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Editorial
Semana de 25 a 31 de maio de 2010
Um barril de pólvora
Editorial / Staff Zigomar Vuelma
Publisher
Fernanda Cirino
Editor in Chief
Rafael Faro
Art Director
Connie Rocha
Journalist
Luciano Campisi
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Photographer
Contributors: Carlos Borges Gene de Souza Beatriz Flores Tatiana Rajzman Lair Ribeiro Dr. Luiz Bolfer Cleida Cruz Aloysio Vasconcelos Adriana Sabino Thadeu Gonçalvez
Gazeta Brazilian News 4390 North Federal Highway #207 Fort Lauderdale, FL. 33308 Tel.: (954) 938-9292 Fax: (954) 938-9227 www.gazetanews.com news@gazetanews.com As opiniões expressas em artigos são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinão do jornal. Os serviços de propaganda são de responsabilidade dos anunciantes.
Lenta e gradualmente, como era de se prever, a radicalização anti-imigrante que foi institucionalizada pelo Estado do Arizona, começa a gerar manifestações em todo o país contra a criminalização, pura e simples, dos imigrantes ilegais. E o que parece menos desejável também começa a acontecer: uma radicalização de força irracional idêntica que pode, de vez, comprometer os esforços para que essa barbaridade inconstitucional ganhe mais e mais adeptos na cada vez mais confusa e mal informada sociedade norte-americana. Começam a surgir, nos guetos de Los Angeles e New York, nos grupos organizados no Sul da Flórida, Chicago e nos estados do Texas, Califórnia, Colorado e New Mexico, ameças de retaliação, caso propostas de leis similares sejam propostas nestes estados. E as ameaças de retaliação – por estarem nesse momento mais envolvidas com paixão e imediatismo do que com racionalidade e articulação inteligente – evocam desde um possivelmente ineficaz “boicote ao Arizona” a ameaças mais graves e sérias de retaliações que, insinuam, digo “insinuam”, respostas violentas. Defendemos claramente os protestos, as manifestações, a liberdade de manifestação contra essa lei bárbara, proibitiva, discriminadora aos imigrantes ilegais. Não é de hoje que setores da sociedade norte-americana, especialmente aqueles identificados com ideologias de extrema direita, “culpam” de forma cruel, mentirosa e inconsequente, os imigrantes indocumentados por qualquer tipo de mazela que atinjam os Estados Unidos.
E sob uma economia inegavelmente baqueada, com altíssima taxa de desemprego, crise mundial mantendo-se insistentemente acesa, criou-se um “terrenomais-do-que-fértil” para se transformar a farsa da “culpa dos imigrantes”, em uma “verdade” para tantos que adoram eleger um “judas”, executá-lo em público, como forma de não enxergar e muito menos encarar de frente seus próprios problemas. Portanto, não podemos jamais esperar que os 12, 14 ou 16 milhões de imigrantes indocumentados (as próprias agências do governo divergem quanto à estimativa desses números) abaixem suas cabeças como cordeirinhos passivos, chorando uma pena que não lhes cabe. Temos que apoiar as manifestações, o protesto. Mas temos que ficar alertas para não permitirmos que radicalismos inoportunos (como quase todos os radicalismos são) prejudiquem a imagem de um grupo já tão “surrado” pela máquina difamatória dos anti-imigrantes. A luta contra essa radicalização tristemente iniciada no estado do ex-candidato a presidente John McCain, vai ser longa e difícil. É como se os imigrantes indocumentados estivessem “começando tudo do zero”, em um ambiente de grande desfavorabilidade. Menos mal que já sabemos, há uma forte corrente dentro do atual governo, disposta a encarar o desafio da legalização o mais rapidamente possível. Será que a administração Obama, que antevê uma sangrenta batalha eleitoral em novembro, quando serão renovados 1/3 do Senado e da Câmara de Representantes, terá coragem de, ainda este ano, tocar fundo no sensível “tabu” imigratório?
Torçamos para que sim, mas sem abaixar a guarda da contínua manifestação contra toda e qualquer medida discriminatória ou lesiva aos anseios dos imigrantes indocumentados. Até porque, para alcançarmos uma solução que seja minimamente aceitável, teremos que contar com apoio de Obama, do Senado e da Câmara dos Representantes. Por isso as manifestações – sob todas as formas que se possa encontrar para fazer sua voz chegar aos ouvidos dos legisladores e da Presidência – devem continuar, aumentar e sedimentar a convicção que os imigrantes ilegais estão lutando por algo que, historicamente, os Estados Unidos conferiram a todos os imigrantes. Porque o único caminho viável para que não haja uma perigosa e imprevisível radicalização coletiva, que ameaçaria inclusive a segurança interna do país, é manter essa luta dos imigrantes dentro do jogo democrático, usando as muitas armas de liberdade de expressão que a inigualável democracia norte-americana coloca à disposição de todos. Mesmo os criminosos mais bárbaros têm direito de defesa. Não podemos aceitar que os imigrantes ilegais, cujo único crime que cometeram foi o de sonhar e trabalhar duro por uma vida melhor para si e sua família, aceitem passivamente serem “criminalizados” ou ter seu sonho de vida estraçalhados por leviandades e manipulações de grupos marcados pelo ódio e ignorância. Carlos Borges carloscborges@gazetanews.com
Zigomar Vuelma Publisher
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