Revista da Academia do Bacalhau de Maputo

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MOÇAMBIQUE

BEIRA MAPUTO

Revista Anual 2012

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14,15 e16 de SETEMBRO de 2012


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Editorial XLI Congresso Mundial das Academias do Bacalhau Ao comemorarmos o XLI Congresso Mundial da Academia do Bacalhau, que congrega em Moçambique pessoas oriundas de diferentes lugares e de cinquenta e duas Academias espalhadas por vários continentes, onde o bacalhau, mais conhecido por “fiel amigo”, constitui motivo bastante para reunir os “fiéis amigos” neste País, não com interesses gastronómicos, mas sim filantrópicos, que se traduzem “em pequenos gestos de grande ajuda”, não podemos deixar de honrar e saudar um Fiel Amigo, um Compadre que sempre nos assistiu, apoiou e contribuiu pessoalmente e com as suas obras, para o crescimento e a divulgação desta Academia, no desenvolvimento dos seus projetos de solidariedade à Casa do Gaiato, ao Centro Cultural de Matalana… entre tantos outros realizados, com especial enfoque, para os miúdos da rua. Foi ele, o grande Malangatana Ngweniya Valente que, infelizmente hoje, não pode estar fisicamente connosco neste convívio Mundial das Academias do Bacalhau, quem nos inspirou na materialização deste documento que vai ser levado a todos os presentes, para uma melhor divulgação da terra que viu nascer o grande Mestre Malangatana, cujas obras espalhadas pelas Galerias de Arte de todo o Mundo, colocam Moçambique no topo do que há de melhor na expressão plástica africana. Quando lhe explicámos a missão da nossa Academia, em que havia o sentido de ajudar o próximo, sobretudo os mais desfavorecidos e o convidámos para o primeiro jantar do “bacalhau”, ele aceitou sentar-se connosco à mesa, e a partir daí, nunca mais se arredou do nosso convívio. Era assim o Compadre Malangatana que, infelizmente, nos deixou para sempre no ano findo de 2011. O seu pensamento em relação à Academia do Bacalhau levou-o, um dia, em 21 de Janeiro de 2010, a pegar numa caneta

e a expressar, desta maneira, o que sentia na alma, deixando registado num pedaço de papel, para testemunho das gerações vindouras, o texto que redigiu ali na hora e a seguir passamos a transcrever abaixo. Esta, uma sentida Homenagem da nossa

Maputo, 20 de Janeiro de 2010 Quero manifestar a minha admiração pelas actividades que a academia tem realizado em prol da solidariedade. Tudo quanto tenho observado nas reuniões da academia é que os jantares são pretexto para juntar amigos que se solidarizam para uma ajuda a outros. A Academia do Bacalhau é um elemento que através dum apoio às crianças tem como fim uma preparação para assegurar o futuro da Criança que será o responsável do amanhã de Moçambique. Muitos parabéns e um obrigado a todos que iniciaram a criação da Academia! Malangatana Valente Ngweniya

Academia ao nosso grande Compadre Malangatana, com a certeza de que tudo faremos para prosseguir com a obra que tanto apoiou e elogiou. Os nossos reconhecidos e póstumos agradecimentos. Bem-haja, Malangatana! Compadre António Fonseca Academia do Bacalhau de Maputo

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Índice Editorial.................................................. 3 Presidente Honorário das Academias do Bacalhau............... 5 Cônsul-Geral de Portugal em Maputo............................................. 7 Presidente da Academia-Mãe............. 9 Normas da Academia........................... 11 História da Academia do Bacalhau........................ 14 Lista das das Academias..................... 16 Presidente da da A. B. M...................... 18 Presidente Honorário da A. B. M......... 19 Presidente Honorário da A. B. M......... 20 Órgãos Sociais da A. B. M................... 21 Reuniões da A. B. M............................. 22 Apresentação Maputo.......................... 25 Casa do Gaiato..................................... 28 Compadre Malangatana...................... 34 Academia do Bacalhau da Beira......... 41 Reuniões A. B. da Beira........................ 45 Apresentação Beira.............................. 46 Moçambique Pérola do Indico............ 51 Programa/ Agradecimento................... 62

Ficha Técnica Edição 2012 XLI Congresso Mundial das Academias do Bacalhau – Moçambique Editor e Marketing António Alves Fonseca João Trincheiras Coordenação Editorial Savoir Faire Rose Costa Marinho Falcão rosecosta@marinhofalcao.com Design, Paginação e Produção Gráfica Gabriel Borges producaogt@gmail.com Capa Ilustração de Gabriel Impressão Luiz Mateus - 0027 0840618496 Intrepid Printers (PTY) LTD – PO BOX 4175 Pietermaritzburg 3200 – Àfrica do Sul Nuit: 4550 189 304 Import/export nº 201 98 352 Propriedade: Academia do Bacalhau Edição especial de 1.000 exemplares preparada pela Comissão Organizadora do XLI Congresso Mundial das Academias do Bacalhau (Maputo e Beira) Distribuição gratuita - Proibida a venda


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Presidente Honorário das Academias do Bacalhau

Passados quarenta e quatro anos sobre a abertura, em Joanesburgo, da nossa primeira Academia, em 10 de Junho de 1968, é consolador verificar que o nosso movimento de Amizade e Bem-Fazer é hoje constituído por 52 Tertúlias, que se espalham por 4 continentes e todas elas seguindo os mesmos Princípios e Objectivos que nortearam a criação da Academia-Mãe, nessa já longínqua data de 1968. Esses nossos Princípios – em que a mesa é o pretexto para estarmos juntos, a amizade o veículo que nos une a todos e a solidariedade a razão principal da nossa existência – são os motivos fundamentais que nos trouxeram até ao que representamos hoje. É pois com muito prazer e imensa satisfação que saúdo efusivamente todos os Compadres e Comadres que estarão presentes no XLI Congresso das Academias do Bacalhau, que se realiza em Maputo a 14, 15 e 16 de Setembro de 2012, e que tem como anfitriãs as Academias do Maputo e da Beira, fazendo os melhores votos para que todos beneficiem do carinho, cortesia e hospitalidade, que é habitual receber-se nestas duas lindas cidades do Índico. Desejando que o Congresso seja coroado dos melhores êxitos e que nele sejam discutidas e aprovadas propostas que se revistam do maior interesse para a vida das nossas Academias, aproveito para enviar um grande e afectuoso abraço para todos, ao mesmo tempo que deixo aqui uma palavra muito especial de agradecimento às Academias Anfitriãs, por todos os trabalhos e canseiras que tiveram para a realização deste XLI Congresso. Compadre Durval Marques com Compadre António Capucho em 1991 no que hoje é a Casa do Gaiato.

Com um Gavião de Penacho,

Compadre Durval Marques Presidente Honorário das Academias do Bacalhau Revista Anual 2012

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Cônsul-Geral de Portugal em Maputo

Com alegria e entusiasmo me tornei Comadre É com o maior gosto e admiração que endereço as minhas saudações muito especiais ao Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, que este ano se realiza em Moçambique, nesta acolhedora cidade de Maputo. Com efeito, desde que tomei contacto com as actividades das Academias do Bacalhau em todo o mundo, por ocasião da minha associação à empreendedora Academia de Maputo, logo percebi a mais valia da sua existência. Cedo entendi, também, o que significava, e o empenhamento que era necessário, manter aceso o espírito de solidariedade em que as Academias se baseiam e que tão bem vêm prosseguindo. Muito se deve à aposta nas pessoas e na mobilização do seu espírito e capacidade de entre-ajuda. A mobilização dessas capacidades, que exige algum esforço e persistência, gera dedicação e boa vontade. Durante o meu tempo de missão em Moçambique como Consul Geral de Portugal em Maputo,

tudo o que vi da acção e conduta da Academia tocou-me bem fundo. Foi por isso com alegria e entusiasmo que rapidamente me tornei Comadre e que incentivei a adesão da Comunidade Portuguesa aqui residente à Academia do Bacalhau. E foi com muita satisfação que fui registando a acção determinada das diversas direcções da Academia nesta cidade, no seu propósito de consolidar, através de acções concretas, o espírito da Academia. Não posso também deixar de aqui referir a participação empenhada do sexo feminino, que presenciei na Academia de Maputo, participação essa que reflete a modernização dos métodos de trabalho, a mais valia contida na associação das mulheres aos trabalhos das Academias, bem como a vontade de ajudar a causa comum que elas corporizam. Vi já essa evolução no Congresso Mundial que se realizou em Pietermaritzburg, no qual tive o gosto de participar, evolução essa que se vem tornando consensual,

com a qual me congratulo e registo com grande apreço, uma vez permite alargar de forma substancial o alcance da acção das Academias. Não me competirá comentar a escolha de Maputo para realização do Congresso Mundial de 2012, não podendo porém deixar de referir, como residente aqui durante algum tempo, a beleza desta cidade e de Moçambique, bem como o acolhimento tão simpático dos seus habitantes, que certamente configuram este país como um dos mais aprazíveis locais para viver em África. Espero assim que todos os Compadres e Comadres tirem partido desta oportunidade de contacto com Moçambique, neste abraço de convívio, amizade e ligação ao mundo global que os encontros das Academias proporcionam. É gratificante saber e viver a circunstância de os mesmos ideais e propósitos estarem vivos em comunidades espalhadas pelos 4 cantos do mundo. Com as minhas saudações

Comadre Graça Gonçalves Pereira Consul Geral de Portugal em Maputo, de Setembro de 2008 a 9 de Agosto de 2012 Revista Anual 2012

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Presidente da Academia-Mãe

Mensagem do Presidente Sem desprimor para todas as Academias espalhadas pelo mundo, não queria deixar de elogiar, e ao mesmo tempo agradecer a todos os presidentes que ao longo dos anos tão bem têm sabido gerir os destinos da Academia de Maputo, pois a obra por eles levada a efeito está à vista de todos nós e, direi até, é um exemplo que me alegraria imenso ver repetido por todas as outras academias. Espero que o XLI Congresso, a ter lugar nos dias 14, 15 e 16 de Setembro, constitua mais um marco na nossa história, iniciada no já longínquo ano de 1968, por quatro jovens que tão bem souberam compreender os problemas sociais das nossas comunidades criando, através de muito esforço e dedicação, infra-estruturas e meios de apoio, que hoje trazem algum conforto aos mais desprotegidos.

De acordo com as directrizes emanadas pelo Congresso do Recife, e porque existem algumas academias de que quase não se ouve falar, o que nos leva a inquirir se estarão a servir os fins para os quais foram criadas, a Academia-Mãe tem, ao longo do último ano, desenvolvido um trabalho de pesquisa, e, ao mesmo tempo oferecendo os seus préstimos para a resolução de quaisquer problemas que possam ter contribuído para a inactividade dessas academias. Para ser sincero, não temos tido grande sucesso nessa área, o que lamentamos. Faço votos para que o Congresso de Moçambique seja para todos nós mais um encontro de Compadres e Amigos. Aos Compadres que infelizmente nos deixaram, vai a nossa eterna saudade. Para aqueles que gostariam de estar presentes mas que, por qualquer motivo não puderam, vai um abraço de grande amizade

Com um Gavião de Penacho

Compadre Nelson Reis Presidente da Academia-Mãe Revista Anual 2012

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– Mozambique 2011 and 2012 12

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Normas da Academia As Normas das Academias do Bacalhau foram definidas e aprovadas pela Academia-Mãe, aquando da sua fundação, sendo por isso universais para todas as Academias no mundo, só podendo ser alteradas, sob proposta, em Congresso Mundial, único órgão com autoridade para o efeito. Os únicos artigos em que diferem são os seguintes: • Valor das quotas ou subscrições anuais das várias Academias e definidas pelas respectivas Direcções; • Organigramas que melhor satisfaçam o funcionamento das várias Academias para cumprimento dos seus objectivos e igualmente definidos pelas respectivas Direcções. ARTIGO I - Compadres Chamam-se Comadres e Compadres aos membros das Academias do Bacalhau. No restante texto usar-se-á a palavra Compadre como abrangendo as duas formas. ARTIGO II – Admissão 1. Todo o candidato deverá ser proposto por um Compadre efectivo. 2. Todo o candidato deverá efectuar um período de tirocínio não inferior a três meses durante o qual será solicitada a sua presença nas reuniões das Academias, de modo a ser conhecido pelos restantes Compadres. 3. Todo o candidato necessitará de aceitação unânime das respectivas Academias, pelo que, durante o período de tirocínio, qualquer Compadre que julgue possuir razões válidas de objecção à admissão proposta, o deverá comunicar à Direcção. 4. Os Compadres transferidos de outras Academias estão dispensados do tirocínio, considerando-se automaticamente Compadres da Academia para onde foram transferidos. 5. O candidato é considerado admitido, desde que tal lhe seja comunicado pela Direcção, com a entrega do respectivo Diploma que lhe confere a sua nova condição de Compadre e cumpra com o pagamento da subscrição anual correspondente. ARTIGO III - Demissão Perde a qualidade de Compadre aquele que: 1. Peça a sua demissão. 2. Ostensiva e repetidamente se recuse a colaborar e participar nas actividades das Academias do Bacalhau por manifesto desinteresse, ou por qualquer forma desprestigie ou difame, as Academias do Bacalhau em si, ou seus Compadres individualmente. 3. Nos casos previstos no número anterior, a demissão será decidida por maioria do número total de Compadres presentes em Reunião convocada para o efeito. Esta decisão só será válida desde que 2/3 do número total de Compadres da Academia exerça o seu direito de voto. Se à primeira Reunião não compareçam 60% do número de Compadres efectivos, uma segunda Reunião será convocada, com uma antecedência de 21 dias, a qual decidirá por maioria total dos Compadres. ARTIGO IV – Direitos e Deveres São direitos e deveres dos Compadres: 1. Usar as insígnias das Academias. 2. Participar generosamente nas suas reuniões e actividades, contribuindo de todas as formas ao seu alcance, para a expansão e promoção efectiva e constante das Academias na realização dos seus objectivos, defendendo o seu bom nome, prestígio e promovendo o fortalecimento da unidade entre as diferentes Academias e seus Compadres. 3. Pagar a subscrição anual estabelecida. 4. Desenvolver o melhor do seu esforço e boa vontade, quando solicitado a contribuir nas actividades das Academias, exercendo os cargos para os quais foram designados, cumprindo e fazer cumprir fielmente as tarefas ou funções que lhes forem distribuídas. Revista Anual 2012

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Normas da Academia ARTIGO V – Direcção 1. A Direcção das Academias do Bacalhau é entendida como um Conjunto de Compadres a quem compete, representar, gerir e orientar as Academias. 2. A Direcção é composta por um mínimo de cinco Compadres, sendo um o Presidente, dois Vice-Presidentes, um Tesoureiro e um Secretário, que serão eleitos anualmente em Reunião Geral de Compadres. 3. A Direcção poderá solicitar a colaboração de outros Compadres, constituindo as Comissões que entender necessárias para o melhor funcionamento das Academias. 4. O exercício directivo tem a duração de um ano, a começar em 1 de Janeiro. 5. Só poderão ser eleitos Presidente e Vice-Presidentes Compadres com mais de três anos de actividade nas Academias do Bacalhau. 6. Nas Academias recém-formadas esta disposição não se aplicará. ARTIGO VI - Subscrição O montante a pagar como subscrição dos Compadres nas Academias será definido pelas respectivas Direcções locais. ARTIGO VII - Reuniões 1. As Academias do Bacalhau fazem as suas reuniões em Almoços ou Jantares Convívio, com periodicidade entendida como óptima pelos seus Compadres. 2. Sempre que entenda necessário, a Direcção convocará uma Reunião Geral de Compadres para decidir assuntos que considere de importância para a vida da Academia. Nestas reuniões apenas podem participar os Compadres que tenham a sua subscrição anual actualizada. 3. A convocação de uma Reunião Geral poderá ser solicitada à Direcção por um mínimo de 10 Compadres. 4. Anualmente haverá uma reunião de todas as Academias do Bacalhau, a que se chama Congresso Mundial, o qual se realizará, nas áreas geográficas de cada Academia. 5. Nesses Congressos serão discutidos assuntos de interesse comum às diferentes Academias e a orientação dos mesmos compete ao Presidente da Academia organizadora. ARTIGO VIII – Símbolos São símbolos das Academias do Bacalhau, o Badalo, o Estandarte, o Diploma, a Gravata e o Emblema. ARTIGO IX – Aditamentos e Alterações Quaisquer aditamentos ou alterações a estas Normas, terá, obrigatoriamente, de ser aprovadas em Congresso Mundial das Academias do Bacalhau. ARTIGO X – Novas Academias Qualquer proposta para abertura de novas Academias, terá, obrigatoriamente, de ser votada em Congresso Mundial e aprovada pela maioria dos Compadres presentes. AGENDA DE CADA REUNIÃO 1. O Presidente toca o Badalo, dando início ao almoço/jantar. 2. Indica quem dá o mote para o Gavião de Penacho. 3. Nomeia o Carrasco. (alguém que goste de farra e possa contar uma ou outra graça/anedota, etc.) (A sopa e o prato principal são servidos). 4. Assuntos diversos bem como dá a palavra a elementos da Direcção. 5. Os Compadres apresentam os seus convidados. 6. Expediente. 7. Sorteio/Leilão. (se houver) 8. Os Compadres pedem a palavra e falam sobre assuntos diversos. 9. É dada a palavra aos convidados. 10. O Carrasco tem a palavra. Aplica uma pequena multa (pode ser monetária etc.) em forma de brincadeira a quem se portou mal ou não aderiu às normas e conta uma anedota ou história engraçada antes de terminar). 11. Encerram-se os trabalhos com um Gavião de Penacho. 14

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História da Academia do Bacalhau

UMA HISTÓRIA DE 44 ANOS A Academia do Bacalhau é uma velha amizade lusófona, criada há 44 anos em Joanesburgo, com emigrantes portugueses, radicados na África do Sul. A ideia de se criar a Academia do Bacalhau surgiu num jantar oferecido ao jornalista de “O Primeiro de Janeiro” do Porto, Manuel Dias, que na altura estava de visita à África do Sul e que teve lugar no “Hotel Moulin Rouge”, em Hillbrow Joanesburgo, durante Março de 1968.

“Na Academia somos todos iguais, pelo que todos somos presidentes, mas como alguém tem que dirigir os almoços e tocar o badalo, é só nessa acepção que me considero

Estiveram presentes a esse jantar, além daquele jornalista, o Eng.º José Ataíde (já falecido e que ao tempo era Administrador-Delegado da Sonarep - África do Sul), Ivo Cordeiro (recentemente falecido), Rui Pericão e o Doutor Durval Marques. Depois desse jantar, realizaram-se algumas reuniões entre os quatro, para se estabelecer alguns princípios e pôr a ideia em marcha. No dia 10 de Junho desse mesmo ano, realizou-se então um grande jantar no Restaurante Chave d’ Ouro, em que se inaugurou a Academia do Bacalhau de Joanesburgo, a que hoje se chama de Academia-Mãe. Foi seu primeiro presidente o Eng.º José Ataíde, que era a pessoa mais idosa daquele grupo e que costumava referir-se ao facto de ter sido escolhido como presidente com as palavras que nos ficaram na memória. E por falar em badalo, instrumento que se entendeu dever ser usado para impor alguma ordem nos almoços, ele foi feito (e oferecido à Academia) pela Bronzarte, de que eram sócios os Compadres Paulo dos Santos, Latino Carocho e também Guy Ferraz, que foram dos primeiros a aderir ao movimento da Academia. Foi também a Bronzarte que ofereceu os badalos a outras Academias que se foram criando e se não favoreceu a todas elas foi porque, entretanto, a firma acabou por encerrar a sua actividade. O “Gavião de Penacho” foi importado

do “Orfeão Universitário do Porto”, organismo no qual fez parte o Doutor Durval Marques durante 5 anos da sua vida académica, e que era cantado pelos estudantes quando, em grupo, davam azo à sua alegria, à sua boa disposição e até a uma certa dose salutar de alguma irreverência. É de salientar que, quando o “Orfeão Universitário do Porto”, em 1969, fez a sua primeira digressão pela África do Sul, os estudantes sentiram-se como que em casa, pois podiam cantar juntamente connosco o seu “Gavião de Penacho”. Os almoços começaram por ter lugar às sextas-feiras porque a maior parte dos membros eram católicos, sendo esse dia considerado como dia de jejum não se devendo, portanto, comer carne. Alguns anos depois, mudaram-se esses almoços para as quintas-feiras por ser mais conveniente para a maioria dos Compadres. Escolheu-se o bacalhau como prato dos almoços, porque se pretendia estreitar e consolidar uma verdadeira e sã amizade entre todos os membros e o bacalhau, conhecido como “fiel amigo”, era o símbolo dessa amizade. Além do bacalhau, o vinho era português, o azeite também e até o pão (papo-seco) era confeccionado por padaria portuguesa. Com o nome de Academia pretendeu dar-se-lhe um significado de mais uma 16

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Tertúlia que congregava pessoas ligadas por uma sólida amizade e que pretendiam valorizar-se e obter o merecido reconhecimento no país de acolhimento sem qualquer conexão com habilitações académicas, que os seus membros pudessem ou não possuir. De resto, como na Academia os títulos, as posições sociais e de negócios não tinham cabimento nas salas das nossas reuniões, uma tal ligação com habilitações escolares estaria totalmente fora de qualquer contexto. Decidiu-se pelo nome de Compadre, porque é assim que se chama ao melhor amigo que se escolhe para ser padrinho dos nossos filhos e na Academia o denominador comum de união era exactamente a amizade. Segundo os “Princípios e Objectivos da Academia”, que foram feitos para a Academia-Mãe e que foram depois adoptados por todas as outras Tertúlias que sucessivamente se foram formando.

E assim nasceu o movimento das Academias do Bacalhau, hoje constituído por cerca de 52 Tertúlias espalhadas pelos quatro cantos do mundo e todas elas ligadas pelos mesmos princípios de amizade e solidariedade. Todas elas apoiam uma ou mais obras de beneficência. Em Maputo, por exemplo, apoiam a Casa do Gaiato, Obra de Rua do Padre Américo liderada pelo Padre José Maria, ajudando a construir o edifício das oficinas e também a capela, bem como apoio ao Centro Cultural de

“ Tertúlia de amigos, que se reúnem sem finalidades políticas, religiosas ou comerciais.”

Na Academia-Mãe sempre se praticou assistência, desde os seus primeiros tempos de existência. Quando necessário, o dinheiro sempre aparecia em cima da mesa dos almoços, cada um contribuía com o que quisesse e pudesse.

Matalana, localidade onde nasceu o saudoso Compadre Mestre Malangatana. Na cidade da Beira, apoiam diversos orfanatos e centros de acolhimento de crianças.

Ninguém olhava o que o vizinho dava porque o importante era conseguir o montante necessário para ajudar uma família carente ou acudir qualquer outro caso imperioso.

Realizam-se todos os anos Congressos das Academias do Bacalhau, em sistema rotativo por Continente (África, Europa, América) e por ordem de antiguidade das tertúlias.

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Lista das das Academias por data de fundação

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PORTUGAL

CANADA

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Toronto................... 1998/09/19 Kitchener................ 2008/10/14

ESTADOS UNIDOS

Madeira.................. 1987/07/22 Lisboa.................... 1988/09/10 Porto....................... 1989/08/16 Algarve................... 1990/07/28 São Miguel............. 1994/10/13 Costa Do Estoril..... 1996/12/28 Viseu...................... 2000/09/20 Estremoz................ 2001/09/08

Aveiro..................... 2001/09/15 Braga..................... 2001/09/16 Terceira.................. 2003/04/22 Coimbra................. 2003/04/25 Faial........................ 2004/05/27 Porto Santo............ 2010/10/02 Setubal................... 2010/10/23

LUXEMBURGO

1

Grão Ducado......... 2003/05/15

5

New Jersey............ 2000/04/29 New England......... 2002/04/27 Dandury................. 2005/10/16 New York................ 2006/08/21 Long Island............ 2011/06/25

VENEZUELA

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Caracas.................. 1996/05/10 Maracay................. 2005/10/01 Valencia.................. 2005/10/02

BRASIL

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Brasilia................... 1999/04/29 Niteroi..................... 1999/05/01 Rio De Janeiro....... 1999/05/02 Recife..................... 2000/05/01 Belo Horizonte....... 2000/05/06 Teresopolis............. 2000/05/09 Fortaleza................ 2011/10/13

ANGOLA

1 1

Luanda................... 1995/05/27

NAMIBIA

Windhoek............... 1978/02/04

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AFRICA DO SUL

Academia-Mãe Joanesburgo........1968/06/10 Cidade Do Cabo.... 1968/10/15 Durban................... 1969/06/04 Port Elizabeth......... 1972/02/04 Welkom.................. 1985/09/15 Pietermaritzburg.... 1986/03/01 Pretoria................... 1987/06/22 East London........... 1987/11/27 Rustenburg............ 2004/03/21 Klerkdorp............... 2010/03/21 18

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www.academiamae.com

FRANÇA

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Hino da Academia-Mãe Letra e música foram da autoria do nosso Compadre Leonel Canha, um dos fundadores da Academia do Bacalhau de Welkom, tendo o Hino sido aprovado nao XVII Congresso das Academias do Bacalhau, realizado de 19 a 21 de Fevereiro de 1988 na bonita cidade sul-africana de Porth Elizabeth.

Paris....................... 1998/07/17 Lyon....................... 2006/06/15

VERSO I Temos por símbolo o badalo Que toca repenicando Quando alguém quiser falar Põe-se o badalo a tocar Ficando o resto calado Também temos a gravata C’um bacalhau estampado Se és amigo de verdade E quiseres ser Compadre Com ela és condecorado REFRÃO Caminhamos confiantes Somos todos tripulantes Da mesma nau Que é vista com simpatia E se chama Academia Do Bacalhau Vamos Compadres, Comadres Q’esta nossa Academia Já tem raízes Levamos a nau ao porto Para dar algum conforto Aos infelizes

MOÇAMBIQUE

2

Maputo................... 1991/04/15 Beira....................... 1993/08/15

SUAZILÂNDIA

2

Mbabane................ 1969/10/11 Manzini................... 1993/03/20

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AUSTRALIA

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Perth....................... 2011/03/05

VERSO II E quando nos reunimos Num jantar de amizade Tomamos a ocasião De fazer algum tostão Para dar a caridade E a meio do repasto Vai acima e vai abaixo É um acto bem distinto Brindamos com vinho tinto O Gavião de Penacho REPETE O REFRÃO SOLO DE GUITARRA REPETE O REFRÃO


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CASA FERREIRINHA ESTEVA TINTO 2010 TIPO: Tranquilo COR: Tinto TONALIDADE: Rubi DESIGNAÇÃO DE ORIGEM: DOP Douro REGIÃO: Douro PAÍS DE ORIGEM: Portugal O VINHO

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Esteva é um vinho tinto do Douro atractivo e elegante, que alia carácter e versatilidade a uma escolha muito acessível, ideal para o dia-a-dia. Esteva integra a gama de vinhos da celebrada Casa Ferreirinha, a marca com maior tradição na produção de vinhos de qualidade do Douro e uma das maiores referências mundiais desta região.

NOTAS DE PROVA

Casa Ferreirinha Esteva Tinto 2010 apresenta uma forte cor rubi e um aroma com boa intensidade e harmonia, com evidência para os frutos vermelhos, como morango e framboesa, para os componentes balsâmicos e para ligeiras notas de especiarias, em particular pimenta e cravinho. Na boca tem um ataque suave e uma boa estrutura, com taninos bem integrados, notando-se ainda a presença de frutos vermelhos. A acidez encontra-se muito bem envolvida e o seu final é elegante e harmonioso.

ANO VITÍCOLA

O ano vitícola de 2010 será sempre lembrado por um Inverno frio e sobretudo muito chuvoso, em grande contraste com os últimos três anos que foram bastante secos. Um Inverno com este rigor veio ajudar à reposição da humidade no solo, tão importante para o bom crescimento da videira e maturação da uva. No Douro não houve mesmo qualquer precipitação durantes os meses de Julho e Agosto, o que veio criar alguma heterogeneidade ao nível das maturações e atrasos no arranque da vindima. Neste contexto, 2010 foi verdadeiramente uma longa vindima, que obrigou a uma boa gestão na apanha da uva.

ENÓLOGO: Luís Sottomayor CASTAS: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Barroca, Touriga Nacional VINIFICAÇÃO

Os cachos foram vindimados à mão e vinificados com a mais apurada tecnologia. Após suave desengace e esmagamento, as uvas fermentaram em cubas de aço inox, com remontagem e maceração das películas, sob temperatura controlada de 28ºC. Depois da maceração, seguiu-se a fermentação maloláctica.

MATURAÇÃO

Os vinhos seleccionados para Esteva 2010 passaram o Inverno no Douro, em cubas de aço inox. Sujeitos às baixas temperaturas naturais, os vinhos clarificaram naturalmente antes de serem trasfegados e transportados para V.N.Gaia. O lote final foi elaborado com base numa selecção cuidada e em inúmeras provas.

GUARDAR

Casa Ferreirinha Esteva Tinto 2010 foi concebido para consumo num estádio jovem, embora a sua qualidade se mantenha durante 3-5 anos após a colheita, desde que a garrafa deve ser mantida deitada, em lugar fresco e seco, ao abrigo da luz.

SERVIR

Casa Ferreirinha Esteva Tinto 2010 está não necessita de ser decantado, excepto se for guardado alguns anos. Servir entre os 14ºC-16ºC.

DESFRUTAR:

Esteva é um vinho muito versátil, ideal para acompanhar todo o tipo de aves, carnes variadas, fumeiro e queijos, alguns peixes como o bacalhau e uma variedade de massas e saladas ricas.

DETALHES TÉCNICOS

Álcool: 13% | Acidez Total: 4,81 g/l (ácido tartárico) | Açúcar: 1,8 g/l | pH: 3,64

CONSUMO RESPONSÁVEL E QUALIDADE

A Sogrape Vinhos é signatária da iniciativa europeia "Vinho com Moderação", sendo certificada, nas áreas da Qualidade e Segurança alimentar,pelos referenciais mais exigentes a nível mundial.

INOVAÇÃO E SOGRAPE VINHOS A Sogrape Vinhos é uma empresa de cariz familiar e vocação internacional, focada na produção de vinhos de qualidade, na inovação e no desenvolvimento de marcas portuguesas de nível global.

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Rua 5 de Outubro, 4527, 4430-852 Avintes, Portugal Telf:+351-227 838 104 Fax: +351-227 833 719

Email: casaferreirinha@sograpevinhos.eu Website: www.sograpevinhos.eu

Seja responsável. Beba com moderação.


Academia do Bacalhau de Maputo

Mensagem do Presidente Caras Comadres, Caros Compadres Caros amigos das Academias do Bacalhau

44 anos 52 Academias 4 Continentes 13 Países Dezenas de nacionalidades 1 Objectivo, a solidariedade Bem vindos a esta terra maravilhosa, chamada Moçambique, numa altura em que Moçambique comemora 20 anos de Paz e esta cidade de Maputo comemora 125 anos de existência. É com muito orgulho, respeito e entusiasmo que dou, em nome de todas as Comadres e Compadres de Maputo, as boas vindas ao XLI Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, que apelidámos de MOÇAMBIQUE 2012, pois é uma organização conjunta das Academias do Bacalhau da Beira e Maputo. Com muita pena não temos presente neste Congresso o nosso saudoso Compadre e Mestre Malangatana, que antes de nos deixar já sabia que era a intenção de Moçambique acolher o Congresso Mundial em 2012. Não está fisicamente connosco, mas está espiritualmente nas nossas acções de solidariedade com as crianças moçambicanas, e isso está comprovado na sua mensagem que em 2010 manuscreveu no Livro de Honra da Academia do Bacalhau de Maputo uma mensagem ao movimento das Academias, a qual pode verificar no Editorial desta revista. Vão ser 3 dias de muita acção, muita cultura moçambicana, muita gastronomia moçambicana, muita amizade, convívio, e muita solidariedade, e contamos com todos para que o nosso Congresso seja um sucesso e que levem de Moçambique um carimbo de VOLTE SEMPRE. Aos Congressistas, iremos debater e tomar decisões em prol do bem e do crescimento das Academias pelo mundo fora, com o respeito que este movimento merece e que nós, por carolice, sem interesses, com paixão, abraçámos e continuaremos a abraçar algo que nasceu há 44 anos e que ainda hoje um dos seus fundadores, Compadre Durval Marques, nos dá a honra e prazer de estar sempre presente em todos os Congressos. Bem haja a todos e Kanimambo

Um Gavião de Penacho Compadre João Trincheiras Presidente da Academia de Maputo 22

Moçambique / Maputo


Academia do Bacalhau de Maputo

Mensagem do Presidente Honorário

Caras Comadres e Compadres É com especial carinho que lhes envio estas poucas linhas pois é um grande orgulho pertencer a tão prestigiosa Academia apesar de há mais de 8 anos estar a mais de 11000 Km. Nem sempre é fácil conseguir manter o espírito altruísta de ajuda levando algum conforto aos mais necessitados quer seja a Casa do Gaiato, a obra do nosso querido Malangatana em Matalana e a muitos pequenos outros. É a seiva para a qual as Academias nasceram e se multiplicaram. Neste Congresso estou certo que mais uma vez o nome da Academia de Maputo será lembrado por uma reunião proveitosa e deixará por muito tempo uma boa lembrança

Um Gavião de Penacho,

Compadre António E.C.Capucho Paulo Presidente Honorário da Academia de Maputo

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Academia do Bacalhau de Maputo

Mensagem do Presidente Honorário Marcha da Academia do Maputo Um fiel amigo, regado com amizade, Um copo de vinho que se perde na idade e um abraço amigo, cheio de emoções nesta Academia somos todos foliões. Refrão x2 Um copo, dois copos, um Gavião de Penacho são três copos, são muitos copos vai acima e bota abaixo. Em 91 Abril que belo mês Aqui no Maputo nós começámos de vez apoiando os putos que na rua vagueando nosso gavião se transforma em Kanimambo.

Caras Comadres e Caros Compadres, congressistas presentes no Congresso de 2012 que se realizará pela, segunda vez, neste lindo e hospitaleiro país - Moçambique. … tal como em 91 abril que belo mês aqui no Maputo nós começamos de vez apoiando os putos que na rua vagueando nosso gavião se transforma em Kanimambo”. Esta e uma quadra da nossa marcha e identifica a Academia de Maputo. Para vós, o nosso bem haja e um Kanimambo. Sei que a maior parte de vós veio de longe mas também sabemos que são assim, os Compadres, uma vez por ano procuram encontrar aqueles amigos que se encontram distantes. Além de discutirem as orientações das nossas academias vêm também com a intenção de ajudar aqueles que mais necessitam.Em Abril de 1991 recebemos a bandeira e o badalo para iniciarmos, de forma oficial, a nossa academia. Daí para cá a Academia foi crescendo e atingiu, se assim podemos dizer, o seu auge em 1997 com a realização do XXXVI Congresso Mundial ao qual presidi.

Refrão x2 Nós temos orgulho de sermos assim Compadres porque além de tudo, de tudo somos capazes como um rio que corre, neste Mundo que balança amanhã daremos a outros nova esperança. Refrão x2 Autor George d´Almeida

Dizem os que estiveram presentes que foi um sucesso em todos os aspectos. Hoje, estamos novamente a realizar o XLI. Uma vez mais estou presente, desta vez numa posição diferente mas mantendo a que sempre me orientou, a de Compadre de uma das tertúlias mais nobres que conheço. Não foram fáceis estes anos que nos separaram. Desde o último congresso até hoje tivemos os nossos problemas, tivemos as nossas alegrias e tristezas quando alguns Compadres partiram. Estou na academia desde o primeiro dia que se oficializou. Relembro que numa das piores fases da nossa academia afirmei que enquanto eu estiver em Maputo a academia não se extingue por razão nenhuma e hoje reafirmo o mesmo. Não quero ficar a contar a história da nossa academia que no fundo é muito igual a todas as outras, mas não posso terminar sem transmitir ao nosso querido presidente honorário e fundador da Academia do Bacalhau, Compadre Durval Marques, Kanimambo por tão brilhante e feliz idéia que o norteou a si e aos outros fundadores. Kanimambo uma vez mais a todos os congressistas convidados e amigos. Abracem, divirtam-se e, àqueles amigos que agora reencontramos - alguns dos quais só vemos uma vez por ano aquando do congresso - sejam felizes, não esquecendo nunca que temos a obrigação de dar algum conforto aos infelizes, como o refrão da marcha da academia nos lembra: um copo, dois copos, um Gavião de Penacho, são três copos, são muitos copos Vai acima bota abaixo (este é o refrão da marcha de Maputo)

Compadre Antonio Costa

Telex com a lista de Compadres fundadores enviado a Academia-Mãe em abril de 1991

Presidente Honorário da Academia de Maputo 24

Moçambique / Maputo


Academia do Bacalhau de Maputo

Órgãos Sociais

Presidentes Honorários: António Capucho Paulo e António Costa Direcção Presidente........................João Trincheiras Vice Presidentes..............Luis Canteiro, Carlos Lopes e António Capucho Paulo (Topi) Tesoureiro........................José Godinho Marketing.........................Luis Pereira (Stewart Sukuma) Secretariado.....................Fernando Pimentel Vogais...............................Elsa Amaral, Mutxini Malangatana e Ben Cumbe

Momento em que se prepara a SOPA DO LEÃO, criada pelo Compadre Adriano Leão, colocando a bebida dentro de uma terrina cheia de gelo e depois servir com concha de sopa nos copos

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Reuniões Academia do Bacalhau Maputo

Compadres de Maputo A Academia do Bacalhau de Maputo, fundada de Abril de 1991, orgulha-se de ser a 15ª Academia das 52 existentes no Mundo, e a primeira em Moçambique. Começou como todas a outras através de vários amigos que se foram juntando e propuseram-se a continuar o movimento em Moçambique. Por coincidência, no mesmo ano, arranca de novo o Projecto da CASA DO GAIATO, no qual a nossa Academia se associou

desde o início, e ajudando naquilo que pôde o Compadre Padre Zé Maria neste seu sonho, que hoje já é uma realidade. Uma realidade tão grande, mas que também é uma dor de cabeça diária cuidar de 150 crianças, infantários de mais de 1000 crianças, escolas com mais de 1500 alunos, etc etc. A Academia do Bacalhau teve o prazer de contribuir com o Pavilhão das Ofi-

cinas que hoje ainda faz trabalhos de carpintaria e serralharia para efeitos internos e externos. São 1000 hectares de tirar a respiração a cerca de 40km de Maputo, a caminho de Goba/ Namacha. A mesma distância, mas para os lados de Marracuene, temos o Centro Cultural de Matalana, onde nasceu o nosso saudoso Mestre Malangatana, e que hoje é

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Moçambique / Maputo


Desde 1991 muitos foram os sítios onde os Compadres se encontravam para as suas reuniões, desde o Restaurante Costa do Sol, Zé Verde, Polana, etc., etc.. Actualmente, reunimos mensalmente na segunda quinta-feira de cada mês, no Girassol Bahia Hotel, onde mais de uma centena de Comadres, Compadres e amigos das academias se reúnem num jantar, convivendo e em prol de fazer o bem. Temos sempre a presença da Casa do Gaiato e do Centro Cultural de Matalana nestes convívios e participamos durante o ano em actividades em prol da criança e dos mais necessitados.

um Centro Cultural em fase de relançamento e que a nossa Academia está a fazer o que pode para que tal aconteça rapidamente. Também apoiamos outros projectos em função das nossas capacidades, nomeadamente o projecto “Um Pequeno Gesto” (www.umpequenogesto.org) onde apadrinhamos 5 crianças na zona de Chongoene.

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Junte-se a nós neste movimento de Maputo e faça parte de uma familia cada vez maior. OBJECTIVOS Fomentar, encorajar e desenvolver relações de amizade, cooperação e confraternização entre Compadres e Comadres, independentemente da posição social e do grau de cultura de cada um; Fomentar, encorajar e desenvolver rela-

ções de convívio e amizade entre as diferentes Comunidades onde está inserida. Fomentar, encorajar e desenvolver iniciativas que contribuam para a difusão da cultura e valores tradicionais dos países em que está inserida. Fomentar, encorajar e desenvolver a assistência moral e material a pessoas e instituições de beneficência mais carenciadas. DEFINIÇÃO As Academias do Bacalhau são Tertúlias de amigos, os quais independentemente da sua posição social e nível cultural, se congregam sem finalidades políticas, religiosas, comerciais ou lucrativas, para fomentar, encorajar e desenvolver laços de amizade, cooperação, confraternização, entre outros, defendendo o bom nome e prestígio da lusofonia e dos países onde estão inseridas, bem como os seus valores histórico-culturais e fundamentalmente, concretizar acções de solidariedade e de assistência moral e material a pessoas e instituições de beneficência mais carenciadas


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Apresentação Maputo

Maputo espera por si!

Estação Central dos Caminhos de Ferro, construída no início do séc. XX,

Limitada a Norte pela Província de Gaza, a Sul pela África do Sul, a Oeste pela Suazilândia e Leste pelo Índico, a Província de Maputo oferece aos visitantes o turismo urbano na cidade de Maputo, a belíssima capital do País e da Província, com as suas largas avenidas revestidas de acácias rubras e jacarandás, o turismo de sol e mar, nas magníficas praias da costa do Índico, e o turismo de montanha no interior com visitas à reserva especial de Maputo, à barragem dos pequenos Libombos ou à idílica vila da Namaacha. A Baía de Maputo que juntamente com os rios Incomati e Maputo limita a capital, confina em frente, a 40 km de Maputo, com a Ilha de Inhaca, considerada património biológico da humanidade onde se podem admirar magníficos corais multicores, tartarugas marinhas, mamíferos marinhos e uma diversidade piscícola que inclui espécies únicas. Inhaca, a 15 minutos de vôo a partir de Maputo e com boas instalações turísticas, é uma mostra de toda a costa moçambicana, com os seus mangais, praias maravilhosas, fauna e vegetação. Junto a Inhaca, dois ilhéus desabitados, Santa Maria e a ilha dos Portugueses, que podem ser alcançados por barco e proporcionarem um bom dia de praia e de observação da fauna marítima que se encontra junto aos bancos de corais aí existentes. As etnias dominantes na província são ronga e changana.

Como chegar Por avião, vindo da Europa, via Lisboa, ou da África do Sul, Angola, Quénia e Maurícias com vôos diários a partir de Joanesburgo. De carro, através das fronteiras de Ressano Garcia, Goba e Namaacha, vindo respectivamente da África do Sul e da Suazilândia. Pela EN 1, vindo das restantes Províncias. Revista Anual 2012

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Desportos Maputo dispõe de ginásios, campos de ténis, um campo de golfe, clube de tiro, centro hípico. A pesca de linha no mar alto ou a caça submarina também são bastante praticadas. As modalidades de pára-quedismo e aeromodelismo podem ser praticadas por via do Aero Clube de Moçambique que é membro da Federação da Aeronáutica internacional, está a ganhar bastantes adeptos.

Festas e eventos Maio - Peregrinação à Namaacha Agosto - Festival de Agosto (Teatro) Setembro - FACIM - Feira Internacional de Maputo Dezembro - Corrida de S. Silvestre na Passagem do ano

Onde comer Restaurantes oferecem boas refeições confeccionadas com produtos frescos, sendo de salientar a qualidade dos peixes, mariscos e crustáceos.

Onde comprar Nos estabelecimentos, nas ruas, junto aos principais hotéis, na feira da Praça 25 de Junho que se realiza aos Sábados, na Loja da Associação de Artesanato dos Deficientes Físicos, no Mercado Central e nos bazares informais podem ser encontradas belas peças originais de artesanato, como

esculturas em madeira, osso e pedra, batiques, quadros a óleo, etc., que exprimem bem a cultura e o espírito africanos.

Onde divertir-se Noites agradáveis e simpáticas podem ser passadas em bares, discotecas ou até mesmo no casino onde a diversidade e a animação são constantes. O teatro é também uma das principais atracções ao fim de semana.

Onde relaxar As imensas e belas praias convidam a bons mergulhos e ao descanso na areia fina e despoluída, entre elas destacam-se: Catembe, de onde se pode ter uma vista fabulosa da cidade de Maputo. Ilha de Inhaca, com as suas praias, Farol, Santa Maria e Ilha dos Portugueses, onde se podem observar magníficas barreiras de coral e praticar o mergulho. A Praia da Macaneta, com ondas altas e areia branca, que pode ser alcançada por barco ou indo pela estrada por Marracuene; Ponta de Ouro, no extremo Sul do País, a 117 km de Maputo, acessível por picadas em veículos 4x4 ou por estrada através da África do Sul: Ponta de Malongane, a 5 km a norte da Ponta de Ouro. 30

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Para visitar na Cidade de Maputo: 01 A Casa de Ferro, desenhada por Gustave Eiffel, trazida da Exposição Universal de Paris, na Av. Samora Machel; 02 O Jardim Botânico de Tunduru com o portão de entrada de estilo Manuelino na Av Samora Machel; 03 Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição presentemente transformada em museu militar, na Praça 25 de Junho; 04 O Mercado Central também conhecido pelo Bazar da Baixa, construído em 1901, onde se podem adquirir produtos frescos, ervas aromáticas e medicinais, e grande variedade de artesanato, na Av 25 de Setembro; 05 A Sé Catedral, construída em 1944, que se ergue na Praça da Independência frente ao Centro Cultural Franco-Moçambicano; 06 A Mesquita da Baixa construída no início do séc. XX, na Rua da Mesquita; 07 Estação Central dos Caminhos de Ferro, construída no início do séc. XX, na Praça dos Trabalhadores; no interior tem uma locomotiva bastante antiga. 08 A Casa Amarela, na Rua Consiglieri Pedroso, que foi sede do primeiro Governo Colonial e é hoje o Museu da Moeda;

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09 O Museu de História Natural, na Praça Travessia do Zambeze, onde estão expostas várias espécies de animais existentes em Moçambique e uma colecção única no Mundo de fetos de elefantes mostrando a sua evolução em cada mês de gestação; 10 O Museu Nacional de Arte, com colecções de pinturas e esculturas de artistas moçambicanos, na Av. Ho Chi Min; 11 Museu de Geologia, na Av. 24 de Julho; 12 Museu da Revolução, na Av. 24 de Julho; 13 O Mercado do Peixe, na Av. da Marginal. 14 A Ilha de Inhaca, a 15 minutos de Maputo por via aérea e a 20 minutos por barco, com os seus magníficos corais, onde pode ser visitado o Museu de Biologia Marítima. A Barragem dos Pequenos Libombos construída no rio Umbelúzi em Boane. A Reserva Especial de Maputo, a sul da cidade, no caminho para a Ponta de Ouro no extremo Sul do País, famosa pelas suas manadas de elefantes e pelos bandos de flamingos existentes nos lagos formados junto à costa. A Vila da Namaacha, onde se pode admirar uma fabulosa cascata enquadrada numa paisagem magnífica

O REQUINTE DE SABER SERVIR


Casa do Gaiato

CASA DO GAIATO, PADRE AMÉRICO E A SUA OBRA EM MOÇAMBIQUE

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A finalidade de cada Casa do Gaiato é acolher, educar e integrar na sociedade crianças e jovens que, por qualquer motivo, se viram privados de meio familiar normal. No dizer do fundador P. Américo Monteiro de Aguiar

Depois de dezassete anos a trabalhar, no Chinde, como despachante da Companhia British Central Africa e em Maputo na Breyner e Wirth como gerente comercial, a riqueza que seduzia a muitos enjoava-o, perante o atraso e miséria que ia conhecendo. Com 36 anos, Américo Monteiro de Aguiar partiu para um Convento Franciscano, onde não se adaptou e no Seminário de Coimbra, com quarenta e dois anos foi ordenado Padre. Foi radical na pobreza pessoal, para se entregar totalmente à pobreza social que então atormentava o país.

...o lema é constituir uma família para os sem família Fundou a Obra da Rua em 1940, depois de muito trabalhar com os Pobres. Como síntese da sua dedicação à criança abandonada, deixou-nos esta palavra que marca a sua visão penetrante do problema e a adequada resposta na Casa do Gaiato por ele fundada: “Não há Rapazes maus: Eis os felizes habitantes da Casa do Gaiato, cada um deles ocupado naquilo que é seu. Não serão àmanhã os nossos acusadores no banco dos réus, se Revista Anual 2012

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a tempo os fomos livrar da pior escola que há no mundo, a rua. Eles eram da rua. Métodos? Amar. E como prendê-los numa casa sem prisões? Pelo amor. E que fazer dos mais difíceis, mais repelentes, mais viciados? Amá-los mais, amá-los até ao fim. Baste-lhes a desgraça de o serem.” A Casa do Gaiato de Maputo é uma réplica da primeira que levantou em Paço de Sousa, Portugal, a partir de 1943. Primam todas pelo respeito à criança abandonada, de modo a acolher condignamente aqueles que nunca tiveram uma cama com lençóis lavados, nem mesa para as refeições. Assim nas Escolas, Oficinas e em tudo quanto constitua alicerce de formação humana. Apesar da grandeza da estrutura física, o lema é constituir uma família para os sem família, que se desenvolve no ambiente de convívio com os outros e quem vela pela sua educação. Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes, implica que sejam os mais velhos actores educativos dos mais novos. A educação para a liberdade, responsabilidade, capacidade de chefia e autogoverno são linhas fundamentais na vida de casa. Um Rapaz mais velho, sujeito à votação


de todos, assume durante um ano ou mais, o funcionamento de todas as actividades de Casa, que ele, desde cedo, aprendeu a fazer. A escola é fundamental para o desenvolvimento. Temos presentemente até à 10ª classe. Já tivemos até à 12ª, mas foi entregue ao governo, pois metade dos salários são pagos por nós que vivemos de doações. Atendemos alunos vizinhos desde que paguem o transporte e uma propina para os salários dos professores. Estes são 430. Os nossos 154 mais 52 a estudar fora em Cursos técnicos e universitários. A Obra da Rua nasceu como uma resposta à criança abandonada pela família e a sociedade, por isso somos

sensíveis a situações de injustiça e degradação social. Temos um Posto de Saúde com laboratório para várias análises. Casa Esperança, para recuperação de portadores de Sida muito debilitados. Posto de aconselhamento aos portadores de HIV com três gabinetes e sala de reuiniões e grupo treatral em cinco Aldeias. Ófãos de Sida. Há trinta entre os nossos Rapazes e 560 na população atendida. Crianças desnutridas - 300 em Berçários e 1.500 em Creches. Já foram duas mil e quatrocentas. Cinco Postos

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Eis os felizes habitantes da Casa do Gaiato Materno-Infantis com cerca de 30.000 atendimentos anuais.

3. Incentivo à cultura de mandioca e soja, menos exigentes em água.

Para os sem abrigo, construímos cerca de 900, em alvenaria, e com latrinas no quintal e oito furos semiartesianos para água potável.

4. Microempresas para fabrico e embalagem de mandioca torrada e óleo de girassol e soja.

Para os desempregados, mantivemos quase 500 postos de trabalho. Mais de 300 idosos foram alimentados e assistidos à domicílio. Promoção da Mulher, cursos de alfabetização para adultos, chamado “Programa Despertar”, e cursos de corte e costura, culinária, formação de enfermagem básica e de laboratório de análises, informática, líderes comunitárias e artesanato. E ainda, formação profissional para adultos, cursos de padeiro, carpinteiro,serralheiro, fabrico mecânico de blocos, armador de ferro, pedreiro, canalizador e electicista. “Associação de Mães” para desenvolvimento agropecuário: 1. Distribuição de gado de corte e tracção animal e alfaias agrícolas, cabritos melhorados de raça leiteira, organização de criadores de frangos com aviários.

5. Viveiros de hortículas e frutiferas e distribuição de sementes. Desde 1991, ano de fundação da Academia do Bacalhau de Maputo, em que a Academia-Mãe de Joannesburg nos apoiou na construção do primeiro pavilhão de oficinas de Serralharia e Carpintaria, e Fábrica de blocos de cimento, que temos tido sempre o amparo precioso da Academia de Maputo ao longo destes vinte e um anos. Nos últimos em que todos os recursos vindos da Cooperação espanhola e portuguesa cessaram, o apoio aumentou e cada vez mais é necessário para sermos a referência solidária das Academias. A todas as Academias, reunidas em Congresso, saudamos com muita amizade e em nome dos nossos Rapazes desejamos o melhor para a vida de todos e cada um, com as maiores bênçãos de Deus.

Um Gavião de Penacho. 2. Incentivo ao cultivo de mandioca e batata doce de polpa alaranjada com distribuição de mudas.

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Compadre Padre Zé Maria


Matalana fica a cerca de 40 kms de Maputo, com acesso pela estrada nacional N1 e por comboio até Marracuene. Nas proximidades encontram-se a Vila de Marracuene, a praia da Macaneta e as recentes instalações da Feira Anual Internacional da FACIM.

O Centro Cultural de Matalana foi fundado há 20 anos com o propósito de ser um pólo cultural e artístico. Ao longo destes anos, o Centro Cultural mobilizou muitas vontades, apoios nacionais e internacionais. Inúmeras actividades vieram à luz do dia e várias delas contaram com a presença de ilustres personalidades estrangeiras ligadas às artes e letras. Desde a época colonial que a comunidade de Matalana apresentou um florescimento cultural próprio, fortemente estimulado pela acção de agentes externos que

ali encontraram um ambiente acolhedor para desenvolver suas actividades e apoiar o desenvolvimento. Estas condições favoráveis propiciaram o surgimento de grupos e indivíduos de reconhecido talento e relevância para o país, tais como, dramaturgos, poetas, músicos, pintores, grupos de teatro, dança e música, e artistas, ao exemplo de Mankew Mahumana, Fernando Maxiyana, José Dias Machate, Mundau Oblino Magaia, Malangatana Ngwenya, Filipe Maxiyana, Lino Hilongo, Ema Maxiyana e outros. A génese do Centro Cultural de Matalana vem dos anos 60, quando a população viu a Escola Primária da Missão Suíça ser encerrada pelas estruturas coloniais. Perante o facto de Matalana ficar sem escola primária a população cria uma “Comissão Pró-Escolar” com vista a criar uma nova escola. Esta comissão era formada pelo Mestre Malangatana, Lino Hilongo, Belmiro Magule e muitos outros. Em 1969, finalmente, a escola é inaugurada e nesta altura, o Mestre Malangatana lança a ideia de fundar uma Associação e começa a formar o primeiro grupo de sócios. O conflito armado provocou o êxodo para outras cidades e quando a paz foi restabelecida, as famílias começaram a regressar e é neste panorama que foi relançada a criação do Centro Cultural de Matalana. A pedra fundamental do Centro Cultural de Matalana é ser um espaço livre para os artistas para criar, trabalhar, desen36

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volver e difundir actividades culturais, incluindo a do desenvolvimento integral da zona. Este é o sonho que Malangatana sempre acarinhou e nutriu como fundador, mentor e principal animador do Centro Cultural de Matalana, local onde nasceu, viveu e viverá para sempre O CC de Matalana tem acolhido sessões do Festival Internacional de Música Clássica no anfiteatro ao ar livre; sessões anuais do Festival da Marrabenta e também actividades do projecto UMOJA que agrupa artistas de 5 países. O CC de Matalana também tem a si associado o Coro de Matalana, integralmente formado por pessoas da população local. Ao longo dos anos aconteceram formações em pintura, serigrafia, educação visual, cerâmica, arte em geral, e cursos de formação profissional de corte e costura, serralharia, carpintaria, informática, pasta de papel, tecnologias agrícolas de baixo custo e batique. Um grupo denominado Batalhão Zero, outrora, formado para jovens de Matalana, obteve bolsas de estudo e hoje, todos eles estão licenciados com diplomas alcançados em Portugal, Canadá, China e Moçambique. Plantaram-se mais de 2.000 árvores tradicionais locais, fizeram-se recolhas musicais e antropológicas, publicaram-se alguns livros, projectaram-se filmes Revista Anual 2012

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e rodaram-se outros nestas terras de Matalana O conjunto dos edifícios do centro de Matalana foi projectado pelo Arquitecto Forjaz. O projecto urbanístico deu particular atenção à integração da vegetação e harmonia com os valores paisagísticos locais. O Centro dispõe de vários edifícios, progressivamente construídos com base no apoio dos sócios, amigos e Cooperações Internacionais, sendo eles: o Edifício Polivalente que já funcionou como centro de formação profissional; a Casa Redonda, parcialmente terminada com alojamento para 30 pessoas; a Casa da Música, com seus portões desenhados pelo Mestre Malangatana; o Anfiteatro ao ar livre; um pequeno Restaurante e, ainda, um edifício que pode funcionar com pequenas lojas e duas Palhotas, feitas em 1994, em memória dos dois primeiros edifícios construídos no seu princípio histórico. Matalana Hoyê Sejam dados novos passos para a consolidação do Centro Cultural de Matalana., o que passa por renovar, manter a perspectiva de transversalidade, preservar o cunho do Centro Cultural de Matalana como Pólo Cultural Universal quer sob o prisma local, regional, nacional e internacional. Não vamos adormecer o que o mestre acordou!


Compadre Malangatana

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Moรงambique / Maputo


MAL ANGATANA MESTRE UNIVERSAL DE

RAÍZES AFRICANAS

Texto de catálogo para exposição em Lisboa

Cruzei-me de perto com o Mestre durante a minha estadia em Maputo. Tive a honra de ele ter aceite o meu convite para ser parte da Exposição “Intersecções”, que viu, em 2011, a sua terceira edição, com base na única ideia de juntar artistas moçambicanos que se tenham cruzado com outros universos e artistas estrangeiros que se tenham cruzado com Moçambique. Malangatana é o expoente máximo e sublime deste cruzamento de universos. Como o escritor Mia Couto referiu, tendo Malangatana erguido Matalana (onde nasceu) como emblema de raiz, ele olhou como terra natal todos os lugares onde renascia, desde Tóquio a Nova Iorque, sentindo-se à vontade em todos os recantos, trauteando com o mesmo à-vontade as canções tradicionais rongas, uma área de Verdi e um fado da Amália Rodrigues. Trata-se, na realidade, de um personagem universal, para quem a pluralidade era uma imagem de marca. Auto didacta, procurou integrar no seu universo e na Revista Anual 2012

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sua individualidade componentes muito diversificadas do saber, da etnografia à sociologia, da linguagem à literatura, da música ao teatro, reflectindo uma formação compósita como a que detinham os artistas da Renascença na Europa. Desse interesse voraz é exemplo a sua biblioteca, que um dia poderá ser consultada pelos estudiosos da Arte nas futuras instalações da Fundação Malangatana em Moçambique. E desse interesse resultou uma obra que não se limita à pintura e cerâmica. O legado de Malangatana se estende à escultura, literatura, cenários, painéis em diversos materiais (um dos quais em mármore, no Barreiro, Portugal), desenho e pinturas sobre objectos, como por exemplo, um computador. A experimentação e superação foi uma constante até ao fim da sua vida, estando bem reflectida na última obra - a execução de uma pintura integral num FIAT 500 - que designou por “A italiana”, iniciada e acabada em Setembro de 2010, quando tinha 74 anos.


Compadre Malangatana

Malangatana em frente a um painel para a Expo 98

Em tudo podemos ver a sua genialidade. Como referiu o Arquitecto Forjaz na Cerimónia do seu doutoramento Honoris Causa em Moçambique, se houvesse uma maratona de mãos, nem a Lurdes Matola (a campeã moçambicana e mundial dos 400 metros) lhe ganharia.

...em tudo podemos ver a sua genialidade. A universalidade de Malangatana é tanto mais autêntica e relevante quanto repousa numa assumida raiz e chancela africana e moçambicana. Como Diana Andringa referiu no catálogo da última exposição de Malangatana na Casa da Cerca em Almada em Outubro de 2010 – Malangatana Novos Sonhos a Preto e Branco era uma vez um pintor que havia em Mo-

çambique e cujos quadros fotografavam coisas que sabíamos ser em África mesmo que nunca tivéssemos estado em África. Descoberta a sua genialidade por conhecedores importantes no então universo moçambicano, nos finais dos anos 40 do século passado, seguiu o Mestre o conselho do arquitecto Pancho Guedes (em casa do qual fez de início o seu atelier e que lhe comprava 2 quadros por mês que lhe garantiam a subsistência), para ir viver de novo, por uns tempos, na sua terra natal Matalana, para mergulhar profundamente nas suas raízes - dançar, cantar, fotografar, ouvir e desenhar. Malangatana sempre assumiu que este mergulho foi decisivo no seu percurso artístico e na autenticidade da sua obra. Voltando aliás, sempre, à sua terra natal onde está sepultado, Malangatana concebeu, ali uma parte importante da sua obra.

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Malangatana. Última ceia

Malangatana impulsionou a criação do Centro Cultural de Matalana, local onde o Mestre recebeu personalidades políticas e culturais estrangeiras de relevo. Isabel Noronha rodou um filme, que testemunha o Centro Cultural de Matalana como um pólo de atracção cultural e de artistas. Hoje, esse Centro dispõe, entre muitas outras coisas, do maior Anfiteatro ao ar livre de Moçambique que é palco de variados concertos e festivais. Como foi dito numa crónica de um frequentador assíduo publicada em Moçambique por altura da morte do Mestre, ir a Matalana era como Malangatana assumir que era do mundo mas era dali. Pela sua universalidade e pelo alcance da sua obra, estou segura que muitos irão saber quem foi Malangatana durante muitos e muitos anos, tal como se sabe quem é Picasso ou Dali. Malangatana é e representa

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muito mais do que tudo o que sobre ele e a sua obra se escreveu, disse ou filmou. Parafraseando de novo Mia Couto,” Malangatana produziu tanto em vida que acabou ficando sem morte”. A descoberta e estudo do seu gigantesco legado está por isso na sua infância. Muito livro, ainda, há-de se escrever sobre a fascinante intersecção de Malangatana com vários universos, reais e imaginários. O mundo da Lusofonia deve contribuir decisivamente para essa descoberta e estudo.

Graça Gonçalves Pereira Cônsul Geral de Portugal em Maputo Maputo, Abril de 2011


MONUMENTO SEMENTE PARA RAÍZES FECUNDAS DE PAZ Nesta outra dimensão em que agora me encontro, minhas mãos de espírito abençoam de paz estas pedras-sementes que esculpi. Arquitecto gentil ergueu estes dedos de cimento para que neles escrevesse, com o fluido amoroso dos meus/ nossos olhos-alma, estas páginas no branco deste papel de mármore. Em cada polegar ou indicador, em cada anelar ou mindinho, em cada dedo do meio desenhei meu coração-sangue, minha moçambicana antropologia cultural, meus índicos caminhos à beira-Atlântico. Assim, busco e sou: mãos-raízes, dedos de sonhos alados, fecundas rochas cósmicas onde gravei e gravo com um estilete de Matalana e com um formão de Almada vozes e gritos, plantas e flores, mares navegados de mim, marcas irmanadas de culturalidade de dois povos que anseiam conhecer-se. Foi, também, com os sofridos dedos de Craveirinha e Torga que escrevi e dedilhei, nesta pauta de pedra, a música libertada pelos nossos/vossos xitendes e cavaquinhos, pelos nossos/ vossos tambores ressoando em guitarras lusas, mesclando marrabentas

e fados no toque das palmas suadas em mãos de carinho. Porque durante a refrega pela emancipação, durante os anos sombrios das grilhetas e das grades que também sofri, nunca confundi os sistemas que nos governavam com os povos que somos, e, perante os olhos atónitos de muitos nacionalistas moçambicanos, fiz questão de acolher nesse tempo de “facas longas”, a saudosa e agora reencontrada Amália Rodrigues na casa humilde onde vivia. Amália, sentada na esteira da tradição, comeu connosco a matapa e o caril de amendoim, assim como eu, nesses mesmos anos em terras lusas, ouvia o fado e dançava o “Vira” saboreando o gostoso bacalhau “à Zé do Pipo” e comendo o famoso “Cozido à Portuguesa”. Por isso e por muito mais que a História me ensinou e ainda me ensina, aceitei este desafio de uma obra minha em Portugal, cimentando por séculos este pedestal-arte de interacção cultural. Tal como se pode ler num dos versos do nosso ilustre poeta dos “vaticínios infalíveis”, aqui neste monumento “africanizei fados e broas”, fiz esvoaçar rostos de duas pátrias em

direcção à m’benga do céu, onde à noite todas as estrelas têm o mesmo brilho para todos os Homens. Fiz subir por cada uma destas colunas de arte, faces euro e africanas espelhando feliz fraternidade cultural, nossos caminhos incontornáveis para a paz e o progresso. Aceitem esta minha breve apresentação pela mão do Calane, um moçambicano-ronga como eu e que tão bem conhece a fala dos espíritos através dos nossos nyangas. Sia-Vuma!

Calane da Silva

(Maputo. Junho de 2011)

Texto publicado no catálogo da Exposição de Fotografia “Making of do Monumento para a Paz no Barreiro”, exposição que esteve patente na Festa da Comunidade Portuguesa de celebração do Dia de Portugal em 2011, exposição e catálogo coordenados pelo Consulado Geral de Portugal em Maputo, com base em material gentilmente cedido por Filomena André”42

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Detalhe do Mural da UNICEF, 1989

Pela sua universalidade e alcance da sua obra, Malangatana é e representa muito mais do que tudo o que sobre ele e a sua obra já se escreveu, disse, ou filmou. Como disse Mia Couto , Malangatana produziu tanto em vida que ficou sem morte. A análise da sua obra está ainda nos primórdios e virá a fazer correr muita tinta. Ao pôr de pé esta brochura, pretendemos contribuir para acrescentar mais um pequeno passo ao conhecimento e compreensão da genialidade da obra que deixou (da pintura à escultura. literatura, cenários, painéis, murais, desenho e pintura de objetos diversos). A observação e fruição dos murais e painéis, deixam sensações similares às que Júlio Navarro observou a propósito da pintura do Mestre: “A pintura de Malangatana não termina na tela : prossegue trabalhando dentro de nós. Sai-se de uma exposição de Malangatana com a sensação de que já não somos os mesmos que éramos quando entrámos”. Esta parte da obra do Mestre é mais um dos caminhos da experimentação constante que fez no seu percurso, tão bem refletida na circunstância de, aos 74 anos, se ter abalançado pela primeira vez a pintar um carro, que acabou por ser a sua última obra. Começamos com um painel que pintou na Beira antes da independência, em 1972,e antes com os painéis pintados para o então Banco Nacional Ultramarino (1964) e Banco Barclays (1967), como Revista Anual 2012

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que a afirmar que a sua obra em murais e painéis não foi episódica, nem esteve somente ligada à situação política e social do pós independência, antes transcende esse momento tão bonito e particular, o que se pode também constatar em murais posteriores e mais complexos. E inserimos também , por serem obras em espaço público, um fabuloso Cristo, a par com uns quadros em painel, de 1973, que sempre estiveram e continuam a estar na Igreja anglicana de Chamanculo, construída com projeto do arquiteto Pancho Guedes, em 1970. Assim assinalando, simultaneamente, a amizade entre estes dois seres superiores, que se alicerçou no génio de Malangatana . Fica também registada a evolução da técnica com que Malangatana trabalhou os murais e painéis, a culminar no eterno mármore. Trata-se ainda de um levantamento muito incompleto, semente que porventura germinará com trabalho mais aturado dos que partilham o propósito de preservar a sua obra . Preservar em sentido geral e de Património, mas também no seu sentido físico. Uma vez que esta parte da obra do Mestre necessita efetivamente de cuidados de preservação especiais, para não ser perdida. Sobre esta parte da obra do Mestre falam personalidades das artes e letras - Luis Bernardo Honwana, José Forjaz, Calane da Silva, Eduardo White, Filomone Meigos, Nelson Saute, Jorge Dias, Manuela Soeiro, Rocha de Sousa , Pintores Sitoe e Nhongwene, Maimuna Adam. O nosso

agradecimento muito especial vai ainda a Filomena André, que de Lisboa tanto nos ajudou a pôr de pé esta brochura. E ao Paulo Alexandre, que atualizou uma parte essencial das fotografias.

“Murais incluidos na Brochura “Paineis e Murais de Malangatana”, editada e publicada em Julho de 2012 pelo Consulado Geral de Portugal em Maputo. A brocura inclui paineis feitos antes e depois da independência de Moçambique e outras obras em espaço público (um Cristo de 1973, por exemplo, na Igreja de Chamanculo). Pretendeu-se proceder a um 1º levantamento, embora ainda incompleto, desta parte essencial da obra de Malangatana, incluindo-se um mapa com a localização dos murais e chamando a atenção para a necessidade de os estudar e preservar . Brochura inclui textos de personalidades das artes e letras - Luis Bernardo Honwana, José Forjaz, Calane da Silva, Eduardo White, Filomone Meigos, Nelson Saute, Jorge Dias, Manuela Soeiro, Rocha de Sousa , Pintores Sitoe e Nhongwene, Maimuna Adam. Filomena André teve papel central na sugestão e evolução da ideia, bem como em material cedido. Paulo Alexandre atualizou uma parte essencial das fotografias. Contou com o apoio da Brithol Michcoma (que a imprimiu), da Fundação Malangatana e da Fundação Mário Soares. E ainda com a ajuda do FUNDAC, da Escola Portuguesa de Moçambique e das entidades onde os murais e paineis estão localizados.”.

Graça Gonçalves Pereira, Cônsul Geral de Portugal em Maputo Junho de 2012


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Academia do Bacalhau da Beira Caros convidados, minhas senhoras e meus senhores Queridos Compadres Em nome da Academia da Beira e em meu próprio nome congratulamo-nos pela realização desta magna reunião na maravilhosa cidade das acácias.

Mensagem do Presidente

Ela, face ao programa agendado e aos vários oradores previstos fácil é entender do interesse dos temas a tratar alem de possibilitar uma interação que nos unirá ainda mais e nos permitirá crescer como entidade, não só filantrópica mas também de camaradagem e de amizade tão próprias dos verdadeiros Compadres, unidos pelo interesse comum de fazer o bem, prestando atenção a quem mais precisa.

Fazemos votos de verdadeiro sucesso tendo a garantia antecipada que todos aqueles que vieram na esperança de um encontro frutuoso não se sentirão defraudados e no seu rescaldo todos se sentirão mais informados dos aspetos positivos que justificam a nossa ação Sabemos todos das calorosas boas vindas que Maputo sempre dispensa a quem a visita. Uma vez mais, estamos certos, nos irá apoiar nestes dias de comunhão e empenho a bem das comunidades a que pertencemos. Está de parabéns a organização e com ela todos os seus membros Daqui vos saudamos com um veemente Gavião de Penacho Compadre Alberto Oliveira Presidente da Academia da Beira

Anúncio Gorongosa copy.pdf 30-08-2012 16:30:55 Anúncio Gorongosa copy.pdf 30-08-2012 16:30:55

Todo Todo o o Mundo Mundo parece parece Já Já ter ter descoberto descoberto a a Gorongosa. Gorongosa. E E VOCÊ? VOCÊ?

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Academia do Bacalhau Beira

Orgãos Sociais A Academia de Bacalhau da Beira, criada em 1993, tem 31 membros efectivos que reúnem num jantar mensal com os seus cônjuges e amigos no intuito de angariar fundos para a Instituição que apoia e como não poderia deixar de ser, conviver e comungar do ideal que preside a todas as Academias de Bacalhau. A Academia do bacalhau da Beira faz as suas reuniões no Clube Náutico da Beira, com a presença em média de 60 pessoas. A instituição que, actualmente, apoia denomina-se de Orfanato Santos Inocentes, situado na Manga, arredores da Beira, organização essa que apoia mais de uma centena e meia de jovens, meninos e meninas. Direcção 2012 Presidente Vice Presidentes Tesoureiro Vogais

Orfanato Santos Inocentes, situado na Manga, arredores da Beira

Alberto Oliveira Vitor Ramos Raul Paiva Nuno Almeida, Mónica Bastos

Anúncio Rabiana.pdf 01-09-2012 14:40:22

Todos sabemos que o verdadeiro Vinho Verde se faz de Séculos de Saber Português

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O "Quinta da Rabiana" branco é um vinho produzido a partir das castas Loureiro e Trajadura cultivadas na sub-região do Ave. É um vinho produzido segundo as modernas tecnologias de vinificação, originando um vinho harmonioso com aromas florais e frutados. Este vinho deve ser bebido jovem e servido à temperatura de 8ºC.

O "Quinta da Rabiana" tinto é um vinho produzido exclusivamente a partir da casta Vinhão cultivada na sub-região do Ave. É um vinho fermentado em típicos lagares de pedra, com maceração prolongada, originando um vinho encorpado com aroma a frutos silvestres. Para preservar todas as suas qualidades organolépticas, este vinho não sofreu qualquer processo de filtração, estando sujeito ao aparecimento de depósito. Este vinho deve ser bebido jovem, decantado e servido à temperatura de 12ºC.


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Reuniões Academia do Bacalhau da Beira

Os 31 da Beira A Academia de Bacalhau da Beira, criada em 1993, tem 31 membros efetivos que reúnem num jantar mensal com os seus cônjuges e amigos no intuito de angariar fundos para a Instituição que apoia e como não poderia deixar de ser, conviver e comungar do ideal que preside a todas as academias de bacalhau. Actualmente faz as suas reu-

AF_Gorongosa_LAM_210x148mm.pdf

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niões no Clube Náutico da Beira, com a presença em média de 60 pessoas. A instituição que actualmente apoia, denomina-se de Orfanato Santos Inocentes, situa-se na Manga, arredores da Beira, organização essa que apoia mais de uma centena de meio de jovens, meninos e meninas Saudamos com um Gavião de Penacho


Apresentação Beira

A Beira também espera por si! Sofala

Norte, por estrada ou por via aérea.

Sofala encontra-se no Centro de Moçambique, sendo um importante Ponto de confluência nas ligações entre o Sul, o Norte e o Oeste; estas últimas através do corredor da Beira, uma via importante e muito antiga, para penetração para o interior e países vizinhos.

Desportos

É limitada a Norte por Tete e Zambézia, a Sul por Inhambane, a Oeste por Manica e a Leste pelo Índico. O principal centro urbano é a cidade da Beira, erguida um pouco a norte da antiga cidade de Sofala sobre terrenos anteriormente pantanosos junto a uma baía onde se localiza um dos principais portos do País e de África. Cinema S. Jorge, painel de azulejo do Artista Plástico Jorge Garizo do Carmo

A sua designação deve-se ao Príncipe D. Filipe da Beira que no início do séc. XX aí desembarcou em visita oficial. As etnias mais representativas são os Sena e Ndau.

Como chegar Do Sul, a partir de Maputo, com voos diários ou por estrada (EN1), do Zimbabwé e de Manica pela (EN 6) e do

Nas reservas de caça e coutadas, os entusiastas da caça podem experimentar os seus dotes de atiradores. A subida à serra de Gorongosa acompanhada de guias locais, nomeadamente ao pico com 1820 m, constitui uma oportunidade para uma experiência excitante e a possibilidade de admirar paisagens de rara beleza. Para os amantes do desporto, a cidade possui um campo de golfe.

Festas e eventos Na estrada para Manica existe um Santuário onde, numa reminiscência de um passado anterior à chegada dos portugueses, se realiza uma peregrinação anual. Também do passado se mantém a tradição de incisões pontuais no corpo, geometricamente distribuídas para realçar a beleza e a sensualidade e simultaneamente, afastar os males deste e de outros mundos. 50

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Catedral

Onde comprar Na parte velha da cidade, em numerosas lojas é possível adquirir artefactos locais e dos países vizinhos junto às praias e mercados informais.

Onde divertir-se Bares e discotecas ajudam a descontrair e a conviver.

pequenas lagoas ligadas entre si, num ambiente tropical, onde se pode nadar ou passear calmamente numa “gaivota” (pequeno barco movido a pedais). Entre o farol do Macuti e o Clube Náutico pode-se desfrutar uma bela praia de águas límpidas e dispondo de infraestruturas adequadas

Onde ficar Hotéis e residenciais, proporcionam aos visitantes uma agradável estadia.

Onde Relaxar A cerca de 10 Km para o interior, um local designado por “Six Miles”.

Cine-Teatro São Jorge atual Centro Cultural da U.P.

Uma série de ilhotas envolvidas por farol do Macuti

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Reserva de BĂşfalos de Marromeu

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Para visitar A Catedral, na Av Eduardo Mondlane, erigida em 1925. Na sua construção, foram aproveitadas pedras da fortaleza de Sofala do séc. XVI, entretanto desaparecida no mar.

tilo colonial, situada na Praça do Metical.

Casa Infante Sagres, localizada na praça do mesmo nome. Casa de Portugal, de es-

O Largo do Município, agradável conjunto urbano de estilo colonial situado

Casa dos Bicos, na Av Samora Machel, um edifício de estilo moderno onde tem lugar feiras e exposições.

no Centro da cidade, com esplanadas, lojas, salões e outros estabelecimentos que proporcionam agradável convívio. Fora da cidade: O parque nacional da Gorongosa, com uma fauna variadíssima de animais de grande porte e aves.

cazanostra.mz@hotmail.com

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Pérola do Índico Moçambique, as suas gentes e os seus encantos, a simpatia de um povo que sabe bem receber, terra índica, cheia de vida e de belezas escondidas, intocadas na sua natureza feita de praias sem fim, da Baía do Tungué passando pelas paradisíacas ilhas de Cabo Delgado à Ilha de Moçambique, com a sua cultura milenar e património da humanidade, das surpresas da Reserva Natural do Arquipélago de Bazaruto à dádiva de Inhambane, ponto de passagem obrigatória das baleias em migração, da praia do Xai-Xai, (abrindo-nos Revista Anual 2012

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o apetite com umas deliciosas ostras), à Ponta de Ouro, um dos destinos favoritos dos amantes por mergulho. Moçambique é também um dos novos santuários do mundo, investindo na recuperação da vida selvagem, com a sua variedade de reservas naturais e uma aposta forte no turismo cinegético de qualidade, onde se desenvolve uma consciência ambiental cada vez maior. Nas cidades, que nos parecem tão fami-

liares com a sua arquitectura que cruza a história e culturas tão diversas, sente-se o pulsar da vida quotidiana, desde o burburinho dos seus bazares ao exotismo do artesanato aos museus, bares e restaurantes. Mas como não podemos contar tudo, preparamos este guia onde poderá encontrar as pistas para usufruir a cultura, as pessoas, a gastronomia e a beleza de um país à sua espera para ser descoberto e acarinhado.


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HISTÓRIA Os povos primitivos de Moçambique foram os Bosquímanes. Entre os anos 200 a 300 DC, ocorreram as grandes migrações de povos Bantu, oriundos da região dos Grandes Lagos a Norte que empurraram os povos locais para regiões mais pobres a Sul. Nos finais do séc. VI, surgiram nas zonas costeiras os primeiros entrepostos comerciais patrocinados pelos Swahilárabes que procuravam essencialmente a troca de artigos vários pelo ouro, ferro e cobre vindos do interior. No séc. XV, inicia-se a penetração portuguesa com a chegada de Pêro da Covilhã às costas moçambicanas e o desembarque de Vasco da Gama na Ilha de Moçambique. Desde 1502 até meados do séc. XVIII, os interesses portugueses em Moçambique estavam sob a administração da Índia Portuguesa.

LOCALIZAÇÃO Moçambique localiza-se na Costa Sudeste do Continente Africano, tendo como limites a Leste o Oceano Índico, a Norte a Tanzânia, o Malawi e a Zâmbia, a Oeste o Zimbabwe e a África do Sul, e a Sul este último País e a Suazilândia. Com uma superfície total de 799 380 Km2, estende-se no sentido Norte-Sul voltado para o Índico com que se confronta ao longo de 2515 km de linha de costa. Estreitando de Norte para Sul, atinge a sua largura máxima no Centro Norte, entre a Costa e a confluência dos rios Aruângua e Zambeze e a menor a Sul, de apenas 47,5 km, na zona da Namaacha. Dispõe-se em anfiteatro a partir da zona litoral, onde cerca de 40% do território com uma altitude que varia dos 0 aos 200 metros, a que se segue, na região que abrange as áreas de Cabo Delgado, de Nampula e interior de Inhambane, uma zona de planaltos com altitudes entre os 200 a 600 metros, que se prolonga, entre Manica e Sofala, por uma região mais elevada com altitudes que atingem os 1000 metros. Esta zona é continuada junto à fronteira terrestre por uma região montanhosa onde se encontram os Revista Anual 2012

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pontos mais altos do País, 2436 metros no maciço de Massururero na escarpa de Manica e Sofala, 2419 metros nos Picos Namuli e 2000 metros na Serra de Gorongosa. A disposição orográfica associada a um clima tropical origina numerosos rios que correm em paralelo para o Oceano Índico

POPULAÇÃO Com uma posição estratégica privilegiada no Sul do Continente Africano, uma extensa costa de acesso fácil, rica em fauna piscatória, e terras férteis, Moçambique foi ao longo dos tempos ponto de chegada e de encontro de vários povos e culturas de que se destacam os povos Bantu da África Central, Árabes, Indianos e Europeus são, no entanto, os povos Bantu que, não constituindo uma raça específica mas um conjunto de grupos com uma cultura comum e uma linguagem similar, estão na origem das etnias dominantes, os “Yaos”, os “Macuas”, os “Angones”, os “Nhanjas”, os “Tongas”, os “Bitongas” e os “Muchopes” que se distribuem por esta ordem de Norte para Sul do País. Estes grupos estão ainda divididos por sub-grupos. Além dos descendentes dos grupos Bantu, são de salientar as comunidades Swahilis instaladas em áreas costeiras e responsáveis pela introdução do Islamismo em Moçambique, os Indianos e os Europeus dispersos por todo o País. Presentemente, a população moçambicana é da ordem dos 21 milhões de habitantes dos quais cerca de 30% vivem nos principais centros urbanos, de que se destacam: Maputo, Beira e Nampula

PRAIAS A costa de Moçambique, voltada ao Índico, pela sua extensão, orografia e clima, é rica em todo o tipo de praias e berço de muitas espécies marinhas, algumas das quais em vias de extinção.· No Norte predominam as praias rochosas, enquanto no centro, junto das embocaduras dos rios, se localizam as praias lodosas confinadas por extensos mangais e no Sul prevalecem as praias arenosas, com dunas altas e cobertas

de vegetação rasteira. Paralelamente à Costa, ilhas isoladas ou agrupadas em pequenos arquipélagos, algumas dispondo de boas estruturas turísticas, proporcionam a observação de variada vegetação e fauna ímpar. Nelas se podem encontrar monumentos históricos que assinalam a passagem de Árabes e Europeus, águas transparentes que convidam à natação e ao mergulho, barreiras de coral de uma beleza extraordinária, com ecossistemas ricos em espécies piscícolas raras, e um mar aberto onde é permitida a caça submarina e a pesca desportiva de algumas variedades cuja captura é o alvo mais desejado pelos amantes destes desportos. Entre as muitas praias que se estendem ao longo da costa, salientam-se, por mais conhecidas ou dispondo de melhores estruturas de apoio aos visitantes, as de Pemba, Ilha de Moçambique, Fernão Veloso, Chocas, Vilanculos, Tofo, Morrungulo, Inhassoro, Inhambane, Bazaruto, Zongoene, Xai-Xai, Bilene, Marracuene, Inhaca, Ponta de Ouro e Ponta de Malongane

CLIMA O clima em Moçambique, influenciado pelas monções do Oceano Índico e pela corrente quente do Canal de Moçambique, é de uma maneira geral tropical e húmido, com uma estação seca que, no Centro/Norte, varia de quatro a seis meses enquanto no Sul, com clima tropical seco, se prolonga por seis a nove meses. Nas montanhas, o clima é tropical de altitude. Clima nas Regiões do País: no Norte do País e zona costeira, o clima é tropical húmido; no Interior, no Sul e na Província de Tete, tropical seco e no interior de Gaza, tropical árido. Verificam-se uma época de chuvas, entre Outubro e Abril, As chuvas ocorrem entre Outubro e Abril, com temperaturas entre 27º e 29º e uma época seca, entre Maio e Setembro, com temperaturas entre os 18º e 20º. As temperaturas médias são da ordem do 20º no Sul, enquanto a Norte esse indicador ronda o 26º. As temperaturas mais elevadas verificam-se na época das chuvas.



CULTURA Moçambique sempre se afirmou como pólo cultural com intervenções marcantes, de nível internacional, no campo da arquitectura, pintura, música, literatura e poesia. Nomes como Malangatana, Mia Couto e José Craveirinha entre outros, já há muito ultrapassaram as fronteiras Nacionais. Também na área do desporto se destacou em várias modalidades, designadamente no atletismo com Lurdes Mutola. Importante também e representativo do espírito artístico e criativo do povo moçambicano é o artesanato que se manifesta em várias áreas, destacando-se as esculturas em pau-preto dos Macondes do Norte de Moçambique

FLORA E FAUNA Moçambique é rico em fauna e flora, terrestre e marítima. A orografia e o clima determinam três tipos de vegetação: floresta densa nas terras altas do Norte e Centro do País, floresta aberta e savana no Sul e, na zona costeira, os mangais. Estes ecossistemas constituem o habitat de espécies selvagens como elefantes, leões, leopardos, chitas, hipopótamos, antílopes, tartarugas, macacos e grande número de aves. A esta riqueza associam-se belas paisagens, quer nas zonas altas, quer nas zonas costeiras. Para possibilitar aos visitantes uma vivência com esta riqueza, em grande parte afectada pela guerra, estão em recuperação parques, como o parque Nacional de Gorongosa que foi um dos melhores de África, este parque é um tesouro de Moçambique que proporciona benefícios ambientais, educacionais, estéticos, recreativos e económicos a toda a humanidade. O parque está localizado na província de Sofala numa área de 3.770km2, no extremo sul do grande vale do Rift da África Oriental. A exuberância paisagística e a particularidade da fauna bravia deste Parque tornam-no num perfeito destino turístico quer para quem procura aventura quer para quem procura o lazer. Revista Anual 2012

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Destacando-se ainda as reserva de Maputo, rica em elefantes, a de Marromeu na foz do Zambeze onde predomina o búfalo, e reservas parciais como a de Gilé e a do Niassa respectivamente a nordeste de Quelimane e nas margens do rio Rovuma. Também no parque da reserva natural de Bazaruto se podem avistar aves exóticas, recifes de corais e espécies marinhas protegidas como dugongos, golfinhos e tartarugas marinhas.

AEROPORTOS Moçambique tem uma rede de aeroportos que permite a deslocação rápida e segura para qualquer parte do País. Os aeroportos de Maputo, Beira e Nampula estão abertos ao tráfego internacional e os de Pemba e Vilanculos ao tráfego regional.

FRONTEIRAS TERRESTRES Existem em: Ressano Garcia......(06h-22h), Namaacha..............(06h-20h) Goba......................(06h 20h) Ponta d`Ouro.........(06h-17h30) Machipanda...........(06h-18h) Cuchamano............(06h-18h) Zóbwè....................(06h-18h) Milange...................(06h-18h) Mandimba..............(06h-18h). Recomenda-se aos viajantes a chegada à fronteira com alguma antecedência em relação à hora de encerramento.

PORTOS Portos de Maputo, Beira, Nacala e Pemba.

VISTOS Para entrar no País é necessário um visto emitido por um Consulado ou Embaixada de Moçambique, sendo necessário para a sua obtenção a apresentação do passaporte, duas fotografias e o preenchimento de um formulário. Os vistos também podem ser obtidos junto das fronteiras para estadia até 30 dias. África do Sul, Suazilândia, Malawi, Tanzânia e Zimbabwe na base de acordos estão isentos de vistos

ALFÂNDEGA À chegada a Moçambique o visitante deverá declarar os artigos sujeitos a taxas aduaneiras. Estão isentos destas taxas e demais imposições aduaneiras: objectos de uso pessoal tais como vestuário, livros, máquinas fotográficas e de filmar; bens contidos na bagagem dos visitantes até aos seguintes limites: - Tabaco: 400 cigarros ou 100 cigarrilhas ou 50 charutos ou 250 gramas de tabaco para fumar; - Bebidas alcoólicas: 1 litro de espirituosas e 2,25l de vinho; - Perfumes: 50ml de perfume; - Especialidades farmacêuticas: quantidades razoáveis consumo próprio; - Outros artigos cujo valor não exceda os USD 50. São proibidos os narcóticos e material pornográfico. O transporte de armas necessita de uma licença especial. Para qualquer pagamento feito à Alfândega, deve ser solicitado o correspondente recibo. Entrada de veículos em viagens de turismo ou negócios, pertencentes ou conduzidos por não residentes é necessário obter-se uma licença de importação temporária na instância aduaneira de entrada. Os veículos importados temporariamente não podem ser vendidos ou emprestados e os proprietários devem ter sempre presente o documento comprovativo da importação temporária.

IDENTIFICAÇÃO É obrigatório o porte permanente de um documento de identificação ou de uma fotocópia autenticada do mesmo.

SAÚDE Para entrar no País é necessário apresentar o certificado de vacinação contra a febre-amarela.Durante a estadia devem-se tomar medidas para evitar picadas de mosquitos e cuidados no consumo de alimentos e de água, de forma a minimizar os riscos de transtornos intestinais frequentes em zonas tropicais. Em caso de necessidade de cuidados de saúde imediatos, devem recorrer aos hospitais, centros de saúde ou clínicas.


ELECTRICIDADE A corrente é de 220/240V 50 hz

ÁGUA

HORAS GMT+2 horas

FERIADOS

Embora a água corrente seja de razoável qualidade, é aconselhável beber água engarrafada.

São feriados em Moçambique, os dias:

Água engarrafada de boa qualidade está disponível praticamente em todos centros urbanos e turísticos.

03 de Fevereiro Dia dos Heróis Moçambicanos

CORREIO O serviço de correios está implantado nos principais centros urbanos. A SKYNET, DHL e o EMS também estão disponíveis

CONDUÇÃO A condução em Moçambique é feita pela esquerda. O condutor deve ser portador de documento de identificação, carta de condução internacional, registo da viatura, certificado de seguro da viatura válido no País. O uso de cintos de segurança é obrigatório e o carro deverá dispor de triângulo de pré-sinalização de perigo. O acesso a algumas zonas do País depende das condições climatéricas pelo que os condutores devem obter informações sobre os itinerários a percorrer antes do início da viagem.

LÍNGUA A língua oficial é o português.

01 de Janeiro

Ano Novo

07 de Abril Dia da Mulher Moçambicana 01 de Maio

Dia do Trabalhador

25 de Junho

Dia da Independência

07 de Setembro Dia dos Acordos de Lusaka 25 de Setembro Dia das Forças Armadas 04 de Outubro Dia da Paz 25 de Dezembro Dia da Família

TELEFONES É possível fazer ligações directas para todo o Mundo, marcando o indicativo internacional ou recorrendo a operadora. Para ligações a partir do estrangeiro marca-se 258 (indicativo internacional do País) seguido do número do posto telefónico. Também existem três operadoras de rede Móvel Mcel (82), Vodacom (84) e Movitel (86)

O inglês é de uma maneira geral entendido e falado. Numerosas línguas moçambicanas são comuns fora das áreas urbanas

MOEDA A moeda local é o Metical. O Dólar americano, o Euro e o Rand também são aceites em muitos locais. O câmbio actualizado é facilmente obtido nos bancos e casas de câmbio. Os cartões de crédito e travellers cheques também podem ser utilizados. 60

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EMBAIXADAS DE MOÇAMBIQUE

CONSULADOS

(Países onde existem Academias do Bacalhau)

(Países onde existem Academias do Bacalhau)

África do Sul 529 Edmond Street, Arcadia 0083, P.O. 57465

Brasil (São Paulo) R. Urano nº 399 Tel: (287) 1978/311073102 Fax: 310 50 383

Pretória 0007 - Tel: (2712) 4010300/4 Fax: (2712) 3266388 Angola Rua Salvador Allende, 55 – Luanda - Tel: (244-2) 334871 / 331158 Fax: (244-2 332883 / 322250 Bélgica e União Europeia Bd Saint Michel 97, 1040 Bruxelas - Tel: (32-2) 7360096 / 7362564 Fax:(32-2) 7320664 Brasil SHIS-QL 12 - Conjunto 07-casa 09 Lago Sul - Brasília Distrito Federal Tel: (55 61) 32484222 / 32485319 Fax: (55 61) 32483917 Estados Unidos da América e Canada 1525 New Hampshire Avenue, NW Washington, DC. 20036 -Tel: (01202) 2937149 Fax: (01202) 8350245 Portugal Av de Berna 7 - 1050 – Lisboa - Tels: (351-21) 796172/7958113/7958 056 Fax: (351-21) 7932720 República Francesa 82 Rue Laugiier 75017 - Paris Tel: (33-1) 47649132 Fax: (33-1) 44159013 / 42673828 Grã-Bretanha e Irlanda do Norte 21 Fitzroy square London W1T6EL Tel: (44 20) 73833800 Fax: (44 20) 73833801 Nações Unidas - Nova York: 420 East 50th Street, New York, 10022 Tels: 1212644-6800/1212644-5965 Fax: 1212644-5972/1212644-0528 Suazilândia: Highlands View Princess Drive Road P.O. Box 1212 - Mbabane Tels: (268) 4041296/7 Fax: (268) 4048482

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Cape Town (RSA): The Pinnacle Building - 8, Burg Street Tels: (27-21) 4262944/5 Fax: (27-21) 4262946 Durban (RSA): 320 West Street 7ºth floor - Room 2719 P.O. Box 4608, Durban Tels: (27-31) 3040200 / 3040213 Fax: (27-31) 3040774 Johannesburg (RSA): 1 Level, Wilds View, Isle of Houghton P.O. BOX 2492 - Johannesburg Tels: (27-11) 4846427/33 Fax: (27-11) 4845462/3 Nelspruit (RSA): Bell Street 32 PO Box 6516 Neslpruit Tels: (27-13) 7532089 Fax: (27-13) 7551207 Porto (República Portuguesa) Rua Santos Pousada nº 441 sala 4 C. Postal 4000 - 486 - Porto Tels: (351) 225377535/5191712 Fax: (351) 225103405 Austrália 4/8 Lauderdale Avenue, fair Light NSW Tel: (61) 2 9078890 Fax: 99078891


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Moรงambique / Maputo


Cabo Delgado

Niassa

PROVÍNCIAS DE MOÇAMBIQUE

Tete

Nampula Zambézia

Manica

Sofala Gaza

Inhambane

Maputo

GAZA

INHAMBANE

Limitada respectivamente a Norte e a Sul pelas Províncias de Manica e Maputo, a Oeste pela África do Sul e a Leste pela Província de Inhambane e pelo Oceano Índico, Gaza estende-se ao longo das bacias do Limpopo e Changane numa planície verdejante que apenas junto à fronteira com a África do Sul se prolonga em altitude. A sua situação geográfica torna-a ponto de passagem obrigatório para quem de Maputo, da África do Sul ou da Suazilândia, procura as águas mais cálidas das praias a Norte. No entanto, Gaza, cuja capital é Xai-Xai dista apenas 224 Km da cidade de Maputo, com as suas belas praias, complexos turísticos bem equipados, a espectacular foz do rio Limpopo e as extensas manchas verdes do vale deste rio, é um convite para umas boas férias ou um simples fim-de-semana relaxante. Também alguns dos Estabelecimentos Hoteleiros dispõem de estruturas adequadas para a realização de Reuniões de negócio ou outros Eventos, associando o trabalho ao desfrute das atracções que proporcionam. As etnias predominantes são Changana e Chopi. Revista Anual 2012

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MANICA

Limitada a Norte pelas Províncias de Manica e Sofala, a Sul e Leste pelo Índico e a Oeste pela Província de Gaza, Inhambane é uma das regiões de Moçambique mais dotadas para o turismo de qualidade.

Localizada no interior do Centro do País, tem como limites a Norte a Província de Tete, a Sul as Províncias de Inhambane e Gaza, a Leste a Província de Sofala, e a Oeste o Zimbabwé.

Com efeito, para além das excelentes praias que se estendem ao longo da costa da Província e no arquipélago de Bazaruto, dispõe no interior, de parques naturais onde variadas espécies de vegetação e animais podem ser observadas.

A Província de Manica encontra-se numa das zonas mais elevadas de Moçambique, sendo nela que nascem muitos dos rios que descem para Leste em direcção ao Índico.

Na cidade de Inhambane, capital da Província, pode-se ocupar os tempos livres com visitas ao museu local, monumentos e lugares de culto que assinalam a passagem de vários povos.

Nas suas montanhas nascem águas de elevada pureza, sendo as da serra do Vumba já comercializadas, com distribuição e excelente aceitação em quase todo o País. A capital é Chimoio, importante centro económico da Província.

As cidades de Maxixe, Quissico, e Vilankulos são outros centros urbanos a visitar para compras ou apreciar belezas naturais.

Vila Manica, cidade que vive do comércio fronteiriço, é o segundo centro urbano da região.

As etnias dominantes são os Mátshwa, os Bitonga e os Chopi.

As etnias mais representativas são os Shona, os Sena e os Ndau.


TETE

Tete é uma Província privilegiada onde a natureza e o engenho humano competem para constituir o ex-líbris da região. De um lado, a beleza natural, onde, ao plano da estepe com os seus embondeiros, árvores a que estão sempre associadas histórias transmitidas de geração em geração, se sucedem os vales profundos e verdejantes do Zambeze e seus afluentes. Do outro, essa obra gigantesca, a barragem de Cahora Bassa, a 2ª maior de África e a 5ª no Mundo, com uma albufeira que ocupa uma área de 2000 Km2, com 270 Km de comprimento e que na sua maior largura atinge 30 Km. Habitada predominantemente pelas etnias Nyanja, Nyungue e Sena, é uma região rica em recursos minerais e com aptidão para a agricultura e a pecuária, tendo também no ecoturismo forte potencial para desenvolver. Nas zonas mais recônditas abunda ainda uma grande variedade de fauna selvagem. Embora situada numa zona interior, tem uma posição privilegiada com fronteiras a Norte com a Zâmbia, a Leste com o Malawi, a Oeste com o Zimbabwe, e Ligandose a Sul às Províncias de Manica e Sofala

ZAMBÉZIA

Localizada no Centro/ Norte do País tem como limites a Norte as Províncias de Nampula e Niassa, a Sul Sofala, a Oeste o Malawi e a Província de Tete, e a Leste o Oceano Índico. Dispondo-se em anfiteatro voltado para o Índico, a vegetação vai mudando à medida que a altitude aumenta. Assim, enquanto nas zonas planas, junto à costa, se encontram extensos palmares, nas zonas mais elevadas do Gurué predominam as rasteiras e verdejantes plantações de chá. Entre elas, as culturas de algodão, os pomares e espécies exóticas, marcam a paisagem com as suas diferentes colorações. Na plana orla costeira, junto ao rio dos Bons Sinais, assim designado por Vasco da Gama que encontrou aí a certeza de estar na rota certa para a Índia, ergue-se a bonita cidade de Quelimane, capital da Província e importante porto de cabotagem. Um pouco mais a Sul, na embocadura do rio Zambeze, encontra-se Chinde, antigo pólo da produção de açúcar e que já alguém considerou a vila mais antiga da Zambézia. A Zambézia, sulcada por numerosos rios de vales verdejantes, é um habitat privilegiado para uma fauna diversificada que inclui grandes mamíferos e aves que se podem observar na reserva do Gilé, no distrito do mesmo nome, na reserva natural florestal de Derre, no Distrito de Morrumbala, onde se pode encontrar a palapala cinzenta, e na reserva de caça Madal Safaris no Distrito de Chinde com uma enorme variedade de aves.

NAMPULA

Localizada no Norte do País, tem como limites a Norte as Províncias de Cabo Delgado e Niassa, a Sul e a Oeste a Zambézia e a Leste o Oceano Índico. A Província de Nampula ou mais correctamente a Ilha de Moçambique, hoje considerada património mundial, pode considerar-se o berço da unidade territorial que constitui actualmente a Nação Moçambicana. A esta pequena ilha de coral, junto à costa, cujo nome é atribuído, por uns, à designação original de Muipiti, enquanto outros assumem que a identificação de Moçambique, que passou a ser utilizada a partir do séc. XVI, teve origem no nome Mussa-Bin-Biki, filho do sultão, senhor da ilha, Bin-Biki, afluíram desde tempos remotos povos de diferentes origens, com predominância dos árabes que a utilizavam como entreposto para o comércio com o interior e ao longo de toda a costa moçambicana. Foi aí também que, em 1498, aportaram os navegadores portugueses que expulsaram os interesses instalados e tornaram a Ilha num ponto estratégico a partir do qual iniciaram a expansão para outras regiões do País. Para o efeito construíram a fortaleza de São Sebastião e uma feitoria. Nampula é uma Província rica em paisagens, passado histórico e posicionamento estratégico, reflectidos nas cidades de Nampula, Ilha de Moçambique, Angoche e Nacala, um dos melhores portos naturais de África. A etnia dominante é a Macua

As etnias mais importantes na Província são os Chuabos, os Lomwè e os Macuas.

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Moçambique / Maputo


NIASSA

CABO DELGADO

É a maior Província de Moçambique, com locais de extraordinária beleza e onde ainda se podem encontrar áreas cobertas de selva natural. O Lago Niassa, o terceiro maior de África, e o Malawi delimitam a província a Oeste, enquanto a Este faz fronteira com a província de Cabo Delgado, a Norte com a Tanzânia e a Sul com as províncias de Nampula e Zambézia. O principal centro urbano é Lichinga, localizado no planalto com o mesmo nome na parte ocidental da província não muito distante do Lago Niassa.

É a Província mais setentrional de Moçambique, tendo como limites, a Norte o rio Rovuma que limita a fronteira com a Tanzânia, a Sul o rio Lúrio que a separa da província de Nampula, a Leste o Oceano Índico e a Oeste a província de Niassa. Cabo Delgado é habitada predominantemente por grupos étnicos: Maconde, Macua e os Mwani. O centro urbano mais importante é Pemba, uma cidade histórica situada na baía com o mesmo nome, a terceira maior do mundo, que constitui também um importante centro turístico.

As etnias mais predominantes na Província são os Macua, os Nyanja e os Yao. Para Norte, ao longo de 200 Km de costa, estende-se o arquipélago das Quirimbas, constituído por 32 ilhas, de que ressalta pela sua importância histórica, beleza natural e magníficas praias, a Ilha do Ibo que, no passado, foi um importante centro comercial, primeiro dominado pelos árabes e depois pelos portugueses.

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Moçambique 2012 XLI Congresso Mundial Das Academias Do Bacalhau Maputo, 14 a 16 Setembro 2012 www.academiadobacalhau.org www.Facebook.com/Academiabacalhau.maputo www.Twitter.com/ac_bacalhau_mpt

PROGRAMA 14 Setembro | Sexta-feira Chegada dos congressistas e Transfers personalizados Aeroporto x Hotel (ao longo da semana) Registo dos Participantes Cocktail de Boas Vindas na Fortaleza de Maputo (17h00 as 20h00). Inclui entregas de prémios do torneio de Golfe das Academias 15 Setembro | Sábado 9h – 16h Passeio sugerido para acompanhantes (Cidade de Maputo e seus encantos, com inicio no Polana Serena hotel e almoço na estação centenária dos CFM) 9h às 12h30h Congresso (Pestana Rovuma Hotel) 12h30 às 14h Almoço (almoço c/ bacalhau à nossa maneira) 14h às 16h Congresso (continuação se necessário) 20h Jantar de Gala (Girassol Indy Village) 16 Setembro | Domingo 11h – 17h Almoço de despedida na Casa Mafurra (Matola), arredores de Maputo com buffets locais, grelhados, divertimentos variados com as crianças da Casa do Gaiato e do Centro Cultural de Matalana, e muito boa disposição. Partida dos congressistas e Transfers personalizados para o Aeroporto x Hotel (toda a semana)

AGRADECIMENTOS A Academia do Bacalhau de Maputo e a Academia do Bacalhau da Beira agradecem a todas as Comadres, Compadres e amigos, em nome individual e institucional, o apoio dado sem o qual não teria sido possível realizar o XLI Congresso Mundial das Academias do Bacalhau e a Revista do Congresso A todos um Kanimambo e um Gavião de Penacho!!!!!

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