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“É como se ele ‘despertasse o paladar’ de quem o experimenta.” Cotrim avisa que fazer a receita é muito simples, porém, requer alguns cuidados. “Primeiro, é preciso deixar o milho da canjica de molho por pelo menos duas horas para, em seguida, proceder com o cozimento na panela de pressão, adicionando o açúcar e a água do molho.” O chef alerta também que se deve prestar atenção no
equilíbrio do açúcar. “Nesta receita, utilizamos vários ingredientes ricos nele”, complementa. Depois de pronta, a iguaria pode ser oferecida não apenas nos arraiais, mas também, no encontro entre amigos e em família, durante esta época do ano. “Ela pode ser degustada em temperatura ambiente, quente ou fria, dependendo de como está o tempo ou de como é o gosto das pessoas”, completa.
A CANJICA O termo provém da língua africana quimbundo, trazida ao Brasil pelos escravos, especialmente, de Angola. Por lá, Kanjika designa uma espécie de papa de milho grossa e cozida, segundo o Dicionário Português-Kimbundu-Kikongo, do Padre Antonio da Silva Maia. Muito nutritiva, cada 100 gramas de canjica contém diversas proteínas, fibras, ferro, fósforo, zinco e vitaminas B1, B2, B3, B5 e B6. Mais um ponto positivo para esse prato delicioso.
Fotos: Arthur Passos
rato típico das festas juninas em quase todos os cantos do País, a canjica (ou mungunzá, como é conhecida nas regiões Norte e Nordeste) encontrou seu espaço, adaptando-se às diferentes identidades regionais. Seja feita de forma doce ou salgada, ela conquistou os paladares de diversas gerações. Nesta edição, o chef Marcelo Cotrim ensina uma receita com a típica personalidade do povo mato-grossense. “A ideia de preparar uma canjica gourmet surgiu da vontade de agregar elementos regionais típicos do Mato Grosso a esse prato tão comum no Brasil”, conta. Foi assim que ele introduziu o pixé – um ícone da gastronomia regional –, elaborando uma interessante combinação. O toque gourmet do prato vem da adição de ingredientes locais não tão tradicionais. “Isso traz sabores peculiares e um novo olhar sobre a mesma receita”, explica. O pixé, por exemplo, provoca uma textura mais crocante.
sobre O CHEF
Cuiabano de berço, Marcelo Cotrim tem 33 anos e é formado em gastronomia, pós-graduado em chef de cozinha brasileira e vencedor da 2ª edição do concurso gastronômico Lufada de Peixes. Em 2015, foi indicado ao Prêmio Nacional Dólmã, como um dos três melhores chefs do estado. Estagiou nos restaurantes Epice, do chef Alberto Landgraf, e Dalva e Dito, do chef Alex Atala, ambos em São Paulo. Como profissional, atua desde 2012, sempre valorizando os ingredientes e preparações regionais. Trabalha com eventos gastronômicos personalizados e consultorias. Instagram: marcelo_cotrim — WWW.FACEBOOK.COM/SUPERBIGLAR —
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