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ENTREVISTA

RICARDO MELO

que acaba sempre por afectar toda a gente, principalmente no Verão, que é o Sol por volta das 10 da manhã, pelo calor e pela luminosidade. E à noite também há ali um momento mais difícil, mas os outros participantes ajudam. Se me pusessem a correr 24 horas sozinho, se calhar não ganhava. Os outros participantes também dão ânimo. Tens noção do peso que perdes numa prova?

Na de Monsanto perdi 3 quilos, foi demais. Quanto tempo depois destas provas voltas a sentar-te numa bicicleta?

Varia, nesta última tive três dias sem andar. Nas outras, às vezes, estou só um dia a descansar.

prova que fiz há uns anos. Gostei porque estava bem organizada. Coruche também gostei pela parte técnica, tinha uma descida que eu gostava de fazer, muito rápida, era preciso ter alguma técnica. É difícil dizer, gosto de todas um bocado. Provas de vários dias, gosto muito do Transportugal, sem dúvida, aconselho toda a gente a fazer, nem que seja só o passeio. No estrangeiro há uma série delas... Já tiveste provas no estrangeiro?

Tive no Transalp numa equipa de pares, fui com o Marcelino que é do Algarve, gostei muito, gostava de voltar. Encontrar o par ideal não é fácil, tem de haver confiança e uma parceria muito próxima. Tiveste bons resultados no estrangeiro?

Costumas pensar no que significa fazeres 360 kms que foi o que fizeste nesta prova? Podias ir daqui até à Guarda ou ir e vir até Coimbra. Tens noção?

Não tenho. Quando terminamos consciencializamos primeiro: “fiz 24 horas” e só depois “fiz x quilómetros”. Toda a gente fala nisso. Qual foi a prova que te deu mais gozo?

Falando em 24 horas, foi a de Lordelo, foi uma

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Considero bons resultados chegar ao fim. Acabar para mim é imprescindível, o resultado não é muito importante. Quem quer ganhar tem que ter um treino muito mais específico, tem que abdicar de uma série de coisas e se calhar o prazer de andar de bicicleta já não é o mesmo. É claro que ganhar é um prazer que satisfaz, mas é preciso ver que não tenho 20 anos, vou fazer 42 anos.

m que uma O que faz co bem, quer prova corra nhar ou seja para ga ar, é o para termin u caso é a staff. No me rada e minha namo ia sem ela ser impossível.

Há uma grande diferença na organização das provas em Portugal face ao estrangeiro?

Sim. Cá em Portugal existem pessoas que organizam bem, outras menos bem. Noto que lá fora é diferente, existe mais empenho, porque existe mais staff, também há mais participantes, acaba por ser melhor organizada. Existem mais provas com um grau de dificuldade muito superior às nossas, com melhores condições, quer em termos de altimetrias, como de sossego na estrada. Mas, nós temos o clima e isso também nos beneficia. Treinas sozinho?

Acabo sempre por treinar sozinho é difícil arranjar pessoas. Ao fim de semana arranja-se mais, mas o treino é diferente. Nos dias de semana há uma solidão. A tua bicicleta, a Cannondale Taurine, é uma bicicleta rígida. Para as provas de 24 horas é a melhor opção?

Eu em particular estou muito habituado às bicicletas rígidas... para mim que sou uma pessoa que não peso muito, a rígida não é problema, para uma pessoa que pese mais, se calhar a suspensão total seja mais prático, mas é discutível, de-

pende do percurso. Verdade seja dita, que numa prova de 24 horas faz mais sentido uma bicicleta de suspensão total, mas eu acabo sempre por optar pela rígida. No estrangeiro, a opção é ter as duas. Eu acabo por gostar mais da rígida, porque não tenho experiencia suficiente para dizer que a suspensão total é a opção, penso que tem de haver um treino muito específico. Eu tive agora no Salzkammergut Trophy e diria que 80% dos participantes tinha rígidas, quem ganha tem rígidas e isso também influencia na escolha. Chegaste ontem do Salzkammergut, como correu?

Não correu bem, porque não terminei. A prova foi interrompida aos 130 kms, por questões climatéricas. Começou a chover desde as 2 da manhã até ao outro dia, a prova começou às 5 da manhã e ficámos todos molhados e estava muito frio. Eu na brincadeira perguntei a alguns participantes se estávamos ali por gozo ou obrigados. Pensei em voltar para a cama, mas decidi arrancar, mas a verdade é que se tornou uma prova impossível, com uma temperatura muito baixa.


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