SEGUNDA PARTE
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partir dessa classe que alcança os níveis superiores da socie dade e desce até o seio do povo. Não encontrei na América nenhum cidadão tão pobre que não lançasse um olhar de esperança e de cobiça nas fruições dos ricos, e cuja imaginação não se apossasse de antemão dos bens que a sorte se obstinava a lhe recusar. Por outro lado, nunca percebi entre os ricos dos Es tados Unidos esse soberbo desdém pelo bem-estar material que se revela às vezes até mesmo no seio das aristocracias mais opulentas e mais dissolutas. A maior parte daqueles ricos foi pobre; eles sentiram o aguilhão da necessidade; por muito tempo combateram uma fortuna adversa e, agora que a vitória foi alcançada, sobrevi vem a eles as paixões que acompanharam sua luta; eles fi cam como que embriagados no meio dessas pequenas frui ções que perseguiram por quarenta anos. Não é só nos Estados Unidos, mas também em outros lugares, que encontramos um número de ricos bastante gran de que, tendo seus bens por herança, possuem sem esforços uma opulência que não adquiriram. Mas mesmo esses não se mostram menos apegados às fruições da vida material. O amor ao bem-estar tomou-se o gosto nacional e dominante; a grande corrente das paixões humanas vai nessa direção e a tudo arrasta em seu curso.