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Michael Krautzberger

NÚMERO 46 SETEMBRO E OUTUBRO 2022 .

ENTREVISTAS MICHAEL KRAUTZBERGER, BLACKROCK PEDRO FERNANDES, HEED CAPITAL NEGÓCIO PORTUGAL- MERCADO TITÃ EM FUNDOS DE INVESTIMENTO ESTRANGEIROS ESTRATÉGIAS OS FUNDOS PORTUGUESES MAIS RENTÁVEIS NA ÚLTIMA DÉCADA

ESTILO VOLTA AO MUNDO EM 10 ANOS 10 ANOS DE FESTA FUNDSPEOPLE

ANOS

UMA DÉCADA DE TRANSFORMAÇÃO

27/09/2022 12:21

As dinâmicas no mercado de fixed income sofreram muitas alterações desde o começo do ano. Agora, na visão de Michael Krautzberger, pode ser um bom momento para tirar partido das ineficiências do mercado. O BlackRock Sustainable Fixed Income Strategies Fund, classificado como artigo 8 da SFDR, pretende gerar alpha aos investidores expondo-se a empresas que geram externalidades positivas para a sociedade. Neste processo, o rigoroso e disciplinado research é fundamental. PARTNER

NER T PAR

GESTOR DO BLACKROCK SUSTAINABLE FIXED INCOME STRATEGIES FUND

ENTREVISTAS MICHAEL KRAUTZBERGER, BLACKROCK PEDRO FERNANDES, HEED CAPITAL NEGÓCIO PORTUGAL- MERCADO TITÃ EM FUNDOS DE INVESTIMENTO ESTRANGEIROS ESTRATÉGIAS OS FUNDOS PORTUGUESES MAIS RENTÁVEIS NA ÚLTIMA DÉCADA

ESTILO VOLTA AO MUNDO EM 10 ANOS 10 ANOS DE FESTA FUNDSPEOPLE

NÚMERO 46 SETEMBRO E OUTUBRO 2022 .

ANOS

UMA DÉCADA DE TRANSFORMAÇÃO U

m produto que combina a componente obrigacionista com a vertente sustentável. Com mais de 4 mil milhões de euros em património, o BlackRock Sustainable Fixed Income Strategies Fund, distinguido com Rating FundsPeople, tem um track record que remonta a 2009. Contudo, é agora, com a anormalidade (ou com o retomar à normalidade) das taxas de juro, que os investidores voltam a olhar com outros olhos para uma classe de ativos que, nos últimos anos, tem vindo a ficar para trás nas suas preferências no processo de alocação.

“Consistente em todos os fundos de fixed income europeus, a nossa abordagem reconhece estratégias de valor relativo como o veículo ideal para capturar alpha eficiente em termos de risco”, começa por explicar Michael Krautzberger. Para alcançar sucesso em tal abordagem, o gestor conta que acredita que existem dois ingredientes fundamentais na receita: a volatilidade e o tempo. “A volatilidade para mover os preços para fora do seu intervalo tradicional, e o tempo para permitir a reversão de volta aos seus níveis históricos”, explica. Diz também acreditar que a combinação de um rigoroso e disciplinado research fundamental bottom-up com research económico top-down é crucial para aproveitar as ineficiências do mercado de forma a gerar alpha.

27/09/2022 12:21 A RELEVÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE

É no processo de alocação de ativos que a integração da sustentabilidade desempenha um papel fundamental no fundo. Classificado como artigo 8º no âmbito da SFDR, “o produto aplica o enquadramento de externalidades da BlackRock, proporcionando uma forma transparente e quantificável de medir e analisar a sustentabilidade em todo o universo do rendimento fixo”, assegura Michael Krautzberger. Para garantir a excelência na análise, “a cada um dos títulos em carteira, quer sejam asset backed securities, obrigações soberanas ou corporativas, é atribuída uma pontuação que permite uma GREENIUMS

Michael Krautzberger acredita que a evolução e o aumento de emissões de obrigações verdes irá permitir acompanhar os greeniums com mais dados, ilustrando as diferenças ao longo do tempo em termos setoriais e de emitentes. Vê este tipo de emissões como uma oportunidade de melhorar o desempenho da sua carteira.

revisão holística das credenciais de sustentabilidade do fundo”, explica o profissional.

Nesta vertente, o objetivo da equipa de gestão é claro: favorecer os emitentes que demonstrem externalidades positivas, e excluir os que demonstrem externalidades negativas. O profissional dá como exemplo as “empresas em que a sua atividade gera um benefício ambiental e social para terceiros, aumentando os benefícios tangíveis do ESG para os clientes”. Em termos de composição da carteira, Michael Krautzberger apresenta que esta é composta por obrigações verdes, sociais e sustentáveis (GSS), títulos com objetivos baseados na ciência, alinhados com iniciativas de transição, ou ainda pelas empresas melhor classificadas dentro do seu setor. “As obrigações verdes são selecionadas com base nos projetos financiados pelas suas receitas”, enuncia. “Os projetos em que se considera que colocam o mundo em direção a uma economia net-zero, ou seja, os projetos de energias renováveis, recebem as pontuações mais elevadas em comparação com aqueles que produzem apenas melhorias marginais em relação ao consumo de energia de base, tais como os projetos de edifícios verdes”, explica.

Para além de todo este processo, juntam-se os filtros que aplicam na decisão de investir ou não numa empresa. Mais concretamente, procuram definir um score mínimo ao nível do rating ESG da MSCI, não investem em emitentes que violem o Pacto Global das Nações Unidas (UNGC), e aplicam exclusões setoriais. Com isto conseguem eliminar do seu universo de investimento as empresas que produzem custos sociais e ambientais altos para a sociedade.

O profissional exemplifica o processo de evolução para artigo 8º com base nas diferenças materiais dos ativos que compõem a carteira. “No final de julho de 2021, o fundo detinha 2,6% em GSS, 11,5% em emitentes com metas com base científica e a pontuação ESG da carteira do MSCI era de 5,5. Após um ano, as exposições a medidas de sustentabilidade aumentaram significativamente; as participações de GSS em 11,7%, 17,1% em emitentes

“NO FIXED INCOME, É PROVÁVEL QUE O ESG GANHE MUITO MAIS DESTAQUE NOS PRÓXIMOS 10 ANOS. O IMPACTO FÍSICO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E A MUDANÇA DEMOGRÁFICA DOS INVESTIDORES CONTINUARÃO A IMPULSIONAR A PROCURA POR SOLUÇÕES ESG”

com metas com base científica e a carteira detinha uma pontuação de 7,1 na MSCI”, ilustra.

NOVA ERA PARA O FIXED INCOME?

Como gestor ativo, Michael Krautzberger acredita que o atual ambiente de mercado pode oferecer boas oportunidades aos investidores, quer seja em termos setoriais ou de títulos. Na verdade, diz que “o fixed income é atualmente muito diferente do que era no início do ano, com produtos de curta duração a oferecer yields positivas após anos de yields negativas”. Nomeadamente, vê oportunidade nas curvas de taxas a curto prazo, nos ativos de spread de elevada qualidade, incluindo as agências soberanas, supranacionais ou obrigações cobertas, e também nos greeniums (green premiums).

Relativamente às recentes alterações nas políticas monetárias por parte dos bancos centrais, o próprio comenta que esse movimento irá “coloca maior ênfase nos fundamentais de um emitente e na sua capacidade de angariar capital nos mercados”, alterando assim a dinâmica do mercado. Para o profissional, o resultado será uma maior dispersão em setores, com as preferências dos investidores a evoluírem à medida que passam pelas várias fases do ciclo económico. “Combinando este fator com a recente tendência de maior volume de dívida pendente vs. balanços saudáveis, a velocidade dos movimentos de ativos é suscetível de aumentar. Isto já é evidente com o ritmo de mudança dos spreads de crédito, salientando a forma como a liquidez limitada acelera a mudança dos preços”, explica.

Conclui ao mencionar o posicionamento atual do fundo: curto nas taxas americanas, preferindo setores de alta qualidade – como o setor bancário – e, em termos de duração, oscila em torno de neutro, sendo que a curto prazo mostra um viés para flatteners. Em suma, está confiante que a sua estratégia poderá trazer resultados positivos para os clientes. Contudo, avisa que “é importante considerar a imprevisibilidade dos mercados. Mostrar humildade e avaliar decisões está enraizado na equipa de gestão e este é um processo que continuará à medida que os mercados evoluem”.