Entre o trabalho e a deriva afetiva sobre Carregador 1118, de Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques vinícius andrade
Não se pode tocar A bendita solidão de um homem só Sem achar Tão bonita a solidão de um homem só E andar Tão sozinho o andar de homem só1 Rodrigo Campos
Talvez uma das perguntas cruciais para entendermos uma obra artística diga respeito à boa distância. Esta, se é uma questão de justiça, como nos ensina Jacques Rancière (2000), é tanto mais importante para o cinema documentário e para os modos pelos quais este, em sua escritura, permite medí-la: onde se posiciona a câmera, quem e como se filma, como a voz é inscrita, que outros sons a acompanham, em suma, o jogo de operações de aproximação e afastamento entre quem filma e quem é filmado e os sentidos que contém. Em Carregador 1118 (Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques, 2015) deve-se observar tal medida em relação a Tonho, personagem foco do filme, para pensar o desafio de filmá-lo em sua dura rotina de carregador e o momento que atravessa, pós-separação da mulher com quem viveu durante muitos anos.
143