Revista FundsPeople março e abril

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ENTREVISTAS GESTOR PORTUGUÊS por Margarida Pinto

Ricardo Almeida RESPONSÁVEL PELA GESTÃO DAS CARTEIRAS DE ATIVOS DOS FUNDOS DE PENSÕES, REAL VIDA SEGUROS

“TEMOS UM ENVIESAMENTO VISÍVEL PARA O TEMA DO VALUE” A Real Vida Seguros já suporta a gestão de uma gama considerável de fundos de pensões abertos. Sem dogmas e com muita praticidade na gestão, o investimento direto é uma das preferências da casa. ode apelidar-se de vasta a oferta que a Real Vida Seguros apresenta atualmente ao nível dos fundos de pensões. Gere quatro fundos de pensões abertos de adesão coletiva ou individual e um fundo de pensões aberto de adesão coletiva. Isto em nome próprio, pois é ainda a entidade responsável pela gestão administrativa dos fundos de pensões da Optimize Investment Partners. Ricardo Almeida, gestor responsável pelos fundos de pensões da entidade, começa por desmistificar algum tipo de doutrina que possam ter ou seguir na gestão. “Não temos nenhum dogma em termos de filosofia de investimento”, inicia. De forma prática, explica que a gestão dos fundos de pensões está, claro, condicionada pela política de investimentos definida por cada fundo. Mas, acrescenta, “de um modo geral o intervalo de alocação permitido para cada classe de ativos é suficientemente amplo para se conseguir uma flexibilização das carteiras adequada a enquadramentos de risco diferenciados”. Dito isto, o viés da entidade é apenas um: “Temos um enviesamento visível para o tema do value”, sublinha. Um enviesamento justificado pelas “preferências setoriais e geográficas no atual enquadramento económico”. Na organização da gestão existe apenas um gestor dedicado em exclusivo às carteiras dos fundos de pensões, neste caso o profissional. O suporte, adianta, é feito “pelos recursos técnicos e analíticos da direção de gestão de ativos

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da Real Vida”. De acordo com o mandato em causa, é no comité de investimentos - que tem “carácter executivo” onde “são definidas as bases gerais de atuação em matéria de investimento”. Um comité bastante diverso, já que é “constituído por elementos oriundos de diferentes unidades orgânicas da Real Vida Seguros”.

INVESTIMENTO DIRETO Na gestão dos portefólios é dada primazia ao investimento direto, e este é o método “preponderante”. Como explica Ricardo Almeida, “a utilização de fundos é feita em circunstâncias específicas”. Nomeadamente em uma de duas situações: “Quando o nosso know-how não nos parece suficiente para replicar o foco do investimento do fundo ou quando o investimento direto não permite uma adequada diversificação”, diz. A política de compra e venda de ativos não segue uma regra específica. “A gestão das carteiras é feita de forma dinâmica e atenta às circunstâncias do mercado”, afiança o gestor, para quem é difícil falar de uma “métrica de turnover constante de ano para ano”. Assim, enquadra a maioria dos anos num intervalo de turnover entre os 20% e os 40%. A gestão do risco das carteiras, ainda para mais quando falamos de um fundo de pensões, é um ponto que a equipa não descura. Por isso, “existem vários níveis de gestão de risco das carteiras”. O primeiro, conta Ricardo Almeida, “está relacionado com as políticas de investimento de cada carteira”. O segundo é mais complexo, e está “relacionado com limites específicos para posições individuais”. “Dentro de cada uma das principais classes de ativos temos à nossa disposição instrumentos derivados que permitem uma cobertura de risco global para a classe de ativo respetiva. A gestão do risco de investimento de nomes individuais é feita através do dimensionamento da sua posição em carteira”, explicita. Porque o tema da sustentabilidade é também caro aos fundos de pensões, Ricardo Almeida atesta que “o processo de investimento inclui fatores de investimento ambiental, social e responsável”. O responsável assegura que são considerados “não só a expectativa de retorno financeiro de cada investimento selecionado, como também o impacto mensurável de dimensões não-financeiras relacionadas com preocupações sociais, ambientais e do governo das sociedades”. A integração dos fatores ESG é feita em várias fases. Incluem-se “a identificação das principais tendências temáticas, a pesquisa e avaliação da exposição a cada um desses temas por parte dos vários investimentos selecionados ou considerados na gestão do fundo de pensões, e o impacto das decisões das várias entidades detentoras dos instrumentos financeiros selecionados ao nível dos referidos fatores ESG”, conclui o profissional.


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