dos Capelinhos localiza-se na ponta de mesmo nome, na freguesia do Capelo, Ilha do Faial, nos Açores (Portugal). A sua estrutura é composta por um corpo rectangular, de dois pisos (um dos quais actualmente soterrado), com quatro habitações, e por uma torre central de planta octogonal de 20 metros de altura. Deixou de operar em 29 de Setembro de 1957, em virtude da erupção vulcânica. Foi inaugurado a 1 de Agosto de 1903, funcionando então com um candeeiro a petróleo de quatro torcidas, com óptica flutuando em banho de mercúrio. Emitia uma luz com quatro relâmpagos alternadamente brancos e vermelhos tendo ainda instalado um sinal sonoro de nevoeiro. Em Setembro de 1957, devido à erupção vulcânica, o farol foi desactivado, tendo sido retiradas a óptica e outros equipamentos como os grupos eletrogéneos que haviam sido recentemente instalados e que forneciam a energia para o farol.”

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Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 87


o Faial e o Pico, do qual dista 18,5 km.

teriais geológicos que retratam a sua

“Teamjorgenses” e localiza-se na bo-

Paisagisticamente salta à vista o con-

geodiversidade e que se caracterizam

nita vila das Velas. A tua missão é aju-

traste da cordilheira central que atra-

em seguida.

dares a intrépida Angelina Jolie (Miss

vessa a ilha em quase todo o compri-

C) nesta aventura e assim encontra-

mento, com a escarpada e recortada

FORMAS SUBVULCÂNICAS (FILÕES E

res o “Queijo Dourado”!

costa, salpicada pelas típicas fajãs que

CHAMINÉS)

se estendem mar adentro. As fajãs

“Egitani é uma sociedade secreta da

A erosão costeira atinge, por vezes, o

são pequenas planícies que tiveram

sistema de condutas de alimentação

era do queijismo fundada em 8 de

origem em desabamentos de terras

dos cones monogenéticos, pondo a

ou lava e nesta ilha existem mais de

descoberto o respetivo sistema filo-

40, daí ser muitas vezes apelidada por

niano. Sendo assim, é ao longo da li-

ilha das fajãs. Nalguns casos apenas

nha de costa da ilha de São Jorge (ou

existe acesso pedestre, por isso os

ao longo dos caminhos e vias de aces-

trilhos são uma das melhores formas

so às fajãs), que podem ser observa-

de a descobrir, existindo caminhos

das diversas formas subvulcânicas,

adequados a várias condições físicas

sob a forma de intrusões basálticas,

e acompanhamento especializado.

com espessuras de alguns decímetros

Da Fajã da Caldeira do Santo Cristo,

até cerca de 2 metros. Com exceção de

a mais famosa pelas suas saborosas

chaminé localizada em ilhéu na zona

perdidos, descobrindo tesouros pre-

amêijoas, à Fajã dos Cubres, com uma

da Ponta dos Rosais, as restantes in-

ciosos, punindo vilões em combates

cristalina lagoa, e à Fajã do Ouvidor

trusões observadas são filonianas,

mortais tudo faz parte do dia-a-dia

com as suas piscinas naturais, pas-

controladas pelas direções tectónicas

da aventureira Miss C. Mas um an-

sear pela ilha de São Jorge é admirar

dominantes na ilha, segundo NW-SE e

tigo segredo de seu pai está prestes

o terreno parcelado para a agricultu-

WNW-ESSE.

a levar Miss C a seu maior desafio: o

ra de subsistência, as casas de pedra

É de referir que a costa Norte da Serra

Queijo Dourado, uma relíquia lendária

com janelas de três guilhotinas, cas-

do Topo evidencia filões mais abun-

catas e os curiosos cabos de aço para

com o poder de alterar o sabor e o ta-

dantes que a costa Sul, em que os fi-

transporte da lenha até às planícies

manho de todos os queijos do mun-

lões por vezes dominam a paisagem

costeiras”.

circundante, sob a forma de muralhas

do. Miss C precisa encontrar o Queijo

salientes. É o caso na Fajã da Caldeira GSJO6 PONTA DE ROSAIS [SÃO JOR-

de Cima, nas proximidades da Caldeira

GE] - GC4Z4NA

do Santo Cristo, onde filões verticais a

Esta earthcache, que tem por owner

sub-verticais se destacam, por erosão

“Família Santo Costa”, localiza-se na

diferencial, das formações geológicas

ponta dos Rosais e tem por tema os

adjacentes, menos resistentes à ero-

afloramentos e as escórias basálticas.

são”.

Junho de 1776. Muitos teóricos da conspiração acreditam que os Egitanienses são os cérebros por trás dos acontecimentos que levarão ao estabelecimento de uma Nova Ordem do Queijo da Serra, com os objetivos primários de destruir todas as espécies de queijos do mundo (em particular o Queijo de São Jorge) sob uma espécie de tirania global. Explorando impérios

Dourado antes que caia nas mãos dos Egitanienses. Pelas últimas informações recolhidas o Queijo Dourado encontra-se numa ilha do Atlântico. Descobre essa ilha e encontrarás esse belo artefacto”. Texto:

GEODIVERSIDADE DA ILHA DE SÃO

FABULOSO QUEIJO DOURADO - GC-

Luis Filipe Machado (Palhocosmacha-

JORGE

49ZG6

do) e Pedro Almeida (Pedro.b.almeida)

“A ilha de São Jorge possui uma va-

Esta letterbox híbrida, nomeada para

Fotos:

riedade de estruturas, formas e ma-

os prémios GPS 2013, tem por owner

Pedro Almeida (Pedro.b.almeida)

88 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 89


FROM GEOCACHING HQ WITH LOVE Estou para sempre mudada e tenho

uma miniaventura de forma regular.

partes industriais menos bonitas de algumas cidades. Caminhar transfor-

a agradecer ao geocaching… O jogo

mou-se no meu trabalho e sinto que

inspirou na minha vida uma mudança

Apesar de o geocaching não ter sido a

positiva ao longo dos últimos 12 anos,

única razão para ter feito o Caminho

e continuará a inspirar. Há pouco mais

de Santiago, fiquei a conhecer o Cami-

de 2 meses iniciei uma caminhada

nho há muitos anos através do jogo. E

(inspirada no geocaching) que teve um

ficarei para sempre agradecida que o

Não encontrei geocaches todos os

mesmo me tenha levado a esta popu-

dias, mas as que encontrei tornaram

lar peregrinação.

esta aventura mais especial. Isto foi

dos maiores impactos na minha vida. No meu último artigo falei-vos da minha próxima aventura, fazer o Caminho de Santiago desde o sul de França até Santiago, Espanha. Já terminei essa aventura! E estou de volta ao trabalho na sede do Geocaching.com em Seattle. Apesar de adorar este

fiz um bom trabalho ao longo dessas cinco semanas.

particularmente verdade quando a Ao longo de cinco semanas acordei às 6 da manhã, e iniciava a caminhada às 6:30. Todos os dias foram preenchidos por vistas fantásticas de Espanha, explorando vilas que mais pareciam cidades fantasmas durante a

minha nova “família” do Caminho se juntou a mim para procurar geocaches. Alguns deles até se sentiram inspirados a continuar a fazer geocaching depois de nos separarmos no Caminho. Caminhar mais de 25km por

hora da sesta e tendo conversas so-

dia pode tornar-se por vezes monó-

bre os vinhos locais com as pessoas

tono, por isso fazer uma pausa para

que conhecia pelo caminho. Tive de

encontrar uma geocache num local

continuar a caminhar todos os dias

bonito pode ser inspirador para conti-

cios de ter o geocaching como hobby,

independentemente das dores, chuva

nuar a caminhada.

sentir-me inspirada para sair do sofá,

(que felizmente foi muito rara) ou do

Não só me sinto orgulhosa de ter

afastar-me da secretária e sair para

facto de também ter de caminhar por

caminhado cerca de 800 quilóme-

meu trabalho tive dificuldade em me sentar o dia inteiro em frente da minha secretária. Este é um dos benefí-

90 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


tros, como saí com um coração mais

fios como este no futuro.

Porto ou de Lisboa. Talvez me possam fazer companhia nesta caminhada? :)

cheio e uma mente mais aberta para o mundo que me rodeia. Conheci pes-

Senti-me inspirada a continuar a mi-

soas fantásticas de todo o mundo que

nha jornada. Para já são só caminha-

Texto: Annie Love / Bruno Gomes

das urbanas por Seattle ou caminha-

Fotos: Annie Love

partilharam comigo as suas histórias pessoais e muitas gargalhadas. A dor que senti ao longo do caminho só me fez mais forte e fez-me acreditar que posso assumir outros grandes desa-

das pelas bonitas montanhas ao longo do nordeste do Pacifico, mas espero

(Se quiserem ler um pouco mais acerca

fazer a peregrinação a Santiago ou-

da minha aventura, podem sempre visi-

tra vez. Um dia espero fazer o Cami-

tar o meu blog em https://adventuregir-

nho de Santiago português a partir do

lannie.com/)

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 91


O M E U WAY M A R K

WAYMARKING! GOTTA CATCH’EM ALL! por

ANSEL ADAMS PHOTO HUNT BROAD STREET, NYC, 1949, ANSEL ADAMS

92 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

Sup3rFM


Waymarking, waymarks ou, como lá em casa as crianças disseram em tempos, Zé Marques. Confesso que reescrevi o parágrafo inicial algumas vezes. Primeiro de uma forma descritiva, a outra exageradamente leiga, até que me bastou levantar a cabeça do computador em que escrevo e olhar para o jardim em frente. Junto a uma estátua estão n pessoas a jogar Pokemon Go, o jogo do momento. O objetivo é, mais ou menos, claro. Apanhar todos os bonecos. Certo. E a relação do jogo do momento com o Waymarking? Permitam-me a comparação, mas é em tudo igual. Apesar de não ter regras escritas que estabeleça um ranking ou que seja conhecido o fim do mesmo, no Waymarking um dos objetivos mais claros é completar a grelha, tanto de waymarks criadas como visitadas. Tal como o Geocaching, o Waymarking deixa que o joguemos da forma que bem entendemos, desde que se respeite as linhas de orientação para a criação de categorias, para a criação de waymarks e também para registar as visitas. Eu, tenho uma maneira particular de o jogar. É bem possível que o entendam de forma diferente e, por isso, se divertem de outra maneira a jogá-lo. O Waymarking foi lançado pela Groundspeak como mais um jogo, mais um opção para alguém correr o mundo com um GPS na mão, sendo que neste caso, a máquina fotográfica assume o papel do lápis no geocaching. Sem ela é bem possível que se percam waymarks únicas. A ideia é interessante e agarrou uma parte significativa da comunidade, levada pela frescura do projeto. De uma forma geral, o Waymarking passaria a ser a casa das Locationless e também das Benchmarks, conceitos que foram perdendo relevância à medida que o número de caches foi aumentando.

O Waymarking tem um aspecto retro cool, desenhado em 8-bit, e uma mecânica não muito fácil de entender, para quem aterra no site sem qualquer informação prévia. Hoje, o projeto funciona mas apenas ligado às máquinas, sem desenvolvimento e planeamento futuro. Consegui saber que a Groundspeak não pretende investir aqui por razões estratégicas. No entanto, continua a ser um projeto acarinhado por algumas das mais importantes pessoas da organização e, por esse motivo, continua online. Quer nos fóruns portugueses, quer no da GS encontram vários artigos e discussões sobre a mecânica deste projeto. Já houve aqui, na GeoMag, alguns artigos que explicavam a sua mecânica. Sigam este conselho e vão reler os números anteriores, até porque esta equipa merece. O WAYMARKING OBSESSIVO-COMPULSIVO O meu Waymarking, à semelhança do meu Geocaching, não é melhor, nem pior que o vosso. O que há de bom deste tipo de atividades é que a mesma pode ser jogada de uma forma particular, diferente da maioria, sem que isso implique que se esteja a fazer batota ou a ser menos correto. De uma forma geral, depois de ter começado, coloquei como meta tentar ter uma waymark criada em cada categoria. Bem sei, é um objetivo difícil, mas não impossível. Isto, se excluirmos categorias históricas em que os waymarkers a esgotaram antes de eu chegar. É possível. É sempre possível, hajam oportunidades. Para me organizar nesta luta, e face à falta de funcionalidades do Waymarking.com, estudo de forma manual o leque de waymarks disponíveis e excluo todas as categorias onde tenho uma já criada. Fico assim com uma folha de cálculo com o nome das mesmas, uma

explicação breve para aquelas mais complicadas e, na célula seguinte, deixo notas onde julgo poder ser possível criar uma ou algo que me faça ir recuperar fotos guardadas de locais que já visitei. Com esta última técnica, já criei n waymarks, quase por acidente. Outras há que exigem mais estudo e preparação. Chego a olhar para a lista das que me faltam e ir ver mapas, fotografias, dados dos sítios por onde vou passar para tentar perceber se há alguma waymark por criar. Isso leva-me a situações únicas que me dão gozo como waymarker. Por exemplo, tenho uma waymark criada na Ansel Adams Photo Hunt, que me levou a estudar centenas de fotografias e perceber que estaria muito perto de uma ainda não criada. Dá-me um gozo especial desafiar-me perante algumas categorias aparentemente fora do meu alcance. Com isto, deixo passar intencionalmente centenas de waymarks possíveis e muito fáceis de criar à minha volta, nos meus trajetos habituais. Como referi, é uma forma de jogar válida como tantas outras. A mim move-me obter mais uma criada numa nova categoria. Outros há que são excelsos waymarkers e que se focam numa ou duas em específico, que se traduz muitas vezes em waymarks de elevada qualidade. EM VIAGEM Tento, dentro dos limites da razoabilidade, conciliar geocaching e waymarking com as viagens que faço, sejam em trabalho ou lazer. Sou bastante pragmático e nas minhas pocket queries, quando visito um novo lugar, excluo, logo à partida, tipos de geocaches que potencialmente me tomam muito tempo. Multi-caches, enigmas, letterboxes não fazem parte dos meus critérios. Fico-me pelas restantes, mais diretas, simples e que estiverem no meu caminho, não nos importamos de Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 93


MRT FARRER PARK - SINGAPORE, SINGAPORE CIVIL DEFENSE FALLOUT SHELTERS

PESTKAPELLE, ROCHUSKAPELLE - PARNDORF, AUSTRIA AUSTRIAN AND SWISS NATIONAL HERITAGE SITES

94 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


investir uns minutos para descobrir um

CATEGORIA: ANSEL ADAMS PHOTO

WMCXGT_57_Stone_Street_Sto-

novo local e conseguir encontra-las.

HUNT

ne_Street_New_York_New_York

Com o waymarking, se planeado como

–– Original: http://www.anseladams.

referi, a situação é semelhante. No en-

org/brstnewyoci1.html

–– A categoria, exclusiva dos EUA, exigiu mais uma vez, um estu-

tanto, entrar neste mundo é bem mais

–– Waymark: http://www.waymarking.

simples. Se forem um normal turista, é

com/waymarks/WM9399_Broad_

trar algo capaz de constituir uma

bem provável que estejam munidos de

Street_New_York_City

waymark pelos sítios que visitava.

uma máquina fotográfica e que com ela tirem imensas fotografias, já que o problema do rolo acabar já não se coloca. Entre as dezenas, centenas de fotos aposto que conseguiram obter os mínimos para marcar uma visita ou até criar uma nova waymark. Aliás, com as fotografias georefenciadas, até o “problema” de obter coordenadas corretas ou muito aproximadas fica imediatamente resolvido. Basta pesquisar – bem sei que o site não é exatamente o que de melhor se está a fazer atualmente, respeitar os

–– Minha foto: https://goo.gl/photos/ e6Fyd5rHXebYCqCm8 –– Até à data, só tem 45 waymarks criadas!

ro com isto dizer que é sempre assim, mas a experiência, de uma forma geral, é indolor.

CATEGORIA: OLD WORLD ORIGINALS –– Minha waymark: http://www. waymarking.com/waymarks/ WMCXHG_Athens_Greece –– Apenas 30 waymarks criadas. Esta foi criada quase por acidente. Depois de rever as fotos, percebi que encaixava na perfeição nesta categoria. CATEGORIA: CIVIL DEFENSE FALLOUT SHELTERS –– Minha waymark: http://www. waymarking.com/waymarks/WM-

Já se questionaram sobre as centenas

FYEJ_MRT_Farrer_Park_Singapo-

fotos que tiram durante as férias e que

re_Singapore

depois raramente as vão ver novamente no futuro? Acontece a todos. Quer di-

–– Por ser uma categoria muito particular, ficou debaixo d’olho para

zer, acontece a quem não é waymarker.

uma viagem. Calhou encontrar um

Já revi milhares de fotos à procura das

abrigo destes em Singapura. Fotos

certas para marcar uma visita ou cate-

tiradas e waymark criada!

goria. Fica a sugestão de “reciclar” todas aquelas recordações!

Categoria: NRHP Historic Districts Contributing Buildings

E vocês? Como jogam? Estão preparados para as apanhar todas?

Felizmente, este estava por perto. CATEGORIA: WPA PROJECTS –– Minha waymark: http://www. waymarking.com/waymarks/

critérios, elaborar um texto explicativo ou descrever a visita e já está. Não que-

do das possibilidades de encon-

WMRFG8_Bridge_on_Franklin_ Canyon_Dr_Los_Angeles_CA –– Estava a conduzir por Los Angeles quando me enganei no caminho. Fui dar a uma estrada secundária. Ao passar por uma ponte, reparei na inscrição WPA e lembrei-me que havia waymarks sobre este tema. Foi o suficiente para conseguir mais uma daquelas difíceis de arranjar. CATEGORIA: AUSTRIAN AND SWISS NATIONAL HERITAGE SITES –– Minha waymark: http://www. waymarking.com/waymarks/ WMFY79_Pestkapelle_Rochuskapelle_Parndorf_Austria –– Parámos para encontrar uma cache. Por perto, uma capela digna de um registo fotográfico. Uns meses mais tardes, na revisão das fotos tiradas percebi que podia ser algo mais... Encaixou na perfeição nesta categoria!

–– Minha waymark: http://www. waymarking.com/waymarks/

Texto / Fotos: Hugo Silva (Sup3rFM) Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 95


CACHE EM DESTAQUE por

R u i J S D u a r te

Aproveitando que ainda estamos

com o dinamismo da coisa e termos

cache?! O paudesteva perece pensar

bem a tempo de umas banhocas pe-

a noção de que “A fisionomia da ria

que não, “Com um sol magnifico a

las praias algarvias, decidimos que a

está sempre a mudar, tal como as

convidar para um passeio, porque não

“Cache em destaque” desta edição iria

ilhas e entradas do mar nesta zona da

uma caminhada a beira-mar desde a

ser uma das muitas (no momento em

Ria Formosa, como tal actualmente a

Manta Rota até esta cache, há muito

que escrevo estas linhas são cerca de

“nova barra” é possível de atravessar

debaixo de olho? Pois foi isso mesmo

160) que povoam a bonita zona da Ria

a vau na maré vazia (…)”. Assim, po-

que fizemos!”.

Formosa!

demos fazer como os JamantaP, que

Na mais simples e rápida será imitar

Vamos então à boleia dos Almargem-

aproveitaram uma aberta e “mesmo

a Pipa69, caso não haja nenhum dos

Team descobrir o Novo Ilhéu [GC2V-

sem termos os fatos de banho con-

barqueiros por perto, sabendo que “

CMK], ou seja, a praia de Cacela Velha,

nosco, nos aventurámos a refrescar

Não custa nada perguntar no cafézito

um dos mais bonitos locais de toda a

os pés na ria. E, passo atrás de passo,

se havia alguém com um barco para

Ria.

lá fomos parar à outra margem”.

nos levar à outra margem.”

Esta praia, como outras na ria, apre-

Outra opção, aproveitando a mará bai-

Mas, o que atrai estes (e muitos ou-

senta alguns desafios engraçados

xa, é aceder a partir da praia da Manta

tros) companheiros(as) aqui? injulion,

para se deixar alcançar. Atentemos

Rota. Há melhor maneira de aprovei-

o que nos dizes? “Na realidade é uma

nas sábias palavras dos TeamGeo2CV

tar a praia (sem ser estar refastelado

paisagem deslumbrante, muito calma

para termos um primeiro contacto

na toalha, claro) que procurar uma boa

(…)”… e voces, wolf-explorers? “No GZ

96 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


tem-se uma vista magnífica para a ria, o mar, o ilhéu e o sítio da Fábrica. Lindo!!!”. E eu? Bem, para mim é tudo o acima e a Natureza, em particular a fauna “(…) munido da máquina fotográfica vim em busca da passarada e da cache... acabei por conseguir fotografar um pequeno Borrelho, uma Andorinha-do-mar-anã, uns Pintarroxos, uma Arvéola e caraguejos, claro.”! Vamos portanto aproveitar o que nos resta do Verão e celebrar a Ria Formosa! A Ria Formosa é um sapal situado no Algarve e que se estende pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, com uma área de cerca de 18.400. É uma zona húmida de importância internacional como habitat de aves aquáticas. Esta praia em particular localiza-se numa extensa península dunar, de areia fina e branca, que constitui uma barreira física contra o avanço do mar e que protege as águas calmas e pouco profundas da Ria Formosa. As dunas são cobertas por diversas espécies de plantas, que permitem a sua fixação. FONTES: O Novo Ilhéu - http://coord.info/GC2VCMK Wikipedia - https://pt.wikipedia.org/ wiki/Ria_Formosa Texto / Fotos: Rui Duarte (RuiJSDuarte) Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 97


Pon to Zero

NEEDS...

A vida de cada uma das caches exis-

exatamente para reportar problemas

precisa de algum tipo de manutenção,

tentes depende acima de tudo do

com as geocaches. São eles o “Needs

seja por o recipiente estar partido, o

owner da mesma, se bem que o com-

Maintenance” e “Needs Archived”.

logbook estar molhado ou cheio, etc.

portamento dos geocachers que as

São usados em situações diferentes

Muitas vezes os geocachers poderão

procuram influencia em muito o per-

e apesar de úteis e essenciais devem

dar uma ajuda e trocar o logbook, mas

curso que a cache poderá ter. Dentro

ser usados com a devida ponderação

em certas ocasiões não há como aju-

desta grande e saudável comunidade,

e cuidado, se bem que também não

dar na manutenção e há que informar

cada um de nós pode e deve preocu-

deveremos ter medo deles, como se

tanto o owner como os outros geoca-

par-se com o estado de cada cache

de uma arma de arremesso se tratas-

chers de que existe um problema.

que visita e contribuir positivamente

se:

Este tipo de registo pode também ser

para a sua continuidade. A ajuda que

usado juntamente com um DNF, para

podemos dar passa por, de uma ma-

NEEDS MAINTENANCE

neira simples, reportar na página da

Este tipo de registo existe para repor-

cache foi procurada sem sucesso e

própria cache os problemas que en-

tar ao owner da cache que a mesma

que já existe uma série de DNFs se-

contramos.

está com alguns problemas.

guidos.

É por isto que, dos vários tipos de re-

Pode ser usado em conjunto com um

“Parece que vários geocachers estão

gisto que os geocachers têm à sua

registo de Found It para indicar que a

a ter problemas em encontrar esta

disposição, existem dois que servem

cache, apesar de se encontrar no local,

cache. Será que o owner poderia dar

98 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

avisar o owner que já várias vezes a


uma vista de olhos para ver se está

propriedade privada sem permissão,

ner e não tem um registo genuíno de

tudo bem?” seria uma frase apropria-

e/ou os proprietários/responsáveis

Found há um significativo período de

da para um pedido de manutenção

pelo terreno ou agentes da autorida-

acompanhado por um DNF.

de expressaram preocupações relativamente à presença da geocache du-

tempo. Um registo deste tipo cria um alerta para os revisores voluntários da re-

NEEDS ARCHIVED

rante a procura.

Este tipo de registo deve ser usado

- Quando se encontra uma geocache

moderada e raramente e apenas nas

onde a procura agressiva pela mesma

que se poderá atuar mais rápida e as-

seguintes situações (um registo de NA

está a causar danos na área envolven-

sertivamente sobre a cache, de modo

reincidente ou falso pode ser ofensivo

te ou a própria colocação da geocache

a poder reestabelecer a mesma de

para o owner da cache ou para o resto

provocou danos em qualquer tipo de

da comunidade e ser objeto de avalia-

elemento natural, propriedade ou es-

ção à sombra dos termos de uso do

trutura.

site geocaching.com):

- Quando uma geocache já tem de-

- Quando se encontra uma geoca-

masiados DNFs e pedidos de manu-

MightyREV (Filipe Nobre) e Bítaro

che que foi colocada ilegalmente em

tenção sem qualquer resposta do ow-

(Vítor Sérgio)

gião e para o owner da cache, pelo

acordo com as Linhas de Orientação.

Texto / Fotos:

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 99


BAJA TB ALENTEJO 2016 O final da primeira metade da corrida

los principais perseguidores, o Meu

deixou-nos um novo líder!!! Depois de

calhambeque (nekax_1990), o Rati-

umas voltinhas pela Europa eis que o

nho Racer (BMRatinho), que caiu da 1ª

Geo Alentejo Baja Racer [TB6JD7X] (da

para a 3ª posição, a 10 km do segundo

organização!?! Hum… coincidências!?

e com o Mifares - Baja Racer [Alentejo

hehehe) “dá o salto” para o continente

2016] “THE EYE” (Mifares) no encalce

americano, à boleia dos G.O. John and

dos dois, também com mais de 3000

preferida e/ou no facebook da GeoMag

Carol e amealha de uma só vez uns

km percorridos e na luta por um lugar

longuíssimos 6,623.99 km!

no pódio.

e em geoalentejo.com, página dos nos-

Assim, o TB dos AR Team leva já o tri-

Estaremos já na presença do vence-

plo dos quilómetros conseguidos pe-

dor? 9000 km “limpinhos” não é tarefa

100 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

fácil de igualar… Não percam a resposta a esta e outras perguntas, também de interesse nacional, nas páginas da vossa revista

sos parceiros nesta iniciativa.


Mi Querida Llardana p o r p g av l a k

Agosto 2016 - EDIÇÃO 22


Sempre gostei de caches solitárias.

xa. Quando finalmente lá chegámos, e

caixa, mas em algum momento nos 5

Mistérios impossíveis ou locais remo-

rapidamente reconhecemos a imagem

anos, a água tinha entrado e tudo es-

tos, abrir aquela caixa escondida du-

spoiler, começámos a nossa busca;

tava molhado. Felizmente, pensei que

rante meses ou anos sem que outra

procurámos e escarafunchámos até

isso pudesse acontecer e trouxe um

pessoa a tivesse encontrado é uma

que aceitámos a verdade: não estava

pré-forma para usar nestes casos…

sensação única no geocaching. Então

lá. 5 anos tinham feito as suas vítimas,

Onde está? Oh! Claro que sim. Deixei-o

quando descobri uma utilidade que o

e algum pequeno animal tinha a sua

no carro. A 5 horas daqui. Por isso se-

Project-GC tem para encontrar caches

casa por baixo da grande rocha onde a

cámo-nos o melhor que conseguimos

remotas por área, claro que tive de a

cache já tinha estado; apenas encon-

e continuámos.

experimentar. Foi assim que descobri

trámos pequenos pedaços de plástico

Tendo as coordenadas para a cache fi-

as caches de SiriNeos: Longas traves-

e um afia enferrujado.

nal, o último dia foi também o percur-

sias de vários dias nos Pirinéus, muitas

Fizemos a única coisa que podíamos:

so mais curto. Mais ou menos a meio

tendo sido encontradas apenas uma

continuar com a rota planeada e espe-

passámos uma formação geológica in-

vez. A mais velha, “Mi Querida Llarda-

rar encontrar rede de telemóvel nalgum

teressante onde o rio desaparece para

na”, escondida em 2008 encontrada

lugar. Infelizmente, isso não aconteceu.

um buraco e atravessa a montanha, e

apenas uma vez, em 2011. Claro que

Passámos a noite perto do belo Perra-

observei as respostas de uma earth-

decidi ir fazer aquela, não envolvia es-

mo Ibon (termo local para lago de mon-

cache lá (#999). Aí, claro está, choveu

calada ou terreno difícil, apenas cami-

tanha), e no dia seguinte descemos dos

e finamente chegámos ao último pon-

nhada – muita caminhada.

900 metros de altitude para o nosso

to, num lago perto de uma passagem

Planeámos a viagem para a segunda

ponto de partida. Eu tinha uma ideia de

de montanha. Os metros finais foram

metade de Julho, o plano era chegar

onde a segunda caixa poderia estar, e

excitantes; será que a cache lá estaria

ao vale na terça-feira à tarde, e depois

procurei durante um pouco com a ima-

depois de todos estes anos? Faltam

fazer a cache nos quatro dias seguin-

gem spoiler, mas sem sucesso.

50 metros…. Tem de estar naquelas

tes. Para além de que uma semana

Uma vez em Benasque, enviei emails

rochas além, eu reconheço a imagem

antes reparei que estava perto da mi-

para o owner e para quem tinha sido

spoiler, faltam 20 metros…. 15… 10….

lestone 1000, e decidi que deveria ser

o último a encontrá-la, na esperança

Cheguei lá, comecei a afastar rochas, e

esta. Depois de rapidamente aumentar

de que eles respondessem no mesmo

aí! Um saco branco! Depois de afastar

o meu número de founds e contando

dia. Felizmente, depois de algumas ho-

um monte de pedras, finalmente tinha

cuidadosamente as caches restantes,

ras, recebi resposta com as coordena-

a cache nas mãos e abri-a, em perfei-

dormimos no vale Benasque, nervosos

das de todas as caixas que constituem

tas condições, como no primeiro dia.

com o dia seguinte. De manhã, está-

a cache, o que nos permitiu continuar

Muito animadas escrevemos uma nota

vamos prontos para partir. Depois de

no dia a seguir. O segundo percurso foi

longa no logbook e tirámos um monte

olhar para a previsão do tempo (chu-

o nosso favorito, não vimos uma úni-

va) começámos a caminhar ao longo

ca pessoa durante todo o dia, e a pai-

do vale Estos, para a primeira caixa da

sagem era bonita e muito diversa, de

cache. Felizmente, a chuva chegou até

uma floresta densa a vales gelados,

nós a pouco menos de um quilómetro

passando por um leito do vale plano

de um refúgio na grande montanha na

com um rio e uma bela cascata. Tam-

profundeza do vale, e nós chegámos lá

bém tivemos chuva bastante intensa,

antes de estarmos completamente en-

até mesmo com alguns pequenos pe-

charcados. Cerca de duas horas depois

ríodos de granizo e felizmente encon-

a chuva tinha parado e percorremos o

trámos refúgio numa pequena cabana.

último bocado até à localização da cai-

Mais tarde, conseguimos encontrar a

102 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

de fotografias daquele belo local, muito felizes por pormos um fim bem sucedido à nossa viagem. Apreciámos muito os caminhos e iremos definitivamente fazer outras caches do SiriNeos; ainda existem algumas para desfrutarmos. É uma pena porém, que tão poucas pessoas experimentem estas belas montanhas desta forma. Texto: pgavlak (Pau)


Agosto 2016 - EDIÇÃO 22 103


CITO Week Já ouviste falar numa tal de CITO

Serrões, levando consigo outros 21

tidos por nos andarmos a abraçar no

Week que aí vem!? Já ou viste falar

companheiros(as) para ajudar a reco-

meio do mato, retornando às nossas

nuns marmanjos, homens feitos, que

lher o imenso lixo que as fotos coloca-

casas sem voltarmos a tocar no tema.

respondem pela alcunha de de MAn-

das nos registos mostram;

Agora é manterem-se atentos e não

tunes e Bargao_Henriques e nas suas

3º - que A GeoMag é sem dúvida a re-

deixarem de maneira nenhuma pas-

iniciativas, nomeadamente naquelas

vista sobre geocaching mais bonita e

sar esta oportunidade de fazerem

de “há muitos, muitos anos”?! Já ou-

sexy que existe em Portugal!

viste falar na revista sobre geocaching

Ora, diz-se nos meios mais informa-

mais bonita e sexy que existe em Portugal?!

parte de uma bonita página da História Geocachiana Nacional!

dos que no dia 25 de Setembro, a fe-

GeoMag

char com Chave de Ouro a semana

Pois bem, se já ouviste falar (ou les-

dedicada aos tais eventos CITO, exis-

te) sobre algum destes interessantís-

tirá a reedição desse M:A:G:N:I:F:I:C:O

simos e bem actuais temas do nosso

Evento, numa parceria colaborativa e

geocaching talvez saibas que:

simbiótica entre os Homens, a Revis-

1º - a Groundspeak diz que pela pri-

ta e a Câmara Municipal de Sintra. O

meira vez na história do geocaching

Geocaching no seu melhor, em prol da

vai haver uma semana inteirinha de-

Natureza e da confraternização entre

dicada aos CITO no Outono, entre os

os praticantes deste nosso hobbie.

dias 17 e 25 de Setembro. E que di-

Os planos passam por degustar o belo

pessoas pessoalmente.” por tetra;

zem inclusive que vão andar a ofe-

do Leitão de Negrais, arregaçar as

recer lembranças daquelas virtuais a

“Foi um óptimo trabalho de equipa que

mangas, limpar a mata (que felizmen-

resultou num imenso monte de sacos de

quem comparecer a um destes even-

te se encontra muito, muito, muito

lixo, além de dois grandes contentores,

tos durante essa semana;

melhor que aquando da intervenção

um apenas com pneus e outro com lixo

2º - os referidos “dinossauros” or-

de 2004), procurar a cache residente,

diverso.” por Bargao_Henriques

ganizaram em 2004 aquele que foi o

comemorar a vitória dos amantes da

“Apenas para rematar em cima de tudo

1st CITO Event in Portugal [Sintra] na

natureza sobre os queéqueéissodeA-

o que já aqui foi dito, gostava de referir

zona dos Negrais, mais propriamente

naTeresa?! com um abraço de grupo, e

que tenho muito orgulho na comunidade

nos terrenos junto à cache Granja dos

afastarmo-nos com ar de comprome-

geocacher em Portugal” por ricardobsilva

104 Agosto 2016 - EDIÇÃO 22

PS - EM 2004 FOI ASSIM: “Foi sem dúvida um dia que chegou ao fim com a sensação de dever cumprido e duma, pequena, mas bem intecionada ajuda para tornar o nosso mundo mais limpo. Além disso, o convivio também foi muito engraçado, principalmente para mim que não conhecia a maioria das


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