NEWSLETTER FMVG N.º 13 MAIO 2018 | CULTURA ALGARVE

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p.3 | newsletter n.º 13, Mai./2018

Seguir-se-ia a necessidade de explicar a importância de se conhecer o devir histórico das sociedades africanas e o modo como se ajustaram e/ou reagiram à implementação colonial e, posteriormente, ao imperialismo colonial. Haveria também que explicar às pessoas como foi possível manter-se um território colonizado por tanto tempo, enganando e ignorando populações na “metrópole” e nas “colónias”, quando não só alguns políticos mas também cientistas, como foi o caso de MVG e de Jorge Dias tanto avisaram da necessidade de se alterar o rumo da política colonial portuguesa. Seria preciso explicar que os Estudos Africanos são um espelho a que Portugal deve recorrer para se compreender a si próprio, para se aceitar como é e para delinear o seu futuro. E, para finalizar, será necessário ainda percebermos que os Estudos Africanos não podem tomar uma postura neocolonizadora mas que devem desenvolver-se com parceiros dos países de língua portuguesa para que vários olhares bidirecionais proponham leituras coerentes e transversais. É autora do livro Manuel Viegas Guerreiro: Moçambique, 1957, publicado em 2017. Um ano depois voltou a "reencontrar-se" com o espólio de MVG. Pode descrever o trabalho que tem vindo a desenvolver na FMVG? Actualmente estou a elaborar uma lista exaustiva de todos os materiais do espólio: diapositivos, gravações sonoras, fotografias, manuscritos. O passo seguinte será, no âmbito da excelente relação institucional que a FMVG mantém com outras instituições, nomeadamente com a Câmara Municipal de Loulé, conseguir a efectivação do Inventário, da recuperação e preservação de todo este material para que fique devidamente disponível para divulgação e recurso de toda a comunidade científica mundial.

Anotações de Manuel Viegas Guerreiro no verso da fotografia de capa

MM

SOBRE LUÍSA MARTINS

Luísa Martins na Biblioteca da FMVG

A FMVG é detentora de um espólio único no mundo e irrepetível. É dever da Fundação, de todas as instituições algarvias e nacionais e ainda, de todos nós, preservarmos e darmos a conhecer o espólio de MVG para que possa ficar disponível à investigação, para que também o nome e o trabalho do Professor não caiam no esquecimento. O que se seguirá? Gostaria muito que, numa agregação de vontades e de esforços, a Fundação e os seus parceiros institucionais, nomeadamente a Universidade do Algarve, a Universidade de Lisboa e a Universidade do Porto realizassem uma exposição maioritariamente ilustrativa do espólio audiovisual do Professor, que homenageasse em simultâneo o Professor, o Humanismo e os Direitos Humanos, o Património, a Cultura e a Educação ao longo da vida, áreas em que MVG assentou os seus estudos e o seu percurso pessoal e profissional. Sem deixar de vista o Mar e a Língua Portuguesa, dois elos de ligação que nos unem, com tudo o que de bom e de mau a nossa história tem para se falar, sem complexos. O que gostaria ainda de fazer ou de ver ser feito, no que diz respeito ao legado de MVG? Tanto que não caberia nestas páginas. Mas posso, à partida, sonhar com um Encontro bianual sobre História e Cultura dos países de língua portuguesa, a republicação dos estudos do Professor, a presença anual de jovens investigadores portugueses, angolanos e moçambicanos a desenvolver as suas pesquisas, mestrados e doutoramentos em Querença, à luz de protocolos de estágio. E ainda, um Centro de Estudos sobre o Algarve, com investigadores que se reúnam em Querença uma vez por mês para falar dos seus estudos, fazendo homenagem às memórias de Manuel Viegas Guerreiro e de Luís Guerreiro.

www.fundacao-mvg.pt | +351 289 422 607

Luísa Martins nasceu em Moçambique em 1965 e viveu em Loulé até 1998. Actualmente reside em Faro. Doutorada em História Contemporânea, área de Estudos Africanos e da Presença Portuguesa em África, pela Universidade de Évora (2010), tem mestrado em Descobrimentos e Expansão Marítima, pela Universidade de Lisboa (UL) e em Alimentação - Fontes, Cultura e Sociedade, pela Universidade de Coimbra (UC). Possui ainda pós-graduação em História Regional e Local e licenciatura em História (UL), tendo iniciado o seu percurso académico como professora do Ensino Básico no Magistério Primário de Faro. Como trabalhadora estudante leccionou no Algarve, Lourinhã e Lisboa. Em 1996 fez o curso de extensão universitária

Scripta Volant: Medicos y Curanderos de Libros, Documentos: Restauracion de Pergamino y Papel, na Universidade de Sevilha e no ano de 1998, o curso de Marketing Cultural, no Centro Cultural de Belém. Em Setembro de 1999, regressa ao Algarve, integrando até hoje a Câmara Municipal de Loulé. Primeiro como Técnica Superior na Divisão de Cultura e Património, depois como directora de Departamento de Intervenção Local e Gestão da Informação e, desde 2013, como Chefe de Unidade Operacional de Promoção da Cidadania e da Cidade Educadora. Na qualidade de investigadora é, desde 2000, membro integrado do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora e, desde 2011, investigadora colaboradora do projecto Diaita da UC do Centro de Estudos Clássicos. Há 25 anos que participa em conferências nacionais e internacionais. Entre elas, os Encontros Nacionais e Internacionais sobre História de África na Universidade de York, em Toronto, na Universidade de Avinhão, na Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Universidade Cândido Mendes (também no Rio de Janeiro), na Universidade de Elche, Espanha, Universidade de Tours, França e em instituições portuguesas: UL, UC, ISCTE, UAlg, Universidade de Évora, Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Fundação Calouste Gulbenkian, Instituto de Investigação Científica Tropical, Clube de Tavira e Arquivo Municipal de Loulé. Tem vários artigos científicos publicados em revistas científicas e em suportes electrónicos de instituições científicas, bem como em publicações de carácter geral.


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