Edição 866 - De 16 a 22 de janeiro de 2014.

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IMIGRAÇÃO

Semana de 16 a 22 de janeiro de 2014 | Gazeta Brazilian News

Brasileiros estão entre as 10 nacionalidades mais deportadas em 2013

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Os primeiros dez países da lista são da América Latina e Caribe. México ocupa o primeiro lugar dos mais deportados.

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“sonho americano” do pernambucano Elquias Cavalcante acabou quando, em setembro do ano passado, foi pego dirigindo sem carteira de motorista, encaminhado ao Centro de Detenção Krome, em Miami, e deportado um mês mais tarde. Hoje, ele conseguiu de volta seu emprego como Comissário da Polícia Civil e tenta reconstruir sua vida no Brasil. Elquias está entre os 1.500 brasileiros deportados no ano fiscal de 2013, de acordo com uma lista divulgada recentemente pelo Immigration and Customs Enforcement (ICE). Esse número coloca o Brasil entre os 10 países que mais tiveram seus cidadãos expulsos dos Estados Unidos. Os dez primeiros países na lista ficam localizados na América Latina e Caribe. O ICE detalhou que o México continua a liderar o número de deportados, seguido pela Guatemala, Honduras e El Salvador. Na ordem, os dez primeiros países foram: México, com 241.493 deportados; Guatemala 47.769; Honduras com 37.049; El Salvador com 21.602; República Dominicana

com 2.462; Equador com 1.616; Brasil com 1.500; Colômbia com 1.429; Nicarágua com 1.383; e Jamaica com 1.119.

Mudança demográfica

Brasil está em 8º da lista das nacionalidades mais deportadas.

De acordo com o relatório do ICE, essa mudança demográfica tem feito com que o órgão utilize mais recursos para devolver imigrantes aos seus países de origem. “No ano fical de 2012, 71.257 das pessoas atravessando a fronteira presas por agentes do Customs and Border Protection (CBP) e encaminhados para o ICE eram de países que não o México. No ano fiscal de 2013, este número aumentou 27%, para 90.461. Essa mudança demográfica forçou o ICE a utilizar mais recursos para a remoção, uma vez que o CBP só pode enviar direto de volta pessoas vindas do México”. Ao contrário do caso relatado por Elquias, preso por dirigir sem carteira de motorista, a Imigração afirma que 98% dos deportados, cujo total foi de 360.313, eram criminosos condenados, imigrantes que tentavam cruzar clandestinamente as fronteiras, indocumenta-

dos que tentavam reentrar no país, de acordo com todos os requisitos estabelecidos para deportações. Dos 151.834 deportados sem terem cometido um crime, 84%, ou 128.398 foram presos na fronteira ao tentar entrar no país ilegalmente e 95% se encaixavam nas prioridades estabelecidas. O diretor interino do órgão, John Sandweg, disse que os números de 2013 indicam claramente que “nós estamos cumprindo as leis da nação de forma lógica e eficaz, cumprindo nossas prioridades ao focalizar em criminosos condenados, ao mesmo tempo que mantemos nossas fronteiras seguras, em parceria com o CBP”. Durante a administração do presidente Obama, o ICE atingiu números recordes na deportação de imigrantes. Ativistas defensores dos direitos dos estrangeiros alegam que, entre os deportados, muitos deles haviam cometidos delitos pequenos como, por exemplo, dirigir sem carteira de motorista, ou sequer possuíam antecedentes criminais, portanto, pressionam a favor de uma reforma imigratória.

Imigrantes pedem ajuda ao Papa para acabar com deportações Várias organizações de imigrantes se reuniram, no dia 10, em um ato que contou com a presença do arcebispo de Los Angeles, para pedir ao Papa Francisco que intervenha para acabar com as deportações e ajude às famílias que estão sendo separadas por essa medida. As informações são da agência “EFE”. O diretor do Conselho de Federações Mexicanas na América do Norte (Cofem), uma das entidades que promoveu o encontro, Francisco Moreno, lembrou que durante o mandato do presidente Barack Obama as deportações já atingiram “um recorde histórico de mais de 2 milhões de pessoas”. “Estão deportando gente inocente, gente trabalhadora, pais e mães de família, crianças e jovens e tentamos por todos os meios impedir essas deportações, especialmente através de uma reforma imigratória que, como sabemos, não foi aprovada”, disse. Por essa razão, a Cofem junto com outras organizações como Irmandade Mexicana Transnacional, Estamos Unidos USA e Grupo Sin Papeles, entre outras, iniciaram a campanha, que busca o apoio dos católicos americanos que, segundo Moreno, “são 25% da população”. “Nosso debate nacional é realmente um grande confronto pelo espírito e a alma americanos. Para cumprir as leis,

estamos destruindo famílias. Punindo às crianças pelos erros de seus pais”, disse Gómez. “Essa é o triste verdade, uma em cada quatro pessoas que deportamos está sendo retirada de um núcleo familiar”, lamentou. Em uma tentativa de sensibilizar o Vaticano, seis crianças hispânicas leram e entregaram cartas na sede da Catedral de Los Angeles, que pediam que o Papa Francisco intervisse pelas famílias que estão sendo separadas pelas deportações.

Em uma das cartas endereçadas ao Papa, ao se referir a uma possível deportação de seu pai, o pequeno Mario, 8 anos, mostrou medo e insegurança. “Não quero que (meu pai) seja mandado para o México, tenho medo de ficar com minhas irmãs e não ter comida”, escreveu Mario. Francisco Moreno garantiu que “esta ação procura chamar a atenção da Igreja Católica, especificamente do Santo Padre, para que de alguma maneira ele nos ajude

Organizações reuniram-se com o arcebispo de Los Angeles, para pedir ao Papa Francisco que intervenha para acabar com as deportações.

com sua voz poderosa em nível mundial neste problema tão grave que estão sendo as deportações neste país”. O arcebispo de Los Angeles, José Gómez, lembrou sua origem mexicana e destacou que no momento atual a situação dos imigrantes nos Estados Unidos é crucial para a vida do país.

Estudo: Maioria acha alívio de deportação parece mais importante do que cidadania

Enquanto uma grande maioria de hispânicos e asiáticos apoiam a criação de um caminho para a cidadania para imigrantes indocumentados, dois estudos publicados, no mês passado, pelo Pew Research Center, mostram que esses mesmos grupos acham mais importante que indocumentados consigam viver sem o medo da deportação. Por uma diferença de 55% para 35%, hispânicos acham mais importante o alívio da deportação, enquanto entre os asiáticos a margem é de 49% por 44%. Hispânicos e asiáticos foram dois terços do total dos imigrantes que vivem nos EUA, com uma população de 28 milhões. Ainda de acordo com o Pew Center, ¾ dos imigrantes indocumentados no país são hispânicos.


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