Tate

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edição

2014/02

ZAHA HADID E O TEATRO DE ÓPERA GUANGZHOU DESIGN QUE TRANSFORMA A SUAVIDADE DAS ILUSTRAÇÕES DE AMY SOL O MUNDO FASHION E A PASSARELA CRONOLÓGICA

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você por dentro da arte

bem-vindo ao tate.

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entertate, edição de aniversário, 2014/02. www.entertate.com

Publicada por Tate Group semestralmente. www.tate.org.uk



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galeria tate modern

10 Especial de aniversário 12 A Photographic Journey

arquitetura

18 arquitetura de seixos, à beira do rio das pérolas

mobilidade

28 sobre duas rodas 32 para passear com estilo 33 conheça a clarity 34 sistema de bicicletas comunitárias

cinema

40 um figurino de perder a cabeça

ilustração

52 a suavidade dos personagens de amy sol

gastronomia

62 mapas para comer o mundo 66 sobremesas que inspiram

design social

72 artista transforma lixo em casas móveis 76 design que transforma água salgada

fashion

82 passarela cronológica

orgânico

98 karim rashid 100 ross lovegrove

tecnologia

106 o maravilhoso mundo da impressão 3d


Tate

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Modern 9


O Tate Modern de Londres é um museu britânico de arte moderna e faz parte, juntamente com a Tate Britain (antiga Tate Gallery, renomeada em 2000), a Tate Liverpool, a Tate St. Ives e a Tate Online, do grupo atualmente conhecido simplesmente como Tate. O museu foi instalado na antiga central elétrica de Bankside, no distrito de Southwark, às margens do Tâmisa. A usina, projetada pelo arquiteto Sir Giles Gilbert Scott e construída em duas fases, entre 1947 e 1963, foi desativada em 1981 e o edifício foi reconvertido pelos arquitetos suíços Herzog e de Meuron. Desde sua abertura, em 12 de maio de 2000, o museu promove importantes mostras temporárias de arte moderna e contemporânea, e tornou-se a terceira maior atração londrina. Na coleção da Tate Modern figuram algumas importantes obras de Pablo Picasso, Matisse, Braque, Natalya Goncharova, de Chirico, Francis Bacon, Alexander Calder, Chagall, entre muitos outros artistas do século XX.

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Tate Modern Study Drawing, K. Conty (2006)

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the Tate Modern A Photographic Journey por Rich Clark

“Uma coisa, porém, que sempre acontece quando entro no Tate é que ele me faz avançar com minhas próprias idéias, faz-me lembrar daquelas que descrevi e depois foram esquecidas e, muitas vezes, evoca novas idéias. Muito mais ideias novas do que aquelas que foram esquecidas.” A imagem que ilustra a capa desta edição faz parte do trabalho do fotógrafo Rich Clark, realizado em uma de suas visitas ao Tate Modern. Com o seu próprio celular, decidiu capturar momentos inusitados durante seu passeio pelo museu. Suas fotos nunca retratavam a arte em exposição, mas outros detalhes, a forma do edifício, os pisos, as portas, as sempre presentes barreiras à arte “Não toque”, “não cruzar essa linha” e a sempre presente ‘Saída”. Era sobre as texturas, as sombras, a viagem de entrada até a saída que o inspirava.

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Queríamos realizar uma analogia da paisagem, de forma que as características da natureza pudessem se expressar na arquitetura. Um exemplo são as suaves linhas do terreno inclinado que penetram nos volumes da Ópera como curvas assimétricas, definindo as la jes de transição entre os pavimentos. Zaha Hadid, p. 19

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Arquitetura

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Teatro de 贸pera, Guangzhou, China


arquitetura de seixos, à beira do rio das pérolas texto de Fábio de Paula | fotos Zaha Hadid Architects

há poucos lugares no mundo onde os arquitetos podem encontrar, nos dias de hoje, clientes tão visionários e apaixonados por inovação quanto na china. a afirmação é da arquiteta zaha hadid, que viu inaugurado, em fevereiro de 2011, o edifício da ópera de guangzhou, cidade antigamente conhecida como cantão.

O projeto da edificação foi escolhido em um concurso internacional realizado em 2002, mas a equipe de Zaha Hadid só começou a elaborar o executivo em 2004. No ano seguinte teve início a construção, concluída em 2010, quando foram realizados testes de acústica e segurança. À beira do rio Guangdong (rio das Pérolas), o conjunto ocupa um lote entre edifícios culturais e arranha-céus do setor financeiro do bairro de Zhujiang. “Como a Ópera seria alocada no centro de uma extensa zona em expansão, cujo plano diretor inclui espaços cívicos e torres comerciais, propusemos uma implantação que inclina suavemente a área livre em direção às duas edificações”, explica a arquiteta.

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A obra totaliza 73 mil metros quadrados construídos em um terreno de 42 mil metros quadrados, com ampla área livre e dois edifícios, ambos com salas de ensaio e apoio, espaços administrativos, lobbies e lounges, cafeterias e restaurante. O prédio menor tem quatro pavimentos superiores e um subterrâneo, e auditório com 440 assentos. O maior conta com sete pavimentos superiores e quatro inferiores; nele se localiza a sala de concertos principal, com plateia para 1,8 mil pessoas e palco de 300 metros quadrados.


Arquitetura

As pedras do rio moldadas pela erosão serviram de inspiração para a volumetria. “Na cultura chinesa, a ideia de seixos e rochas às margens de um rio é como uma metáfora, repleta de significados”, salienta Zaha.

fundidas em areia, como se fossem sinos medievais, mas montadas com precisão milimétrica a partir do uso de laser e de sistemas de posicionamento GPS”

Quando projetou o edifício, porém, a arquiteta não pensava em construir essa metáfora. “Queríamos realizar uma analogia da paisagem, de forma que as características da natureza pudessem se expressar na arquitetura. Um exemplo são as suaves linhas do terreno inclinado que penetram nos volumes da Ópera como curvas assimétricas, definindo as lajes de transição entre os pavimentos”, revela a autora.

A acústica, porém, foi resolvida com o apoio de consultores locais, porque os requisitos de áudio em um espetáculo diferem entre o Ocidente, onde se explora a acústica natural da sala, e a China, onde o foco na dramaticidade permite a utilização de equipamentos de som.

No interior dos edifícios, essas linhas dividem-se no sentido vertical, delimitando os espaços secundários e configurando o perímetro das salas de concerto. Comum nos projetos de Zaha, a assimetria resultante se justifica pela experiência anterior da arquiteta, para quem ela “dá real profundidade à acústica natural”. A segurança da complexa estrutura dos edifícios foi garantida pelos arquitetos de Londres, que definiram previamente todos os detalhes construtivos, como as 59 juntas de aço que compõem o esqueleto do prédio principal. Elas diferem umas das outras e, segundo Zaha, “foram

Assim, dentro dos auditórios, a solução são painéis de gesso reforçado com fibra de vidro (GRG), que possibilitam a criação de uma superfície única com múltiplas dobras, e a aplicação de placas acústicas pontilhadas por elementos vazados, neste caso com medidas calculadas uma a uma. “Nossa equipe procurou balancear os três parâmetros da acústica: a reverberação, a clareza e a pressão sonora, o volume. Na frente do auditório principal, porém, onde era necessário que a pressão sonora fosse atenuada, descobrimos somente in loco que, quanto mais profundos e próximos os furos, mais efetivos eles seriam em atenuar o volume”, explica Zaha.

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Arquitetura

Os painéis de GRG que compõem as paredes foram fabricados sob medida a partir de moldes de cera criados pelos empreiteiros, o que garantiu uniformidade de acabamento dentro da geometria dos auditórios. “Esses modelos foram diretamente produzidos a partir dos arquivos 3D de computador que nós fornecemos, assegurando total precisão no produto final”, diz a arquiteta. No auditório principal, todas as placas são douradas, com acabamento acetinado, padrão que se repete no forro dos assentos, cuja estrutura é feita de cobre, mesmo material usado nas luminárias suspensas. A combinação resulta em um espaço confortável aos olhos, iluminado por minúsculos leds brancos.

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Arquitetura

O exterior dos dois prédios, por sua vez, é revestido com peças triangulares de granito moldadas de acordo com os vãos entre a estrutura. Placas triangulares de tessela ocupam a base dos edifícios, mas no maior deles foi usado granito cor de carvão com textura áspera, enquanto no menor, onde está o salão multiuso, foi aplicado um granito mais claro. “Esses acabamentos texturizados reforçam nosso conceito geral, que remete a pedras erodidas, no caso do granito, e à água de um córrego, no caso das tesselas - é a manutenção da nossa linguagem arquitetônica, baseada na exploração das formas da natureza, na analogia da paisagem”, conclui Zaha.

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Cidades que enfrentarem seus desafios em mobilidade urbana vão dar um salto à frente das outras, atraindo pessoas que demandam um estilo de vida saudável, e servindo de inspiração para todas as outras. Arturo Alcorta, p. 34

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Mobilidade

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Clarity, a bicicleta transparente do estĂşdio alemĂŁo Designaffairs


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Mobilidade

sobre duas rodas reprodução Cidade da Bicicleta

bicicleta: o meio de transporte mais utilizado do mundo e que não polui o planeta

Apesar de alguns autores defenderem que Leonardo da Vinci, ou um seu discípulo, concebeu um projeto muito semelhante à bicicleta tal como a conhecemos hoje, a legitimidade histórica do desenho do Codex Atlanticus é muito contestada e mesmo considerada como fraude. Na China a invenção da bicicleta é atribuido ao antigo inventor chinês Lu Ban, que nasceu há mais de 2.500 anos atrás. Em 1680, Stephan Farffler, um alemão construtor de relógios, projetou e construiu algumas cadeiras de rodas tracionadas por propulsão manual através de manivelas, mas o certo é que o alemão Barão Karl von Drais pode ser considerado o inventor da bicicleta, pois, em 1817 ele implementou um brinquedo que se chamava celerífero, desenvolvido pelo Conde de Sivrac em 1780. O celerífero fôra construído em madeira com duas rodas interligadas por uma viga e um suporte para o apoio das mãos e destinava-se apenas a tração utilizando-se dos pés quando o “velocipedista” postava-se na viga de madeira. O Barão Drais instalou em um celerífero um sistema de direção - guidão - que permitia fazer curvas e com isto manter o equilíbrio da bicicleta quando em movimento, além de um rudimentar sistema de frenagem. O sucesso foi tanto que em abril de 1818, o próprio Barão Drais apresenta seu invento no parque de Luxemburgo, em Paris, e meses mais tarde faz o trajeto Beaune - Dijon, na França. Drais patenteou a novidade em 12 de janeiro de 1818 em Baden, Paris e outras cidades européias. Mesmo sendo um avanço para a época, seu “produto” não tornou-se popular e o Barão foi ridicularizado e seu projeto o tornou um homem falido. Em pleno século de revoluções industriais e científicas como foi o século XIX, não demorou muito para a draisiana ser modificada e melhorada. Poucos anos se passaram, após o registro de Drais, e o “veículo” foi apresentado em uma estrutura de ferro e também recebeu uma sela, melhorando em resistência e conforto.

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No dia 20 de abril de 1829 aconteceu a primeira competição que se tem conhecimento utilizando-se do veículo de duas rodas da época. Neste dia, competiram 26 draisianas percorrendo 5 quilômetros dentro da cidade de Munique. Em 1839, o escocês Kirkpatrick Macmillan adapta ao eixo traseiro duas bielas ligadas por uma barra de ferro. Isto provocou o avanço da roda traseira, dando-lhe maior estabilidade e possibilidade de manuseio e manejo rápido. Com esse mecanismo a bicicleta ficou mais segura e estável, pois nas curvas evitava o antigo jogo do corpo para o lado oposto ao movimento a fim de manter estável o equilíbrio, já que o equipamento em si era bastante pesado. No ano de 1855 o francês Ernest Michaux inventa o pedal, que foi instalado num veículo de duas rodas traseiras e uma dianteira. Os pedais eram ligados à roda dianteira, e o invento ficou conhecido como velocípede, palavra oriunda do latim velocidade e pé ou velocidade movida a pé. Alguns consideram-no a primeira bicicleta moderna, e na verdade ficou sendo chamado de triciclo posteriormente. A prefeitura de Paris criou, em 1862, caminhos especiais nos parques para os velocípedes para não se misturarem com as charretes e carroças, dando assim origem às primeiras ciclovias, pois era comum alguns acidentes, rotineiramente os animais das charretes e carroças assustavam-se, causando sustos e ferimentos aos condutores. No mesmo ano, Pierre Lallement viu alguém andando com uma draisiana e teve a ideia de construir seu próprio veículo, mas com a adaptação de uma transmissão englobando um mecanismo de pedivela giratório e pedais fixados no cubo da roda dianteira. Ele então acabou criando a primeira bicicleta propriamente dita depois que mudou-se para Paris em 1863.

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Mobilidade

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para passear com estilo Quem disse que a gente tem que perder o estilo enquanto pedala?

Deixar o carro em casa não é tarefa fácil, mas o substituto ser bem mais estiloso que a versão quatro rodas ajuda. O alto escalão da moda já se rendeu à mania: Chanel, Hermès, Gucci e Fendi são algumas das marcas que criaram sua versão, acompanhadas de luxuosos acessórios. Bancos de couro matelassê, cestinhas charmosas e até bolsas destacáveis estão inclusos. Faz algum tempo que algumas pessoas estão escolhendo a bicicleta como o seu meio de transporte. Elas são cada vez mais utilizadas nos centros urbanos. E não é para menos: as cidades resolveram investir nas ciclovias, o trânsito de carros está caótico e em cima de uma bike o caminho para o trabalho pode virar um passeio super agradável. Percebendo esse nicho de mercado, muitas grifes investiram no design de bicicletas e afins. As primeiras a se aventurarem nos selins foram a Hermès, que explorou a cor laranja para dar a personalidade da grife a sua bike, e a Chanel, que desenvolveu um modelo preto com bolsa de matelassê que parece a 2.55… Ambas deslumbrantes! Um tempo depois a Missoni apareceu com uma bike na sua famosa estampa Chevron. E as marcas, Fendi e Gucci, com modelos cheios de atitude e chiques de viver. Agora a Dolce & Gabbana fez uma bicicleta toda de print leopardo, perfeita para quem é mais extravagante. Além do design, muitas empresas começaram a prestar atenção no que trajamos quando vamos de bike para determinadas ocasiões. Antigamente a gente se vestia para andar de bicicleta, hoje em dia ela faz parte do nosso cotidiano. A gente se veste para ir ao cinema e usa a bike para chegar ao nosso destino. Quem disse que a gente tem que perder o estilo enquanto pedala? Fonte: Harpersbazaar

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Mobilidade

conheça a clarity reprodução CicloVivo | foto Designaffairs

Uma bicicleta transparente pode parecer algo impossível. Mas, os criativos do estúdio alemão Designaffairs conseguiram transformar este fator inusitado em realidade. Ainda não existem alternativas que façam os pneus ficarem transparentes, mas o quadro da bike já ganhou este formato. A Clarity, como foi apelidada, possui, além da forma inovadora, outras características essenciais prezadas por qualquer ciclista: leveza e durabilidade. Para alcançar o efeito ideal, que proporcionasse transparência ao quadro, foi preciso o uso de um material especial, que não comprometesse o desempenho da bike. Portanto, os designers apostaram em um polímero avançado, de alta resistência, chamado de Trivex, que também é usado nas janelas de aviões militares. Ele é moldado na forma do quadro, o que descarta o uso de costuras ou soldagens. A Clarity é ideal para quem deseja pedalar com conforto e estilo. Para seguir um padrão que é tendência em diversos pontos do mundo, a bicicleta é no formato fixo. Bastante comuns entre os ciclistas que pedalam na cidade, mas que mantém uma design que chega a lembrar os modelos de corrida. Além disso, ela não possui freios.

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sistema de bicicletas comunitárias texto por Arturo Alcorta | foto de Stan Honda

cidades que enfrentarem seus desafios em mobilidade urbana vão dar um salto à frente das outras, atraindo pessoas que demandam um estilo de vida saudável, e servindo de inspiração para todas as outras.

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Mobilidade

A primeira vez que se colocou um programa de bicicletas comunitárias disponível ao público foi em 1966 (algumas fontes dizem 1964, outras 1969), quando algumas bicicletas “old dutch” femininas pintadas de branco foram deixadas soltas no Centro de Amsterdam para quem quisesse usá-las. A idéia do “happening” foi de Luud Schimmelpennink, que pretendia que elas passassem de mão em mão e que se tornassem uma opção comunitária de transporte. As bicicletas acabaram confiscadas pela polícia. Luud fez tentativas de institucionalizar o projeto com a prefeitura, mas ouviu um “a bicicleta está descartada; o futuro é do automóvel”. Foram realizadas outras tentativas, mas o resultado quase sempre terminava em roubo, como em Cambridge, Reino Unido, em 1975, onde todas desapareceram quase que instantaneamente. No começo dos anos 2000 a idéia foi retomada em algumas cidades da Europa. Dois sistemas entraram em funcionamento, um na França e Espanha onde a bicicleta fica presa a um bicicletário e o usuário tem que estar inscrito no sistema, e outro na Alemanha onde não há bicicletário e as bicicletas ficam travadas na rua e são liberadas através de um código. O sistema francês foi testado com sucesso em Lion, em 1975, e tem em Paris o maior de todos os sistemas existentes com mais de 20.000 bicicletas disponíveis. Sevilha e Barcelona, Espanha tem um sistema com funcionamento muito parecido. O sucesso em Barcelona foi total e 3 meses depois de implantado levou às ruas 70.000 novos ciclistas. Em Paris, no seu primeiro mês de funcionamento havia 1 milhão de inscritos e filas para sair pedalando. As bicicletas têm desenho diferenciado para dificultar o roubo e só podem ser paradas nos bicicletários disponíveis, que estão em média a cada 300 metros. Para usar as bicicletas é necessário pagar uma taxa. O sistema alemão usa bicicletas mais sofisticadas, com suspensão dianteira e traseira, e sistema de rastreamento por satélite. O modelo é um tanto pesado, mas agradável de usar. O interessante é o projeto do quadro que não permite uma condução mais agressiva. A bicicleta pode ser parada em qualquer local, mas é inevitável que se use as duas travas, a ferradura de roda e o cabo para prender em qualquer local de onde a bicicleta não possa ser carregada. O custo para o usuário de qualquer um destes sistemas é baixo se comparado a qualquer outro modo de transporte. A idéia continua sendo a mesma das bicicletas brancas: estimular o uso da bicicleta de forma a diminuir o uso do automóvel. Na maioria das cidades da Europa e em várias cidades americanas há bicicletas para alugar. O turismo urbano de bicicleta é cada dia mais comum. Não raro se vê grupos de ciclo-turistas acompanhando guias-turísticos-ciclistas.

Indicadores de um bom sistema integrado Densidade de estações: Uma rede bem distribuída deve ter de 10 a 16 estações por quilômetro quadrado (distância máxima de 300 metros entre elas e que pode ser percorrida a pé). Isso é fundamental para aumentar a adesão ao novo sistema. Número de bicicletas por moradores: De 10 a 30 bicicletas devem estar disponíveis para cada grupo de 1.000 moradores. Áreas muito densas ou com grande fluxo de pessoas devem possuir um número maior. Área de cobertura: A área mínima a ser coberta deve ser de 10 quilômetros quadrados, grande o suficiente para conter um número significativo de pontos de origem e pontos de destino interessantes, e assim atrair novos usuários. Qualidade das bicicletas: As bicicletas devem ser duráveis, atraentes e práticas de se usar (com cestinhas para carregar bolsas e/ou compras, cobre corrente e paralamas para proteger as roupas de sujeira; quadro baixo para facilitar sentar na bicicleta com qualquer tipo de roupa). O design diferenciado de peças e componentes também aumenta a segurança e desencoraja furtos. Facilidade de uso: A retirada e devolução devem oferecer conveniência. A tecnologia é decisiva para se criar uma interface simples de usar. Exemplos dessa tecnologia são o sistema de travamento seguro e automatizado e o monitoramento em tempo real das bicicletas em uso.

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Os defensores da rainha dizem que, nesse clima de futilidade, ela foi mãe amorosa, esposa leal e benfeitora das artes. Jamais pronunciou a frase “Se não têm pão, que comam brioches” Um figurino de perder a cabeça, p. 47

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Cinema

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Cinema

Um figurino de perder a cabeça fotos frames do filme de Sofia Coppola | texto publicado originalmente na revista Veja edição 1981

Maria Antonieta, a rainha que inventava moda, volta à cena em livros e filmes em que o papel principal cabe, como sempre, a suas roupas e seus penteados

Uma pergunta ronda a Europa há mais de dois séculos: Maria Antonieta, a rainha decapitada na fase mais radical da Revolução Francesa, foi uma boa bisca que apressou a derrocada da monarquia com seus hábitos absurdos ou uma pobre inocente transformada em símbolo do mal e cruelmente sacrificada? Parafraseando Chu Enlai, o dirigente comunista chinês, ainda é muito cedo para saber. Mas há uma nova onda de interesse no assunto – e a tendência revisionista do momento é não só resgatar a reputação da rainha como reinstaurá-la no seu trono de suprema soberana dos modismos mais extremados. Recapitulando os fatos básicos: a loiríssima arquiduquesa da Áustria tinha 14 anos, pele de porcelana (atributo raro em tempos de varíola), o gênio forte e o lábio inferior proeminente dos Habsburgos quando, em 1770, deixou a casa da mãe, a indomável imperatriz Maria Teresa, para se casar. O noivo era o herdeiro do trono da França, Luís XVI, aos 15 anos um menino gorducho, desengonçado e extremamente tímido. Novata e estrangeira numa corte controlada por impenetráveis rituais e politicagem convulsiva, virgem durante sete anos de casamento por improficiência do marido e, portanto, impossibilitada de cumprir sua missão de conceber um herdeiro, Maria Antonieta achou, na criação de um estilo arrojado, um jeito de firmar sua posição.

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Cinema

Maria Antonieta tornou-se assim a mulher mais bem vestida, mais bem penteada e mais bem maquiada de seu tempo (sendo “bem”, no caso, sinônimo de excesso incontrolado, barroco, fantasioso – enfim, justamente o necessário para torná-la adorada pelos fashionistas séculos depois). Ao ser coroada rainha, aos 19 anos, tinha reputação firmada. Quando enfim o marido compareceu e ela se tornou mãe, aos 22, Maria Antonieta – e seu guarda-roupa fabuloso, que era aberto à visitação pública – estava no auge. Durante algum tempo, foi aplaudida e imitada, não só pelas mulheres da nobreza, mas pela população feminina em geral. Quando seus gastos e seus exageros se tornaram munição constante dos antimonarquistas, a maré virou: acusada de todos os pecados possíveis, inclusive adultério, homossexualismo e pedofilia, passou a ser odiada. Encarcerada pelos revolucionários, aos 37 anos subiu, pálida e elegante, os degraus que a levaram à guilhotina. Seu lugar na hagiografia dos monarquistas, na história dos movimentos revolucionários e na memória dos fanáticos por estilo estava garantido. Neste ano, num dos seus renascimentos cíclicos, Maria Antonieta é tema de quatro livros, um documentário e um muito comentado filme, dirigido por Sofia Coppola e estrelado por Kirsten Dunst, que acaba de estrear nos Estados Unidos e deve chegar ao Brasil em fevereiro. No filme, Maria Antonieta, suas damas e seus fidalgos desfilam uma infinidade de roupas, sapatos e penteados elaborados. A consagrada italiana Milena Canonero, responsável pelo figurino, conta que, cinco meses antes do início das filmagens, já percorria a Europa atrás de enormes quantidades de tule, organza, tafetá, seda, musselina e linho – cada vestido da rainha consumiu 15 metros de tecido. Em nome de uma aparência “mais leve e suave”, trocou camadas e camadas de renda por apliques e babadinhos de organza e tule. Também evitou carregar muito nas jóias de época, embora dispusesse de 4 milhões de dólares em colares, brincos e adornos de ouro e diamantes, um luxo criado especialmente pela joalheria Fred Leighton. Por encomenda sua, Manolo Blahnik, o sapateiro das estrelas, criou vinte modelos para o filme (dos quais cinco estão chegando às lojas). “Naquele mundo da aristocracia, as pessoas trocavam de roupa o tempo todo. A moda mudava, exatamente como agora. E todos queriam estar sempre na última moda”, explica.

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O filme é opulento, tem os vastos recursos das produções americanas e uma direção de arte sofisticada, mas não se compara com Maria Antonieta, a própria. Seus vestidos de festa, com armações nos quadris que mediam quase 4 metros de uma ponta à outra, eram revestidos de pedras preciosas e adornados com laços, apliques, rendas e peles de cima a baixo, em monumentais criações de Rose Bertin, costureira que ela transferiu de uma loja em Paris para dentro do palácio – provavelmente a primeira estilista digna desse nome. Resultado: o orçamento anual para comprar roupas da rainha, equivalente a 3,6 milhões de dólares em moeda atual, nunca dava para o gasto, e ela ganhou o apelido de Madame Déficit. Mais simbólicos ainda de sua era foram os poufs, nome dado aos penteados-esculturas que o cabeleireiro Léonard criou para a rainha e todas, claro, imitaram e, quando possível, superaram. Funcionava assim: Léonard montava uma estrutura de arame recoberta de lã, tecido, crina de cavalo e gaze e a prendia na cabeça de madame, disfarçada com cabelo dela e emprestado e firmada à custa de pomada e talco (território preferencial de piolhos; as elegantes nunca dispensavam um longo “coçador” de ouro e diamantes). Por cima disso vinha o tema: de Maria Antonieta, ficaram célebres o pouf à l’inoculation (uma serpente enroscada numa oliveira e, atrás, um sol gigante, para celebrar a decisão de Luís XVI de se vacinar contra a varíola), o pouf à l’independence (um navio com suas quatro velas ao vento) e o pouf à la jardinière, composto de uma alcachofra, uma cenoura, alguns aipos e um repolho inteiro.

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Gênero: Drama Direção: Sofia Coppola Roteiro: Sofia Coppola Elenco: Asia Argento, Aurore Clément, Jason Schwartzman, Judy Davis, Kirsten Dunst, Marianne Faithfull, Rip Torn, Steve Coogan Produção: Ross Katz, Sofia Coppola Designer de Produção: K.K. Barrett Direção de Arte: Pierre Duboisberranger, Anne Seibel Figurino: Milena Canonero Fotografia: Lance Acord Duração: 123 min. Ano: 2006 País: Estados Unidos Estúdio: Columbia Pictures Corporation Baseado em romance escrito por Antonia Fraser

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Cinema

Até quando brincava de camponesa na fazenda de fantasia que instalou em torno de seu palácio particular, o encantador Petit Trianon, Maria Antonieta e suas damas, de vestido branco enfeitado de fitas e chapéu de palha na cabeça, esbanjavam caríssima simplicidade. Os defensores da rainha dizem que, nesse clima de futilidade, ela foi mãe amorosa, esposa leal e benfeitora das artes. Jamais pronunciou a frase “Se não têm pão, que comam brioches” – embora tampouco tenha dedicado grande atenção aos súditos escandalizados com seu modo de vida. Ao ser levada para a guilhotina, nove meses depois do marido, tinha os cabelos brancos e o rosto envelhecido. Mas o filme de Sofia Coppola não mostra isso – acaba justamente quando o populacho enraivecido invade o palácio. Será que a patricinha de Versalhes entendeu que seu mundo – e um mundo – desabava naquele instante? Está aí um bom tema para mais dois séculos de discussões.

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“Gosto que meus personagens não estejam acordados, nem dormindo. E que o mundo onde estão seja como um sonho, pois é como me sinto quando conectada ao imaginário criativo”. Amy Soul

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a suavidade dos personagens femininos de amy sol fotos amy sol

suaves ilustrações pastéis sobre um bosque encantado e heroínas serenas.

Retratar mulheres é tema universal: femininas, doces, amáveis, o lado mais suave do ser humano, da natureza e da vida – criada por elas. Tal candidez e elegância pode ser vista nos desenhos da coreana Amy Sol: em ilustrações pastéis sobre um bosque encantado e heroínas serenas. Misturando cores há alguns anos, a garota criou sua própria palheta de tons suaves, aos quais deu nomes e decidiu mostrar ao mundo. Ganhando merecida atenção no circuito norte-americano de exposições, a artista fisga por tanta feminilidade. E mostrou que seu lugar no mundo não precisa, necessariamente, ser conquistado com dureza. Amy Sol é artista plástica, voltada à exploração de tons suaves e pastéis. Passou toda sua infância na Coréia, sua terra natal, de onde trouxe principalmente sua referência mangá. A mudança para os Estados Unidos somou ao estilo: ilustrações vintage e design moderno. Para trabalhar, a garota prefere colocar-se em estado de calma completa, o que acaba sendo espelhado em suas obras. A artista tem preferência assumida por personagens femininos e, assim como artistas de seu mesmo gênero, costuma combinar elementos similares como cartoons e vídeo games. Em suas obras está configurada uma selva de tons róseos, animais mutantes e a presença constante de garotas doces e despenteadas. Essa atmosfera elegante e cândida, entretanto, não está ligada a uma auto-retratação.

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“Quero sentir-me como uma memória do passado ou um sonho.” Amy Sol

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“As personagens não são intencionalmente auto-biográficas. Já fui questionada sobre isso algumas vezes, mas se fosse um homem, tenho certeza que ainda assim desenharia mulheres.”


Ilustração

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“Passei grande parte da minha vida criando na solidão. Meus pais apoiaram-me de livros e coisas para abrilhantar essa imaginação”.

Amy foi o tipo de menina que, ao invés de brincar com bonecas, preferia desenhar. Dedicou os últimos anos de sua vida mesclando pigmentos, afim de encontrar uma palheta própria de cores. Por acreditar que já existam muitas cores no mundo, Amy adquiriu fascínio por iniciar sua palheta de cores suaves e cândidas, e, assim, desenvolveu apelidos novos como “árvores da noite”, “ponche de frutas murchas”, “final de tarde” e “outono chuvoso”. Viveu a adolescência toda em Las Vegas, onde trabalha e vive até os dias de hoje. Atualmente, Amy está há 2 anos no circuito norte-americano de exposições. Em 2007 teve sua primeira exibição solo na “Aidan Savoy Gallery” de Nova Iorque. Hoje os convites já estão tornando-se constantes, bem como palestras em outros países, o que deve tumultuar um pouco o ambiente sereno que revela trazer desde a infância.

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Ilustração

fotos Amy Sol | www.amysol.com

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“Gosto que meus personagens não “Quem para a nem França sem comer estejam vai acordados, dormindo. E que pão e queijo? E como fazer a caipirinha o mundo onde estão seja como um sonho, brasileira sem punhado limão?” pois é como meum sinto quando de conectada ao imaginário criativo”. Caitlin Levin e Henry Hargreaves Amy Soul, p.

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Gastronomia

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mapas para comer o mundo texto de Janara Lopes

Uma designer de comida juntou-se a um fotógrafo e transformaram alimentos em países, ou países em alimentos. A identidade nacional é muito mais do que uma fronteira e também passa por tudo aquilo que pomos no prato.

O exercício a que Caitlin Levin, designer de comida, e Henry Hargreaves, fotógrafo, se dedicaram, é um pouco como o jogo “se eu fosse um animal, que animal seria?”. Só que eles fazem-no com países e com comida. Se a França fosse uma comida, que comida seria? Podia ser perninhas de rã. Mas Caitlin e Henry — ambos habituados a trabalhar em torno da comida, tendo em conjunto outro projecto em que recriam museus famosos usando pão e doces — optaram, no caso francês, por pão e queijo. Depois foi preciso encontrar um mapa de França e enchêlo de pedacinhos de diferentes pães e diferentes queijos, até o país se confundir com uma das suas comidas mais emblemáticas. “Explorar novos lugares através da comida que comemos é muitas vezes um portal para as complexidades culturais desses lugares”, explicou Henry à revista Slate. Os mapas que criaram neste projecto mostram “como a comida tem viajado pelo mundo, transformando-o e tornandose parte da identidade cultural de cada lugar”. E assim, através de um trabalho paciente que consistiu em, para cada país, encontrar a forma mais harmoniosa de dispor os alimentos, desenhando fronteiras de

países ou de estados, os Estados Unidos transformaram-se numa paisagem de milho; a América Latina, entre limões, laranjas e tudo o que existe pelo meio, tornou-se terra de citrinos; África encheu-se de bananas, com casca ou descascadas, mais amarelas ou mais verdes, cortadas às rodelas ou às tirinhas. Itália foi inundada de tomates vermelhos e verdes; o Japão cobriuse de algas; a Austrália de camarões; e a Nova Zelândia, terra natal de Henry, inundou-se de kiwis. A China transformou-se numa sopa de noodles; a Índia, como não podia deixar de ser, ficou coberta de especiarias. Quanto à Grã-Bretanha, só lhe faltou a chávena de chá para acompanhar tanto biscoito. Segundo Henry, o trabalho também é uma manifestação a favor da alimentação saudável: “Os mapas são uma representação lúdica de nossa interpretação de alimentos de todo o mundo, meticulosamente criado com comida não adulterada. O projeto fala por si da necessidade de incentivarmos a alimentação saudável e natural”, revelou.

Os Estados Unidos, o maior produtor mundial de milho, foram transformados em 50 estados cobertos por este produto, que, na sua maior parte, é usado não como alimento mas para a produção de etanol.

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A Índia é formada por vários tipos de especiarias, já que seria injusto reduzir apenas ao caril um país cuja cozinha se caracteriza precisamente pela imensa variedade de sabores .

A América do Sul tornou-se a terra dos citrinos, apesar de, se recuarmos na História, estes serem oriundos de regiões asiáticas, tendo-se espalhado depois por todo o mundo.

O continente africano encheu-se de bananas, com casca ou descascadas, mais amarelas ou mais verdes, às rodelas às tirinhas, ou em papa.

Biscoitos e bolachas para acompanhar o chá das 5 no Reino Unido, e tomate para Itália, onde pizzas e pastas não passam sem ele.

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“Eu não sei realmente o que provocou essa idéia, eu adoro comida e arte. A idéia de um dia perfeito para mim é ir a um museu ou galeria, beber um bom vinho e ter uma boa refeição com um amigo! Na escola de fotografia, eles sempre nos disseram para fotografar o que você ama, então estou fazendo! “ Sarah Anne Ward

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sobremesas que inspiram Criatividade é uma característica maravilhosa do ser-humano. Dá gosto de ver quando o homem usa esse dom para criar coisas interessantes e inteligentes! E nesse caso, dá gosto mesmo. Afinal, não é todo dia que a gente pode provar sobremesas deliciosas e, de quebra, aprender um pouquinho sobre pinturas famosas.

Fazer sobremesas sempre parece artístico para você? Seus sabores apetitosos e cheiros atraentes, pegam a nossa imaginação e envolvem os nossos sentidos. Imagine, então o que acontece quando uma artista talentosa vai até a cozinha para criar obras de arte a partir de sobremesas. Sarah Anne Ward é uma fotógrafa de combinação, artista e designer de alimentos. Sua Arte de Sobremesas pode deixar você em um duplo estado de fascinação e babando de fome. A Torre Eiffel é recriada na superfície de um bolo usando pedaços de doces, pó e gelo. Um crânio sinistro é feita a partir da adição de doces coloridos. Ainda mais surpreendente são as peças onde Ward capta a essência real da pegajosos brownies, bolos e outros alimentos deliciosos. As fotografias de Sarah Anne Ward são o complemento perfeito para uma sala de jantar, mas nunca deve ser exibido se você estiver em uma dieta. A fotógrafa Sarah Anne Ward, em colaboração com as fooddesigner Heather Meldrom e Michelle Gatton, criou essa série de fotos de sobremesas inspiradas por obras de arte. ”Não é só fazer foto artística com alimentos, ela tem que pode ser servida, comida, e também reconhecível.”, diz Sarah, que também tem planos de fazer fotos inspiradas pelas obras de Dalí e Calder. Seguindo a mais recente moda de arte comestível, a fotógrafa mostra a sua visão sobre algumas obras icónicas da arte moderna. Para esta série, Ward trabalhou com as estilistas de comida Heather Meldrom e Michelle Gatton para criar 5 sobremesas inspiradas em Rothko, Koons, Pollock (acima), Mondrian, Picasso e Braque, ao utilizar vários alimentos que são muitas vezes usados em sobremesas para crianças. A fotógrafa pretende criar mais algumas sobremesas de obras de arte, inspiradas em Calder e Dali.

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Rothko Ice Cream Cake

Convergence - Jackson Pollock

Dog Baloon - Jetff Koons

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“Antes tudo o que eu fazia girava em torno da escultura, mas percebi que ficava só ali sentado para vender depois para pessoas ricas. Comecei a pensar que, quando você está tendo tanto esforço em alguma coisa, seria bom se isso realmente servisse para alguém e mudasse sua vida” Gregory Kloehn, p. 73

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Artista transforma lixo em casas móveis para moradores de rua. Norte-americano tem se dedicado a construir pequenas moradias para quem vive com muito pouco na Califórnia. Feito totalmente pela reciclagem e a baixo custo, modelo pode ser inspiração para todo o mundo.

Gregory Kloehn é um artista especial. O norte-americano dedica boa parte do tempo garimpando lixo em busca de matéria-prima para seu trabalho mui nobre: construir casas móveis para moradores de rua. Primeiro, o artista seleciona materiais recicláveis para as pequenas criações arquitetônicas, que custam menos de US$ 100 cada. Para isso, selecionou um bairro industrial de Oakland, na Califórnia, conhecido como ponto de despejo ilegal de resíduos sólidos. Depois de realizar a coleta, projeta abrigos com os materiais disponíveis. Mas o artista garante: cada estrutura é única. Os únicos pontos comuns são o tamanho reduzido, as rodas – para que a casa possa ser empurrada com facilidade – e o telhado inclinado para não acumular água da chuva. Nas fotos ao final do post, você pode ver como ele deu destino aos resíduos com criatividade. A fundação pode ser feita de pallets, a janela pode ser uma tampa de máquina de lavar, uma porta de geladeira pode se transformar na porta de entrada… O trabalho é tão valorizado que Kloehn agora recruta voluntários para ajudar a construir as casas móveis. No site do Homeless Homes Project, é possível se candidatar ou doar dinheiro para a causa.

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Sozinho, é evidente que Gregory não poderá dar um lar para todos os sem-teto da Califórnia, quem dirá do planeta. Mas ele já escreveu um livro sobre o assunto, pretende ensinar suas técnicas e multiplicar o conhecimento, que pode servir de motivação para pessoas do mundo todo que também querem contribuir para a sociedade. O artista garantiu ainda que não pretende parar de fazer as casinhas tão cedo. “Antes tudo o que eu fazia girava em torno da escultura, mas percebi que ficava só ali sentado para vender depois para pessoas ricas. Comecei a pensar que, quando você está tendo tanto esforço em alguma coisa, seria bom se isso realmente servisse para alguém e mudasse sua vida”, completou.

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“O equipamento é capaz de produzir até cinco litros de água potável por dia. Nós, designers temos como objetivo criar projetos que permitam que famílias necessitadas em todo o mundo tenham acesso a inovação.” Gabriele Diamanti, p. 76

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Designer Italiana cria fornos que transformam água salgada em potável Por Lydia cintra | Imagens Divulgação

O equipamento, desenhado pelo designer Gabriele Diamanti, produz até 5 litros de água de qualidade por dia

Transformar a água salgada em doce. Essa foi a tecnologia desenvolvida pelo designer italiano Gabrielle Diamanti, que é capaz de dessalinizar água através do Eliodomestico, que também funciona como forno solar. A intenção é dar suporte às comunidades que costumam sofrer pela falta de água. De acordo com o designer, o Eliodomestico funciona como um coador de cabeça para baixo, que dessaliniza a água salgada, tornando-a própria para o consumo. O forno é divido em três partes principais. O recipiente preto é o local onde a água salgada é armazenada. Dessa forma, com o calor do sol a água cria vapor, que é empurrado pela pressão através de um tubo de seção. O vapor é condensado contra a tampa do forno, na parte inferior, e em seguida escorre para a bacia de coleta. Gabrielle alega que o equipamento é capaz de produzir até cinco litros de água potável por dia. O designer tem como objetivo criar projetos que permitam que famílias necessitadas em todo o mundo tenham acesso a inovação. O eco-destilador funciona da seguinte forma: primeiro se coloca a água do mar pela manhã. Ao longo do dia, o calor do sol cria um vapor que é forçado para baixo por meio de um bocal de expansão e condensa-se contra a tampa de um recipiente. No final do dia, os usuários podem remover a bacia com água fresca.

O acesso à água potável é um dos problemas que aflige o mundo. De acordo com dados das Nações Unidas, aproximadamente metade dos habitantes do planeta não Tem acesso à água potável. Apesar de 70% do planeta ser coberto por água, apenas 3% é de água doce, e temos disponível para consumo apenas 0,2% desse total. Por isso, toda solução para esse problema é bem-vinda. Com uma tecnologia simples, o designer italiano Gabrielle Diamanti desenvolveu um produto capaz de dessalinizar água salgada e transformá-la em água potável. O projeto, denominado Eliodomestico, demorou 7 anos para ser desenvolvido e já foi exposto em países como Itália, Espanha e França. O Eliodomestico não utiliza eletricidade, não usa filtros, e é de simples manutenção. O seu funcionamento depende exclusivamente do calor do sol. O forno cerâmico dividido em três partes. A água salgada é armazenada em um recipiente preto. Com o calor do sol, o vapor de água é conduzido por pressão e condensado. Por meio de um duto, é encaminhado para uma bacia de coleta. O aparelho consegue dessalinizar até 5 litrs de água por dia, que faria muita diferença para milhões de pessoas. O custo estimado de produção é de 50 dólares.


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O Eliodomestico é uma ótima proposta para os países com poucos recursos hídricos. O aparelho se torna viável para a economia local e não agride o meio ambiente, além de ser produzido com matérias-primas facilmente disponíveis e ter fácil manuseio e manutenção. O projeto está concorrendo como finalista no Prix Emile Hermes. O intuito do festival é possibilitar aos postulantes a realização de projetos que se tornem eficazes para a sociedade. O tema para a segunda edição do evento foi “Chauffer, se Chauffer, Réchauffer” (“Calor, Calor, Calor”, em tradução livre do francês). O Eliodomestico é considerado 3 vezes mais eficiente que os alambiques tradicionais, já que não precisa de eletricidade nem de manutenção. É feito de terracota e folhas de zinco, e sua forma e estrutura foi pensada para se adaptar facilmente em diferentes espaços. A purificação é bastante simples e envolve conceitos conhecidos da química. Com o ganho de calor, catalisado pela tampa em zinco do produto, a água passa a vaporizar-se, deseprendendo-se das impurezas antes contidas em seu estado líquido. Apesar do conceito aparentemente parecer algo básico demais, nenhum processo de filtragem de água do gênero gera um saldo tão positivo quando o do Eliodomestico, mesmo aqueles que envolvem uso de energia e recursos mais sofisticados. Com capacidade de conversão de, em média, cinco litros de água potável por dia, sob boa condição solar, o Eliodomestico poderá ser um grande companheiro a populações que vivem em áreas sem muitos recursos hídricos.

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“Àquele que sabe apreciar as relações entre as cores – a influência de uma sobre outra, seus contrastes e dissonâncias – estão prometidas imagens da mais infinita diversidade.” Sonia Delaunay

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Passarela cronológica A mulher no início do período vitoriano

A “mulherzinha”. Um aspecto notável da sociedade vitoriana foi a ampliação da classe média, devido à Revolução Industrial e ao subsequente desenvolvimento da infraestrutura do país. Prósperos homens de negócios, comerciantes e profissionais assalariados mudaram-se para os novos subúrbios. O status exigia que suas esposas fossem modelos de virtude doméstica: plácidas, dignas, delicadas e inativas.

lustrações de moda coloridas à mão, anos 1840 Revistas não eram itens descartáveis no século XIX. Periódicos como Ladies Cabinet (Inglaterra) e Godey’s Lady’s Book (EUA) eram referências para o que estava em uso no momento e valorizados pela qualidade artística. Jules David começou a usar paisagens em segundo plano como contexto para sua ilustrações no Moniteur de la Mode de Paris em 1843.

Silhueta decorosa

Vestuário infantil

Nos anos 1840, a indumentária feminina era a medida do decoro, e a moda servia para ocultar de uma maneira uniforme. A forma do chapéu de pala ficava muitas vezes escondida sob um véu, e a do corpete sob um xale, tornando a cintura imperceptível. Desse modo, a dorma da silhueta inteira mostrada ao ar livre assemelhava-se à de um V invertido. O comprimento da saia dava a impressão de que as mulheres deslizavam em vez de andar.

Meninas pequenas usavam uma versão em miniatura dos vestidos da mãe, com o mesmo corpete alongado e cintura em forma de V. Os chapéus de pala eram também modelados como os chapéus de suas mães; as saias, porém, só desciam até o alto das botinas abotoadas, revelando longas calçolas brancas. Tecidos como seda, lã e veludo em cores mais escuras eram tão usados quanto para adultos.

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Passarela cronológica A mulher de meados do século XIX

A mulher atenta à moda Depois que Isaac Singer patenteou a máquina de costura (1846), a preocupação com a elegância estendeu-se às mulheres de classe média, que tentavam imitar os modelos da alta-costura doméstica. Em 1860, The Englishwoman’s Domestic Magazine, de Samuel Beeton, começou a vender por reembolso postal moldes de papel de vestidos femininos. Nos EUA, Ebenezer Butterick fez o mesmo para roupas masculinas em 1863 e para vestidos em 1866. Silhueta e ampulheta exagerada o decote que mostrava os ombros, a cintura muito apertada e saias enormes e oscilantes sobre armações eram muito coquetes e um contraste ultra feminino com os elegantes cavalheiros de sobrecasaca. No início dos anos 1860, a crinolina tinha amplitude máxima, e as saias tornavam impossível para o acompanhante de uma dama andar ao seu lado. A metade superior do corpo dela era inatingível, e ficar na ponta dos pés era a única opção para um beijo decoroso.

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A berta

Penteados

Os vestidos de noite eram sempre decotados e até os vestidos das crianças expunham os ombros. Uma espécie de gola de renda chamada berta era muitas vezes presa ao alto do vestido e cobria a parte de cima do busto e dos braços. Em geral, era uma vaidosa adição decorativa de renda e fitas, mas também servia como uma sugestão de pudor durante a incoerente era vitoriana.

No início dos anos 1860, as damas elegantes usavam o cabelo num coque baixo, muitas vezes com pequenos anéis laterais para a noite. Em meados de 1860, o coque começara a subir. A touca ficou menos e passou a ser usada mais para trás, como esse penteado exigia, até o fim da década, quando foi preciso abandonar as toucas pelos chapéus.


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Ilustrações de moda, 1860 The Englishwoman’s Domestic Magazine, lançada por Samuel Beeton (1852), foi a primeira revista de baixo custo para mulheres da classe média. Com avançados artigos de teor social sobre assuntos domésticos e outros dedicados à mulher, a partir de 1860, em parceria com a revista parisiense Le Moniteur de la Mode, publicava ilustrações coloridas de roupas vindas de Paris com descrições encantadoras.

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Passarela cronológica A estampa cubista 1922-1929

Arte e design de vanguarda Assim como a arte inspirou o orientalismo em Paul Poiret, o movimento artístico do início do século XX continuou a se infiltrar na moda e nos tecidos. O fauvismo, estilo expressionista que influenciou Henri Matisse, tinha causado forte impressão no modo como Poiret usava a cor, e o costureiro colaborou com o artista Raoul Dufy, que desenhou tecidos para ele. O fauvismo também inspirou a artista e designer têxtil Sonia Delaunay, enquanto o cubismo, estilo desenvolvido por Pablo Picasso e Georges Braque, também interessou Delaunay por seu uso da forma e da construção. Em 1925 Delaunay participou da Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas em Paris, que levou à atenção do público um estilo de design que se tornaria onipresente.

Bolsa bordada, Hilde Wagner-Ascher, 1925 O tecido bordado de que esta bolsa foi feita é obra da designer vienense Hilde Wagner-Ascher. Ela foi aluna de Josef Hoffman, um dos fundadores do ateliê de tecidos no Wiener Werkstätte. O design é típico das formas geométricas e dos blocos sólidos de cor do estilo Wiener, mas é possível traçar analogias também com o trabalho de Sonia Delaunay.

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Capa circular de Vionnet em estilo cubista, Thayaht, 1922 A arte comercial, como as ilustrações de roupas, assegurava uma consciência mais ampla dos estilos artísticos. Madeleine Vionnet teve um interesse precoce pelo cubismo, usando formas geométricas em seus desenhos. A aptidão para a geometria vinha da infância, embora ela tivesse deixado a escola aos doze anos para ser aprendiz de uma modista. Sua mente matemática levou a enormes desenvolvimentos técnicos no corte.

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Tecido para vestido de inspiração cubista, Chanel, 1928 Os jérseis de seda e lã caracteristicamente usados por Coco Chanel eram manufaturados na fábrica Tricot Chanel em Asnières-sur-Seine. Muitas vezes o forro dos casacos era do mesmo tecido do vestido com o qual seria usado. Notória perfeccionista, Chanel preferia ter controle sobre o processo, do design da estampa até a produção, para assegurar a exclusividade. Em 1929, após uma expansão para tecidos planos, o nome da fábrica mudou para Tissus Chanel.

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Ilustração de moda inspirada pela arte, 1927 O uso das artes decorativas como meio pôs moda, estilistas e pintores dialogando. O uso audacioso por Poiret da cor (inspirado nos fauvistas) e a técnica de impressão pochoir usada por ilustradores favoreceram ver o tecido como tela para o design de estamparia.

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Passarela cronológica Previsões 2005-2020

Questões de sustentabilidade Nos últimos cinquenta anos, o futurismo na moda existiu lado a lado com um olhar para o passado. Foi nessa mistura que contribuiu para a criatividade - o reconhecimento do valor das coisas passadas e o desejo de seguir em frente. O futuro da indústria do vestuário, contudo, é um exército de malabarismo. Prever o que ocorrerá na moda é uma parte necessária do marketing, e imaginar se haverá recursos disponíveis para fazer isso acontecer fez da sustentabilidade uma preocupação. Questões éticas têm peso numa sociedade de consumo cada vez mais consciente. A velocidade da indústria em decorrência de blogs, editoriais on-line e comércio eletrônico não proporciona muito tempo e espaço para a reflexão. A Atlântida de Platão, coleção primavera/verão, Alexander McQueen, 2010 As experiências de McQueen, sempre visionário, abarcam uma dimensão sobrenatural em que o tempo torna-se irrelevante. A silhueta de sua coleção Atlântida de Platão era o que se poderia esperar de seu uso de estruturas de roupas históricas. Consciente da natureza cíclica da moda, reinterpretava espartilhos, crinolinas e golas em níveis futurísticos. Os sapatos da coleção primavera/verão 2010, lembrando tenazes e patas de animais, pareciam uma profecia sombria da evolução.

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“ O preconceito é uma doença social. A moda também. Mas não pretendo usar como preconceito” Lady Gaga


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Imagens em estampa digital, 2010 Designers como Peter Pilotto e Jonathan Saunders tornaram-se conhecidos por estimular o uso de imagens em estampa digital. Essa técnica revolucionou a impressão de fotos dos anos 1970 para produzir padrões manipulados surreais, muitas vezes a partir de origens já indecifráveis. O uso que McQueen fazia de panos de fundo para suas apresentações produzia uma experiência caleidoscópica, sugerindo a necessidade de camuflagem para a sobrevivência futura.

Elementos da moda • Lady Gaga • 3D • Fórum de Moda Ética • Exposição Sustainable Futures no London´s Design Museum • Exception de Mixmind, grife de moda ética de Pequim • Fashiontrendsetter.com

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“A organicidade, o arredondamento, a eliminação das arestas e as cores, visam tornal mais confotável, mais casual e mais fácil a vida do usuário de seus produtos”. Karim Rashid

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Karim Rashid Considerado um dos maiores nomes do design atual, o egípcio criado no Canadá, Karim Rashid possui em seu currículo dezenas de prêmios, entre eles, o Best Retail Store, em 2003 e ID Magazine’s Annual Design Review 2003. Para ele a imaginação não tem limites e sua ousadia de repensar o banal culminou na criação de muitas peças, como por exemplo, a lixeira que projetou para a Umbra que hoje faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, sob o nome de lixeira Garbino. Defensor do design democrático ou “designocracia”, um termo utilizado pelo próprio Karim Rashid onde ele afirma que não faz design apenas para a alta classe, mas para todas as pessoas. Segundo ele, o design não é só algo visual ou estético, mas está por toda parte e representa o que realmente é o mundo contemporâneo.

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Suas criações discutem, de forma geral, a convivência e mentalidade do século XXI, priorizando o convívio humano e tentando sempre facilitar ainda mais o dia-a-dia das pessoas em suas rotinas. Karim Rashid é sem dúvida o rock star do design e sua reputação é plenamente justificada por seu talento, inovação e inventividade. Seu design é puro e limpo, suave e funcional, Karim Rashid tem hoje mais de dois mil projetos em produção. Rashid afirma que sua pesquisa de formas orgânicas visa tornar mais confortável, mais casual e mais fácil a vida do usuário de seus produtos. A organicidade, o arredondamento, a eliminação das arestas e as cores, contribuem para alcançar este objetivo determinante em seus designs.


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Ross Lovegrove Ross Lovegrove incorpora a filosofia de design orgânico da maneira mais profunda possível. Mesmo considerando-se um biólogo, ele cita Darwin para explicar as formas orgânicas e figuras vivass que aliam tecnologia, objetos, materiais e escultura sensual e sedutora.Sua contribuição é fundamental para o desenvolvimento do mais puro design orgânico, junto com sua equipe busca estudar estruturas primitivas, mas também modernas e atemporais. Parte importante de seu trabalho é garantir que seus projetos sejam integrados com a paisagem de uma forma amigável ao ambiente e com mínimo impacto.Suas criações incluem produtos de consumo, iluminação, tecnologia e mobiliário. Ross Lovegrove é um designer e visionário que é trabalho é considerado bem no ápice de estimular uma mudança profunda na fisicalidade do nosso mundo tridimensional. Inspirado pela lógica e beleza da natureza seu projeto possuem uma trindade entre tecnologia , ciência dos materiais e forma orgânica

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inteligente , criando o que muitos líderes industriais ver como a nova expressão estética para o século 21 . Há sempre embutida uma abordagem profundamente humano e cheio de recursos em seus projetos , o que projeta um otimismo e vitalidade inovador em tudo o que toca a partir de câmeras de carros para trens , aviação e arquitetura. Nascido em 1958 em Cardiff, País de Gales. Formado a partir de Manchester Polytechnic com 1 ª Classe BA Hons Desenho Industrial em 1980. Mestrado em Design da Royal College of Art , em Londres , em 1983. No início dos anos 80, trabalhou como designer para Frog Design na Alemanha Ocidental em projetos como Walkmans da Sony, computadores para a Apple Computers , mais tarde mudou-se para Paris como consultor da Knoll Internacional; . Sendo autor do grande sucesso Alessandri Office System. Convidado para participar do Atelier de Nimes , juntamente com Jean Nouvel e Phillipe Stark.


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Voltando a Londres, em 1986, ele concluiu projetos para, entre outros Airbus Industries, Kartell , Ceccotti, Cappellini, Idee, Moroso, Luceplan, Driade, Peugeot, Apple Computers, Issey Miyake, Vitra, Motorola, Biomega, LVMH, Yamagiwa Corporation, Tag Heuer, Hackman, Alias​​, Herman Miller, Artemide, Japan Airlines e Tóquio Ito Architects no Japão . Vencedor de inúmeros prêmios internacionais, seu trabalho tem sido amplamente publicado e exibido internacionalmente , incluindo o Museu de Arte Moderna de Nova York, o Museu Guggenheim de Nova Iorque , a Axis Centre Japão , Centro Pompidou , Paris eo Museu do Design , em Londres, quando , em 1993, ele foi o curador da primeira coleção permanente. Seu trabalho é realizado em coleções permanentes de vários museus de design ao redor do mundo, incluindo Museu de Arte Moderna de Nova York (MOMA ) , Design Museum em Londres e Vitra Design Museum Weil Am Rhein, Basel, CH.

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“Tenho feito vários testes de impressão e trabalhos concluídos com sucesso. Como qualquer outro equipamento você tem que ir se adequando e pegando o jeito da máquina.” Sérgio Carreiras

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O maravilhoso mundo da impressão 3D Por Janara Lopes

também conhecida como prototipagem rápida, é uma forma de tecnologia de fabricação aditiva onde um modelo tridimensional é criado por sucessivas camadas de material.

O Sérgio sempre flertou com escultura, desde a época de faculdade. Fez licenciatura plena em Artes Plásticas onde teve contato com várias técnicas, e a escultura em argila foi encanto a primeira vista. “Mas não deu o click na época”, comenta. Este click aconteceu em 2005 quando ele estava um pouco cansado da modelagem 3D no computador e de não ter a experiência tátil do objeto criado. Procurou um curso de escultura ministrado pelo Alex Oliver na Melies. “Foi paixão total”.

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Quando surgiu o interesse pela impressão 3D? Como mencionei, há muito eu queria ter nas mãos o que eu realizava no computador, eu já conhecia a possibilidade da impressão 3D mas era de difícil acesso a tecnologia e os custos praticados no Brasil eram e ainda são muito altos. As empresas que prestam este tipo de serviço têm a sua base de negócio voltada para a indústrias automobilística e de design de produtos e pensam em valores que não cabem no orçamento do hobista ou produtor de pequenas quantidades de peças como eu. Cheguei a fazer algumas impressões com terceiros, mas em projetos que justificavam o investimento e as vezes de forma apaixonada contando os centavos para poder ter a peça nas mãos e aprender as manhas de preparar um arquivo para impressão. Há pouco tempo, a impressão 3D chegou ao desktop e hoje vemos uma profusão de modelos a disposição do usuário comum.

Há quanto tempo adquiriu a máquina e quanto tempo levou para dominar a técnica. Houveram muitas tentativas falhas no meio do processo? Não faz muito tempo, mais ou menos 4 meses. Tenho feito vários testes de impressão e trabalhos concluídos com sucesso. Como qualquer outro equipamento vc tem que ir se adequando e pegando o jeito da máquina. Tiveram vários erros e fui aprendendo e anotando as causas e soluções cada um deles. Na verdade tem umas soluções padrão que o fabricante já passa e também tem a assistência técnica deles que ajuda bastante.

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Conta um pouco pra gente sobre o processo de impressão, do desenho até a montagem. Bom, vou descrever o processo para desenvolver um boneco, mas pode ser para qualquer outra peça que se queira fazer. Primeiro, precisamos ter um rascunho ou model sheet do boneco com as vistas de frente, lado, costas e três quartos. Se tiver mais posições e expressões fica mais fácil de definir a personalidade do boneco e expressar na pose final da peça modelada e impressa. Normalmente utilizo o software ZBrush e o MODO 3D, softwares que uso desde as primeiras versões há vários anos. Modelo o boneco em 3D usando as imagens fornecidas no model sheet como guia de proporção e quando o tenho definido passo para o detalhamento e construção de roupas acessórios e etc.. Como para imprimir um boneco precisamos ter a peça em uma única malha, como o corpo e as roupas por exemplo, faço uma fusão dos objetos e passo a fazer o acabamento nesta malha de detalhes finos e etc. Nessa hora procuro tomar cuidado com as espessuras das partes que serão impressas de acordo com o tamanho final da peça e também penso em como serão os encaixes se a peça tiver que ser impressa em várias partes para ser montada depois.

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Faço as divisões das partes e aplico os encaixes. Com o modelo pronto procuro diminuir o número de polígonos da peça com um processo de decimação. Se tivermos muitos polígonos na peça a impressora não vai conseguir lidar com um processamento tão demorado na hora de fatiar. Tendo tudo preparado exporto os arquivos, em *.STL normalmente, e disponho as partes na área de impressão no software da maquina. Aperto o botão e cruzo os dedos. Existem vários tipos de impressão 3D e para cada tipo de processo você tem que observar certas regras de preparo da malha. Em todas elas temos que mandar para a impressora uma malha que não tenha buracos e que não tenha polígonos invertidos e soltos. Essa é a regra principal do preparo de um objeto para impressão 3D. Se tiver alguma coisa errada o software se confunde e vai dar erro no final. A impressão 3D ainda é um processo demorado e na minha impressora tenho que ficar pajeando a menina para não dar problema. Estamos falando e 4, 6 e até muitas horas para imprimir uma peça com dimensões de 10x10x10cm em resolução alta.

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