Os Beças, João da Cruz e Costa Serrão - Protagonistas da linha de Bragança

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Os Beças, João da Cruz e Costa Serrão – Protagonistas da Linha de Bragança

Foi ainda com Abílio Beça no governo civil que Hintze adjudicou a ponte do Pocinho, o primeiro passo para a construção da linha do Sabor. Já referimos antes que Beça não foi o principal propugnador deste melhoramento. Tal tarefa coube aos influentes dos concelhos orientais de Trás-os-Montes e a um antigo governador civil da Guarda, José Cavalheiro. Aliás, na festa da inauguração dos trabalhos, a própria Gazeta de Bragança refere que entre os vitoriados não se contava o nome do governador civil, que se limitou a acompanhar o ministro das obras públicas934. Em todo o caso, a adjudicação da obra durante o seu mandato cimentou decerto o seu prestígio na região e foi devidamente anunciada pela Gazeta. Refira-se, por último, um evento que marcou o mandato de Beça como governador civil e que reforçou o seu prestígio socio-político na região. Em Maio de 1904, participou numa cerimónia luso-espanhola, que alterou a posição do marco fronteiriço 381, cuja localização anterior prejudicava Portugal em 140 m. O acontecimento foi o culminar dum processo, alegadamente espoletado por Abílio em 1901 junto do ministério dos negócios estrangeiros, com base em relatórios elaborados pelo administrador do concelho de Bragança, Luís Ferreira Real, e pelo tenente-coronel de estado-maior, Guilherme de Azevedo Meira935. Naturalmente, as clientelas próximas do conselheiro não eram esquecidas. O seu irmão, Celestino, passou para administrador do concelho de Mogadouro (sendo substituído mais tarde por Patrocínio Felgueiras e João Baptista Rodrigues). Noutros concelhos, a administração foi também alterada (por exemplo, em Vinhais com José Joaquim de Figueiredo Pimentel, em Vila Flor com Antero Lopes Navarro, em Freixo com Artur Neto Parra ou em Carrazeda com António de Sampaio Chaves). Vários amigos da Gazeta e do Districto foram também providos em cargos públicos: Alípio Augusto Gouveia para amanuense dos caminhos-de-ferro do Minho e Douro; o “valente partidário” Luís António de Sá Lemos, um apoiante de Alberto Charula, para chefe da fiscalização dos impostos; Rodolfo Zeferino Chaves de Lemos para ferramenteiro da direcção de obras públicas de Bragança; Maria da Assunção Vaz, mulher de Antero Lopes Navarro para professora em Bragança; outro Lopes Navarro, Francisco, para chefe dos impostos em Moncorvo; um Ferro de Beça, João Herculano, seria nomeado primeiro aspirante na agência do banco de Portugal; ou para notário de Carrazeda, António Sampaio Chaves… genro de João Lopes da Cruz936. 934 935 936

Gazeta de Bragança, 22.11.1903, n.º 601; 6.12.1903, n.º 603. Gazeta de Bragança, 29.5.1904, n.º 628. Para toda esta acção de Beça como governador civil, ver: Districto de Bragança, 14.3.1902, n.º 1: 3; 19.9.1902, n.º 28: 2; 7.8.1903, n.º 74: 3. Gazeta de Bragança, 25.5.1902, n.º 523; 1.6.1902, n.º 524; 8.6.1902, n.º 525; 22.6.1902, n.º 527; 6.7.1902, n.º 529; 13.7.1902, n.º 530; 20.7.1902, n.º 531; 27.7.1902, n.º 532; 10.8.1902, n.º 534; 31.8.1902, n.º 537; 7.9.1902, n.º 538; 28.9.1902, n.º 541; 12.10.1902, n.º 543; 19.10.1902, n.º 544; 26.10.1902, n.º 545; 16.11.1902, n.º 548; 23.11.1902, n.º 549; 30.11.1902, n.º 550; 7.12.1902, n.º 551; 14.12.1902, n.º 552; 21.12.1902, n.º 553; 4.1.1903, n.º 555; 18.1.1903, n.º 557; 25.1.1903, n.º 558; 15.2.1903, n.º 561; 22.2.1903, n.º 562; 23.3.1903,

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