Os Beças, João da Cruz e Costa Serrão - Protagonistas da linha de Bragança

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Hugo Silveira Pereira

pirava-se no homólogo espanhol izquierda dinástica, que desde 1881 vinha desenvolvendo uma importante actividade política no país vizinho240. A sua designação oficial rapidamente foi ridicularizada pelos adversários, que se referiam ao novo grémio partidário como esquerda ginástica ou “ridicula patrulha barjonacea”241. Politicamente, situava-se à esquerda do partido regenerador, tendo chegado a encetar negociações com o partido republicano. Concorreu às eleições de 6 de Março de 1887, tendo conseguido eleger oito deputados, número bastante lisonjeiro para um partido recém-criado, que, como tal, não se incluía no rotativismo bipartidário clássico desta época do constitucionalismo nacional242. Nas eleições de 20 de Outubro de 1889, elegeu novamente oito candidatos. Foi neste plebiscito que Beça concorreu a São Bento pela primeira vez, não conseguindo, contudo, ser escolhido como representante eleito por Bragança243. Foi ainda durante a sua militância na esquerda dinástica que Beça foi provido professor definitivo do liceu de Bragança, algo a que a influência de Barjona de Freitas não terá sido alheia244. O movimento possuiu dois jornais oficiais nas duas principais cidades do reino: na capital, o Esquerda dynastica e, na Invicta, o Diario do Porto: orgão da Esquerda Dynastica do Norte do Reino. Fora dos grandes centros contava, pelo menos, com O Brigantino. Em alguns dos seus números de 1889, já com Abílio Beça como director, os objectivos do jornal eram descritos nos seguintes termos: “a missão do «Brigantino» tem sido propagar no districto de Bragança o credo politico do partido creado depois da morte de Fontes Pereira de Melo pelo mais eminente estadista no nosso paiz – o conselheiro Barjona de Freitas”, o único homem com capacidade para “salvar este pobre paiz da derrocada para que caminha”245. * Enquanto apoiante da esquerda dinástica, Beça aproximou-se mais das posições regeneradoras do que das progressistas, ou não fosse Barjona de Freitas um dissidente regenerador. N’O Brigantino de 6 de Fevereiro de 1889, ao se elogiar o trabalho do falecido director de obras públicas do distrito, Manuel Paulo de Sousa, elogiava-se também Fontes Pereira de Melo, que vira “com o seu olhar d’aguia, que era indis240

ARTOLA, 1974: 335-338.

241

Apud. O Brigantino, 29.3.1889: 158. Norte Transmontano, 8.10.1896, n.º 82: 1.

242

SOUSA & MARQUES, 2004: 243.

243

Gazeta de Bragança, 11.5.1902, n.º 521.

244

Arquivo nacional Torre do Tombo. Registo Geral de Mercês de D. Luís I, liv. 43, f. 258v-259v.

245

O Brigantino, 29.3.1889, n.º 158: 2; número de Dezembro de 1889: 1.

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