Edição 1668 - 22/02/2014

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POLÍTICA

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Gazeta de Vargem Grande / 22 de fevereiro de 2014

Diretores de Emílio ocupam cargos de confiança em Vargem É forte a ligação do ex-prefeito Emílio Bizon Neto com Vargem Grande do Sul. Sua mãe dona Hilda Iris Cossi, já falecida, é de tradicional fámilia vargengrandense. Ele também mantém estreita relação com o atual prefeito Celso Itaroti Cancelier Cerva. Emílio, que já foi presidente do Consórcio de Desenvolvimento da Região de São João (Conderg), que administra o Hospital Regional de Divinolândia, tentou emplacar o prefeito de Vargem como presidente, o que não prosperou. Além disso, ele conseguiu com que três de seus diretores fossem nomeados em cargo de confiança pelo prefeito Itaroti, sendo eles a diretora de planejamento Renata Cristina M. Trevisan, o advogado Joaquim Valentim Nascimento e o engenheiro Carlos Sílvio Felício, diretor de obras. A Gazeta

procurou a assessoria de comunicação da prefeitura sobre o assunto. De acordo com o informado ao jornal, o prefeito não irá se pronunciar sobre o caso. Destes diretores que trabalham em Vargem, a de planejamento Renata Cristina é uma das mais atuantes. Recentemente ela acompanhou o prefeito Celso Itaroti em Brasília em busca de convênios para a cidade. Ela é citada na gravação feita pelo contador da gestão de Emílio, Carlos Roberto Garcia Patrocínio como sendo uma das pessoas que comandariam o esquema de distribuição de dinheiro para vereadores que estariam envolvidos no município vizinho. O advogado Joaquim Valentin Nascimento Neto, que chegou a ocupar o cargo de diretor jurídico, foi citado na gravação como tendo conheci-

mento de todo o esquema que funcionava na prefeitura de Grama. Já o diretor de Obras não foi citado nas gravações. Segundo um dos diretores da atual administração do prefeito Zé da Doca, Renata Cristina ocupava o cargo de gerente de planejamento e gestão, encarregada de administrar os convênios e os serviços urbanos e rurais durante oito anos da gestão de Emílio. Ele disse à reportagem do jornal que a maioria dos convênios ainda se encontra em pendências, não tendo documentos, como notas fiscais, para prestar contas aos governos do estado e federal, o que implica na inclusão do município junto ao Cadastro Informativo Municipal (Cadin) do governo do Estado e o Sistema Integrado de Admi-

Recentemente, a diretora de planejamento Renata Cristina M. Trevisan (primeira da direita) acompanhou o prefeito a Brasilia nistração Financeira (Siafi) do governo federal, impedindo a prefeitura de celebrar novos convênios. A Gazeta de Vargem Grande enviou várias perguntas para o prefeito Celso Itaroti, principalmente se ele tinha conhecimento do envolvimento de

Mensalinho teria funcionado em Grama A transcrição de uma gravação nas dependências da prefeitura de São Sebastião da Grama em meados de 2013, da qual participaram o atual chefe de gabinete, José Antônio Jorge; o atual gerente de planejamento Emerson Fabiano de Lima, conhecido como Boy e Carlos Roberto Garcia Patrocínio, contador da gestão de Emílio Bizon Neto, levanta uma série de irregularidades que teriam acontecido na administração passada. A pedido do promotor de Justiça de São Sebastião da Grama, Marcelo Sperandio Felipe, as falas foram transcritas no final do ano passado e constam da ação civil pública aberta para apurar os fatos. Recentemente Carlos teria negado o teor das declarações, alegando ter sido pressionado e que a gravação foi feita de maneira clandestina. Por sua vez, o ex-prefeito nega todas as acusações. Na gravação, Carlos expõe como funcionaria vários esquemas das denúncias de corrupção que teriam ocorrido durante a gestão de Emílio Bizon e que estão sendo investigados pela promotoria daquela cidade. Nela Carlos relatou que em 2012 fez vários pagamentos a seu favor com a conta da prefeitura. Também afirma que o dinheiro sacado na boca do caixa, os cheques que totalizaram R$ 2.780.000,00, parte seria destinada para pagar vereadores que estariam do lado do prefeito Emílio, que teriam recebido em média R$ 5 mil por mês, além de outras pessoas. Todas

as denúncias estão sendo investigadas. Ele apontou também esquema de empresas que cediam notas fiscais para a prefeitura sem ter prestado o devido serviço; fala de um suposto esquema de pagamento a mais no transporte escolar envolvendo milhares de reais; fornecimento de merenda escolar com nota de valor a mais. Por ter-se envolvido tanto, por saber demais, Carlos na gravação fala que chegou a ser ameaçado de morte durante a gestão de Emílio Bizon por um soldado, irmão de um dos envolvidos, que lhe teria colocado uma arma na cabeça e dito que se alguém soubesse de algo, ele dava cabo de Carlos. Para tentar amenizar a sua responsabilidade, Carlos na gravação debita tudo o que aconteceu na cidade por culpa do povo gramense. “Sabe por que aconteceu isso? Porque o povo é sem vergonha, ninguém vota na segurança. Se vota é porque ganha alguma coisa ou porque quer emprego”, afirma na conversa. O contador da época de Emílio afirma ainda durante a conversa gravada que muito do dinheiro do esquema pode ter vindo das construtoras, que para ele, pagam 10%, 20% em toda obra que fazem. Na gravação, Carlos disse que tudo que o ex-prefeito Emilio tem estaria em nome do seu cunhado e dos irmãos. “O Emílio não tem nada no nome dele”, afirma. Carlos foi exonerado da prefeitura de Grama.

Transporte de alunos Outra denúncia feita por Carlos durante a conversa gravada é com relação ao dinheiro que a prefeitura de São Sebastião da Grama recebia do governo para pagar o transporte dos alunos. A verba era uma das maiores da região, quase igual a que São João da Boa Vista recebia, com muito mais alunos. O artifício, segundo o relatado por Carlos, era dizer para o estado que 90% dos alunos de Grama moravam na zona rural, a mais de dois quilômetros das escolas e o governo pagava a mais por esta distancia. Segundo Carlos, a situação era tudo inventada. Neste esquema, a empresa que fazia o transporte, sempre de acordo com Carlos, deixava o talão de notas na garagem da prefeitura e todo o mês um funcionário municipal preenchia os valores com sua letra. Segundo um dos levantamentos, no mês de novembro durante a gestão de Emílio, foram gastos quase R$ 500 mil só com transporte de alunos. Pelo teor da conversa gravada, Carlos dá a entender que parte deste dinheiro foi gasto na campanha política e que fazia parte de um caixa dois do então prefeito. As falas de Carlos revelam a possível compra de uma fazenda pelo prefeito em Minas, Muzambinho e que parte dos imóveis estaria em uma empresa em nome do cunhado do prefeito. Carlos fala de um processo que o ex-prefeito responde junto a Codasp, empresa que ele trabalhou, ocasião em que o mesmo

Irmãos Longuini refutam denúncia Nas gravações feitas sobre as possíveis irregularidades em Grama, aparece uma citação em que o ex-prefeito Emílio Bizon Neto seria um dos proprietários do Posto São José Shell em São Sebastião da Grama, pertencente à empresa Irmãos Longuini Ltda de Vargem Grande do Sul.

Procurados pela reportagem da Gazeta de Vargem Grande, o empresário José Geraldo Longuini afirmou que tanto o posto quanto o terreno pertencem à empresa que ele dirige juntamente com seus irmãos. O posto está há cerca de nove anos nas mãos dos Irmãos Longuini, que tam-

bém são proprietários há 55 anos do Posto Santana em Vargem e há dez anos do Posto São João em São João da Boa Vista. “São totalmente infundados os boatos que o ex-prefeito Emílio Bizon Neto é proprietário do Posto São José em Grama”, afirmou José Geraldo.

nega

o prefeito relatou que não irá se pronunciar sobre o caso. Também a diretora de planejamento Renata Cristina foi procurada para responder ao jornal, mas até o fechamento da presente edição não se manifestou.

CPI aponta irregularidades

teria vendido uma floresta de eucalipto da Codasp e o processo estaria correndo até hoje junto a empresa do governo. Todas as informações contidas nas falas gravadas estão sendo levantadas pela prefeitura e também pelo Ministério Público. Segundo o promotor, todas serão investigadas e novos processos poderão ser abertos.

Ex-prefeito acusações

alguns de seus diretores nas denúncias de irregularidades acontecidas em Grama. Também enviou os documentos que tinha em mãos, relatório da CPI, Ação Civil Pública e Transcrição da gravação. A assessoria de comunicação do Executivo afirmou que

as

Em resposta ao jornal, o ex-prefeito Emílio Bizon Neto afirmou que o contador Carlos Roberto Garcia Patrocínio não fez qualquer tipo de denúncia e que o mesmo compareceu junto a Promotoria Pública de São Sebastião da Grama e esclareceu que foi pressionado e que as gravações referidas foram feitas de forma clandestina. Emílio afirma que Carlos falou ao promotor que várias afirmações constantes no CD não condizem com a realidade e que em nenhum momento teria dito que ele tivesse recebido os valores dos descontos de cheques na boca do caixa. Os cheques eram emitidos pelo setor da tesouraria e caberá ao referido setor e seus funcionários (ou seja, as pessoas que realizaram os saques) informarem e comprovarem a sua destinação. Quanto às demais denúncias o ex-prefeito já compareceu a Promotoria e Delegacia de Polícia deu seus esclarecimentos e deixou claro que todas as suas contas bancárias estão à disposição para as investigações.

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A Câmara Municipal de São Sebastião da Grama instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades na construção da Escola de Educação Infantil-Proinfancia na administração do ex-prefeito Emílio Bizon Neto (PPS) com dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O órgão fiscalizador do governo federal, Controladoria Geral da União (CGU), pede a devolução de R$ 396.160,01. A CPI constatou várias irregularidades, dentre elas, um superfaturamento no valor de R$ 101.109,50. Todo o relatório da CPI, bem como os documentos juntados foram encaminhados ao Ministério Público para que se promovesse a responsabilidade civil ou criminal, uma vez confirmada as irregularidades apontadas. O relator pediu o indiciamento do ex-gestor público Emilio Bizon Neto. Solicitou também ao Ministério Público minuciosa investigação não só do prefeito como dos servidores municipais envolvidos nas supostas infrações, citando os tesoureiros Aliomar Mapelli e Evandro Frascareli, o contador Carlos Roberto Garcia Patrocínio, o engenheiro Daniel Molina Trevizan e o

servidor Reginaldo Donizeti Falleiros. Pede também que o relatório final seja encaminha para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ao Ministério Público Federal (MPF) que adote todas as medidas judiciais e extrajudiciais para apurar as possíveis irregularidades apontadas no repasse de verbas da União. A CPI foi presidida pelo vereador Milton Cesar Palmiro (PT); tendo como relator o vereador João Batista Capello (PSDB) e membros Benedito Barbiero (PSD), Rafael Mascherim Montouro (PT); Denise Nogueira de Oliveira Andrade (PP) e Neide Aparecida F. de Paula e Silva (PT).

CPI ilegal Procurado pela Gazeta o ex-prefeito Emílio Bizon Neto, afirmou que a CPI foi feita de forma ilegal e que discordava do seu teor. Com relação às acusações que vem sendo feitas, o ex-prefeito apresentou resumo da justificativa encaminhada ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Finalizando afirmou que não houve e não há qualquer irregularidade na construção da creche proinfancia. Veja com detalhes as respostas de Emílio Bizon Neto nas páginas deste jornal.


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