GEISIANE DA CRUZ CARNEIRO THALITA MONTANARI
ADOBE
Balneário Camboriú 2013
GEISIANE DA CRUZ CARNEIRO THALITA MONTANARI
ADOBE
Trabalho acadêmico desenvolvido para a disciplina de Patrimônio Histórico e Restauração do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Avantis. Professora Patrícia Trentin Colzani
Balneário Camboriú 2013
SUMÁRIO 1
INTRODUÇÃO
03
2
HISTÓRICO
03
3
UTILIZAÇÃO NA ATUALIDADE
03
4
O ADOBE NO BRASIL
04
5
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
05
6
TESTES
05
7
COMPORTAMENTO E CARACTERISTICAS
06
8
PATOLOGIAS EM CONSTRUÇÕES DE ADOBE
07
9
CONSIDERAÇÕES FINAIS
07
FONTES DE PESQUISA
08
1 INTRODUÇÃO
03
Este trabalho acadêmico procura trazer ao leitor informações sobre uma técnica construtiva que faz parte da humanidade há milênios. O adobe é tratado neste trabalho desde sua origem histórica até os dias atuais, onde é empregado e quais seus benefícios e principais características. Ainda mostra-se rapidamente como é feito e utilizado este material nas construções, testes feitos e os procedimentos necessários para sua confecção. 2 HISTORICO O adobe é uma técnica construtiva baseada em blocos feitos da mistura entre terra, palha e água, surgiu nos antigos povos do Egito e da Mesopotâmia geralmente utilizados na construção de zigurates (Egito) e mastabas (Mesopotâmia), mas também era a técnica mais comum entre os edifícios “menos nobres”.
Figura 1 – Zigurate (Mesopotâmia)
Figura 2 – Mastaba (Egito)
Curiosidade: O tijolo queimado, conhecido atualmente, foi descoberto devido à necessidade dos antigos povos em proteger suas fogueiras do vento. Ao cercá-la com adobe, observaram que o bloco de terra queimado oferecia mais resistência que o utilizado anteriormente.
3 UTILIZAÇÃO NA ATUALIDADE
Atualmente, nos Estados Unidos, mais especificamente em Pueblo de Taos e Santa Fé é possível encontrar povoações que utilizam esta forma de construção. A cultura da utilização do adobe nesta região do Novo México veio dos indígenas, que habitavam a região. Trata-se de um Patrimônio Histórico Mundial, reconhecido pela UNESCO. Estas edificações totalmente construídas em adobe ainda são habitadas. 04
Figura 3 – Pueblo de Taos (Novo México EUA)
Figura 4 – Santa Fé (Novo México EUA)
Ainda podemos encontrar construções em adobe no Peru, e em Mali, onde se localiza o maior edifício em adobe do mundo, a Mesquita de Djenné. No Íemen, que possui uma vasta tradição e conhecimento sobre técnicas em adobe, são encontrados prédios inteiros feitos com base nesta cultura. 4 O ADOBE NO BRASIL No Brasil a utilização predominante acontece no nordeste, por sua grande capacidade de adaptar-se ao clima e o baixo custo para execução da obra, mas também é encontrada em Goiás, onde temos a famosa casa de Cora Coralina, que
leva uma mistura de taipa e adobe, e em Minas Gerais. A falta de cuidado na fabricação do adobe em alguns casos acaba gerando degradação com o passar dos anos, mas em outros casos, a durabilidade do material é comprovada, como na cidade histórica de Ouro Preto, assim como em outros países, grande parte das construções em adobe ainda é preservada.
Figura 5 – Casa em Adobe (Minas Gerais)
Figura 6 – Casa em Adobe (Goiás)
5 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
05
A terra obtida para a formação do adobe deve ser no mínimo de 20 centímetros abaixo da superfície, deve ser misturada com água e sovada para atingir o aspecto argiloso. Depois esta terra é misturada a palha e pequenas quantidades de areia. Esta mistura é colocada em moldes de madeira e deve secar por 15 dias a sombra e depois por mais 5 dias ao sol. Esta mesma massa é utilizada para fazer a junção entre os blocos. Geralmente a fundação é feita com pedras, já as vigas e esquadrias em madeira. A cobertura varia de região pra região, variando entre telhas, palha e até mesmo o próprio adobe em inclinação.
6 TESTES
Alguns testes devem ser realizados antes da utilização do adobe nas construções, estes procedimentos auxiliam a certificar a qualidade e segurança de uma edificação feita de adobe. Alguns testes são: a) teste da garrafa: é realizado em uma garrafa pet com água limpa e um quarto
de amostra da terra. Deve-se deixar em repouso por uma e 24 horas respectivamente, depois de ser agitado o conteúdo. Mede-se a altura de cada camada da terra que se formou na garrafa e com isso é calculado o percentual dessas camadas em relação ao total. A camada mais abaixo corresponde à areia enquanto as camadas superiores correspondem a silte e argila. O ideal é que o solo esteja com um percentual de 20 a 30% de argila e 70 a 80% de areia / silte; b) teste do charuto: avalia a adequabilidade do solo para a fabricação de tijolos
de adobe. Sobre uma superfície deve ser moldado um charuto, com uma amostra de adobe, de diâmetro de 3 cm, que aos poucos deve ser empurrado para fora dessa superfície até o charuto se partir, repete-se três vezes. O resultado ideal é que a média dos resultados obtidos esteja com valores entre 7 a 15 cm; 06
c) teste da pastilha: avalia de forma qualitativa a retração e a resistência a
compressão. São necessárias três pastilhas que sequem por no mínimo 24 horas. Depois da secagem verifica-se com uma régua se houve retração das pastilhas. O ideal para a fabricação de tijolos de adobe é que a retração não ultrapasse 1 mm e que as pastilhas ofereçam dificuldade em se converter em pó quando pressionadas entre o polegar e o indicador.
Figura 7 – Teste da Garrafa
Figura 8 – Teste do Charuto
Figura 9 – Teste da Pastilha
7 COMPORTAMENTO E CARACTERÍSTICAS As paredes podem ter várias espessuras e isso possibilita grande estruturação, também com a utilização de madeira como objeto de sustentação nas vigas e pilares. Outro fator favorável é seu comportamento térmico, pois as paredes absorvem e mantêm o a temperatura por algum tempo, atrasando o aquecimento dos espaços interiores quando a temperatura exterior é mais elevada e diminuindo o ritmo com que a temperatura interior baixa durante a noite, através da libertação da energia armazenada nas paredes durante o dia. Quanto a sua resistência à umidade, desde que bem conservada, com beirais e calhas que desviem a água, as edificações em adobe reagem bem. Ainda assim, não devem ser expostas a chuvas ou inundações por muito tempo. Por não ser inflamável e não possuir cavidades, o adobe também apresenta também boa resistência ao fogo e contra microorganismos. O contraponto do baixo custo, por utilizar-se de materiais sustentáveis e 07 retirados da natureza, estas construções são manuais ou semi-industriais, o que exige mais trabalho braçal e proporcionalmente mais tempo para sua execução. 8 PATOLOGIAS EM CONSTRUÇÕES DE ADOBE As manifestações de anomalias e patologias em uma edificação podem ocorrer com o aparecimento de manchas na superfície, por presença de fungos ou mofo, por trincas e fissuras, ou ainda por destacamento do revestimento. Também são encontradas fendas estruturais ou de retração, a primeira acontece pelo descolamento do material da sua estrutura por sobrecarga ou patologia na própria estrutura, a segunda por retração do adobe, ocasionada por má secagem ou dosagem errada. A sobrecarga também pode ocasionar nestas construções distorções, que fazem as paredes entortarem onde houver o excesso de peso ou colapsos, que podem começar com rachaduras e resultar no desmoronamento da edificação. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pudemos conhecer um pouco mais sobre o adobe, uma técnica de construção barata e sustentável, que apresenta também outros benefícios, como boa adaptação ao clima e resistência. Tratamos também do processo de fabricação dos blocos de adobe e a aplicação dos mesmos na construção de variados tipos de edificações, a exemplo de regiões nos Estados Unidos e onde as construções apresentam esta técnica como principal elemento arquitetônico, e, no Brasil, vimos que se usa o adobe em regiões de clima árido, por sua característica térmica bastante favorável.
FONTES DE PESQUISA
08
ARAUJO, H. G. Manualização de construções em adobe. Fortaleza, 2009. Disponível em: <http://migre.me/gIDPv> Acesso em: 20 nov. 2013. VARUM, H. Caracterização dos solos e adobes usados na construção em Camabatela,
Angola.
Aveiro
–
PT,
não
datado.
Disponível
em:
<http://migre.me/gIE6z> Acesso em: 20 nov. 2013. MATEUS, R. Novas tecnologias construtivas com vista à sustentabilidade da construção. Portugal, 2004. Disponível em: <http://migre.me/gIEWG> Acesso em: 20 nov. 2013. ALVIM, R. Em defesa de uma matriz curricular clássica para o ensino de engenharia. Santa Cruz – PE, 2012. Disponível em: <http://migre.me/gIFct> Acesso em: 21 nov. 2013. TORGAL, F. P; JALALI, S. Patologia e reabilitação de construções em terra. Portugal, 2009. Disponível em: < http://migre.me/gIFtK> Acesso em: 21 nov. 2013.