Folha de Sala "La Giuditta"

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La Giuditta

Os MĂşsicos do Tejo


23 setembro 2016 Grande Auditório / 20h / M/6

Coprodução CCB / Músicos do Tejo . Duração aproximada 1h30

Os Músicos do Tejo Direção: Marcos Magalhães e Marta Araújo

La Giuditta de Francisco António de Almeida (1702-1755?) / Libreto de autor anónimo Oratória estreada em Roma em 1726 / Dedicada a André de Melo e Castro, embaixador Direcção Musical e cravo Marcos Magalhães Giuditta Sandra Medeiros (soprano) / Achiorre Ana Quintans (soprano) Ozia Carlos Mena (contratenor) / Oloferne Alberto Sousa (tenor) Tera Shimizu (concertino), Denys Stetsenko, Raphaelle Pacault e Raquel Cravino Violinos 2: Álvaro Pinto, Maria Bonina, Naomi Burrel e João Mendes / Violas: Pedro Braga Falcão e Lúcio Studer / Violoncelos: Ana Raquel Pinheiro (recitativos) e Luís André Ferreira Contrabaixo: Pedro Wallenstein e Jean-Michel Forest (recitativos) / Fagote: Nicolas André Oboés: Pedro Castro e Luís Marques / Flautas de bisel: António Carrilho e Pedro Castro / Trompas: Paulo Guerreiro e Luís Vieira / Cravo: Marta Araújo Violinos 1:


Depois de um trabalho intenso (com apoio do CCB) em torno da obra de Francisco António de Almeida que culminou com a publicação em CD na editora Naxos de La Spinalba e Il Trionfo d'Amore, Os Músicos do Tejo debruçam-se agora sobre a oratória La Giuditta. Nesta obra, composta ainda em Roma, vemos Almeida responder a um libreto que conta uma das histórias bíblicas mais sanguinárias e terríveis, com alguma da sua música mais poderosa e dramática. A piedade cristã é aqui substituída pela violência: o cruel Olofernes é decapitado pela frágil Giuditta naquilo que pode ser visto como um raro desafio à ordem patriarcal e que ficou imortalizado nas célebres pinturas de Gentileschi ou Caravaggio. Programa Francisco António de Almeida La Giuditta (Oratória)

I nt e rvalo

11.

Abertura 1. Sventurata Giuditta! ... Quella fiamma – recitativo e ária (Giuditta) 2. Qual mai gente superba – recit. (Achiorre e Oloferne) Invitti miei guerrieri – ária (Oloferne) 3. Ove gli occhi raggiro ... Tortorella – recit. e ária (Ozia) 4. Illustre prence – recit. (Giuditta e Ozia) Saggio nocchiero – ária (Giuditta) 5. Ma quale ignoto duce – recit. (Ozia e Achiorre) La dolce speranza – ária (Achiorre) 6. Ed orgogliosa ... Dal mio brando fulminante – recit. e ária

Alto Signore ... Dalla destra onnipotente – recit. e ária

(Giuditta)

Oh, come lieta – recit. (Achiorre e Ozia) Un’ alma forte – ária (Ozia) 13. Quest’ è il giorno fatale ... Date, o trombe – recit. e ária

12.

(Oloferne)

A tanto rio dolore ... Giusto Dio – recit. e ária (Ozia) Dunque, con alma – recit. (Ozia e Giuditta) Sento que dice al cor – ária (Giuditta) 10. Ma qual vano consiglio ... Vanne, addio – recit. e dueto

14. Ma quale io veggio – recit. (Oloferne e Giuditta) Lo splendor – ária (Giuditta) 15. Illustre pellegrina – recit. (Oloferne e Giuditta) Cara, non paventar – ária (Oloferne) 16. Ormai Signor – recit. (Achiorre e Ozia) Non basta la speranza – ária (Achiorre) 17. Giace dal sonno avvinto – recit. (Giuditta e Ozia) Mi sento nel petto – ária (Ozia) 18. Tutta lieta e festosa – recit. (Achiorre e Ozia) Godete, sì godete – ária (Giuditta) 19. Questa, voi la mirate – recit. (Giuditta, Achiorre e Ozia) Vengo a te – ária (Achiorre) 20. Ma come tant’ ardire ... Quel diletto – recit. e dueto

(Ozia e Giuditta)

(Ozia e Giuditta)

(Oloferne) 7.

Prence, già d’ogni intorno ... Pallida e scolorita – recit. e

ária (Achiorre) 8.

9.


notas ao Programa por R u i V i e ira N e r y [ T e xto r e prod u z ido sob lic e n ç a do a u tor , e da C asa da M ú sica ]

F rancisco A ntónio d e A lm e ida A figura e a obra

A figura e a obra de Francisco António de Almeida — como de resto toda a História da Música portuguesa da primeira metade do século XVIII — são impossíveis de compreender fora do contexto mais geral da acção reformadora de D. João V em todos os domínios da Cultura e das Artes em Portugal. Concluída a paz definitiva com a Espanha e encerrando-se assim finalmente o ciclo das guerras da Restauração, iniciada, por outro lado, a exploração sistemática das minas de ouro do Brasil e abrindo-se deste modo uma época de prosperidade financeira desconhecida no Reino desde os tempos áureos do tráfico de especiarias, o jovem monarca via agora criadas as condições para um novo ciclo de reabertura à Europa e de desenvolvimento e modernização intensos do País. Esta visão europeísta do soberano chegou a tal ponto que D. João V concebeu mesmo a possibilidade de viajar ele próprio pelas principais cortes europeias, a exemplo do que fizera o Czar Pedro o Grande, para escolher in loco os modelos de desenvolvimento que lhe parecessem mais adequados para Portugal, e só as objecções dos seus conselheiros, que lhe fizeram ver os custos astronómicos de semelhante operação e as enormes desvantagens para o Reino de uma ausência necessariamente prolongada do monarca, conseguiram demovê-lo desse projecto. Nem por isso, no entanto, deixou de o animar a vontade decidida de introduzir em todos os domínios da vida nacional os modelos económicos, políticos, culturais e artísticos europeus que pessoalmente considerava mais avançados e de ao mesmo tempo procurar marcar no contexto europeu uma presença portuguesa de grande visibilidade.

A localização geográfica dos modelos escolhidos foi diversa. Se por um lado a referência matricial para o tipo de regime centrado no poder absoluto do monarca que D. João V tinha em mente não podia deixar de ser, em primeiro lugar, a França, tal como a moldara a acção de Luís XIV, por outro lado a necessidade de gerir uma realidade específica portuguesa caracterizada pelo peso determinante dos grandes corpos eclesiásticos intermédios levou-o a adoptar uma solução de estreita identificação entre o Estado e a Igreja, próxima do modelo austríaco que ficaria conhecido por josefismo. E esta mesma fusão entre Poder civil e religioso — bem simbolizada pelo estabelecimento do Patriarcado de Lisboa como cabeça da Igreja portuguesa, cujo titular era contudo, simultaneamente, o Capelão-Mór do Rei e portanto um alto dignitário da Casa Real — fez com que no plano da representação simbólica do novo Poder Régio o padrão europeu escolhido não fosse o modelo profano de qualquer das grandes cortes seculares do continente mas o aparato cerimonial da própria Cúria Papal. Mais do que nos grandes espectáculos de Ópera e de Bailado ou nos grandes bailes e recepções de Corte, como os seus congéneres francês ou austríaco, o Absolutismo joanino adoptaria como imagem o esplendor litúrgico monumental da corte pontifícia. Diga-se, de passagem que esta opção, só compreensível face à inexistência em Portugal de uma sociedade civil suficientemente dinâmica em termos económicos para poder impor um outro projecto estético, mais próximo dos modelos iluministas seculares, seria vista com alguma estranheza por parte dessa Europa que o monarca português tanto queria impressionar. Ficaria célebre, a este respeito, o comentário irónico de Frederico II da Prússia


sobre a figura emblemática de Rei-Sacerdote que D. João V adoptaria de forma crescente ao longo da sua vida: "os seus prazeres eram as funções sacerdotais, as suas construções eram conventos, os seus exércitos eram frades e até as suas amantes eram freiras"... No que respeita à Música, este conjunto de opções do soberano teve consequências muito directas. Seria natural, por exemplo, noutras circunstâncias, que a corte portuguesa, ao abrir-se às modas artísticas europeias, se deixasse contagiar pela paixão pela Ópera italiana, que dominava já a vida musical na maioria dos grandes centros urbanos do continente. D. João V, no entanto, nunca se sentiu atraído pelo género melodramático, e não só durante todo o seu reinado não se ergueu um único grande Teatro de Ópera de corte como durante os últimos oito anos da sua vida, quando a doença o fez mergulhar num fanatismo religioso extremo, mandou mesmo proibir em todo o Reino quaisquer espectáculos públicos profanos, com ou sem música. As grandes cerimónias musicais promovidas pela Corte, com excepção de ocasionais serenatas no Paço para celebração de efemérides da Família Real, eram as celebrações litúrgicas da Patriarcal, que duravam longas horas e onde se ouvia alguma da melhor Música sacra europeia. O peso da Ópera, por outro lado, fizera com que fora da Península a maioria das escolas para formação de músicos profissionais tivessem um carácter secular e preparassem os seus alunos para escreverem e interpretarem um repertório musical de natureza predominantemente operática. Em Lisboa, sucedendo à velha escola polifónica dos moços do coro da Sé, cabia agora à própria Patriarcal instituir a principal escola de música portuguesa, sob a forma de um Seminário cuja actividade incidia, como é natural numa instituição religiosa, no repertório sacro. Por último, enquanto nas grandes capitais do continente a vida musical era dominada pelo culto dos grandes cantores e instrumentistas de dotes virtuosísticos mais impressionantes, os quais se apresentavam sobretudo nos teatros de Ópera ou em séries de concertos públicos, em Portugal D. João V tomou também ele a iniciativa de mandar vir para a sua Corte os virtuosos internacionais de maior prestígio, começando logo pelo próprio Mestre da Capela Papal, Domenico Scarlatti, e por um exército de grandes cantores e executantes instrumentais pagos a peso de ouro, mas para integrarem, neste caso, o elenco da Capela Real, exclusivamente dedicada à celebração da liturgia.

Apesar destas importações sistemáticas de grandes estrelas do firmamento musical europeu, o Rei tinha bem a noção de que não era possível sustentar uma actividade musical contínua à escala nacional sem um forte investimento na formação de músicos locais, o que explica não só o estabelecimento do já mencionado Seminário da Patriarcal mas também um conjunto de outras acções de formação no âmbito do cantochão, destinadas ao clero de todo o País. À medida que deste investimento educativo emergiam alguns talentos musicais mais destacados houve a preocupação de os enviar como bolseiros régios para Itália, de forma a permitir-lhes beneficiar de um ensino especializado, bem como da própria aprendizagem prática decorrente do contacto com um meio musical muito mais intenso. É neste contexto que nos surge Francisco António de Almeida, sem qualquer dúvida o nosso maior compositor da primeira metade do século XVIII, mas curiosamente uma figura sobre quem, tendo em conta a sua dimensão artística de primeiro plano, muito pouco se sabe, começando, desde logo, pelas suas datas de nascimento e morte. Sabemos apenas que foi — como António Teixeira e João Rodrigues Esteves — um dos jovens músicos que a partir de 1716 foram escolhidos para irem aprofundar a sua formação de compositores em Itália, e mais concretamente em Roma, modelo absoluto da Arte sacra em todos os seus domínios, que a Corte joanina fazia questão de imitar fielmente. É possível que já em 1720 Francisco António estivesse em Roma, isto é, num dos círculos musicais mais brilhantes e intensos de toda a Europa, para onde convergiam os mais célebres compositores e intérpretes das diversas regiões de Itália, e onde a par com o papel mecenático directo da Cúria papal, propriamente dita, eram inúmeros os grandes dignitários eclesiásticos e nobiliárquicos que protegiam e promoviam a actividade musical. Neste meio necessariamente muito competitivo, o jovem português parece ter rapidamente ascendido a uma posição de suficiente destaque para em 1722, no segundo domingo da Quaresma, ter sido executada na Igreja de San Girolamo della Caritá uma oratória de sua autoria, intitulada Il Pentimento di Davidde, sobre um libreto de um conhecido poeta árcade romano, Andrea Trabucco. Em 9 de Julho de 1724, por sua vez, nova consagração: o desenhador Pier Leone Ghezzi, conhecido por retratar as figuras


mais destacadas do meio artístico e social de Roma, dedicavalhe uma das suas caricaturas, apondo-lhe a seguinte legenda elogiosa: "O Senhor Francisco, português, que veio para Roma estudar, que presentemente é um excelente compositor de concertos e de Música de Igreja, o que, por ser jovem, é ainda mais de espantar, e que canta com um gosto inigualável". Muito provavelmente Almeida terá ainda composto outras peças de menor dimensão durante a sua estada em Roma, mas em 1726 vemo-lo assinar outra obra de grande envergadura, a oratória La Giuditta, representada no Oratório dos Padres da Chiesa Nuova e dedicada ao Embaixador de Portugal naquela cidade, André de Melo e Castro, Conde das Galveias (não sendo, de resto impossível, que a Embaixada portuguesa possa ter estado de algum modo envolvida na promoção deste evento e do anterior). Não temos qualquer indicação do sucesso alcançado pela obra, de que tanto o libreto como a partitura sobrevivem hoje em arquivos alemães, o primeiro na Bayrische Staatsbibliothek de Munique, o segundo na Preußische Staatsbibliothek de Berlim. O modelo seguido é o da típica oratória romana, que no período penitencial da Quaresma substituía por completo as representações de Ópera — levando, por sinal, às igrejas onde se representava aproximadamente o mesmo público daquelas — e que se dispunha convenientemente em duas partes de dimensões semelhantes, de forma a permitir inserir entre elas um sermão alusivo ao tempo litúrgico em curso. A oratória deste período caracterizava-se por um estilo musical inteiramente operático e seguia, por conseguinte as convenções musicais e dramáticas da Ópera metastasiana, apenas com a diferença da escolha de uma temática bíblica, da ausência de cenários e figurinos e de um número mais reduzido de personagens. No caso de La Giuditta encontramos assim apenas quatro intervenientes — Giuditta (Soprano), Ozia (Contralto), Achiorre (Soprano) e Oloferne (Tenor) — que nos narram o episódio do Antigo Testamento em que Judite, seduzindo e assassinando o general do exército de Nabucodonosor, Holofernes, exorta e conduz os seus compatriotas hebreus à vitória contra o invasor. Como é também típico do género, a interacção dramática entre estes personagens resume-se a alguns dos recitativos, sendo a oposição estética e funcional entre recitativo e ária muito marcada: cabe ao primeiro ir-nos

narrando o evoluir da acção e à segunda transmitir-se o efeito dessa acção no universo de sentimentos e emoções de cada personagem. Após uma abertura brilhante para a totalidade do efectivo orquestral (2 flautas, 2 oboés, 2 trombe da caccia, violinos I e II, violas e baixo contínuo), cada uma das partes da obra compõe-se de dez números, correspondendo cada número à sequência de recitativo-ária, excepto nos dois números finais, onde em ambos os casos a ária é substituída por um dueto. Com excepção do recitativo de Giuditta "Giacce dal sonno avvinto", na Parte II, que é acompanhado pela orquestra, numa escrita que procura sugerir o sono de Holofernes, todos os recitativos são "secos", ou seja, acompanhados apenas pelo baixo contínuo, o que acentua o seu contraste com colorido tímbrico mais rico das árias que se lhes seguem. Quanto às árias, seguem todas elas a fórmula da capo, isto é uma forma A-B-A em que uma primeira secção, introduzida em geral pelos instrumentos, que sugerem o material temático que a voz em seguida retoma, conduz depois a uma secção central mais ou menos contrastante, para depois se repetir a secção A, a qual deve ser agora profusamente ornamentada, com total liberdade improvisatória, pelo cantor. Na Ópera como na Oratória, esta aparente monotonia de soluções formais era quebrada pelo contraste intenso entre tipos de árias diferenciados, cada um deles considerado adequado a um determinado estado de alma e como tal vem bem tipificado na Teoria Musical da época. Só a título de exemplo, podemos ver na ária de Oloferne "Dal mio brando fulminante", descrevendo a ira do agressor, a típica ária di coloratura, marcada por uma exibição de passagens vocais virtuosísticas, com escalas e saltos de grande dificuldade a transmitirem a ideia de uma agitação de sentimentos furiosos; na ária de Ozia "Giusto Dio", em que o sacerdote roga ao Deus dos hebreus que não deixe os infiéis duvidarem do Seu poder, encontramos a preghiera barocca, calma e serena, com um andamento mais lento, valorizando a técnica de legato do cantor; na ária de Giuditta "Sento che dice al cor", por sua vez, temos um caso em que o estilo geral da ária cantabile, também ele calmo e baseado no desenho expressivo da curvatura melódica, é ocasionalmente alterado por uma escrita mais


agitada, cada vez que se evoca a palavra "libertá". Quanto aos dois duetos, o primeiro mais lento e dramático, correspondendo à despedida de Ozia e Giuditta, o segundo rápido e jovial, celebrando a vitória contra o invasor, ambos se baseiam na simultaneidade de sentimentos entre os dois intervenientes, que ora alternam em perguntas e respostas musicais ora se sobrepõem em passagens à distância de terceira ou sexta. Mais importante do que a discussão de quaisquer modelos formais, o que é importante é constatarmos, através da maneira como Francisco António de Almeida os utiliza, a extrema maturidade artística que se evidencia já nesta sua obra de juventude, onde a segurança da escrita e o domínio hábil das convenções de estilo convivem com uma força lírica e uma inspiração melódica e dramática notáveis. Regressando a Portugal pouco tempo depois da representação desta sua obra, visto que o encontramos já em Lisboa em 1728,

como organista da Patriarcal, Almeida veio ocupar uma posição de algum destaque na vida musical da Corte portuguesa, vendo três das suas óperas representadas no Paço da Ribeira — La pazienza di Socrate (1733), La finta pazza (1735) e La Spinalba ovvero il vechio matto (1739) — e compondo com alguma regularidade não só serenatas destinadas aos dias festivos da Família Real como Música sacra para a Capela Real. Não parece contudo ter chegado a ascender à dignidade de Mestre de Capela, mesmo depois da partida do titular do cargo, Domenico Scarlatti, para Madrid, nesse mesmo ano de 1728. Sabemo-lo ainda em vida em 1752, ano em que a sua serenata L’Ippolito foi representada no Paço da Ribeira e em que chegou a Portugal o novo Mestre da Capela Real, o napolitano David Perez. A partir daí perdemos-lhe o rasto, e o Terramoto de 1755 encarregou-se de destruir grande parte da documentação relativa a esses seus últimos anos de vida (e certamente muita da sua Música).

A oratória deste período caracterizava-se por um estilo musical inteiramente operático e seguia, por conseguinte as convenções musicais e dramáticas da Ópera metastasiana, apenas com a diferença da escolha de uma temática bíblica, da ausência de cenários e figurinos e de um número mais reduzido de personagens. No caso de La Giuditta encontramos assim apenas quatro intervenientes — Giuditta (Soprano), Ozia (Contralto), Achiorre (Soprano) e Oloferne (Tenor) — que nos narram o episódio do Antigo Testamento em que Judite, seduzindo e assassinando o general do exército de Nabucodonosor, Holofernes, exorta e conduz os seus compatriotas hebreus à vitória contra o invasor.


La Giuditta Prima parte

Primeira parte

Giuditta Sventurata Giuditta! Se nell’ estinto Sposo Perdesti il tuo riposo, Or per maggior tua pena Da nemico furor mirar dovrai La Patria oppressa, e i cari figli suoi O’ sospirar sotto servil catena, O’ la vita spirar tra duolo, e pianto. Quant ‘infelice sei, misera, oh quanto! Ma dove son? Che parlo? Giuditta non son io, quella, che ascose Portò sempre nel Core Di puríssimo amore Fiamme Divine, e che lassù nel Cielo, L’alte speranze sue, tutte ripose? Dunque che temi? Ei da si crudo, e rio Destin ci toglierà: Non spera in vano Chi ben confida in Dio.

Judite Desventurada Judite! Se com a morte de teu esposo Perdeste a tua tranquilidade Agora, para aumentar a tua dor Tens de testemunhar o furor do inimigo, A pátria oprimida e seus filhos amados Gemer sob servil cativeiro Ou morrer em dor e pranto. Quão infeliz és, pobre, oh quanto! Mas onde estou? Que digo? Não sou eu Judite, aquela que sempre Trouxe consigo no coração As chamas divinas do puríssirno amor E que confiou aos céus Todas as suas esperanças? Então, que temes? E deste cruel e funesto Destino Ele nos livrará: não espera em vão Quem confia em Deus.

Achiorre Capitano degl’ Ammoniti Germi son di Caldea, genti soggette Del Gran Dio d’Israele ai forte Impero.

Aquior Comandante dos Amonitas São da Caldeia, súbditos Do poderoso Império do Grande Deus de Israel.

Oloferne Qual nume è questo ai lidi miei straniero?

Holofernes Que Deus é este, desconhecido na minha terra?

Achiorre Porta ognor questo nume alto, e possente Intorno al Trono i più bei rai del Sole, E con l’eterna mente Quello, che pensa, e vuole, Tutt’egli può, che al suo suprem volere Vanta nell’opre sue ugual potere.

Aquior Este grande Deus, cheio de nobreza Rodeia o Seu trono dos mais belos raios de Sol E com o seu espírito eterno Aquilo que pensa e quer Tudo isso ele pode: e a sua suprema vontade Exerce-se nas suas obras com um poder igual.

Quella fiamma, che il seno m’accende, II mio Cor più magnanimo rende Contro l’ira di sorte crudel: Nulla teme quell’alma, che in Dio Fisso tiene l’ardente desiò, E ogn’or l’ama costante e fedel. Quella fiamma, etc.

Esta chama que me incendeia o seio E torna o meu coração mais magnânimo Contra a ira de uma sorte cruel: Nada teme a alma que a Deus Confia o seu ardente desejo E sempre O ama, constante e fiel. Esta chama... etc.

Oloferne Ma questo nume, e come Come salvar potrà le genti amiche Da tant’armi nemiche Coronate di Palme, e di Trofei?

Holofernes Mas como pode este Deus Salvar o seu povo De tantos exércitos inimigos Coroados de palmas e de troféus?

Oloferne Qual mai Gente superba La sù le cime di quell’erto Monte Baldanzosa la fronte Innalza, e tanto serba nel Core orgoglio, Che d’opporsi aspira Dell’Assiro regnante al brando, e all’ira?

Holofernes Mas quem é esta gente altiva Lá, sobre o cimo daquele monte escarpado Que temerosamente levanta a fronte E que, de coração orgulhoso, Aspira a opor-se à espada e à ira do Rei Assírio?

Achiorre Mille, e mille potrei Narrar del suo potere alti portenti: Che se colpa, o delitto Non Io rende sdegnato, II suo Popolo amato Non teme al balenar d’aste guerriere: Pugnano in Ciel al suo favor le sfere.

Aquior Eu poderia citar os milhares e milhares Das grandes provas do seu poder: Pois se o pecado ou o delito Não despoletarem a sua ira O seu Povo amado Não teme os clarões das lanças guerreiras: As esferas celestiais combatem a seu favor.


Oloferne Non vi è nume al forte in Cielo, o in terra Che resister mai possa al mio valore.

Holofernes Não há deus no Céu e na Terra Que seja tão poderoso que possa resistir à minha valentia.

Questo misero mio Core, Al suo rio crudel dolore Piú resistere non sà.

Este meu destroçado coração Não mais consegue resistir A esta cruel e funesta dor.

Ma se del mio Gran Rè vanti maggiore II nume d’Israelle, Vanne collà tia quella gente imbelle, Vanne a perir dall’armi mie traffito;

Mas se dizes que é maior que o meu Grande Rei Esse deus de Israel Junta-te então a esse povo pacífico Vai perecer com ele, trespassado pelas minhas armas;

Giuditta Ilustre Prence, e quale Doglia sì ria, sì timor t’assale Che d’ogni speme il cor privo ti rende?

Judite Ilustre Príncipe, que dor funesta é esta, que temor te assalta Que o teu coração priva de toda a esperança?

E all’or, che il suol tu premerai morendo, Dal sangue tuo sol questa fede attendo, Che il Regnante d’Assiria è il Nume invitto.

E quando estiveres a morrer, estendido no solo, Do teu sangue esperarei apenas este credo: Que o Rei da Assíria é o Deus invencível.

Invitti miei Guerrieri, Voglio vendetta, e voglio Depresso il fiero orgoglio Dal vostro bel valor! Cada il nemico esangue, E immerso nel suo Sangue Dell’error suo la pena Senta dal mio rigor.

Meus guerreiros invencíveis, Quero vingança, e quero Quebrar o orgulho temerário Através da vossa bela valentia! Que caia o inimigo exangue E imerso no seu sangue sinta o castigo dos seus erros Sob o meu jugo.

Ozia Sul vicino periglio amaro pianto Sparger convien; ma dimmi in questo, ahi, questo Acerbo caso, il seno Chi mai ti fà si lieto, e si sereno? Dimmi, chi ti difende?

Osias Sobre o perigo que se avizinha, amargo pranto só posso derramar; mas diz-me, com todo este perigo O que torna o teu coração tão alegre e tão sereno? Diz-me, quem te protege?

Giuditta Il mio gioir scende dal Cielo, un Core a Dio fedel non ha giammai timore!

Judite A minha alegria vem do Céu, Um coração fiel a Deus jamais temerá.

Lnvitti miei Guerrieri, ecc.

Meus guerreiros invencíveis, etc.

Ozia Ove gl’occhi raggiro, D’Alto spavento, e duolo Qual oggetto crudele, o Dio, Rimiro!

Osias Onde quer que seja que os meus olhos fitem Eu contemplo, ó Deus, a visão cruel Do horror e da dor!

Saggio Nocchiero in ria procella se splender mira amica Stella, Più non paventa l’ira del Mar. Così il Cor mio che nel suo Dio ha Ia speranza L’Empia Baldanza del fier Nemico sà disprezzar. Saggio Nocchiero, ecc.

Se o timoneiro avisado vê uma estrela a brilhar No meio da tempestade Não mais teme a ira do Mar. Porque o meu Coração que em Deus espera Despreza a ímpia temeridade do arrogante inimigo. Se o timoneiro avisado..., etc.

Odo delle mie genti I larghi pianti, e flebili lamenti: Veggio l’altiero, e forte Nemico minacciare, e Strange, e Morte.

Oiço os grandes prantos e os pungentes lamentos do meu povo. Altivo e forte, vejo O inimigo ameaçar-nos de massacre e morte!

Ozia Ma quale ignoto Duce A noi mesto sen vien?

Osias Mas quem é este oficial desconhecido Que de nós se aproxima tristemente?

Tortorella, se rimira II suo Ben tra ferri stretto, Piange ognor, ognor sospira E al suo duol pace non ha. Tale in mezzo al gran periglio

Vendo os seus entes queridos Presos a ferros A pomba chora continuamente, e suspira E não encontra alívio para a sua dor. Assim no meio do grande perigo

Achiorre Quà mi Conduce Del nemico Crudel l’ingiusta voglia Che tra le schiere tue morto mi vuole.

Aquior Aqui me conduz A vontade injusta do inimigo cruel Que deseja que eu morra entre as vossas Hostes.


Ozia E qual cagion lo muove?

Osias Mas por que razão?

Achiorre Perche l’eccelse prove Gli narrai di quel Dio Difensor di tue genti.

Aquior Porque lhe contei os feitos excelsos do Deus defensor do teu povo.

Ozia E che presume? Achiorre Vanta il suo Rè maggior del tuo gran Nume. Ozia Quanto s’inganna, quanto Nelle speranze sue quel cor superbo! Vedrai, non paventar, opressa, e vinta La sua baldanza, e la Città, che cinta Intorno miri dagli ostil furori, Adorna la vedrai di vaghi allori. Confida in quel Gran Dio, cui desti Iode Ch’ei sente i prieghi, e in sua pietà poi gode. Achiorre La dolce Speranza Con raggio sereno Nel mesto mio seno Comincia a regnar. Al cor piú non sento L’acerbo tormento, E lieta già l’alma Tranquilla la calma Ritorna a sperar. Oloferne Ed orgogliosa ancor l’empia Betulia Niega di tributarmi i giust’omaggio, E con folle coraggio Osa di contrastare al gran valore Dell’invitte mie schiere? Ma se dall’alte sfere

Quelle superbe genti Dal Dio degl’EIementi Speran soccorso, e aita, Quando a spirar la vita Saran costrette dal mio brando forte, Vedran s’ei le torra da braccio a morte.

Osias E que disse ele?

Dal mio brando fulminante La superba oppressa, e doma Al mio piè cader vedrò.

Aquior Afirmou que o seu Rei é maior que o teu grande Deus.

Piangerà le sue rovine E’l mio sdegno, e i torti miei Nel suo Sangue, e nel suo pianto Con rigor vendicherò.

Osias Quanto se engana, nas suas expectativas, O seu coração cheio de soberba! Vais ver, e não temas, oprimida e vencida A sua arrogância, e a Cidade Que ele agora cerca com furor hostil Será adornada com belos louros. Confia em que Deus, a quem louvaste, Ouvirá as preces e regozijará na Sua misericórdia. Aquior A doce esperança Com o seu raio sereno Começa a reinar No meu triste peito. Não mais sinto no coração O amargo tormento, E já a alma alegre, Tranquila e calma Se enche de esperança. Holofernes E ainda orgulhosa, a ímpia Betúlia Se nega a prestar-me justo tributo, E com tola coragem Ousa enfrentar o grande poder Das minhas invencíveis legiões?

Dal mio brando fulminante, ecc.

Mas se das altas esferas Este povo orgulhoso Espera auxílio Do Deus dos Elementos, Quando for compelido a deixar a vida pela força da minha espada, Veremos então se é salvo do abraço da morte. Pela minha espada fulgurante Os orgulhos, reprimidos e dominados Verei cair a meus pés. Chorarão as suas ruinas E a sua ignomínia e ultrajes, No seu sangue e no seu pranto Sem piedade vingarei.

Achiorre Prence, già d’ogni intorno, odo, e rimiro Un’alto duolo, e un flebil mormorio Di lingue sitibonde, Cui tolte son nel Cristallino Rio Le dolci, elimpid’ Onde: Gravi querele contro il tuo consiglio Spargono il Padre, e il figiio; E le pudiche verginelle Ebree Sparso il Crin, mesto il volto, e le Pupille Molli d’amare Stille Muovon timido il passo. E pria, che sì crudele ingiusta sorte Braman soffrire, o servitude, o Morte.

Pela minha espada fulgurante, etc.

Pallida, e scolorita La mesta Donzelletta Sospira il lacci ai pié. Men cara della vita All’alma in pene stretta La morte mai non è.

Pálida e desfalecida, A inconsolável donzela Suspira, de grilhões nos pés Pois nunca menos cara do que a vida é a morte, para a alma Acabrunhada pela dor.

Pallida, ecc.

Pálida e desfalecida, etc.

Aquior Príncipe, ao meu redor ouço e vejo Grandes lamentos e murmúrios fraquejantes, De línguas ressequidas Que foram privadas das doces e límpidas Ondas do rio cristalino: Pesadas queixas contra o teu decreto Espalham o pai e o filho E as púdicas virgens hebraicas De cabelos em desalinho, e rostos tristes os olhos molhados de amargas lágrimas Vagueiam com tímidos passos. E preferem sofrer a escravatura ou a morte A terem tão cruel e injusto destino.


Ozia A tanto rio dolore Piú resister non sò. Deh tu, Signore, Le antiche, e nuove colpe, ond’tant’ ira Potea destarsi in Ciel pietoso oblia, E del Cor nostro i prieghi ascolta, e mira.

Osias Não consigo resistir A tanta e amarga dor. Digna-te, Senhor A esquecer os nossos pecados antigos e novos, Que tanta ira despertaram no piedoso Céu. Ouve as preces dos nossos corações e contempla-as.

Ah, non permetter, nò, che un Empio, un Rio Oltraggioso mi dica: “Ov’è il tuo Dio?”

Ah, não permitas, não, que um ímpio, um vilão ultrajante me diga: "Onde está o teu Deus?"

Giusto Dio, il Popol mio Dal furor d’iniqua sorte Deh ti piaccia di salvar; Sull’ indegno, Il tuo gran sdegno Scenda omai possente, e forte Che lo giunga ad atterrar. Dunque, con alma corraggiosa ancora Finchè nel Ciel I’Aurora Per cinque volte a noi non fa ritorno In sì duro soggiorno Passiamo i dì dolenti, Se poi delle sue genti I pianti, e i voti non ascolta Iddio, Andremo a chieder pace al Popol rio.

Deus justo, Que seja da tua vontade Da fúria deste destino iníquo Salvar o meu povo; Que toda a Tua ira Em toda a sua força e poder Sobre o indigno Seja lançada, derrotando-o. E agora, com renovada coragem, Até que a aurora, no céu, Após outras cinco passagens, a nós regresse, Passemos pois estes dias dolorosos Neste lugar hostil. Se então Deus não tiver escutado as nossas preces, Iremos pedir tréguas ao inimigo.

Giuditta Frena gl’incauti accenti, Non chiedi a Dio pietà, ma tu Io tenti.

Judite Refreia as tuas incautas palavras: Não pedes a Deus piedade, antes o tentas!

Ozia E che mai far deg’io? Giuditta Impor legge non devi al grand’Iddio.

Osias E que mais poderei fazer? Judite Não podes impôr leis ao Deus Todo-Poderoso.

Ozia Desir si folle entro il mio Cor non cade.

Osias Jamais tão vão desejo entrou no meu coração.

Giuditta Ma prefiggi il confine a sua pietàde. Ill sovrano desìo Del grand motor de Cieli, Non si governa con l’umane menti: Ne sempre egli si sdegna all ‘or che il tenti.

Judite Mas pões limites à sua misericórdia O desejo soberano Do grande senhor dos Céus, Não se governa com a mente humana: Nem ele se irrita sempre com aqueles que o tentam.

Chiedi pietàde, e di preghiere, e voti Spargano i Sacerdoti Offerte umili a i sagri Altari intorno, Che mentre al nuovo giorno Verso le tende ostili affectto il piede, Scorga amico, e pietoso il Ciel mio fede.

Pede piedade, e com preces e votos Espalhem os sacerdotes oferendas pelos altares sagrados, para que ao amanhecer quando me encaminhar para a tenda do inimigo o céu possa ver a minha confiança com benevolência e misericórdia.

Sento, che dice al Cor Un placido pensier: Misera, non temer Ma spera libertà. Del Ciel l’alto Signor Mirando i tuoi sospir Del lungo tuo languir Sentì nel sen pietà.

Sinto que Ele instila no meu Coração Um plácido pensamento: "Tu que padeces de aflição, não temas Mas espera antes a liberdade." Lá dos Céus, o Senhor Vendo a tua angústia E teu longo sofrimento Sentiu no seu seio piedade.

Sento, che dice al Cor, ecc.

Sinto que Ele instila, etc.

Ozia Ma qual vano consiglio Ti muove a gir tra l’Inimiche Schiere, Ove aggiunger tu puoi Fasto al superbo, ed il periglio a noi?

Osias Mas que decisão insensata Te leva a procurar as legiões inimigas Onde não mais poderás do que reforçar O orgulho do inimigo e o nosso próprio perigo?

Giuditta Tal è dei mio Signor l’alto volere, Ei mi spirò grand’opera, egli m’ha scelto A far vendetta ria di quell’audace, E voi riporre in libertà, e in pace.

Judite Tal é a vontade do meu Senhor, que me inspirou um grande feito; escolheu-me para vingar duramente este inimigo arrogante e a guiar-vos de novo à liberdade e à paz.


Ozia Dunque vanne felice: Le magnanime idee della tua mente Secondi il Ciel pietoso E cangi i nostri affanni in bel riposo.

Osias Parte, então, sob felizes auspícios: Que a tua magnânima ideia seja secundada pelo Céu misericordioso e que transforme a nossa angústia em doce paz.

Seconda parte

Segunda parte

Giuditta Alto Signore, al cui sovran potere In van forza mortal resistir osa, Tu Gran Dio d’ Israele, Fabro di maravigli, e di portenti, Dell’afflitive tue Genti Volgi, deh, volgi un guardo al gran dolore. Poi con irato ciglio Mira l’’empio furore Di chi minaccia al Templi tuoi periglio. Ascolta mille scherni al tuo gran Nome; Tu vedi il tutto, e come il soffri? E come?

Judite Grande Senhor, a cujos soberanos poderes Ousa em vão a força mortal resistir, Tu, Grande Deus de Israel, Que fazes maravilhas e prodígios, Volve, imploro-Te, teus olhos Para a grande dor do teu aflito povo. Com um olhar irado Observa a fúria profana Daqueles que ameaçam o teu Templo. Ouve as mil blasfémias sobre o teu grande Nome Tu, que tudo vês, como o podes tolerar? Como?

Ozia Vanne, addio.

Osias Vai, adeus.

Giuditta Resta, addio.

Judite Fica, adeus.

Ozia II desir tuoi...

Osias Os teus desejos…

Giuditta Pensier miei

Judite Os meus pensamentos...

Ozia e Giuditta Con felice amica sorte Piaccia al Ciel di secondar

Osias e Judite Que possa o céu favorece-los Com um destino feliz e benigno.

Dalla destra Omnipotente Scenda un fulmine fremente Tanti oltraggi a vendicar. S’armi il Ciel contro quell’empio E nel suo crudele scempio, Senta omai quel grave sdegno, Ch’egli osò di provocar.

Da Omnipotente mão Desce um raio fulgurante Para vingar tantos insultos! O Céu arma-se contra o ímpio Que, pelo seu cruel massacre, Sente agora a poderosa ira Daquele que ousou provocar.

Ozia Il mio Core...

Osias O meu coração...

Giuditta L’alma mia

Judite A minha alma...

Dalla, ecc.

Da Omnipotente mão, etc.

Ozia Dall’immenso suo dolore...

Osias Do seu imenso sofrimento...

Achiorre O come lieta alle Nemiche schiere Giuditta inoltra il piede! Chi mai la regge, e guida?

Aquior Oh, como se encaminha Judite, tão alegre, Para as hostes inimigas! Que força a rege e a guia?

Giuditta Dalla pena acerba, e ria...

Judite Da sua dor aguda e cruel...

Parte, então, sob felizes auspícios, etc.

Ozia Amore, e Fede; Della Patria diletta Scorge l’alto periglio, e ardita tenta Di sottrarla al furore, ove paventa.

Osias Amor e Fé; Ela sente o grande perigo Em que se encontra sua dileta pátria e tenta com coragem Livrá-la do mal que a aterroriza.

Ozia e Giuditta Già comincia a respirar

Osias e Judite Já começa a recuperar.

Vanne felice, ecc. F in e d e lla prima part e

F im da prim e ira part e

Achiorre E che giàmai può far femina imbelle?

Aquior Mas que pode fazer uma mulher indefesa?


Ozia Nel motor delle Stelie Con alma saggia, e fida Le sue speranze, e suoi pendière affida. Un ‘alma forte d’estrema sorte L’aspro rigore non teme, nò. E se Ia guida con luce fida iI Suo Signore, Allor tutto può. Un’alma, ecc. Oloferne Quest’è il giorno fatale, ultimo giorno, Che di Betulia il temerario orgoglio Vedrò depresso, ed alzeranno il soglio Ai chiari miei Trofei L’ossa insepolte de Nemice rei. Date, o Trombe, il suon guerriero: Sù, miei fidi, a voi s’aspetta Far vendetta Dell’offesa mia pietà. Lo splendor della vittoria La mia gloria più sublime inalzerà.

Osias Àquele que move as estrelas Ela confia a sua alma impregnada de fé A Ele ela confia as suas esperanças e intenções. Uma alma forte não teme o seu destino Por duro que seja. E se é guiada pela luz que não esmorece Do seu Senhor, Então desafia qualquer coisa e tudo pode fazer. Uma alma forte, etc. Holofernes Este é o dia fatal, o último dia Em que o temerário orgulho de Betúlia Verei ser derrubado, e em que, privados de sepultura, os ossos dos meus inimigos adornarão o meu trono. Que soem as trompetes, o som dos guerreiros:E rguei-vos, meus companheiros, de vós se espera Que a vingança seja feita Lavando da ofensa a minha honra. O esplendor da vitória A minha glória Mais sublime exaltará.

Date, ecc.

Que soem as trompetes, etc...

Ma quale io veggio, a gl’occhi, ed al sembiante Vaghissima Donzella Ver me volger le piante?

Mas que vejo? Parece ser uma belíssima donzela Que de mim se aproxima.

Giuditta Un’Infelice Ancella Io son del tuo valore. Crudo destin mi fé sortir Ia Cuna Colà trà quelle mura, A cui con forte sdegno Minaccian l’armi tue fiera sventura.

Judite Sou uma infeliz serva Da vossa valentia. O destino cruel me fez nascer Atrás daquelas muralhas Que agora com grande fúria O teu exército ameaça destruir.

Oloferne Donna gentil, ne vaghi lumi tuoi Amor pose il suo Regno.

Holofemes Gentil senhora, nos teus belos olhos O amor assentou o seu reino.

Giuditta Ah, no, Signor, meco scherzar tu vuoi. Lo splendor, che porto in volto Egli è un lume Di quel Nume A cui serbo fedeltà. Se piú vaghi sparge poi I sereni raggi suoi, Cresce allora in me Beltà.

Judite Ah, não, Senhor, pois quereis brincar comigo. O esplendor que vês na minha face É a luz Daquele Deus A quem sirvo fielmente. Quanto mais belos forem Os serenos raios que em mim derrama Maior será a minha beleza.

Lo splendor, ecc.

O esplendor, etc.

Oloferne Illustre Pellegrina, appena il guardo Nelle vivaci tue dolci pupille Fissai, che tosto al sen, ben mille, e mille Fiamme sentii destarsi, onde tutt’ardo; Chiedi pur ciò, che brami, e chiedi molto, Che può tutto impetrare ii Luo bel volto.

Holofernes Ilustre estrangeira, mal fixei o meu olhar Na beleza dos teus doces olhos Senti de imediato no meu peito, Milhares de chamas ardentes. Pede tudo o que quiseres, podes pedir muito Pois a tua beleza te garantirá tudo o que desejares.

Giuditta Con tante grazie tue più mi confondi. Non oso favellar. Oloferne Che vuoi? Rispondi! Giuditta Del Popol mio le gravi colpe immense Tanta svegliar potero ira nel seno Del mio Nume Sovrano, Che nell’eterno suo saggio Consiglio Di farne ha destinato Strage crudel sotto il tuo forte brando. Ma dell’alto Comando Ancor non giunge il termine prefisso.

Judite Confundes-me com tanta bondade! Não me atrevo a falar. Holofernes Que queres? Responde! Judite O peso dos imensos pecados do meu povo Tal fúria despertou no peito do meu Deus Todo-Poderoso, que, de acordo com a sua eterna e sábia decisão, Ele decretou que o povo seja entregue A cruel massacre sob a tua poderosa espada.


Io, che sovente affisso La mente ai Ciei, il suo voler comprendo. Di palesarti intendo iI fatal punto, e l’ora. Ma ti sovvenga allora Di me tua Serva, e mi permetti in tanto Ch’io possa far nel campo tuo dimora. Oloferne Vivi contenta, e lieta, ed or, ch’invita A dar ristoro a i sensi Di cibi, e di liquor, mensa gradita, Tu pur, mia speme e vita Tu qui meco t’assidi, E l’amaro tuo pianto, e’l rio dolore Discaccia dal tuo Ciglio, e dal tuo Core. Cara, non paventar! Co i dardi de tuoi sguardi Già mi piagasti il Cor. Lascia di sospirar; In me già l’ire ha tolto Del tuo leggiadro volto L’amabile splendor. Achiorre Ormai, Signor, le Turbe egre, e dolenti Niegan più di soffrir i lor tormenti; Mirano i mesti Padri Nel volto della Prole, e delle Spose Di funesto pallor tinte le Rose, E per temprar lor pena Chiedon gemendo la servil Catena. Ozia Taci! Ne più mi tormentar il seno. Vanne all’afflitte genti, Di Ior, che ai Ciei rivolte AI fonte d’ogni Bene Tornino alla memoria i suoi portenti, E fermino constante in lui Ia speme.

Mas a hora marcada para este alto decreto Ainda não chegou. Eu, que tantas vezes elevo a minha mente aos céus e compreendo os seus desígnios pretendo revelar-te a hora fatal. Mas não te esqueças de mim, tua serva, e entretanto permite Que eu me abrigue no teu acampamento. Holofernes Fica despreocupada e alegre, e agora Que a mesa repleta de comida e bebida Nos convida a restaurar os sentidos. Vem, minha esperança e vida, e senta-te a meu lado. A amargura do teu pranto e da tua dor Expulsa do teu olhar e do teu coração. Querida, não temas! Com os dardos do teu olhar Já me feriste o coração. Deixa de suspirar A minha ira já se dissipou Por causa da beleza radiosa Da tua gentil face. Aquior Agora, Senhor, as gentes desfalecidas e sofredoras Negam mais sofrimento e tormentos; Vêem os tristes pais No rosto dos filhos e das esposas De funesta palidez está a rosa tingida E para temperar a sua dor Pedem, gemendo, a servil grilheta. Osias Cala-te! Não me atormentes mais. Vai-te às gentes aflitas Diz-lhes que para o Céu se voltem, Para a fonte de todo o Bem Que tornem a memória os seus prodígios E mantenham constante a esperança.

Achiorre Ah! Ben sovente la speranza inganna, E se Ia dolce desiata Calma Tornar no vede, più s’afflige l’AIma. Non basta la Speranza A consolar un Cor Che vive in pene. Langue la sua Costanza Se giungere non mira Quel che sospira ognor Bramato Bene.

Aquior Ah! Muitas vezes a esperança engana E se a doce e desejada tranquilidade Não vê regressar, mais se aflige a Alma. Não basta a Esperança Para consolar um coração que vive em dor. Perde a confiança Se não vir chegar Aquele que sempre suspira Desejado bem.

Giuditta Giace dal sonno avvinto Ebro, e di sensi privo Quel mostro empio, e lascivo! Ques to è’l punto fatal nel Ciel già scritto. In cui cada trafitto II Barbaro nemico, e omai ritorni All’afflitta Città la gioja, e’l riso! Deh, tu, Nume immortal, la cui Potenza In Cielo, in Terra, e in Mare alto risuona, Se me vile scegliesti a tanta impresa, Tanta ancora al mio braccio ispira, e dona Forza, che al grave colpo, ei non s’arrenda. Ecco, gia il ferro stringo, Ecco ch’estinto Cadde il Nemico; nel tuo nome, ho vinto. Amica Ancella, Ecco diviso il capo DalI’esecrando busto Col tuo velo Io copri e fra gli orrori, Della notte portianci Di Betulia alle Mura Che al tuo passo farò scorta sicura.

Judite Já jaz, sucumbido ao sono Ébrio e sem sentidos 0 monstro ímpio e lascivo! Chega agora a hora fatal escrita nos Céus, Na qual o bárbaro inimigo é trespassado E a alegria e o riso são devolvidos à cidade em agonia. Ah, tu, Deus imortal, cujo poder ressoa No Céu, na Terra e no Mar, Se me escolheste para este grande feito Guia também a minha mão e dá-lhe forças Para que ele não possa sobreviver ao golpe fatal. Eis que pego na espada... Eis que está morto. O inimigo caiu, em Teu nome o venci. Serva Amiga, Eis aqui a sua cabeça. Separada do seu execrando corpo Cobre-a com o teu véu e, na escuridão da noite, Leva-a para as muralhas de Betúlia Enquanto eu te escolto os passos em segurança.

Ozia Stelle! Qual mai nel sen nascer mi sento Nuovo piacer, che del comun periglio Tutto discaccia il fiero, e rio spavento?

Osias Ó estrelas! Que alegria sinto nascer no meu peito, novo prazer que dissipa o imenso terror que nos ameaçava? Sinto no peito


Mi sento nel petto Un dolce diletto, Che spento iI tormento M’invita a goder. Al Ciel chieggio aita E un raggio sereno M’accende nel seno Più certo piacer. Achiorre Tutta lieta, e festosa Ergendo al Ciei le luci alme, e serene Giuditta a noi sen viene; Poi battendo le Palme Rivolge il guardo intorno a queste mura. Ozia Presaga è l’ alma mia d’alta ventura. Giuditta Godete, si godete, Alme contente, e liete, Che piacque ai Ciei pietoso II vostro pianto udir! Tal doppo ria procella, Tranquilla Calma, e bella II timido Nocchiero Ri torna a far gioir.

Um delicioso bem-estar Que o tormento agora desvanecido Me convida a apreciar. Peço aos céus ajuda E um raio sereno Me incendeia o peito De uma alegria absoluta. Aquior Toda alegre e festiva Erguendo ao céu os seus olhos Piedosamente animados e serenos, Judite regressa para nós! Agora, batendo as palmas, Volve os seus olhos na direcção destas muralhas. Osias A minha alma pressagia-me uma grande ventura. Judite Rejubilai, sim, rejubilai Almas contentes e alegres. Pois agradou ao Céu piedoso Ouvir as vossas súplicas! Assim, depois da tormentosa tempestade, Vem a calma e a tranquilidade O assustado timoneiro Regressa, rejubilante.

Questa, voi la mirate, Questa dell’Empio Assiro E’la recisa Testa.

Vinde, vinde ver Aqui está a cabeça cortada Do ímpio assírio.

Achiorre Ah! Ciel, Che miro!

Aquior Ah! Céus, que vejo!

Ozia Chi l’uccisor ne fu?

Osias Quem o matou?

Giuditta Fù il braccio mio.

Judite Foi o meu braço.

Achiorre Chi mai gli diede tanta forza?

Aquior Mas quem lhe deu tamanha força?

Giuditta Iddio. Ei mi sottrasse dall’impuro ardore, E rese nel periglio audace in Core.

Judite Deus. Ele defendeu-me de um desejo impuro E despertou, no perigo, a audácia do meu coração.

Achiorre Oh nuovo a i giorni miei chiaro portento! L’Alta virtú Divina io ben comprendo, Onde dal sen togliendo Quelle tenebre, in cui giacqui sepolto I falli miei detesto, ed abbandono E a te, gran Dio, tutto me stesso io dono.

Aquior Oh, um novo prodígio desponta na minha vida. A grande virtude divina eu agora compreendo Assim, arranco do meu coração Toda as trevas que o sepultavam Abomino os meus pecados e abandono-os E a Ti me entrego por inteiro.

Vengo a te, vengo ancor io, Grande Iddio, Ad offrirti, e l’alma, e ‘l Cor. E se tardi a te men riedo, Piango, e chiedo II Perdono a tanto error.

Venho até ti, Grande Deus, Para te oferecer a alma e o coração E se tardei a descobrir-te Deploro-o, e peço-te Que me perdoes os meus erros.

Vengo, ecc.

Venho até ti, etc

Ozia Ma come tant’ardire accogliesti nel seno, Donna, del popol mio gloria ed onore?

Osias Mas como conseguiste tanta coragem, Senhora, que és a glória e honra de meu povo?

Giuditta Nella grand’ opra la celeste aita, Di fervidi preghiere acceso, il core Chiese e dall’alte sfere Discese in lui tutto il divin potere.

Judite Para conseguir este grande feito, O meu coração, inflamado de ardentes preces Pediu a ajuda celeste, e das altas esferas Desceu todo o Seu poder divino.

Ozia Dunque, scordando intanto Ogn’affanno e ogni pianto,

Osias Então, esquecendo agora Todo o sofrimento e pranto


Di lieti inni festivi S’odan pur risonaie i sacri tempi, Dando Iode a quel Dio che atterra gli empi.

Que felizes hinos festivos Ressoem nos templos sagrados Dando graças ao Deus, que derrotou os ímpios.

Giuditta e Ozia Quel diletto Che ho nel petto, Quel piacer che sento ai core Vien dal ciel, ne può maggiore Gioia a noi giammai recar. Troppo, o Dio, de’ doni tuoi Fosti prodigo con noi, E ‘l mio core e l’alma mia Più non può né sa bramar.

Judite e Osias Este deleite Que sinto no peito Esta alegria no meu coração Vem do Céu; Alegria maior jamais nos poderia acontecer. Foste demasiado pródigo Nas bênçãos que nos concedeste, ó Deus E o meu coração, e a minha alma Por mais não poderiam ansiar.

Quel diletto, ecc.

Este deleite, etc.

Fine dell’Oratorio

Fim da Oratória



Ana Quintans A chiorr e Carlos Mena O z ia Sandra Medeiros G i u ditta

Alberto Sousa O lof e rn e Marcos Magalhães e Marta Araújo dir e ç ã o d e os m u ú sicos do t e jo


OS MÚSICOS DO TE J O Direção: Marcos Magalhães e Marta Araújo Projeto musical no campo da música antiga fundado e dirigido por Marcos Magalhães e Marta Araújo. “Os Músicos do Tejo” tiveram a sua primeira apresentação em Setúbal em Dezembro de 2005 e na sua curta existência como grupo especializado em música antiga já desenvolveram uma parceria com o CCB que os levou produzir três óperas, editaram dois discos, apresentaramse em inúmeros concertos em Portugal e no estrangeiro e foram objeto de diversos apoios institucionais (Fundações Gulbenkian, Oriente e Stanley Ho; Câmara Municipal de Lisboa, Direção Geral de Reinserção Social e Instituto Camões) e mecenáticos (AMARSUL, mecenas privados). As duas óperas La Spinalba de F. A. de Almeida e Lo Frate Nanmorato de G.B. Pergolesi, estreadas no CCB, foram recebidas com grande sucesso a nível de público e obtiveram críticas entusiásticas por parte da totalidade da crítica especializada (Publico, Diário Notícias, Jornal de Letras, Expresso). A ópera La Spinalba foi objeto de uma digressão em Portugal e Espanha e já vai na sua décima apresentação. Também no CCB, estrearam em Maio de 2011, a ópera Le Carnaval et la Folie de A.C. Destouches e em Janeiro de 2013, a serenata Il Trionfo d’ Amore de F.A. Almeida, ambas com excelente acolhimento por parte do público e da crítica especializada. O disco As Sementes do Fado (com Ana Quintans, Ricardo Rocha e Marcos Magalhães) obteve 4 estrelas (em 5) no jornal “Público” – Ipsílon e foi considerado pelos críticos do JL como um dos melhores discos nacionais do ano de 2007. Graças a este disco, o programa Sementes do Fado já foi apresentado 6 vezes, entre as quais em Outubro de 2011 na Église des Billetes em Paris. Nessa altura foram também convidados do programa de Gaëtan Naulleau: Le matin des Musiciens na rádio France Musique. O disco As Árias de Luisa Todi (com a soprano Joana Seara), que apresenta o repertório cantado pela célebre Prima-Donna portuguesa do século XVIII, obteve

igualmente 4 estrelas (em 5) no jornal “Público” – Ípsilon. Em 2010 colaboraram com o Teatro Praga no espetáculo Sonho de uma Noite de Verão estreado no CCB e apresentado no Festival Facyl em Salamanca em 2011 e no Festival Le Standard Idéal em Bobigny – Paris em 2012. Em 2012 apresentaram-se no Festival das Artes em Coimbra e no âmbito dos concertos - Rota dos Mosteiros, em Tomar, Alcobaça, Batalha e Jerónimos. Os Músicos do Tejo apresentaram-se em concerto em locais tão variados como Mafra, Vigo, Brest, Paris, Goa na Índia, Sastmala na Finlândia e Praga na R. Checa. A Associação Cultural Os Músicos do Tejo foi criada em Junho de 2009. Em Novembro de 2012 foi editado pela Naxos a sua gravação da ópera La Spinalba de F. A. de Almeida com apoio da Dgartes, CML e do ISEG, que obteve no jornal “Público” 5 estrelas (em 5). Este disco foi selecionado entre os 10 melhores de música clássica de 2012 pelo “Público”, e pelo “Expresso” como um dos 50 discos imprescindíveis, de entre todos os discos editados mundialmente. Os Músicos do Tejo lançaram o triplo disco La Spinalba no CCB e realizaram diversas sessões de apresentação do mesmo na Fnac Chiado, Almada entre outros. Em abril de 2013 tiveram a sua estreia no Grande Auditório da F.C. Gulbenkian com a ópera Dido e Eneias de H. Purcell. A 15 de Julho estrearam-se em concerto no Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim. Outros marcos importantes foram concertos nos Dias da Música CCB com Paul BaduraSkoda, óperas La Spinalba, Il Mondo della Luna de P.A. Avondano e Paride ed Elena de C. W. Glück respetivamente no festival da Póvoa de Varzim, Festival de Alcobaça e CCB, no Festival das Artes em Coimbra com os Reais Fogos de Artifício, Gloria de Vivaldi na Igreja da Graça, ciclo “Ciência na Música” no Teatro Thalia, entre outros projetos. O seu mais recente CD para a editora Naxos, Il Trionfo d'Amore, de F.A. Almeida, tem tido um excelente acolhimento por parte da crítica – 5 estrelas no Público, Diário de Notícias e Expresso, 4 na revista Diapason – tendo sido nomeado para a escolha “Bestenliste” da Preis der “Deustschen Schallplattenkritik.”. Incluído na lista dos melhores discos


do ano do Público e do Expresso. Para o ano de 2016 está previsto um espetáculo no grande auditório da Fundação Gulbenkian, dia 1 de Abril, em colaboração com o realizador Pedro Costa. Compromissos futuros incluem: Fado Barroco com Ana Quintans e Ricardo Ribeiro, na F.C. Gulbenkian.

Ana Quintans Ana Quintans é licenciada em Escultura e estudou Canto na EMCN em Lisboa e no Flanders Operastudio em Ghent (bolseira da F.C.Gulbenkian). Iniciou-se profissionalmente em 2005 com Monteverdi e dedica ainda hoje a maioria do seu trabalho à música dos séc. XVII e XVIII. Nesse âmbito colabora com maestros como William Christie; Marc Minkowski; Michel Corboz; Raphael Pichon; Alan Curtis; Vincent Dumestre; Marcello de Lisa; Antonio Florio; Marcos Magalhães; Laurence Cummings; Leonardo G. Alarcón; Enrico Onofri e Ivor Bolton. Destacam-se apresentações na Opéra Comique de Paris; Théâtre des Champs Elysées; Festival d’Aix en Provence; Glyndebourne Festival; DNO Amsterdão; Concertgebouw Amsterdão; Opéra de Lyon; Opéra de Rouen; bayerische Staatsoper; TNSC Lisboa; Alten Oper Frankfurt; Teatro Real de Madrid; Scottish Opera; Victoria Hall Genebra; Bozar Bruxelas; Fundação Calouste Gulbenkian; Centro Cultural de Belém; Casa da Música Porto; Carnegie Hall NY; BAM NY; La Folle Journée Japão; Helsinki Music Center; Maggio Musicale Fiorentino; Wien Festwochen; Opéra Royal Versailles; Edinburgh International Festival e Mozarteum Salzburg. Gravou Albinoni Arias com Marcello di Lisa e Concerto de’ Cavalieri (Deutsche Harmonia Mundi); “Spinalba” e "Il trionfo d'amore" de Francisco António de Almeida com Marcos Magalhães e Os Músicos do Tejo (Naxos); Round Time de Luís Tinoco com David Alan Miller e Orquestra Gulbenkian (Naxos); Requiem de Fauré com Sinfonia Varsovia e Michel Corboz (Mirare); Judicium Salomonis de Charpentier com LAF e William Christie (Virgin); As

Sementes do fado com Os Músicos do Tejo; Kleine Musik com obras de Schutz e Ivan Moody com Sete Lágrimas (MUrecords); Victor Macedo Pinto com Canções de Amigo do mesmo compositor (Numérica). Em suporte DVD gravou Dido and Aeneas de Purcell (Christie/Warner/Opera Comique Paris); L’incoronazione di Poppea de Monteverdi (Christie/Pizzi/Teatro Real de Madrid); Hippolyte et Aricie de Rameau (Christie/Kent/ Glyndebourne Festival); Dido and Aeneas (Dumestre/ Roussat/Lubek/Opèra de Rouen) e David et Jonathas de Marc- Antoine Charpentier (Christie/Homoki/Festival D’Aix en Provence). Ainda este ano interpretará Ilia na ópera Idomeneo de Mozart na Flanders Opera (Antuérpia e Ghent) sob a direcção de Paul McCreesh; Amour e Zaire em Les Indes Galantes de Rameau na Bayerische Staatsopera e Angel na Jephtha de Handel na DNO Amsterdão ambas com o maestro Ivor Bolton.

Carlos Mena Carlos Mena nasceu em 1971 em Vitoria-Gasteiz, em Espanha. Estudou na Schola Cantorum Basiliensis, na Suíça, sob a orientação de Richard Levitt e René Jacobs. Apresentou-se em importantes palcos, incluindo o Konzerthaus de Viena, o Teatro Colón de Buenos Aires, o Alice Tully Hall de Nova Iorque, o Fisher Symphony Hall de Detroit, a Ópera de Tóquio e o Osaka Symphony Hall, entre outros, incluindo prestigiados festivais internacionais. Tem sido também uma presença regular nas temporadas de música da Fundação Gulbenkian. No domínio da ópera, interpretou o papel principal em Radamisto de Händel na Felsenreitschule de Salzburgo, no Konzerthaus de Dortmund, no Musikverein de Viena e no Concertgebouw de Amesterdão. O seu repertório inclui ainda: Orfeo (Speranza) de Monteverdi, na Staatsoper Berlin; Rappresentazione di anima e di corpo (Angelo Custode) de Cavalieri, no Théâtre de la Monaie, em


Bruxelas; Il trionfo del Tempo e del Disinganno (Disinganno) de Händel, no Festival de Salzburgo; Europera 5 de John Cage, no Festival da Flandres; Sonho de uma noite de verão (Oberon) de Britten; no Teatro Real de Madrid, Ascanio in Alba (Ascanio) de Mozart, no Barbican Centre de Londres; Bajazet (Tamerlano) de Vivaldi, no Teatro Arriaga de Bilbau; e Morte em Veneza de Britten, no Gran Teatre del Liceu de Barcelona. É o atual diretor artístico da Capilla Santa María, patrocinada pela Fundación Catedral Santa María de Vitoria.

Sandra Medeiros Nasceu em S. Miguel, nos Açores. Estudou no Conservatório Regional de Ponta Delgada, com Imaculada Pacheco. É licenciada em Canto pela Escola Superior de Música de Lisboa tendo integrado a classe da professora Joana Silva. Como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e Centro Nacional de Cultura prosseguiu estudos de pós-graduação em canto na Royal Academy of Music (RAM) em Londres, onde se graduou com “Distinção”, obteve o Dip. RAM e o prémio Amanda von Lob memorial Prize. Foi premiada em concursos nacionais e internacionais de canto dos quais se destaca o 2º Prémio no V Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão no Brasil. Gravou para as rádios portuguesa, búlgara e inglesa, para as televisões portuguesa, espanhola e brasileira e para as editoras Naxos e Hyperion. A sua ac«tividade como solista distribui-se pela música antiga, oratório, lied, melodie, canção do séc.XX/XXI e ópera, tendo ac«tuado sob a direc«ção de ilustres maestros tais como Michael Corboz, Lawrence Foster, Marc Minkowski, Philippe Herreweghe, Sir Charles Mackerras, Laurence Cummings, Alberto Lysy, Enrico Onofri, entre muitos outros. Também atuou com as mais destacadas orquestras portuguesas, com os mais conceituados grupos de música antiga portugueses, nomeadamente Os Músicos do Tejo e Divino Sospiro, com as orquestras Barroca da RAM, Camerata Lysy de Gstaad,

Sinfonia Varsóvia e com o grupo L’Avventura London. No domínio da ópera os seus papéis incluem, Barbarina (Le Nozze di Fígaro) Princese (L’énfant et les sortiléges), Gémea Siamesa (Corvo Branco, Philip Glass), Dragonfly (A raposinha matreira), Frasquita (Carmen), Serpina (La serva padrona), D. Anna (D. Giovanni), Cardella (Frate Nnamorato), Tirsi (Serenata L’Angelica, Sousa Carvalho), Carlota (As Damas Trocadas, Marcos Portugal), Lindane (Lindane e Dalmiro, Cordeiro da Silva), Flaminia (Il Mondo della luna, Pedro Avondano), entre outros. É convidada regular das temporadas dos principais teatros, salas de concerto e festivais de música portugueses. Tem-se apresentado, também, em Macau, Espanha, França, Luxemburgo, Alemanha, Inglaterra, Bulgária, Brasil e Uruguai. Paralelamente à sua vida artística, tem vindo a desenvolver atividade pedagógica. É regularmente convidada para realizar workshops sobre técnica e saúde vocal (Évora, Santarém), masterclasses de canto (S. Miguel/Açores e Badajoz) e membro de júri de concursos de canto em Portugal.

Alberto Sousa Nasceu na Madeira e iniciou os seus estudos musicais no então Conservatório de Música da Madeira. Licenciouse em Ensino do Canto na Universidade de Aveiro onde estudou com António Salgado e concluiu o Mestrado em Performance no Curso de Opera da Guildhall School of Music and Drama, na classe de canto de Laura Sarti. Na sequência da sua participação na prestigiada Solti Te Kanawa Accademia di Bel Canto, gravou um CD de canção italiana produzido pelo maestro Richard Bonynge, em comemoração do centenário do nascimento do maestro Georg Solti. Recentemente, Alberto ganhou o 2º lugar e Prémio do Público no Robert Presley Memorial Verdi Competition organizado pela Fulham Opera, uma companhia de ópera londrina que posteriormente o convida a cantar o papel de Gabriele numa nova produção de


Simon Boccanegra (Verdi). Os últimos dois anos têm-no levado a vários palcos internacionais e incluíram, entre outros projetos, uma digressão de concertos de repertório belcantístico no Japão, La Traviata (Verdi) no Barga Belcanto Festival (Itália), uma digressão europeia de Orlando Paladino (Haydn) com a Purpur Opera e a sua estreia no Gran Teatre del Liceu (Barcelona) com uma performance do Requiem de Mozart. Em Londres, onde reside e trabalha, Alberto apresentou-se recentemente em La Bohème (Puccini) com o Clapham Opera Festival, Die Fledermaus (J. Strauss) com a Danube Opera em St. John's Smith Square, Faust (Gounod) com a Swansea City Opera, Nick na Fanciulla del' West (Puccini) Carlo em D. Carlo (Verdi) com o Grange Park Opera Festival e Pinkerton (Madame Butterfly, Puccini) em concerto no Cadogan Hall. Projetos futuros incluem ainda a interpretação do papel titular em o Nariz (Schostakovich) para a Royal Opera House, uma 9ª Sinfonia (Beethoven) com a Orquestra Clássica da Madeira e uma nova produção de Orlando Paladino em Fribourg (Suíça).

MARCOS MAGAL H ÃES Nasceu em Lisboa, estudou na Escola Superior de Música de Lisboa e no CNSM de Paris com Ch. Rousset, K. Gilbert, K. Haugsand, F. Marmin, C. Rosado Fernandes e K Weiss. Mais recentemente tem tido aulas de direção de orquestra com J.M. Burfin. Marcos Magalhães tem desenvolvido intensa atividade concertística tanto em Portugal como no estrangeiro: Ensemble Barroco do Chiado na Temporada Gulbenkian, Centro Cultural Gulbenkian em Paris, Festa da

Música - CCB, nos festivais de Espinho, Mafra, Encontros com o Barroco do Porto; com outros agrupamentos concertos em Paris, Bratislava, festival "Les Baroquiales" em Nice e no festival dos Capuchos. No verão de 2003 tocou com o Ensemble Barroco do Chiado a convite da Fundação Oriente na Índia (Nova Deli, Goa e Bangalore) e Sri Lanka (Colombo). Tocou na Festa da Música do CCB a solo e em duo com Paulo Gaio Lima e a solo com a Orquestra Gulbenkian sob a direção de Joana Carneiro. Participou em várias produções de ópera e integrou a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra da Madeira e a Orquestra Barroca da União Europeia em variadas ocasiões. Fundou, em conjunto com Marta Araújo, Os Músicos do Tejo, grupo dedicado à música antiga. Dirigiu no CCB as óperas La Spinalba de F. A. de Almeida, Lo Frate Nnamorato de G.B Pergolesi, Le Carnaval et la Folie de A.C. Destouches, a serenata de F. A. de Almeida Il Trionfo d'Amore e Dido e Eneias de H. Purcell (fund. Gulbenkian). Dirigiu e editou os CD's Sementes do Fado (com Ana Quintans e Ricardo Rocha), As Árias de Luísa Todi (com Joana Seara) e já foram editados pela Naxos dois discos, por si dirigidos: La Spinalba, em 2012, e Il Trionfo d'Amore, ambas obras de F. A. de Almeida. Dirigiu em várias ocasiões a Orquestra Metropolitana. Também tem colaborado com esta mesma orquestra como continuista e solista. Está neste momento a realizar, na Universidade Nova, doutoramento orientado por David Cranmer em torno das Modinhas Luso-Brasileiras. É bolseiro da F.C.T. É professor-acompanhador na Academia de Música de Óbidos.


CCB

CHEFE TÉCNICO DE PALCO

RUI MARCELINO CHEFE DE EQUIPA DE PALCO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

PEDRO CAMPOS TÉCNICOS PRINCIPAIS

A SEGUIR 2 out 2016

ELÍSIO SUMMAVIELLE presidente

LUÍS SANTOS RAUL SEGURO

Grande Auditório / 17h / M/6

ISABEL CORDEIRO

TÉCNICOS EXECUTIVOS

TEMPORADA DARCOS

DIREÇÃO DE ESPETÁCULOS

F. CÂNDIDO SANTOS CÉSAR NUNES JOSÉ CARLOS ALVEs HUGO CAMPOS MÁRIO SILVA RICARDO MELO RUI CROCA HUGO COCHAT DANIEL ROSA

PROGRAMAÇÃO

CHEFE TÉCNICO DE AUDIOVISUAIS

ANDRÉ CUNHA LEAL FERNANDO LUÍS SAMPAIO

NUNO GRÁCIo

DEPARTAMENTO DE OPERAÇÕES COOrDENADORA

NUNO BIZARRO

VOGAL

MIGUEL LEAL COELHO VOGAL

joão caré luísa inês fernandes ricardo cerqueira secretariado

CHEFE DE EQUIPA DE AUDIOVISUAIS TÉCNICOS DE AUDIOVISUAIS

PAULA FONSECA

EDUARDO NASCIMENTO PAULO CACHEIRO NUNO RAMOS MIGUEL NUNES

PRODUÇÃO

INÊS CORREIA PATRÍCIA SILVA HUGO CORTEZ JOÃO LEMOS SOFIA SANTOS

TÉCNICOS DE AUDIOVISUAIS / EVENTOS

CARLOS MESTRINHO RUI MARTINS

DIREÇÃO DE CENA

TÉCNICOS DE MANUTENCÃO

PEDRO RODRIGUES PATRÍCIA COSTA JOSÉ VALÉRIO TÂNIA AFONSO CATARINA SILVA estagiária

JOÃO SANTANA LUÍS TEIXEIRA VÍTOR HORTA

Orquesta Ciudad de Granada Criada em 1990, a Orquestra Ciudad de Granada é uma das mais importantes e prestigiadas orquestras espanholas. Nesta sua primeira visita a Lisboa e Torres Vedras, onde será dirigida pelo maestro Nuno Côrte-Real, a orquestra interpretará obras de Beethoven e Schumann, e fará a estreia absoluta da versão orquestral do ciclo vocal Livro de Florbela, do compositor Côrte-Real, sobre poesia de Florbela Espanca. Juntam-se a tão meritório elenco, o soprano Dora Rodrigues, cantora portuguesa que tem vindo a construir uma sólida carreira internacional, e o violinista italiano Massimo Spadano, celebrado intérprete daquele instrumento, que nos oferecerá, com certeza, uma inesquecível interpretação do apaixonado concerto para violino de Schumann. Dora Rodrigues soprano / Massimo Spadano violino / Nuno Côrte-Real direção musical

SECRETARIADO DE DIREÇÃO TÉCNICA

yolanda seara

SECRETARIADO

SOFIA MATOS DEPARTAMENTO TÉCNICO COORDENADOR

SIAMANTO ISMAILY

L. V. Beethoven (1770-1827) Abertura “Egmont”, em fá menor (op. 84) N. Côrte-Real (1971-) Livro de Florbela (op. 42b) para soprano e orquestra

(Estreia absoluta da versão orquestral de N. Côrte-Real)

Exaltação Árvores Os versos que te fiz Este livro Num postal Cinzento À Morte

parceiro institucional

parceiro media temporada 2 0 1 6

www.ccb.pt bilheteira online Tel 1820 informações e reservas

R. Schumann (1810-1856)

I. Concerto para violino e orquestra,

em ré menor II. In kräftigem, nicht zu schnellem tempo II. Langsam IV. Lebhaft, doch nicht schnell


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