CAPÍTULO XVIII
Por que, entre os americanos, todas as profissões honestas são tidas como honradas
Nos povos democráticos, em que não há riquezas here ditárias, cada um trabalha para viver, ou trabalhou, ou nas ceu de gente que trabalhou. A idéia do trabalho, como con dição necessária, natural e honesta da humanidade, se oferece pois, de toda a parte, ao espírito humano. Não apenas o trabalho não é malvisto por esses povos, como é venerado; o preconceito não é contra ele, é favorá vel a ele. Nos Estados Unidos, um homem rico crê dever à opinião pública dedicar seus momentos livres a alguma ope ração de indústria, de comércio ou a alguns deveres públi cos. Ele se estimaria mal-afamado se só dedicasse sua vida a viver. É para escapar dessa obrigação do trabalho que tantos ricos americanos vêm para a Europa; aqui eles encontram escombros de sociedades aristocráticas dentre as quais o ócio ainda é venerado. A igualdade não reabilita apenas a idéia do trabalho, mas realça a idéia do trabalho que proporciona lucro. Nas aristocracias, não é precisamente o trabalho que é desprezado, é o trabalho tendo em vista um lucro. O traba lho é glorioso quando é empreendido por ambição ou por virtude. Sob a aristocracia, no entanto, acontece sem cessar que aquele que trabalha de forma desinteressada não é in sensível à sedução do ganho; mas esses dois desejos só se encontram no mais profundo recôndito de sua alma. Ele trata de furtar a todos os olhares o ponto em que se unem. Es conde-o naturalmente de si mesmo. Nos países aristocráticos, não há funcionário público que não pretenda servir o Estado