Do Capitalismo para o Digitalismo

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(Ex: Numa fábrica de componentes para automóveis no distrito de Setúbal, nos anos 90, duas mulheres recolhiam de um tapete rolante uma peça com cada uma das mãos e arrumavam-nas em caixas de cartão. Parecia ser um trabalho totalmente mecânico e obviamente desinteressante. O Director da Produção ao ser questionado acerca da eventual automatização desta tarefa explicou que não era economicamente justificável porque as mulheres: a) quando pegavam nas peças, antes de as pôr nas caixas, faziam uma inspecção visual que nenhum robot podia substituir. b) podiam ser substituídas por outras em qualquer momento se decidissem ir-se embora pois não era necessária nenhuma habilitação especial c) ganhavam um salário muito baixo Trata-se de um exemplo em que uma capacidade humana que quase todos temos, a visão, constituía uma barreira técnica à automatização, a que os baixos salários acrescentavam uma barreira económica.

Está banalizada a ideia errada de que a automatização ameaça todas as tarefas que sejam manuais ou simples. Pelo contrário podemos dizer que algumas das tarefas “simples” mais depreciadas socialmente podem ser muito difíceis de substituir (Ex: A tarefa do estafeta externo de uma empresa não pode ainda ser automatizada).

Podemos esboçar uma listagem das capacidades humanas que, nas condições

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