prejudicam o julgamento por meio de rodeios cujos contornos foram atentamente perscrutados por Aristóteles e muitos outros depois dele. Todos
os
psicólogos
contemporâneos
concordam a esse respeito e a evidência não deixa margem à menor dúvida. A “psicologia dos sentimentos” rege a prática, mas igualmente, em grande parte, o pensamento. A ciência depende de nossas tendências passionais e morais. Apaziguar-nos é isolar em nós o sentido do universal; retificar-nos é isolar o sentido do verdadeiro. Vamos prosseguir nossa reflexão. Quais são os inimigos do saber? Obviamente a ininteligência: tanto que o que estamos dizendo dos vícios, das virtudes e de seu papel na ciência pressupõe sujeitos em pé de igualdade no restante. Mas, além da estupidez, que inimigos os senhores receiam? Não pensaram na preguiça, onde ficam soterrados os melhores entre os dons? Na sensualidade, que enfraquece e entorpece o corpo,
embaça
a
imaginação,
estupidifica
a
inteligência, dispersa a memória? No orgulho, que ora ofusca, ora entenebrece, que acata tão plenamente nossos próprios pontos de vista que podemos perder de vista o universal? Na inveja, que renega obstinadamente a luz aqui ao lado? Na irritação, que repele as críticas e se finca no erro?