Leituras da morte- Christine Greiner

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CARNE URBANA

Gail Weiss

A expre ssão ca rne urban a invoca o e spectro do que supostamente escapa ao urbano , ou seja, à natureza ou à carne natural. Para falar então de ste tema, da materialidade do urbano, precisamos chegar, de alguma maneira, a um entendimento do papel que a natureza e o conceito de natural desempenham ao circunscrever as pos sibilidades e os limites da existência .urbana. Da mesma forma que deixou de ser moda abraçar o dualismo cartesiano mente/corpo, a divisão natureza/cidade também passou a ser con siderada como ultrapassada por muitos teóricos, embora esta distinção artificial tenha tradicionalmente materializado a pureza da natureza em contraste com fatores "poluidores" da vida urbana. 1 Além disso, ~ssim como as conotações de gênero têm ganhado visibilidade para se compreender a distinção corpo/mente no caso das teorias feministas, por exemplo, o mesmo ocorreu com a distinção natureza/urbanidade que vem sendo reconhecida como campo de estudo sexual e, de modo mais evidente, até mesmo racial. " Como resultado de análi ses críticas importantes fornecidas I . Steven Vogel ofere ce um a e x te ns a di scu ssão crítica desta abordagem tradi cional binária em A gain st Nature: Th e co nce pt of Nature in Criticai Theory (SUNY Pre ss, 1996 ). Ele advoga uma visão construcionista social da natureza onde natureza é em si me sma um produto em andamento da interpretacão cultural. 2. Ver Purity and Dan ger: An Analysi s of Con cept s of Pollution and Tab oo (Routledge/Kegan Paul , 1966) de Mary Douglas, para um dos mais influentes


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