VOZ e VEZ PARTILHAR, INTERVIR E MOBILIZAR
EDIÇÃO 01
ABRIL 2018
O jornal do Instituto Superior de Educação e Comunicação da Universidade de São Tomé e Príncipe é uma publicação trimensal que da a conhecer as ações em curso no Instituto.
VOZ e VEZ
FOTO: JOSÉ MANUEL SIMÕES
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VOZ e VEZ
APRESENTAÇÃO Marisa da Graça Costa Presidente do ISEC
Partilhar, Intervir e Mobilizar
C
om a organização da se-
so e em construção.
mana
Comunicação
VOZ e VEZ pretende também ser um
do Instituto Superior de
da
espaço de intervenção, de reflexão,
Educação e Comunicação (ISEC),
de permanente questionamento, de
unidade orgânica da Universidade
tentativa de respostas possíveis às
de São Tomé e Príncipe, sob lema
questões que se colocam na atuali-
“Contributos para uma abordagem
dade e sobretudo na sua área de atu-
científica de comunicação”, nasceu
ação (Educação e Comunicação).
A iniciativa da criação do presente
Pretende igualmente ser um espaço
períodico que denominamos “VOZ e
de mobilização de experiências, sa-
VEZ”.
beres, de desenvolvimento de de-
Porque comunicar significa partilhar,
bates, pesquisas, de inquietações e
“VOZ e VEZ” nasce para partilhar
de promoção do contraditório, um
convosco o caminho que o ISEC tem
espaço multifacético de convivência
feito para a sua reestruturação com
e de partilha.
base nos documentos estratégicos
Vida longa ao VOZ e VEZ
da instituição e nos projectos em cur-
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VOZ e VEZ
EDITORIAL Esterline Género
É
necessário impulsionar esta ferramenta que proporciona a integração, instrução, tro-
ca e desenvolvimento entre pessoas, instituições e fundamentalmente entre nações – a Comunicação. O presente jornal é um dos reflexos práticos da êxitosa “Semana de Comunicação”
FOTO: MARISA COSTA
do Instituto Superior de Educação e Comunicação (ISEC) e que se pre-
aterizado como incipiente em matéria
tende seja um fórum para estimular
de critérios e cientificidade.
uma produção científica prolífera dos
Nesta 1.a edição, centramo-nos nas
alunos e incentivar discussões e re-
sínteses dos diferentes temas discuti-
flexões sobre os temas da atualidade
dos durante a semana, bem como nos
da área de Comunicação.
testemunhos das experiências do ilus-
Sob o lema “Contributos para uma
tre Prof. Doutor José Manuel Simões,
abordagem científica de comuni-
a quem, uma vez mais aproveitamos a
cação”, o ISEC procurou suscitar o
oportunidade para expressar os nos-
debate sobre os atuais desafios que
sos agradecimentos pelo apadrinha-
se colocam à comunicação, nomeada-
mento da iniciativa. Esta servirá de
mente: técnicas, escrita, ética/deonto-
memória dos admiráveis contributos
logia e mundo digital, e que tem exigi-
partilhados pelas diversas individuali-
do uma crescente especialização dos
dades que tomaram parte neste even-
profissionais, para que sejam capazes
to académico.
de produzir conteúdos persuasivos,
Por último, uma palavra de profundo
credíveis e fidedignos, bem como
apreço aos professores, que de forma
servir de mediadores entre a opinião
incansável têm-se dedicado à partilha
pública interna e externa de forma ob-
de conhecimentos, agradecimentos
jetiva e coerente.
pela presença e participação dos dis-
Por isso, o ISEC não esconde a sua
tintos convidados e dos profissionais
ambição, patente nos seus docu-
da Comunicação Social.
mentos orientadores, como o Plano
Aos nossos alunos, um bem haja, na
Estratégico e de Atividades, onde se
esperança do melhor usufruto desta
compromete a formar profissionais
ferramenta que hoje se disponibiliza e
da Educação, de Comunicação e de
que possa servir de plataforma para o
Relações Públicas de excelência, a fim
vosso saber e contributo para o desen-
de se afirmar no mercado nacional car-
volvimento de São Tomé e Príncipe.
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VOZ e VEZ
BALANÇO DA 1ª SEMANA DA COMUNICAÇÃO DO ISEC
FOTO: MARISA COSTA
e dos novos públicos, a necessidade de se educar para a utilização dos novos media e a subalternização ou não dos “velhos” media em relação aos novos. 5.ª SESSÃO - AULA ABERTA
Técnicas e Instrumentos de Comunicação Jornalística De acordo com o orador, uma das questões centrais da informação é a verdade, uma verdade possível, humanamente alcançável, segundo as circunstâncias,
particularidades
e
condições. Para a atingir, é fundamenAires Bruzaca, Reitor da Universidade de São Tomé e Príncipe, recebe o professor José Manuel Simões
tal distinguir a verdade, refletir, comprovar, documentar. Só assim se pode
1.ª SESSÃO - AULA ABERTA
3.ª SESSÃO - WORKSHOP
Comunicação Social no século XXI: história, presente e perspetivas
Jornalismo de Investigação
falar não da verdade em sentido ab-
Foram apontados exemplos de jornal-
realidade sobre a qual se informa. Daí
ismo de investigação, questionou-se a
que a principal técnica e instrumento
Traçou-se o caminho que a Comuni-
relação entre a sociedade e a comuni-
de comunicação jornalística seja a ver-
cação Social tem trilhado, com um
cação e a influência que uma exerce
dade ou a tentativa de a alcançar.
grande enfoque nas questões da im-
sobre a outra.
prensa escrita e a importância que
6.ª SESSÃO - AULA ABERTA
4.ª SESSÃO - SEMINÁRIO
assumem hoje os meios de comuni-
strato mas da verdade referente a uma
Teoria da Imagem e da Representação no jornalismo
transformadores da sociedade.
Comunicação Digital e os Novos Media
O orador destacou a importância da
Abordaram-se as questões relativas
tendimento da importância da lin-
influência que os novos meios, como
às potencialidades dos novos media
guagem na sociedade, nas instituições,
a Internet, estão a ter na mudança de posturas e mentalidades, preparando uma era mais culta e melhor informada. 2.ª SESSÃO – SEMINÁRIO
Comunicação Social e Cientificidade
FOTO: MARISA COSTA
cação e informação como agentes
Tema apresentado a partir da visualização de um documentário produzido pelo orador sobre a vivência e a partilha na comunidade dos Índios Potiguara. Refletiu-se sobre a epistemologia, as teorias e as políticas e sobre a natureza do campo no qual os profissionais da comunicação exercem o seu ofício.
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A teoria e a prática se uniram, no en-
VOZ e VEZ
na nossa vida. Realizou-se um “workshop” de fotografia onde a linguagem visual ocupou lugar de destaque, com os alunos a aplicarem na prática os ensinamentos da parte teórica. 7.ª SESSÃO - SEMINÁRIO
Assessoria de Imprensa Sessão prática sobre a construção de um press release e a elaboração de um texto jornalistico. 8.ª SESSÃO – AULA ABERTA
Escrita Jornalística A escrita jornalística tem que se adaptar aos novos tempos. Os novos media vieram trazer digitalidade, hipertextualidade e instantaneidade. Estamos a assistir a um processo em
FOTO: EDUARDO MARTINS
9.ª SESSÃO - PALESTRA
neste domínio particular, clarificando
Ética e a Deontologia da Comunicação e da Informação: O jornalismo positivo
um exercício que é missão pública.
ca e privada, por outro, se esvanece.
De acordo com o orador, o objeto tradi-
sua liberdade, são imperativos que
os profissionais da comunicação ex-
cional da ética, o Bem, tem de ser artic-
devem presidir aos profissionais da
ercem o seu ofício.
ulado com o Verdadeiro e com o Justo
Comunicação.
que a fronteira entre a comunicação interpessoal e a comunicação de massas, por um lado, e a esfera públi-
Memorial de Fernão Dias
A justiça, o respeito pelos valores humanos, pela identidade e integridade, a natureza e a posição do homem , a
FOTO: JOSÉ MANUEL SIMÕES
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VOZ e VEZ
ENTREVISTA
Dar a voz a outro
FOTO: MARISA COSTA
Entrevistar o professor José Manuel Simões é um acto que tem tanto de coragem e ousadia como de vontade de aprender, crescer e ser. As respostas tiveram sempre presente a ideia de “positividade”.
A comunicação Social é uma ciência para produção ou reprodução de informações? Professor José Manuel Simões - A comunicação como ciência social comporta em si partes de comportamento humano de grande relevância, nomeadamente a sua capacidade de comunicar (usar linguagem) e socializar. Dito desta forma, podemos entender que o papel dos profissionais da comunicação social pressupõe ser o de produzir informações com base em factos que ocorrem na sociedade pela manifestação da capacidade do homem de comunicar, socializar ou factos que ocorrem na natureza e que suscitam interesses do homem enquanto destinatários de informação jornalística. Aceitamos porém que existam práticas jornalísticas que resumem em reprodução de informações que, no nosso entender, são uma mera prática que integra o campo de acção da comunicação social. A comunicação social, enquanto ciência social, caracteriza-se essencialmente pela busca de conhecimento e de sabedoria. O papel do jornalista é o da busca de factos verdadeiros, produzir a informação com base neles e transmitir o produto final sob a forma de notícia. Natália Dias Moreira Lopes Martins
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VOZ e VEZ
novas culturas, diferentes povos, transmitindo novos saberes e conhecimentos, contribuir para dar voz ao Outro. Russel Viegas – Que importância tem a imagem para o jornal? JMS – Acredito que a imagem é cada vez mais predominante no jornalismo impresso. O futuro dos jornais passa mais pela imagem do que pelo texto. As imagens ajudam os leitores a perceberem que informações estão sendo transmitidas. As imagens cada vez mais falam por si, precisando apenas de ser contextualizadas. Esmael Lima- Tendo em vista a potenYesmina Santos – Numa situação con-
cialidade dos novos midias mediante
strangedora será que o professor já se
a digitalidade, hipercontextualidade
colocou na pele de um informante?
e a instantaneadade que os mesmos
JMS – A fonte de informação pode ser
têm como principal característica, seria
interessante ou interesseira e pode igual-
aconselhável adoptar a comunicação
mente recusar dar resposta às questões
digital como padrão ou simplesmente
colocadas ou responder o que lhe inter-
esquecer os midias tradicionais, não
essa e não o que lhe perguntam.
obstante a importância e os trabalhos feitos pelos mesmos ao longo dos tem-
Niela Rodrigues – Qual é o contributo
pos?
do jornalismo face à educação?
JMS – Tendo em conta que o domínio
JMS – A função do jornalista é informar
dos novos medias é inevitável, devido ao
mas seria igualmente importante formar.
seu impacto e valorizando o papel dos
O jornalista pode e deve contribuir para
medias tradicionais, o aconselhável é a
uma sociedade mais justa, solitária e fra-
adaptação dos medias tradicionais com
terna, contribuindo igualmente para mel-
as ferramentas dos novos medias pela
hores comportamentos sociais e atitudes
comunicação digital, visando sempre o
mais positivas.
alcance do público alvo que é um público diferenciado e gostos são relativos. Isto
Carlos das Neves – Que impacto a co-
quer dizer que os medias tradicionais
municação social trouxe para o mundo?
não devem ser esquecidos e sim devem
JMS – A rádio, os jornais e a televisão
ser aprimorados de forma a partilhar das
têm atualmente que ter o foco na forma
mesmas características oferecidas pela
de atrair as audiências e novos públicos,
comunicação digital (hipercontextuali-
dando voz aos que não a têm, abrir-se a
dade, instantaneidade e digitalidade).
O jornalista pode e deve contribuir para uma sociedade mais justa, solitária e fraterna, contribuindo igualmente para melhores comportamentos sociais e atitudes mais positivas.
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VOZ e VEZ
ESPAÇO DE REFLEXÃO
Consumo desenfreado
N
a entrevista com o profes-
diferentes formas com conteúdos se-
sor doutor José Manuel
lecionados e desenvolvidos para um
Simões
constatou que
público determinado. “De um teórico
o consumo desenfreado dos novos
da comunicação, o consumo desen-
medias tem causado mudança de
freado que hoje se verifica tem como
comportamentos na sociedade, visto
responsável a comunicação social que
que a comunicação social não tem
estimula mais o ter do que o ser”, apon-
cumprido o seu verdadeiro papel que
tou o professor.
é de informar, educar e entreter de
Jorge Lázaro
A comunicação social e a sua missão científica
O bom jornalismo
Atanásio Bandeira
A comunicação é o ato de passar e receber informação, pelo que pressupõe a ideia de troca. Com o surgimento das novas tecnologias de informação e de comunicação, através dos novos meios, sobretudo a internet, a informação tornou-se mais acessível a todos.
9
O
O profissional de comunicação deve saber tratar as informações com rigor, com
veracidade, não perdendo de vista a tentativa de objectividade, o respeito à ética profissional, tendo sempre a noção da responsabilidade para com o público. O bom jornalista é aquele que tem conhecimento para tratar e averiguar a veracidade das informações quer quando escreve, grava ou mesmo fotografa. Noény D'Alva
VOZ e VEZ
FOTO: JOSÉ MANUEL SIMÕES
Amor à verdade
A
Comunicação Social deixa de
Os media não são orgãos de propaganda
vigiar e controlar e passa a ser
do governo. Fazer um jornalismo positivo
manipulada por outros poderes.
é fundamental. Deve haver respeito e
As fontes poderosas jogam um papel cru-
amor à verdade.
cial no resultado final dos medias notici-
Jornalismo bem sucedido é aquele que
osos.
se coloca acima de qualquer suspeita.
O quarto poder tem um papel preponder-
Deve cumprir a sua função de acordo
ante na sociedade:
com os valores éticos e deontológicos da
levar informação verídica, fatos concre-
sua profissão. Arlécia
tos e em tempo real às audiências.
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VOZ e VEZ
ESPAÇO DE REFLEXÃO
“É através da comunicação que se atinge a felicidade” Os alunos do ISEC foram brindados pelo professor doutor José Manuel Simões com um ciclo de nove palestras sobre o complexo mundo passado, presente e futuro da informação e da comunicação.
T
erminou na sexta-feira, dia 17 de Março, uma acção de formação na Universidade de São Tomé e Príncipe, presidida pelo Professor José Manuel Simões.
Comunicador por excelência, o director do Departamento de Comunicação e Media da Universidade de São José, em Macau, China, tem o dom da palavra, um jeito raro para enfatizar o verbo, de atrair as audiências com técnicas de orador e expressões que nos aproximam. Um ser positivo com uma comunicação positiva. Este evento contou com a presença de ilustres convidados, tais como o Presidente da Região Autónoma do Príncipe, José Cassandra, o Reitor da Universidade, Aires de Menezes, a Presidente do ISEC, Marisa Costa, o Coordenador do Curso de Comunicação, Esterline Género, professores, jornalistas, alunos e público em geral que lotou por completo a sala do ISEC durante todas as sessões. O objectivo do encontro foi contribuir para uma sociedade mais justa e fraterna. Foram debatidos vários temas relacionados com o jornalismo e a comunicação, nomeadamente “A Comunicação Social no séc. XXI, passado, presente e futuro”, “A Comunicação Social e a Cientificidade”, “Exemplos de Jornalismo de Investigação”, “Técnicas e Instrumentos de Comunicação Jornalística”, “Teoria da Imagem e Representação no Jornalismo”, entre workshops e aulas abertas. Uma semana que marcou todos os presentes. Segundo o palestrante, “o público de São Tomé tem imenso interesse em aprender, uma enorme sede de conhecimento, pelo que o acto de comunicar é mais motivador”.
Niela Rodrigues
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VOZ e VEZ
OPINIÃO
Arlindo A. de Carvalho
Comunicação e Construção Social
A
consolidação
das
difer-
ser avaliado a partir da operacionali-
entes fases de evolução
zação da matriz da relação entre:
histórica dos processos de
Informação e Comunicação;
construção social implica a observân-
Produção de Conhecimentos e de Va-
cia dos princípios de humanismo
lores;
solidário de informação e de comu-
Espaços e Instrumentos de Partici-
nicação que realimentam o sentido
pação;
estratégico dos diferentes segmentos
Identidade
das identidades sociais em que cada
Social; e
cidadão se encontra integrado.
Construção Social e a Interação Social.
Esta observância tem a sua concre-
Com esse entendimento, a comuni-
tização não só na partilha de uma
cação deve concorrer para o fortal-
mesma visão política e econômica
ecimento do espaço de participação
de comunicação, implica que os mí-
dos atores políticos, económicos e
dias devam passar a cumprir o seu
sociais, para poder garantir uma efe-
comprometimento
no
tiva sustentabilidade do nível de equi-
exercício das respetivas funções de
dade distributiva do bem comum nas
produção e de circulação das infor-
sociedades humanas, contribuindo
mações.
deste modo para a consolidação do
Neste sentido, a relação entre o consu-
modelo de governação, observando
mo de bens comunicativos, estruturas
a realidade sistémica dos problemas e
de poder e as desigualdades (Mur-
as respetivas soluções, face aos desa-
dock, 1990) sugere que o papel da co-
fios de inclusão política, económica e
municação na construção social pode
social.
profissional
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Social/Competitividade
VOZ e VEZ
Utilidade cruzada de uma revista Universitária Prof. Dr. André Ferdinand Ngueho Director do CED-USTP
O
autor
francês
Stendhal
dizia que “um livro é um
Assim se define a função de uma revista, uma plataforma social em que se cru-
espelho rastejado pela
zam as diferentes faces da sociedade em que vivemos; cada uma proveniente
estrada”. A escrita como a leitura são
de uma certa leitura do teatro comunitário cujo palco é a sociedade humana.
fenómenos interligados que colocam o homem em frente de um espelho
heróico para o surgimento de um es-
africanos revela que as revistas universi-
que, de maneira refractiva, devolve a
paço de convivialidade sem fronteiras.
tárias jogaram um papel determinante na
imagem do leitor a si mesmo. O leitor
Uma revista universitária na USTP se-
tomada de consciência dos povos africa-
poderá se reconhecer ou, de maneira
ria o símbolo da queda do muro do
nos da necessidade da sua autodetermi-
catártica, repulsar esta imagem e tra-
silêncio que por vezes inibe as forças
nação. Citamos, por exemplo, a Revista do
balhar para que as deformidades ima-
gritantes da intelectualidade confron-
“L’Etudiant Noir” que foi a tribuna a partir
giológicas derivadas da escrita pos-
tada às imensas dificuldades iner-
da qual um determinado estudante, futuro
sam ser criteriosamente corrigidas.
entes ao processo de construção de
professor, autor e político de vanguarda,
Assim se define a função de uma re-
uma identidade intelectual comum a
Aimé Césaire, montou o projecto da “Ne-
vista qualquer seja. É uma plataforma
todos e a todas, sem exclusão.
gritude” que espalhou-se e ganhou out-
social em que se cruzam as diferentes
Esta revista universitária surge, por-
ros campus, nomeadamente o campus
faces da sociedade em que vivemos;
tanto, desta necessidade de a comu-
de Lisboa onde Francisco José Tenreiro
cada uma proveniente de uma certa
nidade académica e cientifica ter um
retransmitia com uma outra tonalidade de
leitura do teatro comunitário cujo pal-
espaço de expressão a partir do qual
voz o eco do referido movimento.
co é a sociedade humana.
pode debater questões diversas e
Numa determinada altura, algumas vozes
Uma revista universitária, neste con-
transversais à busca do Novo Homem
desta ilha se levantaram para esboçar o
texto, torna uma sinergia que abraça
que a humanidade modernista deve
que é a nossa identidade plural. Referi-
vários parâmetros da visão do mundo
inventar. Problemas novos exigem
mo-nos a “Santomensidade”. Achamos
que os intelectuais devem ter para
respostas novas. Reverter a perda de
que estamos em altura de congregar a
uma projecção mais aguda dos pro-
credibilidade académica que as nos-
nossa vontade intelectual para pensar de
jectos individuais ou colectivos para o
sas instituições universitárias,
por
novo esta noção tão capital e dar-lhe con-
melhoramento da condição humana.
exemplo, conhecem presentemente,
tornos mais científicos. Pensamos que
Uma revista universitária, para a Uni-
pressupõe uma real capacidade de
São Tomé e Príncipe de futuro depende
versidade de São Tomé e Príncipe,
reflexão criativa para dar resposta às
de reflexões prospetivas que formos ca-
iniciaria um percurso de verdadeiros
questões da atualidade.
pazes de produzir hoje.
combatentes. Uma revista universi-
Um olhar na história universitária da
Ergamos as nossas vozes para entoar o
tária na USTP inaugura um combate
época pré-independência dos países
hino da santomensidade moderna.
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VOZ e VEZ
Professora Georgina Costa
A Pré escolar em transformação
A
educação Pré-escolar em
dos módulos curriculares em escolas
S.Tomé e Príncipe depois do
piloto.
período pós independência
Em 2013 foi a primeira testagem em al-
deixou de ter um modelo assistencial-
gumas instituições pré-escolares com
ista, com as primeiras formações para
amostra para validação do currículo.
Encarregadas de creche, actualmente
Deste modo a Pré-escolar em S.Tomé
denominadas Auxiliares Pedagógicas,
e Príncipe vem tendo uma grande
passa a ser um espaço comprometido
evolução com o alargamento da rede
com o desenvolvimento educacional
e a implementação do currículo com
da criança, integrando actividades
um novo modelo de uma aprendi-
que tomam em conta o desenvolvi-
zagem mais activa em que a criança se
mento dos aspectos físico, emocional,
torna o centro da aprendizagem.
cognitivo e social.
Experiências patentearam que as
Elaboravam-se os programas anu-
crianças que frequentam estabeleci-
ais cujo cumprimento era discutido
mentos do ensino pré-escolar desen-
quinzenalmente nas reuniões de pre-
volvem com maior facilidade a auto
paração metodológica. Até então não
estima e outras qualidades e aptidões
existia um currículo próprio.
que lhes permitem estar afectiva, so-
Em 2012 foi celebrado um memoran-
cial e intelectualmente, mais bem pre-
do de cooperação para a elaboração
paradas para conviver no quotidiano
de:
com colegas, parentes e os demais
• Referenciais Curriculares para Jar-
para prosseguir a aprendizagem no
dins de Infância nas quatro áreas
ensino básico. No entanto, as dificul-
de
Linguagem,
dades surgidas no Período pós inde-
Matemática, Meio Físico e Social, Ex-
pendência em STP fizeram com que
pressões Artísticas.
este ensino fosse relegado para se-
• Parâmetros Básicos de Espaço e
gundo plano durante os últimos 30
Infra-estrutura de funcionamento de
anos. A sua revitalização passa pela
Creches e Jardins de Infância para a
afirmação da vontade política para
faixa etária dos 4-5 anos.
o desenvolvimento do sector e pela
• Proposta Pedagógica e de Plano de
adopção de medidas e políticas ro-
Formação Docente, face às expec-
bustas, nomeadamente para garantia
tativas geradas á volta da EFOPE, ar-
da universalidade e gratuitidade de
ticulando os módulos já existentes de
acesso ao ensino pré-escolar de quali-
currículo com a formação para o novo
dade; Proporcionar a todas as crianças
currículo.
Santomenses (3-5 anos), incluindo as
• Programas de oficinas presenciais e
com NEE, no horizonte 2022 até 6
a distância para a validação/testagem
anos de idade.
conhecimento
-
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VOZ e VEZ
UTILIDADE PÚBLICA Centenário de Arthur Eddington
alienação de bens públicos.
No próximo dia 29 de Maio de 2018, comemoram-
O certame teve como objetivo dotar os formandos
se os 409 anos das primeiras observações do
de noções básicas sobre os diversos temas que
italiano Galileu Galilei com um telescópio e os
integram a gestão patrimonial. Tal acção pode e
99 anos da expedição histórica de Eddington. A
deve contribuir para a implantação e disseminação
Universidade de São Tomé e Príncipe vai organizar,
das boas práticas nesse domínio.
precisamente no dia 29 de Maio, pelas 15 horas , no Anfiteatro do ISP, uma palestra sob o tema “99.o
ISP- USTP acolhe no mês de Abril de 2018, a
aniversário da expedição à ilha do Príncipe”.
semana da língua.
A entrada é livre!
XXVIII Encontro da AULP
Olimpíadas de Matemática
PATRIMÓNIO HISTÓRICO DO ESPAÇO LUSÓFONO:
O Instituto Superior Politécnico- ISP da Universi-
CIÊNCIA, ARTE E CULTURA
dade de São Tomé e Príncipe acolhe no mês de Setembro as Olimpíadas de Matemática.
A Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), que reúne mais de 150 univer-
Projeto Educação de Qualidade para Todos - PEQT
sidades e instituições de Ensino e Investigação dos países da CPLP e Macau, vai realizar de 18 a
O Instituto Superior de Educação e Comunicação-
20 de julho de 2018 o XXVIII Encontro da AULP,
ISEC da Universidade de São Tomé e Príncipe
no LUBANGO, tendo como anfitriã a Universidade
organiza no mês de Julho formação à distância
Mandume Ya Ndemufayo, Angola.
para 515 professores do Ensino Básico.
A agenda do Encontro abordará diversos aspetos
A formação será ministrada pela ESEPaulaFrassi-
em torno do tema principal, sendo este distribuído
nete e terá a duração de 11 meses.
por várias sessões:
É seu principal objetivo o reforço das competên-
1. Património Natural e Científico;
cias científicas e pedagógicas dos professores. A
2. Património Linguístico e Cultural;
formação conta com o financiamento do Banco
3. Património Histórico e Artístico.
Mundial.
Mais Informações : AULP@aulp.org
Formação sobre património e boas práticas
Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais 2018
Decorreu nas instalações do Instituto Superior
A Associação Internacional de Ciências Sociais e
Politécnico da USTP uma formação sobre gestão
Humanas em Língua Portuguesa – AILPcsh, tem
patrimonial na administração pública, no âmbito
a honra de convidá-lo(a) para participar do CON-
da parceria entre a USTP e a Administração pública
LAB 2018. Evento que terá lugar na Universidade
e o PAGEF, enquanto entidade financiadora. A
Federal de São Paulo – UNIFESP, na cidade de
formação teve o seu início no dia 19-03-2018 e ter-
Guarulhos/SP (Brasil), entre os dias 28 de julho e 01
minou no dia 23-03-2018, contando com a partici-
de agosto de 2018, com o tema “África, Diásporas e
pação de 65 agentes da função pública.
o Diálogo Sul-Sul”. A chamada para comunicações
A formação foi destinada aos funcionários públicos
encontra-se aberta até 30 de abril de 2018.
que intervêm no processo de aquisição, gestão ou
Mais informações: www.conlab2018.eventos.dype.com.br
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VOZ e VEZ
PROJETAR O FUTURO COM QUALIDADE
O ISCSVM-USTP, está na fase de implementação há mais de 1 ano, com uma comissão instaladora constituída por: Presidente; Vice- Presidente e Administradora. Está sedeado no Campo de Milho, ao lado da Escola Portuguesa - antiga IDF – à frente da enfermaria do Quartel do Mouro. O nosso contacto é 2 221377 / 2 222 7985.
Neste momento tem em curso as seguintes formações: licenciatura em
O QUE NOS DISTINGUE
Gestão e Administração em Serviços
O ISCSVM-USTP é a primeira e única
de Saúde, Bacharelato em Análises
instituição de ensino médio e superior
Clínicas, Bacharelato em Enferma-
são-tomense na área da saúde;
gem, formação média em Farmácia
Nasceu como Escola de Formação de
e formação média em Enfermagem.
Quadro da Saúde e cresceu, sendo
Está a organizar-se para dar início ao
hoje a única Unidade da Universidade
primeiro curso de licenciatura em
Pública de São Tomé e Príncipe a for-
Enfermagem no arquipélago são-to-
mar na área da saúde e afins.
mense - 2018-2019.
Livros do Mês
Manuais do Mês
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VOZ e VEZ
RESENHA HISTÓRICA E PERFIL INSTITUCIONAL A institucionalização do Instituto Su-
analfabeta. Aos poucos professores de
dezembro, com efeito retroativo a par-
perior de Educação e Comunicação,
Magistério Primário e professores de
tir de 1 de Março de 1993, que criou
adiante designada por ISEC, resultou
Posto, formados ainda na época co-
o Curso de Encarregada de Creche
da preocupação da transformação e
lonial, foram juntando os jovens pro-
sob a direção do Centro Pedagógico
extensão da Escola de Formação de
fessores eventuais que sem qualquer
Didático.
Professores e Educadores (EFOPE)
formação específica concorriam para
que tinha a missão de formar e ca-
o exercício da atividade docente.
Para a valorização do corpo docente e como forma de dar resposta à for-
pacitar quadros para satisfazer as ne-
Atendendo a carência de qualifi-
mação de professores e educadores
cessidades de ensino-aprendizagem
cação profissional de professores e a
de infância, depois de mais de 10 anos
nas escolas primárias e nos jardins de
necessidade de integração do indi-
de paralisação, foi criada uma Comis-
infância ou creches.
víduo no mercado de trabalho, para
são Instaladora que encetou diligên-
Resultou, portanto, de um longo
dar resposta à necessidade de mel-
cias para a reabertura da Escola de
processo de consertos e acertos, de
horia de qualidade no ensino básico,
Formação de Professores e Educa-
busca de melhor desempenho e de
diversos diplomas foram criados ao
dores (EFOPE). A legislação normativa
melhores resultados, iniciado em
longo do percurso, a saber:
encontra-se no Decreto-lei n.° 5/2000,
1975 e que continua num percurso
• o Decreto n.° 42/76, de 3 de setem-
ao encontro de novos patamares de
bro que criou o Curso de Formação
eficácia e eficiência na formação e ca-
Pedagógica Permanente onde se
Entretanto, no quadro das exigên-
pacitação de educadores e quadros
atribuía um diploma com valor legal
cias e desafios da nova conjuntura so-
docentes.
do curso de Magistério Primário para
cioeconómica, cultural e política viu-
os que terminassem com aproveita-
se transformada em Instituto Superior
mento;
de Educação e Comunicação (ISEC),
Com efeito, a independência nacional, alcançada em 12 de julho de
publicado no Diário da República n.° 7 de 23 de agosto.
1975, gerou condições para uma
• o Despacho n.° 40/78, publicado
integrada na Universidade de São
nova abordagem da política edu-
no Diário da República n.° 44 de 4 de
Tomé e Príncipe (USTP), constituindo
cativa em S. Tomé e Príncipe. Por
novembro, que estabeleceu o modelo
uma das suas unidades orgânicas.
conseguinte, criou-se uma nova ar-
de diploma do Curso de Magistério
quitetura legislativa com o objetivo
Primário;
Assim, o ISEC é uma pessoa coletiva de direito público, dotada de autono-
de se proceder à massificação e de-
• o Decreto-Lei n.°16/79 de 28 de
mia científica, pedagógica, admin-
mocratização do ensino, perspeti-
março que aprovou o Regulamento
istrativa e financeira, nos termos do
vando a transformação da sociedade
do Curso de Formação de Professores
artigo 11.° do Regime Jurídico das
são-tomense. Para tal, foram consig-
Primários;
Instituições de Ensino Superior, conju-
nados direitos e deveres no âmbito
• o Decreto n.° 47/88 de 23 de dezem-
gados com os artigos 6. °, 7. ° e 8.° do
da educação e promoveu-se o livre
bro que criou o Centro Pedagógico
Decreto-lei n.° 9/2014 que cria a Uni-
acesso ao sistema educativo gener-
Didático – instituição especialmente
versidade de São Tomé e Príncipe e
alizado em todo o país.
vocacionada para a formação de téc-
com o artigo 5.° do respetivo Estatuto,
nicos para o domínio infantil;
aprovado pelo Despacho Normativo
Segundo os dados existentes, após a independência 80% da população era
• o Decreto n.° 66/95 de 31 de
n.° 8/2014.
Ficha Técnica do VOZ e VEZ Diretor: Marisa Costa | Editores: Frederico dos Anjos, José Manuel Simões e Esterline Género | Cronistas: Maria Georgina Costa, Arlindo Carvalho e André Ferdinand Ngueho | Jornalistas: Niela Rodrigues, Yesmina Santos, Natália Martins, Arlécia Baía, Jorge Lázaro, Carlos das Neves, Russel Viegas, Esmael Lima, Atanásio Bandeira e Noény D’Alva | Grafismo: António Falcão | Edição N.°1 de Abril de 2018
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Praia Abelha
FOTO: JOSÉ MANUEL SIMÕES