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Não há mal que sempre dure…

tiago forte vaz, cfa Head of Intermediaries Brazil,

Portugal, Uruguay & Argentina

Em retrospetiva o ano de 2022 não deixa grandes memórias (ou melhor, grandes deixa) mas não daquelas que os investidores gostam. Parece que se conseguiu condensar num ano várias tempestades ao mesmo tempo. Aquilo que era para ser um ano mais ou menos tranquilo, que marcaria o fim da pandemia, um desacelerar da inflação com a normalização das cadeias de distribuição, tornou-se rapidamente num conjunto de crises, desde a agressiva alteração das políticas monetárias por parte dos

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principais Bancos Centrais liderados pela Fed, com a crise geopolítica gerada com a invasão da Ucrânia pela Rússia e a consequente crise energética que mais não fez que intensificar a inflação. É caso para dizer que o que podia ter corrido mal, correu mesmo mal.

Na verdade estas diferentes crises acabaram por resultar num dos piores anos para os mercados financeiros que há registo, e nalgumas classes de activos pode-se mesmo falar no pior ano de sempre. Uma dessas classes foi a obrigações, e isso é ainda mais importante, pelo facto que esta corresponde a uma parte significativa das carteiras dos investidores portugueses, e por isso o seu impacto foi fortemente sentido.

Este material é destinado apenas a investidores profissionais. Não se destina à distribuição a qualquer pessoa ou entidade que seja cidadão ou residente de qualquer localidade, estado, país ou outra jurisdição onde tal distribuição, publicação ou utilização seja contrária à lei ou regulamento. Todos os investimentos envolvem riscos, incluindo o risco de perda do capital inicial investido. As informações e dados apresentados neste documento não devem ser considerados como uma oferta ou solicitação de compra, venda ou subscrição de títulos ou instrumentos financeiros ou serviços.

10% da oferta europeia de fundos. Isto faz com que o percentil considerado se torne dinâmico.

São cerca de 1.800 os fundos consistentes europeus, segundo os nossos critérios. Já os registados em Portugal e que, portanto, ostentam o Rating FundsPeople 2023 pela via quantitativa, são 294. Contudo, tivéssemos nós mantido o percentil estático de anos anteriores, o impacto dos cisnes negros de 2022 teria sido importante e re-

Mas o outro lado da moeda das fortes correções a que assistimos em 2022 na classe de obrigações, é que as valorizações vieram para patamares muito mais atrativos. Na Pictet aM acreditamos que a obrigações tem hoje, em termos relativos, uma maior atratividade a curto/médio prazo que a ações. E se ainda existe incertezas quando à evolução da inflação, de uma recessão económica, a verdade é que acreditamos que o ano de 2023 irá permitir pontos de entrada em obrigações com uma perspetivas que não víamos há muito tempo. É tempo de voltar a pensar em obrigações.

NO TOTAL, FALAMOS DE 604 FUNDOS DE INVESTIMENTO COM RATING FUNDSPEOPLE 2023 EM PORTUGAL

duziria para cerca de metade os fundos que ultrapassariam este filtro.

Mas não é apenas por esta via que um produto entra no nosso radar. Além de se poderem destacar por 1: demonstrar resultados de retorno e risco que os posicionam como os mais consistentes na sua categoria, os fundos podem destacar-se por 2: ocupar o top of mind dos selecionadores e analistas de fundos de investimento ou 3: atrair um volume significativo de ativos em Portugal. Detalhamos os pilares 2 e 3.

Destacados

São fundos que acumulam um mínimo de cinco votos de selecionadores e analistas de fundos no inquérito anual realizado em Espanha, Portugal e Itália. Neste inquérito, onde pedimos a cada profissional um máximo de 10 fundos que sobressaem pelas suas características únicas, votam todos os anos mais de 100 analistas de fundos. Este ano, 24 fundos cumprem este critério.

Investimento Local

Estes são os fundos que atraem mais capital de investidores nacionais, ou seja, são produtos que apresentavam um volume significativo de ativos entre investidores portugueses, a 31 de dezembro de 2022. Para se destacar por este critério, um fundo de uma entidade gestoras internacional necessita de ter um negócio mínimo de 10 milhões de euros neste mercado. Por outro lado, para os produtos locais, é-lhes exigido um património mínimo de 50 milhões de euros e que tenham experimentado fluxos líquidos positivos acumulados durante três anos de mais de 25% da sua carteira no final de 2022. Existem 317 fundos estrangeiros e 33 fundos portugueses que excedem estes limites. No total, 350 produtos registados em Portugal sobressaem por este pilar.

FUNDSPEOPLE+

No total, falamos de 604 fundos de investimento com Rating FundsPeople 2023 em Portugal. E de todos estes, apenas quatro cumprem os três critérios em simultâneo, um reconhecimento que os torna dignos da classificação do Rating FundsPeople+. Ênfase no apenas. No ano passado, eram 15 os fundos que obtinham esta classificação. Mais uma vez, o comportamento atípico dos mercados em 2022 transparece nos Ratings FundsPeople e faz com que menos fundos sobressaiam pelos três critérios.

Em suma, 2023 não é só mais um ano em que destacamos aquela que é, na nossa opinião, a melhor oferta de fundos em cada país. É, isso sim, um ano em que o Rating evolui e se torna mais abrangente. Um reflexo da vontade da FundsPeople para fazer mais e chegar mais longe.

Uma Oportunidade Hist Rica No Cr Dito

O aumento dos rendimentos e dos diferenciais de crédito está a oferecer uma oportunidade histórica para os investidores em obrigações. Na última década, estes dois elementos tinham-se conjugado de uma forma que trouxe o retorno das obrigações empresariais para um patamar entre 1% e 3%, mas estes valores praticamente duplicaram, o que nos coloca numa situação que não se via desde a crise financeira de 2008. Esta janela de oportunidade não irá, no entanto, permanecer aberta por muito tempo: as empresas tenderão a ser cada vez a ser mais cautelosas na hora de emitir dívida a este nível de custos, o que levará, a médio prazo, à normalização dos rendimentos.

Aproveitar esta janela de oportunidade implica, ainda assim, ter em consideração que o contexto macroeconómico permanece desafiante e tem afetado até mesmo as empresas a que reconhecemos melhor qualidade. Será, por isso, essencial levar a cabo uma seleção criteriosa, identificando emitentes com balanços fortes e protegidos, suscetíveis de melhorar com o efeito da inflação, ou empresas com modelos de negócio resilientes à desaceleração.

Neste sentido, estamos menos otimistas relativamente aos emitentes das indústrias cíclicas – como a automóvel ou de consumo – e, em vez delas, a nossa preferência dirige-se às empresas com balanços estáveis que atuam em setores como o imobiliário, os transportes e as utilities. Por fim, importa potenciar as oportunidades que surgem na estrutura de capital, tirando proveito das ineficiências do mercado.