A Vida Intelectual

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professor para ser um escritor, e eu me prostrava sobre um meio-fio imaginário, refreando a minha vontade, onde sobrepunha aqueles requisitos à minha genuína capacidade de expressar-me, e me esquivava de um momento em que era manifesta a minha necessidade de escrever, o que quer que fosse, como quer que fosse. Um escritor por vocação, tendo praticado e adquirido certo domínio da língua, incorpora aquilo nele como se fosse um sexto sentido. Perder ou renegar essa capacidade por muito tempo representa um drama para o escritor equivalente à perda de um órgão de percepção. O escritor precisa expressar-se através da linguagem escrita: não é uma frescura ou um arroubo banal, o que se sente é um chamado imperativo, categórico, que, se sufocado muitas vezes, pode provocar uma neurose. A culpa pelo fato de eu ter parado de escrever, reitero, não foi de Olavo de Carvalho. O que eu fiz foi usar recortes do que li em seus ensinamentos para usá-los como ferramentas de auto-sabotagem. Abaixo descrevo algumas ferramentas mais comuns que vejo sendo usadas por seus alunos para se auto-sabotarem como eu:


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