Revista F | Ano 3 - 2017 | n.4

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EDITORIAL

EXPEDIENTE A Revista F é uma produção laboratorial dos estudantes dos cursos de Jornalismo do Centro Universitário Internacional (Uninter) Chanceler Wilson Picler Reitor Benhur Gaio Diretor da Escola de Gestão, Comunicação e Negócios Elton Schneider Coordenador do curso de Jornalismo Guilherme Carvalho Coordenador do curso de Publicidade e Propaganda Alexandre Correia Professores Responsáveis Marcia Boroski, Roberto Nicolato e Sionelly Leite Texto e Imagens Alunos da UTA Jornalismo e Sociedade Arte da capa Robison Sousa Edição de textos e imagens Felipe Boiczuk, Jhennyfer Ferreira Gabriele Brito Robison Sousa Bruna Santiago Jeniffer Jesus Maria Laura Genkiwicz Nataly Rocha Clarissa Foerster Diagramação e Projeto Editorial Agência Mediação Endereço Rua Saldanha Marinho, 131 CEP 80410-150 Centro - Curitiba - Paraná Campus Tiradentes

Diversidade é um dos caminhos para alcançar os mais diversos e plurais lugares. Quanto mais lugares conhecemos, quanto mais lugares nos colocamos, nos inserimos, mais é possível compreender as tantas outras pessoas de mundo. Ou seja, as tantas outras formas de pensar, agir, relacionar-se. A IV edição da Revista F está cheia de diversidade. Nesta edição, vamos conhecer o rosto e algumas histórias de personagens como a voluntária de uma ONG de proteção aos animais, a dona do grito ‘Borboleta 13’, Misses e Mestras. Conheceremos também mais sobre os melhores amigos dos homens de rua e faremos um passeio pela Biblioteca Pública do Paraná. A cidade, palco da vida e de muitas expressões de arte, também aparece aqui, seja em croquis variados, nas suas formas e cores envolventes, ou pelos famosos tubos, tão característicos. Tantos outros olhares aparecem nesta edição, que não seria possível sem esforços os mais diversos da equipe da Revista F. Marcia Boroski

Carreira de modelo negra

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reportagem Uma manhã no Ceasa

ensaio Arte na ponta do lápis

reportagem Iniciativas que transformam vidas

Telefone 2102-3336 Email nucleopontozero@gmail.com Facebook www.facebook.com/jornalismouninter Blog www.revistaf11.wixsite.com/blogrevistaf Site do curso de Jornalismo www.uninter.com/graduacao-presencial/ curso-jornalismo/ Portal Mediação www.mediacaouninter.com

Um passeio pela Biblioteca Pública do Paraná

ensaio


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Borboleta 13, corre hoje! Conheça o que há por trás da voz do famoso bordão curitibano Texto e foto: Fábio Ribeiro

Se você passar pela esquina das ruas XV de Novembro e Monsenhor Celso, no centro de Curitiba, com certeza ouvirá esse grito que já está gravado na memória dos curitibanos. Há pelo menos 47 anos, Terezinha de Eunice Santos, 66 anos, trabalha vendendo bilhetes de loteria nesse ponto da cidade: “Eu vendo só nesse canto, se eu trabalhar em outro eu não sei trabalhar. Aqui eu me sinto bem, parece que eu tô em casa”. Considerando-se curitibana de coração, dona Terezinha é natural de Abelardo Luz, interior do Paraná, e veio para Curitiba com seus pais, ainda bebê. Viúva há mais de 30 anos, chega a ganhar um salário mínimo por mês. Mora no bairro Tatuquara em uma das três casas de um terreno onde também moram dois dos seus filhos. “Sou pobre, simples, humilde, mas sou feliz”, afirma. Dona Terezinha conta que trabalhava em uma empresa, mas tendo crianças pequenas, teve que optar pelo trabalho autônomo e criou os seis filhos com a renda da venda dos bilhetes. Graças a sua voz boa, chegou a trabalhar em uma empresa de óculos, retornando depois aos bilhetes de loteria. Em meio a lojas, bancos, vendedores ambulantes e uma imensidão de pessoas que vem e vão, dona Terezinha chama a atenção pelo seu jeito meigo, carismático, sorridente e de uma alegria contagiante. “Eu desejo muita felicidade para o povão de Curitiba, que Deus abençoe a todos”.


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“Eu gosto do povo e o povo gosta de mim”, Zilton Máximo da Silva Texto e foto: Evandro Tosin

Irreverente, bem humorado, carismático, calmo, alegre, com uma estatura média e cabelos negros são traços que definem Zilton. Ele possui características marcantes do sotaque nordestino. Ele é natural de Várzea Alegre, município localizado no Ceará - mesmo estado do seu conterrâneo, Falcão. O sósiade Falcão é solteiro, tem 57 anos, e atua como artista popular e de rua. Cantor, repentista, torcedor do Palmeiras, fã de Caju e Castanha, Zilton entra na máquina da fama, e torna-se o rei da música brega no Brasil, porque “a vida tem muito mais sentido quando é levada pelo lado brega”.

O personagem, não concluiu o ensino fundamental, deixou sua terra natal há mais de 30 anos e tentou a vida em São Paulo, porém adaptou-se à Curitiba, e mora aqui hoje. Já foi candidato a vereador e a deputado estadual, defendendo a valorização da cultura, mas não obteve sucesso na eleição. Ele relata que a “política para o futuro será difícil, pois requer investimento financeiro e nunca ocupou nenhum cargo público”. Como sósia de Falcão, esteve programas de televisão e conheceu Patricia Abravanel, no programa Máquina da fama, do canal SBT. Também teve a oportunidade de conhecer Sabrina Sato, na Record.


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A árdua carreira da Conheça a história da modelo Luciana, que luta pela igualdade e direito de ser vista e ouvida Texto e foto: Jaqueline Correia Deina

A primeira coisa a me saudar é o sorriso do mulherão de 1,80 cm. Um andar forte e cheio de balanço, que faz o Black Power mexer junto com os quadris. A casa é simples, mas aconchegante. E naquele sofá da sala, sob a luz de um sol que tenta surgir pela janela aberta, a conversa começa. Luciana Tavares dos Santos, 23 anos de idade, modelo. De família humilde e cristã, cresceu em meio a uma doutrina tradicional, que não abria espaço para vaidades. Desde a infância, ela disse, que já sentia essa “pressão” em ser como o padrão que a sociedade impõe às meninas, de acordo com o qual o cabelo precisa estar sempre liso e chapado para poder ser bonito. Luciana conta que foi após a época de colégio que começou a se descobrir como mulher, procurar suas raízes, soltar os cabelos e deixar de se “esconder”. Naquele tempo, ainda em processo de descoberta pessoal, a modelo lembra que procurava por referências de mulheres negras no mercado da moda, fazia pesquisas na internet e não encontrava quase nada. Em 2008, desfilou pela primeira vez, e logo surgiu a oportunidade de fazer um book. Por volta de 2010, a chance de participar de alguns concursos voltados para a beleza negra surgiu, o que possibilitou a transição da menina que prendia o cabelo para não chamar atenção à mulher empoderada e segura de si. Naquele tempo, cursando fotografia, era constantemente convidada a ser fotografada pelos colegas nos trabalhos da faculdade. Questionada sobre as dificuldades em iniciar uma carreira de modelo, Luciana disse que ainda existem muitas divergências quanto à necessidade de ter modelos negras em campanhas, comerciais. Ela conta que raramente é escolhida entre as colegas brancas. Critica também as agências, que não oferecem melhores oportunidades às modelos afros, a menos que seja uma exigência do contratante. E mesmo quando chamada, precisa ser o “tipo de negra aceitável”, com medidas menores e com o cabelo mais baixo. Mesmo com todas essas dificuldades, Luciana não se abateu e continuou seguindo em frente com seu trabalho. Enfim, no ano de 2015, veio o resultado do esforço e dedicação: A garota pobre e negra venceu o Miss Pinhais. Ela conta que sentia a necessidade de representar todas as garotas que se escondem, que passam pela vida sendo “invisíveis” Levantando essa bandeira, chegou ao Miss Paraná de cabeça erguida e cheia de orgulho. Mas os obstáculos continuaram a aparecer. Já no concurso, ela conta que passou por situações constrangedoras, comentários

Luciana Tavares, ex-Miss Pinhais, ho


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a modelo negra de organizadores e fotógrafos, e comparações com a outra concorrente negra, Raissa Santana (atual Miss Brasil). A essa altura, o olhar se perde um pouco do lado de fora da janela. Mas ela logo afirma que, hoje em dia, como mulher e negra que aprendeu a se aceitar e se amar, nada tem poder para abatê-la, nada pode colocá-la para baixo. Como uma pessoa que enfrentou preconceitos a vida toda, ela sabe a importância de continuar a luta. “A representatividade importa”, diz. Depois de ter concorrido, decepcionada, conta que pôde perceber a necessidade de haver uma mudança no sistema do concurso. Hoje, ser Miss não está mais em seus planos. Luciana, além do trabalho de modelo, já tem projetos engatilhados para esse ano. Está

buscando personalidades afro que são hoje referência em diversos trabalhos, cargos e ocupações. A ideia é que negros sejam retradados pelo olhar de uma mulher negra, e mostrem essa representatividade na sociedade. Com muita personalidade e um olhar diferenciado, a modelo já planeja a exposição, e quer ser a primeira a fazer esse trabalho em Curitiba. “Pobre, negra e mulher; sofre o triplo. Mas gente sabe o poder que tem. E depois de tudo o que a gente passa, você sabe que ninguém tira a gente do lugar que conquistamos. ” E mais uma vez surge o sorrisão cativante do mulherão que “mata um leão por dia”. A tarde logo se vai, a luz do sol desaparece da janela, mas a luz da negra linda e empoderada continua brilhando, assim como o sorriso dela.

oje sorri ao lembrar de um passado em que não tinha vaidade e nem sonhava em ser modelo.


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A pequena mestra “Saber não ocupa lugar” parece ser o lema incansável da professora Maíra Nunes Texto e Fotos: Eliana Buratti Thives

Sorrindo e gesticulando muito, Maíra concede alguns dos preciosos minutos. Ela explica que começou sua carreira docente na educação básica de escolas públicas, após concluir sua formação em História pela UFPR. Mas considera que adquiriu experiência, senso crítico e disciplina, ao ingressar no Colégio Militar do Paraná, onde fazia parte do corpo docente e ainda era oficial temporária. Após a especialização, em 2002, passou a lecionar em cursos de graduação, onde desenvolveu alguns projetos com os alunos. Maíra fala de história política com muita propriedade, habilidade que adquiriu no mestrado, na UERJ, em 2005. O ano de 2008 marcou sua entrada no UNINTER, onde leciona nos cursos de Comunicação Social (Jornalismo e Pub licidade e Propaganda). Além disso, mantém atividades de pesquisa e desenvolve tese na área de Comunicação. A Mestra, sempre com um brilho no olhar, diz que aprende muito com seus alunos. “Sempre houve muita troca, pois acredito que a experiência que alunos (as) trazem para a sala de aula, é importante fator no processo de aprendizagem, juntamente com os estudos teóricos”, conta. A inquieta Maíra, é doutora pelo Programa de Pós-Graduação Comunicação e Linguagem da UTP, e pesquisa a organização de movimentos sociais no Facebook. Conta que se sente feliz com o que faz, pois a cada nova turma e disciplina, atualiza formas de abordar conceitos e propor atividades, discutindo aspectos da vida cotidiana, relacionados à história e à sociedade.


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https://revistaf11.wixsite.com

CHAMADA BLOG REVISTA F Evandro Tosin, Curit

Aloísio Costa, C

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aculé-BA

Suelen Tamara Gondarski Busch, São Bento do Sul-SC

Faça parte deste mural e confira as produções do maior curso de jornalismo do Brasil.


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Seja bem-vindo ao Ceasa Texto: Douglas Miranda, Renan Martins Bueno e Larissa Oliveira Fotos: Douglas Miranda e Renan Bueno

Tic tac tic tac tic tac... pipipi… pipipi… pipipi… - Ai meu Deus, me falta coragem de levantar neste frio, mas vamos lá, mais um dia.


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O ritmo compassado do “tic tac” rompe-se com o soar esbaforido do alarme. Isso significa que mais um dia de trabalho está por vir. O relógio marca 4h da manhã e Ules Algaci Bonfim inicia sua rotina. Nos dias frios o corpo parece pesar. Não quer deixar o conforto e o calor da cama. Mas Curitiba é assim, o clima é maluco. E nos dias frios às 4h da matina é difícil levantar sorrindo, sabendo que muitos ainda dormem. Ules se levanta e segue para a Centrais de Abastecimento do Paraná, mais conhecida como Ceasa. “É lá onde encontramos o suor de quem se sustenta da própria lavoura ou aqueles que procuram um ‘bico’, para terem alguns trocados no bolso ao longo do dia”. Buzinas anunciam a saída de Bonfim rumo ao trabalho. Ao reencontrar os velhos colegas, um sorriso já pode ser contemplado em sua face, encaixando-se nos diálogos rápidos e corriqueiros “Bom dia!, Bom trabalho!”. As mãos continuam no volante, o sono persiste em querer fechar as pálpebras cansadas de Ules. Não dá para mudar o roteiro, embora o desejo seja grande. As ruas que levam até o Ceasa são escuras e vazias... após quilômetros e quilômetros o sono estava prestes a derrubá-lo. É um alívio quando Ules chega em seu destino. Ules põe a touca e veste a coragem. Espanta o frio.

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Quatro horas da matina, onde o sol não mostra o seu rosto e muitos dormem. Nosso personagem como os demais comerciantes de mercados, quitandas, se preparam para mais um dia de CEASA.


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- Partiu! - Exclama o homem que sobrevive descarregando caixas e mais caixas de verduras, frutas e legumes. - Ae, cara, quanto é? Faz por quanto? E neste momento Ules percebe que todos ali são iguais, a única diferença existente é o modelo dos carros e caminhões, que seguem apenas o caminho que leva até o dinheiro. - Com licença, vou pegar mais caixas. Como se fosse Atlas, Ules ergue as caixas como se elas equivalessem ao peso do mundo. Ali é a hora de calcular o que deve ser comprado e o que não vale a pena levar. - Esse negócio está enchendo a cada dia que passa. Sabe aquele ditado “o mundo é dos espertos?!”, ela cabe muito bem aqui no Ceasa. A esperteza dos “nobres” é surpreendente. Devido à correria e ao esforço físico, o calor faz o suor escorrer pela testa, obrigando-o a limpá-lo de vez em quando. A touca outrora indispensável, tornou-se inútil. No mundo dos negócios, uma laranja a menos é um troco a mais. Uma laranja a mais é um trocado para levar no bolso, e consequentemente é uma dívida a menos para se preocupar. Ter dignidade e um nome limpo são os motivos que fazem Ules continuar na luta. Força. Estratégia. Determinação. Ules Algaci Bonfim. - Dependendo da carga carrego até 500 quilos. Batatas, beterrabas, cebolas... parece fácil, mas não é bem assim. Um erro de cálculo ou um desvio de trajeto pode causar grandes danos - desabafa Ules. Com ar de satisfação Ules termina o trabalho antes do previsto. Ajeita suas coisas para ir embora iluminado pelo sol, pela claridade que lhe varre a face. A placa de “volte sempre” é ignorada. Sobrou tempo. O tempo é precioso; no Ceasa tempo é dinheiro. Mas agora ele só pensa em ir para casa e descansar. Sua satisfação é chegar em casa feliz por ter cumprido seu dever, e então dormer com o raiar o dia.

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Rotina de assédio no transpo Com medo cotidiano, mulheres passam por situações desagradáveis Texto e fotos: Sérgio Junior

Segundo um levantamento da organização não governamental Think Olga, 99,6% das 7,7 mil mulheres, entrevistadas durante pesquisa, já foram assediadas em algum momento da vida. Os lugares são os mais diversos e o transporte público acaba sendo mais um problema a ser enfrentado. Ângela Tonyele, 20 anos, mora no Santa Cândida e pega todos os dias, às 7h, o Santa cândida/ Capão Raso, no Terminal Santa Cândida. Ela relata que já foi assediada, e “não foi só uma vez”. Ângela conta que em uma das vezes, estava com sua irmã mais velha, num ônibus lotado. Um homem ‘passou a mão’ nela, e muitos usuários da linha repararam e não tiveram coragem de fazer nada. Ela ainda diz que ficou com muita vergonha porque as pessoas olham e acham normal. Outra uma usuária do transporte público, da linha Curitiba/Piraquara, confessa que, às vezes, nem tem vontade de sair de casa por causa dos assédios. Thalita Welke, 19 anos, conta que uma vez estava indo para o cursinho num ônibus lotado e um homem chegou bem perto dela quase encostando face a face e ficou tentando deixa-la constrangida forçando algo. Para ela, “foi totalmente desagradável”. Para Thalita, não é só isso que deixa ela e muitas outras mulheres constrangidas. Ela conta que não tem liberdade de usar uma roupa um pouco mais curta ou mais justa sem ter que lidar com olhos e pensamentos maldosos contra ela, deixando-a vulnerável.


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Texto e foto: SĂŠrgio Aparecido

orte pĂşblico curitibano


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Equoterapia: reintegração d

Tratamento utiliza o movimento do cavalo para conseguir h Texto e fotos: Letícia Lorena de Jesus Oliveira

A equoterapia é um dos tratamentos mais benéficos para portadores de necessidades especiais. O método terapêutico e educacional com cavalos ajuda nos aspectos motores, cognitivos e comportamentais. Em Curitiba, o Instituto Andaluz, da fisioterapeuta Ana Carolina Azzoni Pereira Matos, se destaca nesta área. Num espaço dentro da Sociedade Hípica Paranaense, o local proporciona aulas que visam uma melhora na qualidade de vida, dos portadores de necessidades especiais, através do contato com os cavalos. No ano de 2008, começou atendendo 35 pessoas com algum tipo de deficiência. Atualmente, atende mais de 100 pacientes com paralisia cerebral, autismo, síndrome de down, síndrome de angelman, síndrome de west, entre outros. Como fonte de recursos, o Instituto Andaluz conta com doações de alguns pais de pacientes, pessoas físicas e jurídicas, que apadrinham uma criança ou adolescente de baixa renda. O tratamento é desenvolvido em diferentes fases, dependendo do tipo de necessidade especial. Os pacientes passam por uma avaliação inicial, com profissionais fisioterapeutas e psicólogos, onde são traçados alguns objetivos de tratamentos. Após, é definido as atividades e quantidades de aulas a serem realizadas, de acordo com cada patologia. Na fase de hipoterapia, busca-se o ganho de equilíbrio, além do controle de tronco e cabeça. Ana Carolina diz: “o autista, por exemplo, vai ganhar o início do convívio social. Primeiro vai em busca do cavalo, fazendo a aproximação com o animal. Depois da percepção de onde está e o que está fazendo, tendo o vínculo com os terapeutas.” Em outra fase, a de pré-equitação, necessita do instrutor para dar aula. O paciente passa a ter a capacidade de ficar sozinho no cavalo, aprende o manejo, como montar e algumas noções básicas do esporte. “Aprendem a ter autoconfiança, disciplina e concentração”, conta Ana Carolina sobre os pacientes. Solange de Fátima Campos da Silva, mãe de Vitor Campos e Davi Campos, ambos com paralisia cerebral, comemora os resultados do tratamento: “a equoterapia, para eles, tem ajudado muito no equilíbrio e no emocional, passando confiança. É uma atividade que eles gostam de praticar.”


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do paciente na sociedade

habilitar ou reabilitar indivíduos com necessidades especiais

Vitor Campos, diagnosticado com paralisia cerebral, em uma das atividades da pré equitação.


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Empreendedorismo Estimulada por um sonho, uma dona de casa abriu comĂŠrcio que fabrica e vende pĂŁes

Sueli vende pĂŁes, doces, salgados e bolachas caseiras.


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o e sabor em Veneza

Texto e foto: Luis Gustavo de Oliveira

Sueli José da Silva conta que, em uma mesma semana, sonhou três vezes que preparava massas de pães caseiro, em casa. Ela conversou com os familiares e decidiu começar a fazer os pães caseiros, que hoje são sucesso de vendas, no bairro Jardim Veneza, em Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, e em outras cidades paranaenses. A empresária tem a sua banca de vendas há mais ou menos três anos. No início, tocava o negócio com outras duas amigas, que desistiram. Hoje, tem uma clientela fiel que mesmo com a ampliação do comércio na região, continuam a comprar pão, salgado, doces, bolachas caseiras, seja para si mesmo ou para amigos e familiares. Sueli diz que além de fazer o que gosta, consegue conciliar com a espiritualidade. “Nunca fui assaltada, atendo jovens

drogados, que são traficantes ou bandidos, mas eles tem respeito por mim e eu por eles, mantendo assim um bom diálogo”. Ela completa explicando que não consegue se ver fazendo outra coisa, ama o que faz e sempre coloca bom ânimo em seus produtos. Maria Luzia Silva é sua irmã de Sueli e uma de suas melhores clientes. Sempre que vai à casa da irmã, separa dinheiro para comprar pão para a semana. “Eles são bons demais, compensa para comer e levar para os outros. Por isso, quando consigo, separo dinheiro e compro pão para mim e para minha sogra, tanto o pão doce quanto o de sal são bons mesmo”, enfatiza Maria Luzia. Sueli sempre tem novidades, sempre cria novas coisas para sua banca e consegue manter os atuais clientes e trazer mais.


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Iniciativa transforma vida

Casal faz a diferença na vida de mais d Texto e fotos: Maria Eduarda Biscotto

Edina leciona aulas para os imigrantes e seu marido Marcos Mello tambĂŠm lidera o projeto.


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a de haitianos em Curitiba

de 50 imigrantes com ensino de línguas

A cada aula, os alunos haitianos vencem barreiras e adquirem novos aprendizados. Longe da família e sem conhecimento e domínio da língua local. Essa é a situação de muitos imigrantes Haitianos no Brasil. Em Curitiba e Região, segundo a Pastoral do Migrante, existem mais de dois mil deles, procurando por trabalho e condições mínimas de vida. Muitos não falam nenhuma palavra em português, e não recebem nenhum apoio do Governo nem da iniciativa privada. Nesse cenário, o casal Edina Mello e Marcos Mello encontrou uma forma de ajuda-los. Em 2011, eles estavam numa agência bancária e perceberam a dificuldade de um haitiano ao realizar suas atividades e transações. Eles se identificaram com a situação, pois há alguns anos, viveram algo semelhante morando na Bélgica sem saber nada de francês, principal língua falada no país. Foi este o início das aulas de francês. A partir daí começou a

iniciativa de ajudar cada vez mais, através de apoio em visitas ao médico, ajuda na retirada de documentos, entre outros. Hoje, com a ajuda da igreja e de alguns voluntários, o casal leciona aulas de português, nível iniciantes. O ensino ajuda em cursos profissionalizantes, empregos, documentações, regularizações e a inserção na sociedade. Em três anos, o projeto cresceu muito e mais de 50 haitianos já receberam ajuda através desse voluntariado e da instituição religiosa. Uma nova turma foi aberta, agora no bairro Boqueirão. Ao todo 12 alunos imigrantes, que recebem aulas gratuitas de português e auxílio das mais diversas áreas. “O nosso sonho é fazer uma casa de apoio com cursos profissionalizantes e oferecer a todos o apoio e recursos que eles necessitam”, diz Edina sobre o sonho deles para os próximos anos.


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Do afeto ou acolhimento afetivo Texto e fotos: Bruna Santiago

No vazio das noites frias da cidade Eles sĂł tĂŞm um ao outro Na troca de olhares, um profundo e eterno sentimento de gratidĂŁo No companheiro de quatro patas, cumplicidade, fidelidade


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O carinho necessário para suportar a solidão Ao aliviar a tristeza Seu cachorro está lá, para sua proteção O mendigo agora não está sozinho Tem para si um amigo Ao enfrentar o mundo frio e sombrio

Para muitos, um anônimo e vadio Para o animal, a razão de estar vivo E por fim o que de real importa é o simples É o afeto abrigo, afeto amigo.


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Olhares em leitura Texto e fotos: Alysson Moura


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Nas grandes salas da biblioteca é possível se perder dentre os corredores de livros. Os olhares atentos na leitura passam despercebidos por muitos que transitam pelo local, mal sabem que em todo aquele ambiente sereno e confortável se encontram histórias e retratos interessantes, que se fazem presente. Bibliotecários e frequentadores da biblioteca se tornaram o foco deste ensaio fotográfico que busca trazer os olhares e características marcantes presentes no interior da Biblioteca Pública do Paraná.


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Macaris do Livramento ĂŠ criador do Centro de ExcelĂŞncia de Boxe


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Lutando por vidas Ex-Pugilista criou Projeto em que oferece aulas de boxe gratuitas para crianças carentes. Texto e foto: Edgar Araujo

Há quem pense que a dádiva da vida e o boxe jamais poderiam andar juntos, em que o conjunto de costumes e hábitos não combinam com a agressividade e calculismo do boxe. Mas não para Macaris do Livramento, 57 anos, campeão mundial em 1997 e atual presidente da Federação Paranaense de Boxe, inaugurou em 2015, na cidade de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, o Centro de Excelência de Boxe. Na entrevista a seguir, ele fala sobre o projeto em que comanda há dois anos ao lado de sua esposa, a também ex-campeã Rosilete dos Santos. RF: Como surgiu a ideia de criar o Centro de Excelência de Boxe? Macaris do LIvramento: A ideia surgiu logo após eu me tornar campeão mundial. Eu tinha o desejo de levar o boxe para colégios, praças ou locais públicos, porém, nunca consegui um lugar fixo. Conheci a Rosilete, trabalhamos juntos e o projeto foi saindo do papel. RF: Qual é a proposta do projeto? M: projeto é o único no Brasil. Atendemos 200 crianças carentes. Não ensinamos apenas boxe, e sim cidadania. A criança muitas vezes entra problemática e sai regrada. Já recebi vários agradecimentos por parte dos pais, dizendo que seus filhos mudaram muito, e sempre para melhor. RF: Como vocês se financiam? M: O local foi cedido pela Prefeitura. Temos o apoio da Copel, da Sanepar, e do Ministério do Esporte através da lei de incentivo ao Esporte. Da verba disponibilizada 60% para o pagamento de funcionários, e 40% para o material. RF: O que o projeto representa para a sociedade? M: Representa uma conquista. Para as crianças, a oportunidade de estarem aqui aprendendo o boxe. Para os pais, a tranquilidade de seus filhos praticarem uma atividade esportiva e desviar dos caminhos das ruas. Para mim, um sonho realizado.


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Uma nova forma de empreender A Economia Criativa busca facilitar ou melhorar a vida das pessoas com produtos inovadores e criativos.

Texto e fotos: Nayara Rosolen

Regina Rabelo, 24, se formou em Arquitetura em 2015 e trabalha com artesanatos sustentáveis há um ano e meio. Assim como muitos jovens, busca, através de sua arte e criatividade, se manter com um negócio próprio e nada tradicional. RF: Como funciona o seu processo criativo? Regina Rabelo: Quando eu comecei a fazer esse trabalho buscava inspirações na internet. Eu tento fazer desenhos que tragam alguma coisa boa para as pessoas. Quando eu consigo vender, conversar com quem se identifica, sinto que estou contribuindo de alguma forma. RF: Você acredita que a busca por esse modelo de trabalho tem crescido com a crise? R: Sim. A maioria são mulheres que buscam melhorar a renda

da família. E tem cada vez mais jovens, que buscam soluções criativas para empreender, pelo mercado de trabalho mais fechado. RF: Quais os maiores desafios para vocês, artesãos? R: A crise dificulta, as vendas diminuem. Para deixar seu produto em alguma loja eles te pagam muito pouco e o aluguel dos bazares custa mais dinheiro do que você consegue vender. Não somos valorizados. RF: O que você acha que está faltando para a economia criativa começar a ter mais visibilidade no Brasil? R: Falta apoio à cultura e pequenos negócios de forma geral, programas públicos que incentivassem. Nós estamos saindo do modelo tradicional em que você tinha que se formar e trabalhar dentro de uma firma, não queremos mais isso.

Regina Rabelo, artesã, buscou inspirações na internet para suas produções


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A cidade pelas lentes de D

O fotรณgrafo des

Daniel Castellano,


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Daniel Castellano

svenda Curitiba em seu olhar único

, 37 anos, e é fotógrafo há 16 e tem na arte de fotografar um estilo de vida.

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Texto e foto: Ana Laura Braga

Daniel tem 37 anos e é fotógrafo há 16. é ex-fotojornalista da Gazeta do Povo e ao longo de sua carreira concorreu a diversos prêmios, como Concurso fotográfico Engenharia no Brasil e Euroclick 2011. Nessa entrevista, ele conta um pouco do seu trabalho e fala sobre seu olhar em relação a Curitiba, cidade palco de seus cliques fotográficos. RF: O que é FOTOGRAFIA para você? De onde surgiu essa paixão? Castellano: A fotografia pra mim surgiu aqui na Gazeta do Povo. Quando entrei aqui há 16 anos nem sabia direito o que iria fazer, comecei a olhar as fotografias e apreciar o trabalho dos fotógrafos que já trabalhavam aqui e isso despertou cada vez mais meu interesse. Hoje em dia a fotografia é meu estilo de vida. RF: Qual a importância das mídias sociais para você? C: Atualmente é possível ter maior liberdade com o uso das redes sociais, pois você pode dar sua visão de mundo, da forma que quiser. Antigamente a foto era mandada para o editor e ficava esperando ser publicada, mas hoje não há mais essa espera, você mesmo pode publicar. As mídias se tornaram uma ferramenta de trabalho. RF: Você passou a ver Curitiba de uma maneira diferente e exercer um senso mais crítico depois que começou a tirar fotos? C: Sim, a visão do morador é uma e a do fotojornalista é outra, porque passamos a enxergar coisas que para outras pessoas passam batido na rua. Como moradores de rua ou trabalhadores de rua, essas pessoas que a gente tem contato por anos tornam-se personagens dessa cidade, e com isso você começa a ver que tem muita desigualdade na cidade e acaba criticando um pouco mais. RF: Qual o impacto seu trabalho deixa para a história da cidade de Curitiba? C: As fotos de hoje são jornalismo, amanhã já é fotografia documental. Nós como fotógrafos temos que deixar esse legado para o futuro. O meu legado é de como era a vida desde 2006, quando comecei, até terminar minha carreira. Eu faço parte dessa linha do tempo.


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Da ponta do dedo ao detal


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lhe Texto e fotos: Felipe Boiczuk Detalhes e mais detalhes, traços entre traços. Nervos a flor da pele, como se não bastasse o cansaço ainda tem esse sol forte. Para diversas pessoas essas condições seria impossível de produzir algo, porém para aqueles que se dedicam ao desenho, esta arte quase tão antiga, quanto o próprio papel. Dos grandes, como uma igreja e uma fonte ou até mesmo a representação de um mapa, ou dos pequenos como uma singela porta. Não importa se for fazer algo grande ou pequeno, mas sim ter dado o seu melhor.

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Texto e fotos: Larissa de Olive Saindo sem rumo seguindo apenas a intuição. Os olhos então se abrem e passam a enxergar a composição da cidade, linhas expostas em todas as direções. As linhas nunca antes percebidas agora se exibem como num balé de sensações. Linhas da rua XV de Novembro se compõem entre prédios e calçadas, as linhas de ônibus, fios e pichações, as linhas estão nos “tic tacs” de um relógio solitário. As percepções adormecem durante o inverno, o frio espanta as pessoas da rua, poucas se atrevem a combater os dias álgidos da capital paranaense. Nuvens escuras, um cheiro doce de vinho envolve o ar, enquanto muitos dormem aquecidos por seus sonhos para que na segundafeira a rotina trace uma linha de ida e volta para casa.

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as de uma cidade cinza


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Tubo Preto Texto e fotos: Jeniffer de Jesus Passos, corridas, cansados da rotina. Professores, estudantes, trabalhadores, gestantes. Idosos, jovens, mulheres e homens. Seja curitibano, paulistano, nordestino, baiano. Que seja, brasileiro, ou não, esse vai de busão. Busão ligeirinho, busão expresso, atravessando a cidade com seu sistema sem nexo. Sem nexo, por quê? Ora pois, transporte curitibano, exemplo do país! Se engana, meu jovem, isso só é chamariz. Ao amanhecer, entardecer, horário apertado. Espero meu ônibus no tubo lotado.


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Cores e traรงos no espaรงo urbano

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61 Texto e fotos: Letícia Carstenzen

O grafite é um tipo de manifestação artística que surgiu em Nova Iorque na década de 70. A ideia do grafite é usar de um espaço público para praticar críticas sociais. Além disso, a arte do grafite está ligada diretamente a outros movimentos, como o hip hop, por exemplo, assim os desenhos reproduzem muitas vezes o que estão presentes nas letras das músicas, representando as classes menos favorecidas. No Brasil, a arte chegou ao final dos anos de 1970, a princípio na cidade de São Paulo, mas em pouco tempo já se espalhou por todo o Brasil. Mas, com o passar dos anos os brasileiros adotaram uma nova forma de fazer os grafites, deixando os desenhos com um toque mais brasileiro. O que ainda circula em torno dessa manifestação artística é a polêmica, pois ao mesmo tempo em que muitos visam o grafite como um ato artístico, outros classificam como uma poluição visual.


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retrato Textos e Fotos: Gabriel Bukalowski

Maria Zabala e sua filha Zucca, em frente à Praça Rui Barbosa. Elas passam o dia vendendo brinquedos e artesanatos, em um pano esticado no meio do calçadão. Peruana, de 43 anos, diz estar em Curitiba por causa dos filhos que ficaram anos longe do pai que veio tentar a vida no Paraná. “Me sinto em casa quando estou em Curitiba, me lembra muito Lima”, diz.


retrato Marcelo Hioe é peruano e vive em Curitiba há mais de dois anos e há quatro mostra seu talento em locais públicos. “Curitiba me acolheu através do sorriso das pessoas, da forma que apreciam meu trabalho, principalmente nas praças daqui”, diz comemorando seu lucro do dia.

Ilton Alves Rezende é um dos responsáveis pela limpeza da cidade, cuidando de ruas e praças públicas. O gari trabalha para a Prefeitura de Curitiba há mais de 20 anos. “Meu trabalho é diferente das outras pessoas. Lido com um público diverso, desde um morador de rua até o prefeito da cidade. Deus está comigo todo dia, me dando força para estar aqui de novo”.

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Vallery Nascimento

Juliano Orsolon

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Juliane Lima

Julio Pagnan

charges 65


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ANÚNCIO MEDIAÇÃO

Portal experimental de notícias do curso de Jornalismo da Uninter

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