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As lavouras na região estão mudando. Produtores começam a se voltar para a soja, pela sua lucratividade e maior facilidade de manejo em comparação com outras culturas

De grão em grão, a soja ganha espaço

Produtores locais começam a se voltar para a soja, de olho na sua lucratividade e maior facilidade de cultivo em comparação com o arroz, até agora um dos principais cultivares da região

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Às margens da BR-101, entre Tubarão e Capivari de Baixo, bem próximo do centro urbano e do comércio, estende-se uma vasta área verde onde se cultiva arroz. Mas este cenário, conhecido de quem transita pela rodovia, começa a mudar de protagonista. No mesmo terreno, poucos metros à frente, uma planta folhosa vai ganhando espaço. Ela já ocupa grande parte do campo e gera milhares de grãos, cobiçados por todo o mundo.

É ali que fica a lavoura do agricultor Ricardo Longo, de 45 anos. De família de rizicultores, ele é um dos primeiros a apostar na plantação da oleaginosa em Tubarão e Gravatal. Há cinco anos Ricardo colhe os resultados deste investimento.

Atualmente, Ricardo e sua família contam com uma área de 400 hectares plantados com soja, 100 hectares com arroz e mais uma área com milho. Na última safra, o agricultor conseguiu colher uma média de 76 sacas de soja por hectare, o que avalia como muito positivo.

“Sempre ouvia falar, mas não imaginava que dava para produzir soja aqui. Me ofereceram uma área mais alta onde tinha gado para arrendar e decidi plantar soja. Próximo dali existia uma plantação de arroz irrigado, trocamos pela soja, e deu muito certo. No primeiro ano já produzimos mais de 70 sacas por hectare e isso chamou a atenção de outros produtores, que perceberam o potencial da região”, conta.

O agricultor afirma que o cultivo da soja é economicamente viável. Ele pretende trocar a área plantada com arroz para investir ainda mais na nova cultivar. Ricardo destaca que o preço da saca da soja pode chegar a mais de R$ 200, com quase o mesmo custo de produção do arroz.

Na região, a soja tem se mostrado resistente a estiagem e chuvas em áreas onde antes havia cultivo de arroz. “Estamos no quinto ano e ainda não tivemos perdas. Na nossa região estamos conseguindo ter uma renda maior com a soja do que com o arroz. Acredito que a região vai mudar muito nos próximos anos com investimentos em soja e também em milho”, analisa.

Cultivo em expansão

As lavouras de soja estão crescendo na região. De acordo com o presidente da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro), Dionísio Bressan Lemos, estima-se que há cerca de 20 produtores em Tubarão e municípios vizinhos que estão investindo na produção, o que dá uma área de cerca de três mil hectares cultivados com a oleaginosa.

Na última safra foram colhidas cerca de 10 mil toneladas. Segundo Dionísio, a expectativa para este ano é de que os números se repitam. A produção dos associados da Copagro é beneficiada na unidade da cooperativa instalada em Imbituba e encaminhada ao porto para exportação. Grande parte da produção segue para a China.

O presidente da Copagro

Soja em Santa Catarina

No Estado, a soja é cultivada em 16.849 propriedades rurais, com a produção gerando receita de R$ 2,8 bilhões, o que representa 8,2% no Valor Bruto da Produção Agropecuária estadual.

Na safra 2021/22, a expectativa é de que sejam cultivados 683,3 mil hectares, com produção de 2,5 milhões de toneladas - aumento de 7,9% em relação à safra anterior. As principais regiões produtoras são Canoinhas, Xanxerê e Campos Novos.

No Brasil, maior produtor mundial do grão, o Estado que lidera o ranking é o Mato Grosso. O país, aliás, desbancou os Estados Unidos no segmento, que agora ocupam a segunda posição. AGRICULTOR Ricardo Longo foi um dos primeiros a investir no plantio da soja na região

diz que a rotação de cultura entre soja, milho e arroz deve ser uma prática constante entre os produtores da região nos próximos anos, o que ajuda a manter o solo saudável e movimenta expressivamente a economia. “Como a soja é um produto que tem um mercado muito fácil, ela tende a expandir na região. O que cresceu muito nesse último ano também foi o milho. Quem mais perdeu área foi arroz. O que mais tem lucratividade é a soja, que vai seguir em crescimento. O milho também deve se manter”, avalia.

Em Treze de Maio também há produtores investindo na soja. De acordo com o técnico agrícola Tiago Spader Dela Vedova, há em torno de 200 hectares plantados, e a tendência é de crescimento.

Entre as vantagens da soja está a sua capacidade de repor nitrogênio no solo e de prepará-lo para outras plantações, como o milho e o arroz. “É um grão muito rentável, e com a valorização de mercado é uma ótima alternativa para se manter na roça com qualidade de vida melhor”, diz.

Para que serve tanta soja?

O grão de soja possui grande variedade de uso. De acordo com informações da Embrapa, na indústria de alimentos, por exemplo, é utilizada como matéria-prima para a produção de chocolates, temperos e massas. O óleo é processado e utilizado para cozimento, fabricação de margarina e maionese. Um de seus componentes, a lecitina, é uma substância emulsificante usada na fabricação de salsichas, sorvetes, barras de cereais, entre outros.

Na indústria química, a soja serve como base para vernizes, tintas, plásticos,

O GRÃO de soja é utilizado em diferentes setores cosméticos, adesivos, fibras e revestimento.

O grão ainda é utilizado na produção de biodiesel. A parte do farelo serve para a composição de ração animal, na alimentação de suínos, aves e bovinos.

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