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Carta aos catequistas

MENSÁRIO DE SANTA CATARINA DA SERRA - OUTUBRO 2012 - 1€ PREÇO DE CAPA

Quero-me dirigir a ti catequista nesta época em que se inicia um novo ano de catequese, para falar-te da importância de teu trabalho na comunidade, a missão de ajudar no processo de crescimento e amadurecimento da fé daqueles que te são confiados, sejam crianças, adolescente, jovens ou adultos. Ser catequista é colaborar com a graça de Deus e com a pessoa, para que ela assuma o seu sim a Deus, e avance rumo à maturidade na fé, na esperança e no amor. Ser catequista é uma vocação, um chamamento de Deus, não é apenas a tarefa de ensinar, de passar conteúdos doutrinais, mas anunciar uma pessoa, Jesus Cristo, Filho de Deus vivo. Agradeço imensamente a tua dedicação, teu amor a esta missão de conduzir a Jesus, “caminho verdade e vida” (Jo 14,6), os teus catequisados. Que esta missão seja cumprida primeiramente pelo testemunho, e depois pelo anuncio explícito do Evangelho, pois “A Fé cristã é, antes de tudo, adesão à pessoa de Jesus Cristo e ao seu Evangelho, acolhida do dom gratuito que vem de Deus. Por isso, lembre-te sempre: “não és só transmissor de ideias, conhecimentos, doutrina, pois a tua experiência está no encontro pessoal com a pessoa de Jesus Cristo. Essa experiência é comunicada pelo ser, saber...

Miguel Marques

Caríssimo (a) catequista, Alegria e paz em nosso Senhor Jesus Cristo!

Confirmação no dia 29 de Setembro XXVII Festival de Folclore e 49º aniversário do Rancho Folclórico Pág.11

O ano da Fé Pág. 4

continua na Pág. 3

População reune-se na “nova” fonte do Tojal

“A sabedoria é um adorno na prosperidade e um refúgio na adversidade.”

DR

Pensamento do mês

O nosso património

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Pelas ruas de Santa Catarina da Serra

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LUZ DA SERRA

OUTUBRO

-- família paroquial --

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2012

Casamento 8/9 - Martin Dias Lopes, filho de Didier das Neves Lopes e de Lénia Rita Vieira Dias, da Fartaria, Gondemaria. Foram padrinhos: Vítor Manuel de Sousa Ferreira e Andreia Vieira Dias. 16/9 - Leonardo Batista Ribeiro, filho de Daniel Pereira Ribeiro e de Dália Gonçalves Batista, da Bemposta. Foram padrinhos: Paulo da Silva Fartaria e Mónica Gonçalves Batista

8/9 - Didier das Neves Lopes, da Gondemaria, Ourém, e Lénia Rita Vieira Dias, da Barreiria, Santa Catarina da Serra. Foram padrinhos: Virgílio Pires Vieira e Nuno Duarte Reis Silva; madrinhas: Elsa das Neves Lopes e Maria Idalina da Conceição Dias

Manuel Humberto Corucho N. 18/05/1938 F. 21/08/2012

Natural de Viana do Castelo

Agradeço a todos os meus irmãos, irmãs, sobrinhos e amigos que quiseram partilhar comigo, mostrando o seu pesar. Obrigado “Que Deus o guarde no céu como nós o guardamos no coração”. Sua esposa, Delfina Gordo Amaro

Foi no passado dia 5 de Setembro que realizamos as bodas de prata na Igreja Paroquial de Santa Catarina da Serra juntamente com os nossos filhos, familiares e amigos. Fernanda Santos e Paulo Jorge

Sérgio Miguel do Rosário Vicente, da Quinta da Sardinha e Audrey Branco, de Clemont Fernand (França), casaram no passado dia 23 de Junho na Igreja de Saint-Pierre em Le Cendre. Foram testemunhos: Mário Branco, Nathalie Blanc, Émile Branco e Chomas Branco.

40 Anos de Sacerdócio Filho de Santa Catarina da Serra é gente que brilha

6/10 - Nélio Oliveira Duarte, do Souto da Carpalhosa, Leiria, e Ana Raquel Rito Malagueira, da Chainça. Foi padrinho: Joaquim Gaspar de Oliveira; madrinhas: Sara Denise Pires Rodrigues, Maria Emília Marques Duarte e Joana Rita Repolho dos Santos 6/10 - Luís Carlos Branca Rato, de Boa Fé, Elvas, e Ane e Tuna Vieira, da Pinheiria, Santa Catarina da Serra. Foram padrinhos: Júlio Manuel Rato Cunha e Joaquim Martinho Marques Vieira; madrinhas: Elsa Maria Galguinho Branca e Maria Martinha de Carvalho Tuna

13/9 - Joaquim Vieira Brás, casado com Maria Crespo Bernardino, da Pinheiria, faleceu em Nossa Senhora do Pópulo, Caldas da Rainha, aos 78 anos de idade e foi sepultado no cemitério de Santa Catarina da Serra no dia 13 de Setembro

Envie-nos o seu anúncio, da secção da família paroquial, que nós prometemos publicar gratuitamente. Data limite de entrega: último dia de cada mês Os anúncios publicados serão gratuitos, desde que cumpram os requisitos necessários para a publicação.

Assine o Jornal Luz da Serra e apoie a sua Freguesia. Entre em contacto com a redacção pelos seguintes contactos: 00351 917 480 995 luzdaserra@santacatarinadaserra.com

Rua Santa Catarina, Nº22 - 2495-186 Santa Catarina da Serra - Portugal

José Júlio Coelho N. 05.05.1961 F. 10.08.2012 Homenagem a José Júlio Coelho Casado com Conceição Rodrigues Manso, natural da Pinheiria. Nasceu numa localidade do concelho de Tomar mas foi em Santa Catarina da Serra que encontrou o amor da sua vida. Casou e participou na festa dos 40. Tinha o seu apartamento em Fátima mas era aqui que passava uma parte das suas férias com a família e amigos. Deus deu-nos um sinal que o vinha buscar. Ainda esteve connosco 5 dias para o podermos visitar. Recebeu o último sacramento e Deus para o céu o quis levar. Foi com grande surpresa que os seus colegas e amigos receberam esta triste notícia. Foi sempre um bom marido, bom pai, bom genro e amigo dos seus amigos. Meu amor e meu querido pai, obrigado por tudo o que nos fizeste, pede a Jesus pela tua família e em especial pela tua mulher, filha e teus pais. Que nos dês força e coragem para ultrapassar este sofrimento e dor. Viveste 40 anos na Alemanha. Foste sempre um bom rapaz. Que Deus te leve para o céu e a tua alma descanse em paz. Deixaste-nos mas ficarás sempre no nosso coração, com um beijinho de saudade da tua família que nunca te esquece. Agradeço a Deus pelos teus 21 anos que fomos tão felizes. Agradecemos a toda a família e amigos que nos ajudaram nestes momentos tão difíceis e de qualquer outra forma manifestaram o seu pesar. O nosso muito obrigado.

No último dia 30 de setembro de 2012 na cidade de Cambé, Paraná, Brasil, foram muito comemoradas as bodas de esmeralda do sacerdócio do Padre Francisco Ferreira Dias. O ponto alto da comemoração foi a Santa Missa concelebrada com a participação do Padre Francisco: são quarenta anos de sacerdócio e uma dedicação total às coisas de nossa igreja! Após uma brilhante cerimônia os convidados saborearam um delicioso almoço. O Padre Francisco Ferreira Dias nasceu em Portugal, em Santa Catarina da Serra, de onde veio para o Brasil ainda criança. Fez todos os seus estudos no Brasil e foi ordenado padre

Contactos úteis Bombeiros Voluntários - 244 741 991 Centro Saúde - 244 741 151 Farmácia - 244 741 474 Junta Freguesia - 244 741 314 - 919 630 030 Casa Paroquial - 244 741 197 ForSerra - 917 480 995 GNR - 244 830 859 Em caso de emergência, primeiro ligue directamente para os Bombeiros Voluntários e depois para o 112.

idade e quarenta de sacerdócio. O Padre Francisco Ferreira Dias é muito querido por todos nas paróquias e nas comunidades por onde passa. Padre Francisco é gente que brilha. Parabéns!

Jantar dos Jaime’s Convidam-se todos os Jaime’s a comparecer no jantar convívio no dia da padroeira, 25 de Novembro, no 7º Festival “O Chícharo da Serra”. Informações: 917287166 pub

A família.

Seja colaborador do Jornal LUZ DA SERRA Aos familiares enlutados “O Luz da Serra” apresenta sentidas condolências e une-se em oração de sufrágio

em 1972. Ele é filho do Sr.Carlos Dias e de Sra.Conceição Ferreira Dias, ambos já falecidos no Brasil. Eles eram da Cova Alta. O Padre Chico, como é chamado carinhosamente por seus amigos, tem 67 anos de

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15/9 - Paulo Sérgio Alves Rodrigues, da Pinheiria, e Rita Brás Ribeiro, da Magueigia, Santa Catarina da Serra. Foi padrinho: Adelino de Oliveira Ferreira; madrinhas: Hélia Carina Brás Ribeiro, Ilda Maria Jorge Alves Veloso e Sónia Margarida Gonçalves Batista

Saiba como 917480995


OUTUBRO

LUZ DA SERRA

-- vida da comunidade --

2012

Editorial

“Sereis os dois uma só carne”

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P. Serafim Marques

amizade. Um dia Ambrósio disse a Agostinho: “Amigo, se outros mudaram de vida e encontraram a felicidade, porque não fazes tu o mesmo?” Os bons princípios da infância, a oração e sofrimento da mãe junto com as palavras do grande Amigo, acabaram por vencer Agostinho. Deixou a vida desregrada e voltou à vida cristã. Mais tarde foi até escolhido para ser Bispo de Hipona, sua terra natal. Certo dia, falando aos jovens, Agostinho fez esta “confissão”: “Pensais vós que eu abandonei a fé porque estudei muito na universidade? Estais bem enganados; eu perdi a minha fé, depois de ter perdido a vergonha, numa vida desregrada”. Mais tarde escreveu em seu livro “Confissões”: “Tarde Vos amei ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde eu

Vos amei. Vós estáveis dentro de mim e eu fora de mim, Vos procurava. Estáveis comigo e eu, Vos procurava longe de mim…Agora suspiro por Vós…Tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me, e agora eu desejo ardentemente a vossa paz”. Reflexões. Quando o pai e a mãe não têm a mesma vida cristã, mesmas exigências, não dão o mesmo exemplo, não rezam juntos, prejudicam a educação dos filhos. Estes se educam mais pelos olhos, do que pelos ouvidos, pelas palavras. Não sabem se fazer como a mãe ou como o pai; então vão conforme os interesses; tornam-se interesseiros e não Responsáveis. As palavras comovem mas os exemplos arrastam. Já podeis imaginar, como se comportarão mais tarde diante

dos deveres e na presença dos colegas…A culpa é dos pais quando não são “uma só carne”, na educação dos filhos. Companhias. “Diz-me com quem andas e eu te direi quem és”. Perto do fogo, toda a lenha queima. Os exemplos arrastam, sobretudo quando os interesses estão em jogo. Um mau exemplo, geralmente arrasta mais do que muitos bons exemplos. Foi assim com Agostinho. É muito difícil, hoje em dia, para os nossos jovens, diante de tantos escândalos, maus exemplos, a mentalidade do mundo, os meios de comunicação social. Sem princípios religiosos, sem critérios de valores e sobretudo se seus pais não forem “uma só carne”, na vida do lar, os jovens facilmente se tornarão vítimas do ambiente em que vivem. Uma Boa palavra de um amigo, como a de Ambrósio, na hora certa, pode ajudar uma pessoa a mudar de vida. A oração dos pais. Dizia Sto Ambrósio à mãe de Agostinho: “É impossível que as persistentes orações amolecidas pelas lágrimas dos pais não toquem no coração de um filho”, sobretudo quando os seus pais são “OS DOIS UMA SÓ CARNE”. A vítória é daquele que aguenta mais cinco minutos.

Continuação da página 1

Essa experiência é comunicada pelo ser, saber e saber fazer em comunidade. O ser e o saber do catequista sustentam-se numa espiritualidade da gratuidade, da confiança, da entrega, da certeza de que o Senhor está sempre presente e é fiel. P. Mário de Querido (a) catequista, que Almeida Verdasca a experiência do encontro com Jesus Cristo seja a força motivadora capaz de te trazer o encantamento por esse fascinante caminho de apostolado, cheio de desafios que te faz crescer e acabam gerando profundas alegrias. Querido (a) Catequista, acolhe o meu abraço de gratidão e o obrigado de toda a Comunidade Paroquial pela tua atuação na educação da fé de crianças, adolescentes, jovens e adultos. Na tua ação se traduz de uma forma única e original a vocação da Igreja, que é Mãe e que cuida maternalmente dos filhos que gerou na fé pela ação do Espírito, no Sacramento do Batismo. Querido (a) Catequista, parabéns! Que a força da Palavra de Deus, continue suscitando a tua fé e o teu compromisso missionário! A bênção amorosa do Pai, que cuida com carinho dos seus filhos e filhas, que um dia nos chamou a viver com alegria a vocação do discípulo missionário, esteja hoje e sempre na tua vida, na vida da tua família e na vida de quantos te são caros. Seja sempre teu modelo e proteção a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe e fiel Discípula de Jesus Cristo.

Santo Agostinho é filho de uma mãe cristã e de um pai pagão; um casamento misto. A mãe, Santa Mónica educava o filho nos princípios cristãos; era um exemplo vivo para o filho. O pai, por ser pagão, tinha um comportamento pouco exemplar. Mónica dizia uma coisa e o marido fazia outra; atitudes muito diferentes. Foi este o ambiente em que cresceu Agostinho. Quando se tornou adolescente, começou a seguir mais os exemplos do pai do que os da mãe. Aos 33 anos recebeu o batismo. Na universidade, longe dos exemplos da mãe, influenciado pelos do pai e mais ainda, pelos colegas, abandonou toda a prática religiosa; começou afastando-se da confissão, depois da comunhão e em seguida da missa. Daí em diante, tornou-se escravo das suas paixões. “Aquele que comete o pecado, torna-se escravo do pecado” (Jo.8,34). Jesus já nos havia prevenido : “Sem Mim, nada podeis” (Jo.15,5). Aos poucos, Agostinho perdeu completamente a sua fé. “Quando a pessoa não vive como pensa acaba por pensar como vive”; isto é: quem não vive a sua fé, aos poucos encontra motivos para abandonar toda prática religiosa. A fé cristã é uma “planta”delicada, que atrofia e morre no pântano dos vícios. Durante 18 anos, Sta Mónica sofreu, lutou e rezou pela conversão de seu filho. A palavra de um amigo. Sto Ambrósio era então bispo de Milão, um grande orador. Agostinho “adorava” a eloquência de Ambrósio. Criouse entre os dois uma grande

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Pagamento de Assinaturas Terças e Quintas Feiras, na redacção ( edificio da Junta de Freguesia), ou na Casa Paroquial. Poderão igualmente utilizar o contacto 00351 917 480 995 ou o email luzdaserra@santacatarinadaserra.com para obter mais informações. Agradecemos a sua colaboração.

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Aqui e ali há lamentos de que muitas pessoas deixam a celebração da Eucaristia, sobretudo nas férias. E as igrejas ressentem-se dessas faltas. É certo que ainda este ano ouvi que nas praias as igrejas estavam repletas e em Fátima a mesma coisa. Mas que há muita gente a esquecer os seus deveres cristãos não há dúvidas. Por isso lembrei-me do exemplo duma jovem deficiente que foi encontrada a rastejar a caminho da Missa. Um grupo de religiosas da congregação das Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados

conta-nos que no caminho para Chissano (Moçambique) viram ao longe algo que lhes meteu medo. Quando se aproximaram, constataram, para sua surpresa, que era uma jovem a rastejar. «Pudemos estabelecer uma conversa com ela através de uma senhora que passava por ali e que nos traduziu o que ela nos relatava em dialecto changana. A Olívia, era esse o seu nome, ia para a Missa, o que fazia todos os domingos, embora fosse deficiente e tivesse de ir de rastos. Era assim que se deslocava nos 4 quilómetros

de caminho da sua casa à igreja. As religiosas conseguiram comprar-lhe uma cadeira de rodas e hoje essa jovem de 25 anos é uma das suas protegidas Antes de dispor da cadeira de rodas, a areia do caminho queimava-lhe o corpo, mas ainda assim ia rastejando para a eucaristia, «dando um testemunho de superação e de fé heróica». Este testemunho da Olívia faz-nos vir à memória o que responderam alguns cristãos da Abitínia aos seus algozes que os acusavam de trans-

gredir a lei que proibia a sua participação na Eucaristia: «nós não podemos viver sem o domingo». Provera a Deus que os cristãos de hoje ainda pudessem dizer o mesmo com verdade! Nos nossos dias, muitos cristãos com facilidade se dispensam da participação na Missa dominical, arranjando desculpas fáceis para esta falta. Ele é o cansaço do trabalho ou a falta de meio de transporte, ou mesmo, o que é pior, a falta de sentido do mistério que se celebra. Não admira, pois, que a vida de muitos baptizados pouco

DR

Que magnífico exemplo!

ou nada tenha a ver com o que Cristo pregou e pelo qual deu a vida. E que o nosso mundo esteja a sofrer de graves enfermidades.

É preciso sacudir as consciências para que este mundo seja salvo.


LUZ DA SERRA

OUTUBRO

-- vida da comunidade --

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2012

Vaticano apresenta programa Carta para o meu catequista do “Ano da Fé” Foi apresentado o calendário dos eventos centrais que vão decorrer em Roma. Começa pela celebração de abertura, a 11 de outubro, na Praça de São Pedro, Vaticano, com os bispos presentes no Sínodo que vai estar a decorrer. Em 2013 vão ser recordados de modo particular os religiosos e religiosas (2 de fevereiro); os jovens que se preparam para o Crisma (28 de abril); a piedade popular (5 de maio); a celebração da Eucaristia (2 de junho, festa do Corpo de Deus); os seminaristas (7 de julho); os catequistas (27 de setembro) e as realidades marianas (13 de outubro). A 18 de maio do próximo ano, vigília de Pentecostes, haverá um encontro de movimentos eclesiais “antigos e novos”, na Praça de São Pedro. O dia 16 de junho vai ser dedicado ao testemunho do “Evangelho da Vida”, apresentando a Igreja Católica como promotora da vida humana” e defensora da “dignidade da pessoa”. 2. A Diocese de Leiria-Fátima, na voz do seu bispo Dom António Marto decidiu acolher com alegria e disponibilidade, a proposta do Papa Bento XVI, em proclamar 2012/2013, o “Ano da Fé”. No dia 8 de setembro de 2012, Festa da Natividade de Nossa Senhora, Dom António Marto na sua nota Pastoral dizia: O Papa Bento XVI (cf. 14,27) começa assim a sua Carta Apostólica: “ A porta da fé, que introduz na comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja,

está sempre aberta. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira”. O Ano da Fé é também uma bela ocasião para fazer uma revisão da vitalidade da fé das nossas comunidades. O bispo Dom António Marto com o contributo dos vários órgãos Diocesanos de Consulta, traçou para este ano pastoral na Diocese, algumas linhas de ação pastoral. O tema geral é: “ O tesouro da fé, dom para todos”. A fé

é definida como dom muito mais precioso do que o ouro (1Pe 1,7). E o Reino de Deus, acolhido na fé, é semelhante a um “tesouro” e a uma “pérola preciosa” (Mt 13, 44.46). O lema bíblico é: “Pela fé caminhamos…” (2Cor 5,7). Esta frase de S. Paulo lembra que somos peregrinos na fé, somos chamados a caminhar com o olhar fixo em Cristo”. O símbolo: “Um povo de peregrinos”. Foi retomada a imagem do Sínodo Diocesano: um povo de peregrinos que caminha juntamente

com todo o Povo de Deus, numa comunhão de solidariedade em que todos somos apoio uns dos outros e dando testemunho da fé para levar ao mundo a luz e a alegria de Cristo. A nível diocesano destacamse três momentos significativos para celebrar o Ano da Fé: 14 de outubro de 2012: abertura solene com a assembleia diocesana e a celebração eucarística; 13 de maio, 1 e 2 de junho de 2013: Festa da Fé, na cidade de Leiria; 24 de novembro de 2013: Encerramento festivo com a celebração da Eucaristia, na Sé de Leiria Fernando Valente

div

“Eu tenho 12 anos, mas já sou capaz de pensar e exprimir. O recado que eu deixo, aqui, é direto para você, meu catequista. Não o conheço bem, mas sinto, pelo seu jeito, que posso em ti confiar. Por isso o meu recado está recheado de boas intenções, mas, como é próprio de qualquer jovem adolescente da minha idade, também tem um pouco de ameaça. Sou um adolescente imprevisível. Alguns chamam-me até de “aborrescente”. Sei que você vai entender, leia com atenção este meu pedido. Não estou bem, ando meio confuso. Dizem que é normal acontecer isso na minha idade. Todos parecem saber tudo o que acontece na cabeça de alguém que tem 11, 12, 13 anos. Mas, ao mesmo tempo em que dão palpites e conselhos, também parecem não saber quase nada. Ninguém me ajuda e poucos me apoiam. Por isso, sei que posso confiar em si, meu catequista. Este recado que lhe deixo pode servir para muito outros jovens da minha idade e para muitos catequistas da sua idade. É um alerta que eu faço. Embora eu tenha pouca idade, leio bastante, domino a internet e quando quero, escrevo bastante. Será que você pode me ajudar? Talvez não acredite muito em mim por causa do que falam a respeito dos que têm a minha idade. Mas quero ser direto, sem rodeios, para início de conversa. Pesquisando num site sobre a juventude de hoje, encontrei esta frase de São João Calábria que me serviu de inspiração para lhe enviar esta carta: “eu sou de quem me conquistar”. A frase é forte, não é? Então, continue a ler o que escrevo abaixo. Se não me der atenção, um pouco de carinho ou até mesmo um sorriso quando eu chego, posso ser conquistado pela desobediência e de si não gostar. Eu sou de quem me conquistar. Se não me ensina a importância da oração e não reza comigo, como saberei rezar? Se me diz que Deus é vingativo, assustador e perverso, como poderei gostar dele? Eu sou de quem me conquistar. Se não me ensina o respeito, se não me dá atenção e co-

DR

Pedido de um jovem adolescente, que se afirma capaz de se exprimir, ao seu catequista.

migo não dialoga, se não se interessas pela minha vida, posso ser conquistado a qualquer momento pelo desamor, pela inconstância e pelo mundo. É desses sentimentos que vou me aproximar. Eu sou de quem me conquistar. Se não tiver paciência com a minha inconstância, não andarei pelo caminho que você me quer indicar. Teimosamente, seguirei um caminho oposto, pois é da minha índole ser assim. Sou jovem, muito jovem, adoro contrariar. Eu sou de quem me conquistar. Se se apresenta como meu catequista e não coloca em seus actos a alegria e se não sinto em você vontade, ânimo e crença naquilo que faz, não direi sim ao seu convite e como poderei, em si confiar? Eu sou de quem me conquistar. Se se nega a apresentar-me um Deus atraente, alegre, justo, ético, continuarei tentado a aceitar outros convites. Se não insiste comigo, as drogas, as bebidas, o cigarro, a violência, o sexo fácil, a indiferença e o consumismo irão insistir. Se não me conquista, serei, por certo, mais um a aumentar as estatísticas dos que se dizem “sem religião”. Se reclama de mim e se recusa a enfrentar os desafios que se apresentam para esta conquista, agirei de forma a o afrontar. E se não for forte, resistente e confiante na sua missão, também tu desanimarás. E sou de quem me conquis-

tar. Conquiste-me. Pare de reclamar. Aprofunde seus conhecimentos, busque ajuda ao ajoelhar. Eu rezo pouco, mas vivo ouvindo de muitos adultos, assim como você meu catequista, o quanto é importante rezar. Mas pelo menos tente, queira conquistar-me. Você lida com pessoas, não tem como fugir disso. Por isso, tente, insista, prossiga nos seus desejos de conquista. Cause em mim uma boa impressão e lembre-se: não lhe darei uma segunda oportunidade de me causar uma primeira boa impressão. Empenhe-se por mim, é o que eu peço. Eu valho a pena, preciso do seu ardor e da sua coragem. Não sou tão terrível assim. Quando eu estiver distraído, olhe para mim com amor e não com raiva. Quando eu não quiser rezar na hora em que você pede, tenha compaixão comigo e não me transforme num vilão. Se eu não fiz o trabalho que me pediu, peça de novo, insista. Se não o abracei, abrace-me você. Se meus pais não o procuram para conversar, procure-os. Eu preciso muito de alguém que mostre interesse por mim. Fale de mim aos meus pais. Talvez assim, eles percebam que eu existo. Eu sou de quem me conquistar. Não desista de mim. Eu quero tanto aprender um pouco mais daquilo que você se propõe a ensinar. Basta para isso, que você realmente me queira conquistar.” Assinado: Um jovem catequizando


OUTUBRO

LUZ DA SERRA

-- vida da comunidade --

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Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas. Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados. Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que

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resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquer coisa phones ou pads, sempre de última geração. São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer

"não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos,

estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspon-

Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras. Eis uma geração tão habi-

tuada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável. Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada. Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio. Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração? Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos! Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós). Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros

(como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida. E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!! Novos e velhos, todos estamos à rasca. Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens. Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles. A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço? Mia Couto pub

DR

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor. Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaramlhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada. Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes. Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. Foi então que os pais ficaram à rasca. Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado. Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais. São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do

signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere. Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.

DR

Um dia isto tinha que acontecer

porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar! A sociedade colhe assim hoje

dem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional. Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso


LUZ DA SERRA

Carta aos Eleitores A Ermelinda da Freguesia de Santa Catarina da Serra Isabel Maria da Costa Santos Gameiro Loureira,12 de Setembro de 2012 Caros Eleitores, Não estamos ainda em época eleitoral, não tardará muito, para começarmos a ouvir e a ler as mensagens de sempre e de “quase” todos. Numa altura destas em que tentamos pensar em coisas boas, a política seria, de certeza, a última coisa que queremos. A menos que fosse uma BOA politica. Quero, com esta minha carta, dar uma satisfação e uma justificação a todos os eleitores que há 3 anos me deram o voto de confiança nas eleições da Freguesia. Lamento não poder continuar a ocupar o lugar até ao fim do “percurso”. Por motivos pessoais, decidi ausentar-me do país por tempo indeterminado. Atempadamente e devidamente, informei e documentei as entidades responsáveis e de direito; deliberei os poderes no próximo elemento. Cabe-me agora informar-vos e agradecervos a confiança, a persistência e a amizade. Foi uma experiencia única e positiva para mim. A educação, a simpatia e o carinho com que fui recebida em todos os lugares que visitei. As pessoas que me deram o prazer de falar e confidenciar com elas. A ajuda pronta e alegre de tanta gente. A oportunidade que tive de viver de perto certos problemas. Mas também a tristeza que ainda hoje sinto de não os ter conseguido resolver. Por tanta coisa boa que vivi com vocês. Com muito respeito, amizade, o meu muito obrigado.

Já partiu para a Pátria definitiva há uns tempinhos. Quem era afinal esta pessoa? Conheci-a na minha adolescência. Era ela então uma jovem madurinha. Reparei nela durante um ensaio da missa dos anjos que se cantava sempre nesse tempo, na missa da festa do Sagrado Coração de Jesus. E cativoume. O grupo era grande e ela deixava que todos se pusessem á sua frente. Na sua semelhança com todas, sobressaía uma enorme diferença, que na minha ingenuidade não compreendia, mas que nunca esqueci. Solidificouse esta impressão depois na continuidade de reuniões então na Acção Católica.. O seu aspecto exterior muito arrumado, mas aparentemente rude, guardava em si um interior de rara finura e delicadeza de alma e de comunicação. Trabalhadora, piedosa, e desinteressadamente, colaborante em tudo o que fosse ajudar as pessoas e a paróquia. Não alinhava em fofoquices, era amiga da verdade e amiga muito serena e sincera. Tinha uma espécie de devoção pelos últimos lugares. Ninguém lhe poderá ter apanhado um leve descontentamento pelo trabalho ou lugar que lhe era atribuído na sua secção de

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Maria Primitivo

Jacf. Servia com amor. Mais nada. Todos os serviços eram iguais em dignidade e faziaos com a alegria que a sua bela alma lhe transmitia. Chamou-a Deus ao matrimónio. O Amadeu a recebeu no Altar da sua Igreja paroquial e a levou para o lar fundado bem perto do Arcanjo S. Miguel na capela do Vale Sumo. Abraçaram mutuamente a graça e a cruz. Amaram e sofreram em comum e aceitaram com alegria os filhos. Amaram os netos. As pérolas da santidade e a riqueza da terra, passam tantas vezes despercebidas e desconhecidas do mundo. Mas existem. A Ermelinda era uma, que eu senti dever de lembrar e desejar o prémio eterno. Com todas as amigas.

Outubro, mês das Missões O mês de Outubro é desde há muitos anos dedicado às missões, porque nele se celebra a Jornada Missionária Mundial. Este ano, a celebração coincide com o 50º aniversário do Decreto conciliar "Ad gentes" sobre a atividade missionária da Igreja e a Mensagem do Papa aborda quatro elementos principais: A prioridade de evangelizar, a eclesiologia missionária, a fé e seu anúncio, e a caridade no anunciar. Nessa mensagem o Santo Padre escreve que é preciso dar prioridade à evangelização e sublinha que "todos os componentes do grande mo-

Ficha Técnica Jornal Luz da Serra Nº457 - Outubro de 2012 Ano XXXVIII ERC 108932 - Depósito Legal Nº 1679/83

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saico da Igreja devem sentirse fortemente questionados pelo mandamento do Senhor de pregar o Evangelho, a fim de que Cristo seja anunciado a todos". Todos os católicos "se devem colocar sobre as pegadas do apóstolo Paulo, "prisioneiro de Cristo pelos pagãos" (Ef 3,1), que trabalhou, sofreu, lutou para disseminar o Evangelho em meio aos pagãos (cfr Ef 1,24-29), sem poupar energia, tempo e meios para fazer ser conhecida a Mensagem de Cristo.". "Como São Paulo, devemonos ocupar dos afastados, daqueles que não conhecem

ainda a Cristo e não experimentaram a paternidade de Deus, no conhecimento de que a ‘cooperação missionária deve alcançar hoje em dia novas formas, incluindo não só a ajuda económica, mas também a participação direta na evangelização". Além disso, a Jornada Missionária Mundial coincide com a abertura do Ano da fé e o Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização, o qual "será uma ocasião perfeita para relançar a cooperação missionária, sobretudo nesta segunda dimensão". E poderá perguntar algum dos nossos leitores: "Que po-

derei fazer eu pelas missões?" E eu responderei que todos poderemos fazer alguma coisa, nem que seja só rezar pelos que partem ou ajudálos com algum contributo monetário. Mas muitos de nós poderemos também ser missionários no nosso ambiente profissional ou de amizades. Santa Teresa do Menino Jesus nunca saiu para países ou regiões consideradas de Missão e, no entanto, a Igreja escolheu-a para Padroeira das Missões. M. V. P.

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Sou uma Santacatarinense Delfina Silva Gordo Amaro

Sou uma Santacatarinense, nascida a 17/12/1942 no Vale Maior e das primeiras pessoas a ser batizada pelo P. Faria. A minha infância, adolescência, juventude e também em adulta foi muito atribulada e sofrida. Tudo foi ultrapassado com a ajuda de Deus. Também tive alguns anos em que fui muito feliz em Santa Catarina da Serra. Dos 17 aos 21 anos, fui catequista. Recordo as colónias de férias em que acompanhei as crianças da catequese. Nos dias em que havia catequese e escola, no intervalo dava-se às crianças pão e leite, na casa em frente do Salão Paroquial e, por isso, ficou a chamarse a “Casa do Leite”. Hoje é dos escuteiros, se não me engano. Entretanto fui viver para casa de uma professora em Leiria, para fazer o 1º e 2º ano daquele tempo. Ela dava-me aulas e tomava conta de mim. Formou uma escola infantil com a ajuda da Paróquia, dos 3 aos 6 anos. Comprometi-me a ficar com as crianças enquanto estudava gratuitamente. A minha tarefa era ensinar as crianças a serem boas cristãs, dando catequese e preparálos para entrar na escola primária. Foi uma grande experiência muito gratificante para a minha vida. Era professora e aluna. A 19 de Março de 1956, quando tinha 22 anos, a minha mãe arranjou-me tra-

balho no Centro de Saúde do Telhal, na secção das consultas externas. Adaptei-me muito bem e gostei imenso do meu trabalho. Foi para mim uma escola com médicos, doentes e colegas. Foi aí que conheci o meu marido. Passado poucos anos, fiz-me assinante do jornal LUZ DA SERRA. Na altura era pequenino, mas interessante, permite-me estar ao corrente das notícias da minha paróquia, que me deixou muitas saudades… Tenho acompanhado a evolução do jornal LUZ DA SERRA. Parabéns! Todos os temas me dizem algo que me toca o coração, a catequese, o editorial do P. Mário e dos temas do P. Serafim Marques. Ainda dou catequese e sou coordenadora, mas interrompi devido a um acidente de viação que me tirou o sorriso, pois tive que fazer vários tratamentos. Depois de ter ultrapassado essa situação, o meu marido ficou cego no espaço de 10 dias. Nessa altura esqueci todos os meus limites para me dedicar a ele. Estivémos casados 33 anos. Apareceram algumas complicações e partiu para a paz do senhor. Peço desculpa ao P. Mário por este longo testamento, mas como estou aqui há vários anos, mal me conhece e ao meu marido que é natural de Viana do Castelo.

AMIGOS DA LUZ DA SERRA Albino Oliveira Fernandes - França - 5€ Oliveira Marques Elias - França - 5€ Roberto Pereira - França - 5€ Marco Rodrigues da Silva - Suiça - 5€ Da Costa Carreira - França - 5€ David Jesus Neves - França - 5€ Manuel Pereira - Aldeia Nova - 20€ Domingos Inácio da Costa - Lisboa - 2€ Maria de Jesus Antunes - França - 25€ Ana Paula Costa das Neves - Itália - 5€

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Os textos assinados e publicados no jornal LUZ DA SERRA – que podem ou não traduzir a linha de orientação deste jornal – são da inteira responsabilidade dos seus autores.


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O que nos incomoda O retrato de uma sociedade comodista que não se está a preparar para o futuro.

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Confirmação, 29 de Setembro de 2012 Do sentimento de sorte e indiferença, à descoberta do Espírito Santo…

a uma Oliveira. Aí, não nauseabunda a nossa dispensa, não fica feio no nosso jardim, a nossa rua continua bela e limpa, e ninguém nos viu. Mas, não obstante outros descuidos, a Oliveira vê, tem olfato, sente, e indubitávelmente reage. Este assunto é tão importante que me aviva o pensamento, porque tem alguma analogia com outro extremamente importante, grave, e respeitosamente sério. Refiro-me à nossa atitude quando abandonamos os nossos "velhos" no cimo da rampona, não os queremos na corda-bamba das nossas vidas - condicionam-nos. E, tal como estes "velhos", sentindo que não os queremos a atrapalhar as nossas vidas de corda-bamba, preferíam que os despejássemos logo no terminal da dita rampona pois sofreríam menos tempo a angústia do desprezo que a nossa falta de escrúpulos lhes impôs, também às arvores não será agradável conviver com a degradação, lenta, do que foi nosso despôjo. São estes os erros que todos cometemos. Pensamos que são pequenos, porém, a

nossa soberba, que nos impede de os reconhecer e corrigir, é enorme, e sem humildade não há remissão. Devemos parar para pensar pois, amanhã, os "velhos" somos nós e os nossos filhos é que estarão no nosso lugar de hoje, e necessitarão das Oliveiras, mas, para nossa angústia os nossos exemplos estar-lhes-ão na mente. Um dia, numa aula, um aluno respondeu a uma pergunta de geografia que "um vale é um lugar onde se vai despejar o lixo", refería-se ao nosso vale.- Isto é de bradar! ...Um vale que nós conhecemos, ainda há pouco tempo, no estado virgem -o seu arrebentão, as apútigas... Era bucólico. Eduquêmo-nos! Nem que seja, apenas, porque os nossos telhados são de vidro valerá a pena. O nosso planeta, que é infinitamente modesto, aceita que o sujêmos e ainda nos recompensa se o limpármos, porque está a adiar a recompensa. Mexamo-nos. É muito importante a atitude de quem limpa! Sujar é banal! José Neves

Centro Social Paroquial de Santa Catarina da Serra

As Vindimas

Miguel Marques

Miguel Marques - Arquivo

O chapéu que já guardou muito sol, o calçado que já não nos agrada limpar e usar, as bebidas que turvaram/azedaram nas garrafas, os restos de azulejos que jamais utilizaremos, os blisteres que têem apenas velhos comprimidos, os quais não tomaremos nunca mais, os jornais que, se foram lidos, já foram há muito tempo, a alcatifa que, de feia, não é recuperável, o slim da bicicleta que não tem assento-apenas tem as molas, as garrafas, vazias, de nada servem, o cabo/condensador de televisão, em mau estado, já teve substituto, os baldes, que foram da tinta, até servem para "embaldar" outras tantas tralhas mais miúdas, até as revistas de fait- divers, nas quais nunca aprendemos nada útil ou dignificante, já nos incomodam. Tudo nos incomoda! Somos comodistas! E convenhamos: Na nossa dispensa esta miscelânia não faria bom cheiro; No nosso jardim fica feio No contentor mais próximo temos vergonha da tarefa, e não é prático levantar a tampa, e também não temos coniventes que nos ajudem para a má vontade há sempre desculpa. Resta-nos, apenas, junto ao contentor mas não é bonitofica exposto, é a nossa rua, caramba. O melhor é carregar tudo e ir "plantá-lo", longe de nós, aleatóriamente num bocado de chão qualquer. Plantá-lo sim, póis, nos terrenos apenas se cultiva, planta, limpa ou colhe, e, por exclusão de verbos... Pode, até, ser junto

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-- vida da comunidade --

Há quem não acredite que a sorte existe, mas nós, os 50 jovens que nascemos no ano de 1995, desde o nosso nascimento que temos vindo a ter muita, mas muita sorte. Desde logo, nascemos numa família que nos acariciou, amou e tratou da melhor forma. Ainda mal abríamos os olhos, já os nossos pais decidiram batizar-nos. Mais tarde, tivemos a oportunidade de entrar na escola onde encontrámos mais crianças como nós. Outra coisa estranha aconteceu: entrámos na catequese, onde os nossos catequistas nos ensinavam e aconselhavam. Depois, mais duas vezes, fomos levados à igreja com uma “plateia” a olhar para nós, semelhante à do dia do nosso Batismo, para fazermos a Primeira Comunhão e a Profissão de Fé. Estávamos a ficar mais crescidos, mas, ainda assim, não entendíamos bem tudo isto que nos estava a acontecer. O que seria tudo isto? Eis que, quando todos pen-

sávamos que mais uma vez iriamos à igreja, agora para fazermos o nosso Crisma, e que depois os nossos mistérios e a nossa atitude indiferente, iriam continuar como das outras vezes. Contudo, algo de diferente estava a acontecer. Sentíamos algo de estranho dentro de nós. Uma força que tinha vindo a crescer em nós e que incessantemente nos incomodava. Esta força, que tantas vezes tentámos esquecer e afastar de nós, por simples ingenuidade, estava-se a revelar mais forte que nós e incomodava-nos. No dia 29 de setembro de 2012, tivemos a certeza de quem era essa força. Era o Espírito Santo que crescera em nós desde o nosso Batismo, era esse Deus a quem dissemos tantas vezes que não, mas que continuava connosco, a quem chamávamos sorte. Este dia, em que 210 jovens (50 da nossa Paróquia, e os restantes das nossas Paróquias vizinhas) se juntaram

na Basílica da Santíssima Trindade para fazer o sacramento da Confirmação, foi como se tivesse feito luz nos nossos corações. Conseguimos perceber tudo isto que nos estava a acontecer. Percebemos que aquelas pessoas que nós rejeitámos tantas vezes, que não quisemos ouvir, eram os nossos melhores amigos. Sem eles nunca teríamos percebido o verdadeiro Dom que é o Espírito Santo. Agora, resta-nos pedir desculpa a todos os que nos “aturaram” e nunca desistiram de nós e também agradecer-lhes: Obrigado aos nossos pais, ao nosso Padre, aos nossos catequistas, aos nossos padrinhos e a toda a nossa comunidade. “Tudo o que desejais que os outros vos façam fazei-o também a eles”. No nosso caso queremos retribuir à nossa comunidade tudo o que fizeram por nós! Rui Alves

A “nova” fonte do Tojal

Com a chegada da vindima, as crianças da Creche CSPSCS foram apanhar uvas. Foi uma experiência muito divertida, através da qual as crianças, tiveram a oportunidade de observar os cachos de uvas, de ver como se faz a vindima, e claro, aproveitaram para saborear as uvas no local. Agradecemos à D. Lúcia Alves, por nos ter cedido a sua vinha, para pudermos proporcionar às crianças um dia diferente. Aida Costa

Foi no passado Domingo, dia 23 de Setembro que se organizou um convívio, com lanche partilhado, na Fonte do Tojal. Foram muitas as pessoas que se juntaram a nós, para este convívio que foi animado ao som da concertina do pequeno jovem Simão, do Ulmeiro. Foi uma tarde maravilhosa, onde a chuva por vezes se sentiu, mas nada que movesse as inúmeras pessoas

que ali se encontraram. Queremos agradecer a todas as pessoas que participaram na recuperação da fonte, pois sem a sua ajuda e da Junta de Freguesia não o poderíamos fazer. Nunca é demais felicitar todos aqueles que contribuíram com a mão de obra e as senhoras com os lanches. Um muito obrigado a todos. Maria Mendes

António Miguel

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População reuniu-se em pequeno convívio para comemoração das obras de recuperação da fonte do Tojal, na Magueigia.


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Cova Alta, o centro geográfico da freguesia Texto: Vasco JR Silva Fotos: Vasco JR Silva e Miguel Marques

A Cova Alta, localizada no centro geográfico da freguesia, é mencionada em documentação de princípios de Setecentos, 1722. O topónimo refere-se a um local elevado. No Brasil, cova alta designa uma pequena elevação de terra, de forma cónica, feita em terrenos argilosos, para facilitar a plantação de mandioca. Em Portugal, cova alta refere-se a uma dolina localizada num sítio elevado. Em Oitocentos, a localidade de Cova Alta, na freguesia Santa Catarina da Serra, continua ainda muito diminuta em termos populacionais. Ao longo de toda a centúria, apenas algumas famílias habitavam a povoação. Em 1891 existiam 12 fogos na aldeia e em 1903, mais de uma vintena de anos depois, o número de agregados familiares era de 23, sendo chefes dos mesmos António da Costa, António Dias, Manuel Marques, Constantino Pereira, Manuel de Oliveira, José de Oliveira, José de Oliveira Novo, Quitéria de Jesus, José Lopes, Joaquim Vieira, José da Costa Novo, Cristina de Jesus, José Carreira, António de Oliveira Hilário, Faustino Dias, Abel Alves, Joaquim de Oliveira, António de Oliveira, José Francisco dos Reis, José Dias, José Henriques Catarino, José Ferreira e Francisco Dias. O rápido crescimento populacional da Cova Alta nos finais do século XIX e inícios do XX acompanha a tendência geral da população portuguesa na mesma época. Nos anos de 1911, 1940 e 1960, a localidade de Cova Alta tinha, respectivamente, 20, 24 e 28 fogos. De 89 pessoas, em 1911, decresceu para 80, em 1940, tendo voltado a aumentar em 1960, para 100 moradores. A epidemia de 1918, a 1.ª Guerra Mundial (1914-18) e a crise económica vivida nas primeiras décadas do século XX, terão sido as principais responsáveis pela diminuição populacional. No campo sociológico, se alguns agregados familiares provinham do século XVIII, a questão da consanguinidade levou a que os jovens procurassem casar-se com pessoas de fora da localidade ou se deslocassem para outras freguesias. O casamento era tar-

dio, indo dos 20 aos 30-40 anos. De igual forma, era muito comum homens e mulheres casarem-se com uma acentuada diferença de idades, entre os 6 e os 40 anos. Homens existiam que eram muito mais novos que as suas esposas. Se inúmeras crianças faleciam com poucos dias, meses, ou anos de vida, também existiam pessoas que morriam com 50, 59, 62, 70, 78, 80, 87 e até 100 anos de idade. As sepulturas, anónimas, efetuavam-se no adro da Igreja Matriz, até à edificação do cemitério público antigo, em 1869. A partir de 1870, os defuntos passam a ser enterrados nesse núcleo cemiterial. Algumas pessoas, com um poder económico-financeiro maior, mandavam fazer campas. Estas sepulturas caracterizavam-se, de um modo geral, pela existência de lápides calcárias de forma rectangular, com a respectiva inscrição tumular. Numa das rochas existentes em Santa Catarina da Serra, no velho cemitério público, pode ler-se: "AQUI JAZ / CONSTANTI: / NO PEREIRA. / NASCEU NO SOBRAL NO / DIA 29 DE A: / BRIL DE / 1840 E EALE / CEU (sic) NA COVA / ALTA NO DIA / 20 DE DEZEM / BRO DE 1918. / P(ai) N(osso). A(ve) M(aria)". A economia da povoação, assim como a da restante freguesia, assentava fundamentalmente na agricultura e na pastorícia. O sector primário, de subsistência, no qual cada família cultivava o necessário à sua sobrevivência, para além dos cereais (milho e trigo, principalmente), incidia sobre o cultivo de hortícolas e de árvores de fruto. A vinha tinha (e ainda tem) uma importância destacada na aldeia. A cultura da oliveira, para a produção de

Vista sobre parte norte do lugar. Em termos habitaciconais, este lugar tem ainda muitas casas de férias de filhos da terra actualmente a residir no estrageiro, essencialmente em França. azeite, era outra componente significativa no tecido económico da Cova Alta. Só assim se explica a plantação deste tipo de árvores em locais de forte inclinação. As actividades agrícolas realizavam-se quer nas encostas da Cova Alta, junto do casario, quer nos vales, nomeadamente naqueles que, virados a Noroeste e a Sudoeste, davam acesso à sede de freguesia ou à Pinheiria, como o Vale da Laje, o

deiras Velhas, Vale da Laje e Valeiras, foram atribuídas aos habitantes da Cova Alta, da Donairia e da Pinheiria. O contrato anual exigia o pagamento de um imposto de 50 centavos. Os cereais eram transformados nos moinhos. Na Cova Alta, em 1900, existia um único moinho eólico. O interessado levava as sacas com o milho ou o trigo, deixava a

tação, iluminação e lubrificação, a apanha era feita por mulheres e crianças, cantando, enquanto os homens varejavam. De 1825 e até aos anos 70-80 do século XX, as profissões praticadas pelos habitantes da Cova Alta estavam essencialmente relacionadas com o campo, destacando-se os lavradores, os cavadores, os seareiros (agricultores pobres, de

A “cruz” é o termo utilizado pela população para definir o cruzamento de acesso à EN113 principal, onde se encontravam inúmeros baldios. Em 1922, durante a I.ª República Portuguesa (1910-26) os terrenos públicos, pertença da Junta de Freguesia, foram divididos em parcelas, glebas, e entregues aos chefes-defamília. Deste modo, vinte e quatro, existentes em Cabeça Gorda, Ladeira do Castelo, La-

maquia, e trazia a farinha ensacada para casa. Ou o moleiro passava pelas casas com a sua mula, levando os grãos para moer. O produto resultante destinava-se à cozedura do pão, da broa e dos tradicionais bolos. Estes eram colocados nas chaminés. No caso da azeitona, cujo produto resultante era utilizado na alimen-

searas) e, no âmbito da exploração florestal, os serradores. As mulheres também trabalhavam muito no campo. Todavia, a profissão de doméstica era a actividade mais comum. Apesar de proprietários, ninguém era burguês ou nobre. A maioria dos populares era analfabeta. Porém, as inscrições epigráficas em certos

edifícios mostram-nos que algumas pessoas já conheceram pelo menos algumas letras. Os instrumentos mais importantes no mundo agrícola incluíam enxadas (de pontas e rasas), sachos, charruas, arados e grades, para o cultivo da terra. Devido à natural diferenciação económica, nem todos estavam munidos de uma junta de bois, que, antes da introdução do tractor agrícola, ajudava na lavra da terra, assim como no transporte, através de carros de bois, de mercadorias, tais como mato, feno, cereais e estrume. Em 1902, existiam apenas duas juntas de bois na Cova Alta. Uma enorme lagoa, na parte Norte da aldeia, junto à Rua Central, permitia que os animais bebessem água e se refrescassem, designadamente os caprinos e os ovinos, que eram conduzidos por pastores. Esta profissão, ainda que sazonal, tinha um certo impacto na comunidade local. Geralmente era aos mais novos, às crianças, que cabia a tarefa de levar o gado a apascentar. Não era um trabalho fácil de realizar, pois os animais transitavam com frequência para os terrenos dos outros, destruindo as respectivas culturas. Em casa, o gado, diverso, mantinha-se fechado em currais apropriados. Os animais domésticos agrupavam, no seu geral, bovinos (bois, vacas e vitelos), suínos, caprinos e ovinos (cabras, bodes, ovelhas e carneiros), galináceos (galos, galinhas e pintos) e coelhos. Daqui, os habitantes da Cova Alta obtinham carne, peles, leite, e


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e ovos, que consumiam. A dieta humana era completada por elementos provenientes da actividade cinegética. Na realidade, em tempos mais recuados a caça era praticada durante todo o ano. Para tal, usavam-se armadilhas, tanto para a captura de aves, como para o aprisionamento de animais terrestres, caso dos javalis e das raposas. O cepo, usado desde os tempos medievais, era uma armadilha muito comum. No século XX faziamse armas de fogo artesanais, de carregar pela boca, as pardaleiras. Os caçadores tinham armas de fogo de cães externos, as caçadeiras. Uma vez que a povoação da Cova Alta fica situada num alto, a rega dos campos tinha que recorrer a cisternas e a poços, maioritariamente circulares, que se reabasteciam apenas com a água proveniente das chuvas. Estes reservatórios de água eram devidamente cuidados. Apesar de serem características das zonas localizadas entre a Loureira e a freguesia de Monsanto, Alcanena, as cisternas ditas de lajes fazem parte do património histórico da freguesia da Serra. Na Cova Alta localiza-se um depósito de água desse tipo, datado de 1910, e com a seguinte inscri-

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O Poço do Vale da Laje serviu durante muitos anos a população da Cova Alta. Ainda não se conseguiu apurar a data da sua origem. ção: «J. F. D. R. / 25.8.1910. / Vieira Alves ou, na sigla da F. V. F.», a qual, desabreviada casa, «F. V. A.», nascido no ano fica «J(osé) F(rancisco) D(os) de 1920, na Pinheiria, tendo R(eis)», no primeiro nome, e casado com Maria de Jesus «F(rancisco) V(ieira) Silva, do Vale do Sumo, em F(étal)», da Chainça, no se- 1940, veio morar para a Cova gundo. Dos poços é de desta- Alta. Ficando viúvo, voltou a car os públicos, ou seja, o que casar com outra mulher do se encontra junta à residência Vale do Sumo, Maria de Jesus que foi de Albino Gomes e o do Rodrigues. Vale da Laje, junto à linha de água. No que se refere à parte religiosa, apesar de terem perNo que diz respeito ao sector tencido ao Ramo de Vale do industrial, a Cova Alta nunca Sumo e hoje ao da Pinheiria, se desenvolveu muito, tendo a os moradores da Cova Alta aldeia permanecido sempre deslocavam-se quase sempre a agrícola. A única excepção foi Santa Catarina da Serra, para a antiga fábrica familiar participarem no culto divino, "Alves & Vieira". Francisco assim como nos baptismos, ca-

samentos e enterramentos de familiares, amigos ou conterrâneos. A missa era em Latim. As pessoas dirigiam-se à Igreja Matriz pelo designado Vale dos Namorados, na estrema entre o Pedrome e a sede de freguesia. Pela Escadaria do Alves, no sítio da Barroqueira, que dava acesso rápido à Pinheiria e a Santa Catarina da Serra, ascendiam os mais capazes, como os garotos, quando iam para a escola ou para a catequese. Numa fase posterior, as crianças da Cova Alta foram transferidas para a escola do Sobral, atravessando o Vale Longo. Hoje a Cova Alta apresentase como uma terra em crescimento. A agricultura, o motor económico de outrora, foi praticamente abandonada. Produz-se ainda grande quantidade de vinho, mas as máquinas substituíram o homem nos afazeres da terra. Surgem pequenas empresas e os moradores trabalham e estudam fora da sua aldeia. Casais jovens, naturais ou não, têm-se instalado na povoação, dando origem a novas famílias. A Cova Alta projecta-se para o futuro.

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Personagens de destaque Constantino Pereira – natural do Sobral, onde nasceu em 1840, casou na Cova Alta, no século XIX. Era uma das pessoas mais influentes na localidade. Tinha o único lagar de azeite daí. Foi vogal da Junta de Paróquia de Santa Catarina. Possui uma lápide no sítio do antigo cemitério público. José Francisco dos Reis – natural de Espite, onde nasceu em 1871, era um dos habitantes de maior destaque da aldeia. Tinha a mais imponente cisterna da Cova Alta, datada de 1910. Foi vogal da Junta de Freguesia da Serra. Em 1930 fazia parte da Comissão para a recuperação da escola de Santa Catarina.

Associativismo

Em termos associativos, devido à sua reduzida dimensão, a Cova Alta não tem nenhuma associação, ao exemplo de outros lugares da nossa terra. No local da antiga lagoa, que posteriormente foi tapada, era o sítio onde se faziam os leilões e onde decorriam os encontros da população. Nesse local foi edificado, em 2007, um pequeno espaço para os convívios, aos fins-de-semana, da população da aldeia e de outras povoações.

Tecido empresarial Fluxoterm - Climatização, Lda; CVE – Construções; Verde Azeitona. Esta localidade é actualmente mais residencial que industrial. Destacado por muitos como um belo e sossegado local para morar, são poucas as indústrias actualmente existentes.

Localização Geográfica

Cisterna de José Francisco dos Reis, um dos chefes-defamília da Cova Alta, em 1903.

Neste edifício, situava-se o lagar de azeite, que estava munido de uma caldeira a vapor.

Sistema para a secagem de palha. A ele pertence também uma eira circular e um carro-de-bois.

Escadaria do Alves. Dava acesso da Cova Alta à Pinheiria e a Santa Catarina da Serra.


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O nosso Património

Bombeiros do Sul do concelho trabalharam e assumiram grande responsabilidade mas o trabalho, o muito trabalho de tanta gente que apoiou e trabalhou graciosamente foi um pilar desta obra; O parque do Vale Mourão. Quem não se lembra de um terreno cheio de mato quase votado ao abandono? Hoje é um parque de lazer com excelentes condições, um ex-libris da freguesia e se é verdade que a autarquia apoiou a sua construção não é menos verdade que é uma obra do povo, porque se não fosse a vontade e o trabalho da população, sejamos claros, o parque não estava lá e a freguesia estaria mais pobre. A fonte do Tojal, recentemente recuperada, quem por lá passa vê agora um local zelado que é utilizado pela população e que dá gosto visitar. Conforme consta da placa afixada no local foi obra do povo e está à vista de todos. Já em Agosto foram os escuteiros que assumiram mais um projeto de grande importância para a freguesia, desta vez a recuperação de todas as placas toponímicas. Um trabalho que é também um apelo aos valores dos escuteiros e que muito contribuiu para melhorar a imagem das nossas ruas e da nossa freguesia. Calculo a in-

“Manifesto do Vinho” Até 30 de Novembro poderão ser entregues as declarações de colheita e produção, mais conhecido por manifesto do vinho, na Junta de Freguesia. Esta declaração é obrigatória para todos os produtores económicos que tenham colhido uvas e/ou tenham produzido mosto/vinho. Ao exemplo das campanhas anteriores, esta campanha é efetuada por envio eletrónico. Para os produtores que utilizam este sistema pela primeira vez, uma vez registado no sistema, o código de acesso é enviado por correio CTT num prazo de 5 dias úteis, pelo que se sugere aos operadores que façam o seu registo com antecedência. Site electrónico: h p://sivv.ivv.min-agricultura.pt ou na Junta de Freguesia.

terrogação destes jovens que trabalharam sob calor intenso porque não foram os moradores a olhar pela placa da sua rua seguramente teria sido mais fácil …. fica o desafio… Os arranjos exteriores dos jardins-de-infância de Olivais / Vale Sumo executados o ano passado e Magueigia já este verão, obras de vulto que vieram melhorar e muito as condições daquelas infraestruturas escolares; são as crianças que ficam a ganhar mas estas obras foram executadas, porque à vontade da autarquia se juntou a envolvência dos pais, através das associações e as obras estão feitas e de outra forma dificilmente o estariam. Agora foi a vez da fonte e lavadouro do Cercal, um equipamento que teve grande importância num passado recente. Era ponto de encontro para a população local que lá ia buscar água fresca e cristalina e onde lavava as roupas das famílias normalmente numerosas. Se é verdade que o lavadouro não tem hoje a importância de outrora, também é verdade que a população nutre por ele grande estima. Por isso o agarrou e resgatou do destino que parecia traçado. A obra está em curso e quem passa na EM593 antes do novo quartel dos bombeiros deixou de ver um silvado a esconder um velho telhado

Miguel Marques - Arquivo

Abertura de caminhos, na Loureira, em 2010.

Miguel Marques

Limpeza da placas da toponímia pelos escuteiros, em 2012.

e vê renascer um local bonito e aprazível que será brevemente novo ponto de encontro. No Vale Tacão, a associação local construiu o campo de jogos e recentemente os WC e arranjos exteriores, o Sobral através da associação, obras de vulto na antiga escola agora sede, Olivais / Vale Sumo através da associação de São Miguel foi construído o edifício sede e campo de jogos, o Rancho que recuperou a casa agora núcleo museológico e o seu vasto património mais uma referencia da freguesia que merece ser visitado. A fonte da Pinheiria, que estava praticamente perdida está agora a ganhar forma. E que forma! Bancos, mesas, grelhadores, WC, forno, etc. Os “mentores” arquitetos fazem questão de manter em predominância a pedra, e em geral, a traça antiga. Fica o desafio para quem há muito por lá não passa. Está na altura de ver como uma população unida consegue arregaçar as mangas e transformar um local abandonado numa zona de lazer, local aprazível porque não tenho dúvida que é esse o destino que está traçado porque vê-se e sente-se o gosto de quem lá trabalha. O Festival “O chícharo da Serra”, que já vai na sétima edição feito à custa do muito trabalho da população da nossa terra ou ainda o parque desportivo, uma grande infraestrutura construída e mantida pela freguesia unida, em torno da UDS. E os muitos cidadãos que por sua iniciativa limpam a valeta, o aqueduto ou qualquer espaço público porque sabem que não pode ser a autarquia a fazer tudo. São apenas alguns exemplos, mas outros desafios temos pela frente, como a fonte da Quinta da Sardinha e a do Sobral, que estando já sob o

Recuperação da fonte da Pinheiria, em 2012.

Miguel Marques - Arquivo

Não tenho memória de ver como tenho visto tanto trabalho cívico, trabalho gracioso em prol do que é de todos. Na verdade o paradigma mudou e se há bem poucos anos tudo corria de feição: era grande o desenvolvimento, havia trabalho, o progresso via-se e sentiase, o certo é que hoje as coisas são bem diferentes, a conjuntura mudou, o desemprego cresce todos os dias, as famílias, as empresas, as autarquias vêm-se mergulhados na maior crise de que há memória viva e somos agora confrontados com a necessidade mais do que nunca de muita criatividade; muito trabalho, união e espírito associativo, no fundo o apelo a valores que se vinham afastando e que é preciso recuperar. Santa Catarina da Serra é pois um bom exemplo de um povo com grande sentimento de pertença, que não se resigna, que sai da sua zona de conforto e abraça projetos de construção ou recuperação de património que é de todos o que naturalmente deve ser valorizado, deve servir de exemplo e estímulo para os que acham que pouco ou nada podem fazer. Enganam-se, porque os tempos são de mudança mas simultaneamente de grandes desafios. Quem não tem visto a abertura ou reabilitação de caminhos que ano após ano ocorre na freguesia? Veja-se o exemplo do lugar de Loureira que por altura do carnaval junta tanta gente a trabalhar graciosamente; O quartel dos Bombeiros um processo nascido em 2006 e inaugurado o ano passado; não tenhamos dúvidas que ele está feito porque houve arrojo das autarquias, valorizou-se este grande projeto de visão global, as direções da agora Associação de

Joel Francisco

A Recuperação do Património que é de todos. Bons exemplos da Freguesia de Santa Catarina da Serra

Obras na Escola e J.I. dos Olivais, em 2010. olhar da população local, as quer recuperar. Da parte da Junta de Freguesia sabem que podem contar com o apoio na medida e nas condições em que apoiámos idênticas intervenções, mas com sentimento misto – por um lado de lamento, porque as condições atuais não nos permitem um apoio financeiro mais musculado, mas por outro a enorme satisfação pelo rumo e pela ação popular.

Alguém acredita que se não fosse a força e a união de um povo brioso, bairrista e muito trabalhador estas obras seriam feitas? Todos sabemos a resposta e uma coisa é certa, não podemos ficar indiferentes. Fica a interrogação: por quê em tempos de tamanha crise mais se trabalha na recuperação e valorização do nosso património? Parabéns e Muito obrigado a todos! pub


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-- sociedade --

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Rancho Folclórico de S. Guilherme

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Agrupamento de Escuteiros 1211 - Santa Catarina da Serra

Nos dias 29 e 30 de Setembro, o Rancho Folclórico de São Guilherme realizou o XXVII Festival Nacional de Folclore, inserido este ano nas comemorações do 49º aniversário do grupo. O evento começou na tarde do dia 29, com jogos tradicionais, bifanas e pão quente e prolongou-se pela noite com a animação musical do DJ VF. No dia 30, Domingo, por voltas das 11h30 começaram a chegar os grupos convidados para o Festival, que foram fazer uma visita à Casa Museu do Rancho. Depois, já com alguma fome, seguiu-se o almoço convívio com os grupos, entidade oficiais e alguns representantes de coletividades da nossa freguesia. Depois do almoço, já com os grupos devidamente trajados, iniciou-se o Festival com a entrega de lembranças aos grupos presentes e às entidades oficiais, acompanhadas de algumas palavras de incentivo ao Folclore e à preservação dos nossos costumes mais antigos. Após estas cerimónias, deixou-se o palco livre para al-

Joaõ Dias

O festival e comemoração 49 anos de actividade do Rancho Folclórico.

guns elementos do Rancho Folclórico de S. Guilherme apresentarem uma pequena demonstração, intitulada "As Lavadeiras da Fonte Santa", que percorreu o período histórico de seca após a II Guerra Mundial (1945/1947). Para o efeito, foram recolhidos depoimentos junto de algumas pessoas mais idosas da nossa freguesia e através deles foi possível realizar esta demonstração, contando uma história verídica que se tinha passado na Fonte do

Tojal, ou "Fonte Santa", como era conhecida por todos. No final desta apresentação, começaram então as danças e cantares com os grupos convidados, nos quais pudemos apreciar o Rancho anfitrião, Rancho Folclórico de São Guilherme; dos arredores do Porto o Rancho Regional de São Salvador de Folgosa (Maia); do interior o Rancho Folclórico de Serrazes (São Pedro do Sul); da zona vareira Grupo de Danças e Cantares de Cortegaça (Ovar) e, por fim, do Riba-

tejo, mais concretamente Constância, Rancho Folclórico "Os Camponeses de Malpique" . Além de se poder apreciar o bonito Folclore destas regiões, todos puderam apreciar o bom vinho da nossa Região; o pão no forno e as doces filhoses! A todos os que colaboraram neste evento e a todos os que estiveram presentes, o nosso Muito Obrigado.

Jovens Festeiros já estão em preparação Os jovens nascidos em 1992 já iniciaram as reuniões para a festa em honra de São Sebastião a realizar no próximo mês de Janeiro, dias 19 e 20. Pede-se a todos os jovens que compareçam nestas para se promover o convívio entre os mesmos e para que a organização corra da me-

lhor forma. Convida-se também toda a comunidade a participar no “3º Festival das Sopas”, a realizar no próximo dia 10 de Novembro no Salão Paroquial. Os Jovens de 1992

Miguel Marques - Arquivo

Os jovens nascidos em 1992 na Paróquia de Santa Catarina da Serra estão já a preparar a Festa de S. Sebastião em 2013. Para já, preparam algumas iniciativas.

O 3.º Princípio do escuta diz que: “O dever do escuta começa em casa” e, por isso mesmo, os Caminheiros (escuteiros dos 18 aos 22 anos) e os aspirantes (os Pioneiros que vão transitar de seção com 17-18 anos) decidiram abdicar de parte das suas férias para servir a comunidade e tornar a “casa” dos Santa Catarinenses mais bonita do que ela já é. Os jovens, com o apoio da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra, passaram a maior parte do mês de Agosto e o início de Setembro a arranjar, limpar e a pintar as placas das diferentes ruas da freguesia. A Junta, que disponibilizou todo o material, ainda decidiu atribuir uma remuneração aos caminheiros pelo seu serviço, ou, como dizem os escuteiros, pela sua B.A. (boa acção). O dinheiro que estes escuteiros de lenço vermelho vão receber será utilizado pelo Clã 17 (grupo de Caminheiros de Santa Catarina da Serra) para fazer uma visita à base nacional da IVª secção, Drave, uma aldeia que estava abandonada no meio da Serra de Viseu em S. Pedro do Sul e onde não há rede de telemóveis, água canalizada ou eletricidade. Os Caminheiros portugueses têm a oportunidade de, em Drave, trocar experiências e de procurarem refletir sobre o seu caminho e as escolhas que definem a vida de cada um. As placas ficaram mais brancas e os nomes das ruas mais legíveis. Algumas que se encontravam tombadas ou danificadas ficaram para ser, em tempo devido, concertadas ou substituídas. Os escuteiros, apesar de cansados e de terem apanhado muito sol, estão muito satisfeitos com o trabalho e a sua

Joel Francisco

XXVII Festival de Folclore e Pelas ruas de 49º Aniversário do Rancho Folclórico Santa Catarina da de S. Guilherme Serra

contribuição para o bemestar da comunidade, contribuição essa, que às vezes é pequena, porque a grande maioria destes escuteiros está a estudar longe desta sua Terra. Os escuteiros agradecem a toda a população o apoio que sentiu durante a realização da actividade. A todos os que tiveram uma palavra amiga, os que deram ideias para facilitar a sua tarefa, os que aconchegaram os seus estômagos com lanches e ainda os que mataram a sua sede com água fresquinha. Como não podia deixar de ser, os escutas agradecem aos pais o incentivo e o apoio incondicional, muitas vezes traduzido em boleias para as localidades e que permite aos filhos a vivência em Clã do serviço, que é a linha orientadora da IVª secção (Caminheiros). Desta actividade resta a esperança dos Caminheiros poderem ver a sua jovialidade e espírito traduzida em mais ajuda a toda a população. Se tiverem sugestões podem falar com os escuteiros que, se o projecto for viável, terão todo o gosto em “pôr mãos à obra” e assim fazer valer uma das aspirações do fundador do movimento: “Deixar o mundo um pouco melhor do que o encontraram”, by Baden Powell. Os Caminheiros e Aspirantes pub


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opinião

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Associação dos Amigos da Secção de Bombeiros do Sul do Concelho de Leiria

Virgílio Gordo

alguns jogadores vindos com o treinador. Outra das situações que gostaria de destacar neste espaço, é o facto do Grupo Desportivo e Recreativo de São Guilherme continuar, pela segunda época desportiva, sem qualquer equipa inscrita. Apesar de sempre ter sido visto pela grande maioria dos Santacatarinenses e dos desportistas, em particular, como o parente pobre do desporto na freguesia, designadamente no futebol, não deixou de ter, durante muitos anos, um papel relevante, sobretudo nas camadas jovens. Foram inúmeros os atletas da freguesia e até de freguesias vizinhas que aí iniciaram a sua carreira desportiva. Para não falar no atletismo, onde em tempos atrás se alcançaram algumas vitórias individuais de atletas representando o São Guilherme. Ora isso, ninguém pode apagar!

As nossas actividades Ao contrário do que era normal há alguns anos atrás, não foram os meses chamados de Verão, Junho, Julho e Agosto, os mais críticos em termos de incêndios florestais. Pelo menos na nossa região, ou melhor, na nossa área de intervenção a partir do quartel nos Cardosos. Tem sido o mês de Setembro e até este próprio mês de Outubro, os que têm registado maior número de intervenções dos nossos Bombeiros. Foi assim em finais de Agosto e quase todo o mês de Setembro e oxalá que este mês não seja tão dramático, como o do ano passado. Com um incêndio vindo do norte do vizinho concelho de Ourém foi por muito pouco que a nossa mancha florestal a nascente e a nordeste da nossa freguesia passou incólume. O mesmo se não pode dizer de parte da vizinha freguesia da Caranguejeira, que viu de novo parte da sua rica manha de pinheiros e não só, ser atingida na fronteira com as suas vizinhas freguesias de Espite e Matas. Não fora o excelente trabalho dos nossos bombeiros, muito maior teria sido a mancha ardida. Ainda no que diz respeito à parte operacional, quanto ao transporte de doentes não emergentes, voltámos a repetir um pouco mais ou

Miguel Marques - Arquivo

Desportivamente Falando Apesar de já ter sido notícia o mês passado, não poderia de destacar neste espaço de opinião, a excelente prestação do nosso mais famoso ciclista nos mundiais da modalidade para veteranos, disputada mais uma vez na Áustria, país da Europa Central. Acho que o “Esquema merece”, assim como todos aqueles que gostam de ciclismo, nos quais me incluo. Aqui fica então, o registo! Quanto ao futebol distrital e concretamente à UDS, aí estão as primeiras provas de competição. Depois de um mês de trabalho de campo com muitos jogos de treino nos mais variados escalões que vão competir nesta época de 2012/2013, chegam as primeiras jornadas, embora ainda a conta e gotas, pois nem todos os sorteios estão efectuados, a confirmar o que escrevi no último mês. Nestes novos tempos, não só de crise, existem muitas outras coisas para lá do futebol, sobretudo os estudos em alguns escalões, como por exemplo os júniores e até o Futsall, embora aqui se colmate essas dificuldades, com

OUTUBRO

-- desporto - associativismo --

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menos os números de Agosto. Apesar dos imensos e incompreensíveis cortes na área da saúde, continua a ser uma área de grande impacto na gestão financeira da nossa Associação. Já na parte associativa, destaque para mais uma realização sócio desportiva, como foi e é o “Passeio do Coração”. Com um número de inscrições um pouco acima das 7 dezenas, ligeiramente superior às realizadas no ano passado, foi de novo um espaço de grande convívio e alegria entre todos aqueles que nele participaram, desde os que pedalaram aos que organizaram a prova, no caso a maioria dos directores e alguns (as) familiares, sempre disponíveis a ajudar. Uma palavra de apreço ao apoio da Forserra, Quartel Sede, Clinifátima e ainda às Associações da Chainça e de Caldelas.

Para este mês de Outubro, o destaque vai inteirinho para os almoços de angariação de fundos. Primeiro foi o da nossa freguesia no passado Domingo, dia 7. Este Domingo, dia 14, será na Caranguejeira e no sábado, dia 20, será o jantar na Chainça. No Arrabal será no dia 4 do próximo mês de Novembro. Para terminar, a direcção da Associação apela para que todos (as) participem de uma maneira ou outra, nestes almoços ou jantares, que continuam a ter uma vital importância nas contas da Associação, apesar de todas as dificuldades proporcionadas pela “crise”. Apesar de todos os meses fazer este apelo, continuo a fazê-lo. Mesmo sabendo que os sócios se habituaram a que os vários elementos dos núcleos da freguesia lhe cobram a quota a casa. O que é

um facto, é que as mesmas estão este ano com um grande atraso, sobretudo no que diz respeito à nossa freguesia. Sabendo de antemão que nem todos se podem deslocar propositadamente aos Cardosos, também sabemos que muitos são aqueles que lá passam no dia-a-dia. Assim aqui fica mais uma vez o apelo ao pagamento das quotas em atraso. Todos conhecem os cobradores em cada lugar ou ramo da freguesia. Se eles não vão ao vosso encontro, venham vocês ao deles, pois assim estão a contribuir não só para regularizarem a vossa situação, como amenizam o trabalho dos cobradores. Reconhecendo que todos sabemos e sentimos que também o voluntariado está em crise, vamos todos colaborar! O presidente da Associação Virgílio Gordo

Calendário Desportivo 2012/2013 semana do próximo mês de Novembro, com excepção dos Juniores, pois só em Dezembro iniciarão o campeonato, embora tenham de disputar um torneio de abertura na série B, com início no próximo dia 27, conjuntamente com as equipas de Carnide, Ranha, Arcuda de Albergaria dos Doze, Bidoeirense e União Desportiva da Batalha, tendo sido o sorteio no passado dia 9.

FUTSAL Campeonato Distrital da 1ª Divisão – Zona Norte 1ª Jornada, dia 13: UDS – GRAP – Pousos. 2ª Jornada, dia 20: Sismaria - UDS. 1ª Eliminatória da Taça distrital, dia 27: Casal D’Anja (Vieira de Leiria) - UDS

Futebol Juvenil Campeonato Distrital de Iniciados – Divisão de Honra 1ª Jornada, dia 14: UDS – Portomosense “A”. 2ª Jornada, dia 21: U. D. Batalha “A” - UDS. 3ª Jornada, dia 28: UDS – Guiense. Os restantes adversários são: Beneditense, Lisboa e Marinha A., Ass. Espeologica Óbidos, Nazarenos, GRAP, Marrazes, Sporting Pombal, U. D. Leiria “B”.

Miguel Marques - Arquivo

Ao contrário da época passada, o início dos diversos campeonatos futebolísticos, está ligeiramente atrasado, fruto do que tenho escrito nos últimos dois meses no Desportivamente, acerca do decréscimo de equipas inscritas na Ass. Futebol de Leiria. Com excepção dos seniores no Futsal e dos Iniciados na Divisão de Honra do Distrito, quase todos os outros escalões etários tem o início dos campeonatos marcado para o primeiro fim-de-

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-- sociedade --

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opinião

Solidão na Terceira Idade O Parlamento Europeu aprovou 2012 como o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações. As baixas taxas de natalidade e de mortalidade fazem prever, segundo a Organização Mundial de Saúde, que em 2025 existirão 1,2 biliões de pessoas com mais de 60 anos. Portugal não escapa a estas estatísticas, apresentando também um aumento significativo da taxa de população idosa. Apesar de existirem preocupações com os idosos, ainda não foi possível combater o fenómeno da solidão que assola grande parte desta faixa etária. O idoso ou sénior, como também é designado, passou pela infância, adolescência, juventude, adultez e agora vê-se confrontado com uma nova etapa da vida: a terceira idade ou senioridade. Para muitos, esta fase será apenas a continuação da vida, mas para outros será sentido como o início do fim da vida. A solidão começa quando se verifica o afastamento dos familiares, particularmente dos filhos, ou com a morte do cônjuge e a morte dos amigos. Quando os sentimentos de solidão, desânimo e tristeza se agrupam, podem conduzir a perturbações comportamentais, como por exemplo a depressão, que tem elevada incidência nesta idade. Na verdade, tudo depende de um conjunto de fatores. A diminui-

Pensamentos Liliana Vieira Psicóloga

ção da rede social e o facto de viver só, acarretam consigo o desespero, o aborrecimento e a autodepreciação. A solidão é uma experiência subjetiva e psicologicamente desagradável para quem a sente. Falamos de uma solidão emocional e dolorosa. Falamos de isolamento. Vários idosos a viverem em lares, rodeados de pessoas, referem sentir-se completamente sós. Muitos deles não recebem visitas há anos, tendo sido simplesmente despejados no lar, acabando por morrer sós, deprimidos e abandonados. Geralmente, a reforma marca o período em que as pessoas reduzem a sua participação na comunidade e se começam a isolar. O trabalho e a família são os dois eixos centrais que estruturam e definem a existência humana. Sem eles, deixam de estar reunidas as condições mínimas para encarar a vida como algo que valha a pena. Alguns estudos realizados com a população portuguesa

evidenciam que as pessoas que residem em ambiente mais familiar, tal como nas aldeias, beneficiando de maior estabilidade e maior contacto com a vizinhança, acabam por ter mais apoio e uma atitude mais positiva face ao próprio envelhecimento. Pelo contrário, envelhecer nas grandes cidades implica quase sempre uma vida de anonimato e de suporte social mais frágil. É neste sentido que ouvimos falar cada vez mais de envelhecimento com qualidade de vida e de envelhecimento ativo. Para fugir à solidão, o segredo está em manter a qualidade de vida, em casa sempre que possível, com apoio dos serviços domiciliários se necessário; em centros de dia ou em lares quando não existe outra solução. O ideal será manter uma rotina regular: passear, ver televisão, conversar com os amigos, ler, escrever, ocupar-se na agricultura, ajudar familiares, fazer ginástica, rezar, cantar… Há quem prefira continuar a trabalhar e há

quem se insira em acções de voluntariado. São inúmeras as ofertas e as possibilidades para se envelhecer ativamente. Quando tal não é mais possível, surgem os problemas. A retaguarda familiar e pessoal com que os seniores sempre contaram, muitas vezes falha. Geralmente é a doença dos pais que inicia o afastamento dos filhos, pois “dá trabalho” cuidar de alguém dependente. Estes idosos são esquecidos nas suas casas ou são colocados num lar, que jamais será o seu lar se os familiares os abandonarem. A vida moderna de ritmo acelerado e de constante trabalho, não deixa muitas opções aos familiares senão recorrer aos lares de terceira idade. No entanto, tal não serve de justificação para que a família se descarte das suas responsabilidades e não visite e telefone aos idosos com frequência. Diz-me como tratas os teus familiares idosos, dir-te-ei como serás tratado um dia. Cabe-nos a todos proporcionarmos dignidade e qualidade de vida aos nossos seniores e dar algum brilho às rugas da velhice e da sabedoria.

Saúde - Medicina Tradicional Chinesa

A Medicina Tradicional Chinesa: Uma Visão Holística da Saúde Com uma história que remonta há mais de três mil anos, a medicina tradicional chinesa é um dos grandes tesouros da medicina e farmacopeia da China. Ao longo de várias dinastias, médicos por toda a China desenvolveram, enriqueceram e aperfeiçoaram as diferentes especialidades desta medicina, das quais a acupuntura é a mais famosa e divulgada. Atualmente, na China, a medicina tradicional chinesa existe em qualquer hospital, coabitando com a moderna medicina alopática. O respeito e disciplina culturais do povo chinês permitiu-lhe

guardar os conhecimentos e bases da medicina tradicional e aliá-los ao desenvolvimento tecnológico e cientifico vindo do Ocidente, sendo possível hoje em dia constatar os efeitos surpreendentes desta medicina, divulgada um pouco por todo o mundo. E o que é a medicina tradicional chinesa? É uma medicina que se baseia na existência de um sistema energético para além do corpo físico. No nosso corpo, a energia circula por canais ou meridianos que têm pontos específicos ligados entre si e aos órgãos internos.

Quando há bloqueio nestes canais, a energia, o sangue e líquidos orgânicos podem estagnar e levar à doença. O excesso de trabalho, o stress, as emoções reprimidas, os hábitos alimentares desadequados, a falta de repouso, a exposição contínua a ambientes de frio, humidade, vento, secura ou calor são as principais causas que podem levar ao desequilíbrio do nosso organismo. E como o nosso corpo atua energeticamente, ele vai dando sinais e sintomas deste desequilíbrio. Nem sempre prestamos atenção a uma dor de cabeça ou a uma fadiga mais acen-

Parte I tuada e continuamos a manter as nossas práticas diárias até que, lenta e gradualmente, o organismo entra em rutura e adoece fisicamente. Visando o bem-estar e saúde do indivíduo, a medicina tradicional chinesa procura por um lado prevenir a doença e por outro, quando instalada, identificar e eliminar as suas causas, promovendo a cura natural. (continua na prox. edição) Sara Ismael Vieira Faustino faustinosara@gmail.com

Ser/ Não ser competente Nas nossas relações sociais e profissionais ousamos classificar, com alguma frequência, determinado órgão ou pessoa com o rótulo de competente ou incompetente do modo como desempenham as suas tarefas ou (a meu ver mal) apenas pelos conhecimentos teóricos que determinada pessoa tem. Sem entrar em grandes dissertações teóricas sobre o que é “ser ou não ser competente” (sempre discutível), se estas se desenvolvem por excelência na escola ou na experiência da vida pessoal, social e produtiva, ou em ambas, ousarei neste espaço – Pensamentos - abordar a temática, na base de definições de alguns teóricos, procurando encontrar algumas respostas sobre as causas do momento conturbado, a diversos níveis, que vivemos, especificamente, em Portugal. Vejamos o que se entende por competência recorrendo a alguns especialistas da matéria ” a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações” (Perrenoud Philippe) ou ainda “ competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes,(aptidões humanas) que justificam um desempenho ,melhor ou pior” (Spencer e Mac Lagan). Poderemos, ainda, citar uma especialista portuguesa nesta matéria, “ competência adquire-se com o conhecimento, mas implica a capacidade de mobilização inteligente para compreender e aplicar”- Maria do Céu Roldão” -). Seguindo o raciocínio, para a conclusão que pretendo, e concordando parcialmente com Acacia kuenzer- doutorada em Ciências da Educação-“ de que a simples existência de conhecimentos teóricos não é suficiente para desenvolver ações competentes e de que o lugar de desenvolver competências mobilizadoras de conhecimentos é a prática social e produtiva– poderemos começar por encontrar algumas respostas para o momento presente que a

António Oliveira Professor aposentado

todos nos aflige. Se olharmos para o currículo de cada um dos membros dos governos que nos têm (des)governado nos últimos anos, sejamos realistas, observamos ,com ilustres exceções, que todos são portadores de graus académicos superiores e inclusive doutoramentos nas melhores universidades do país e estrangeiro. Logo, estes senhores teriam algumas premissas para tomarem decisões inteligentes. (Entendo que quanto mais conhecimentos científicos uma pessoa tiver melhor poderá desenvolver competências, embora ter muitos conhecimentos teóricos, por si só, não seja igual a competente) Por paralelismo, seguindo a linha teórica de Acacia Kuenzer , dos estudos que fez numa empresa no seu país ,faltar-lhe-á ( aos nossos governantes) o conhecimento tácito , isto é a prática social e produtiva. Mas não só, ainda segundo a linha de pensamento desta autora, faltar-lhe –á a disposição para atuar e a capacidade para atuar em situações de stress(difíceis), dedução minha. Se as medidas aplicadas, não dão resultados, isto é,” não há uma mobilização inteligente dos saberes“ e teimam em continuá-las, estaremos, sem dúvida perante governos sem experiência, ou sem vontade para atuar eficazmente (o que seria muito mau). A conclusão óbvia para mim é que estaremos perante uma situação nítida de incapacidade governativa que se vem generalizando nos últimos governos, com resultados trágicos para o povo e país.


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-- histórias da História --

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2012

O republicano José Francisco Alves: 1902-19 José Francisco Alves nasceu em Cercal, aldeia da freguesia da Serra, no dia 27.3.1876, sendo herdeiro de Joaquim Francisco, de Parracheira, e de Ana de Jesus, daquela localidade. Era neto paterno de José Francisco e de Maria do Rosário, daquele povoado de Arrabal, e materno de Manuel Bonifácio e de Ana Maria, de Cercal. Teve mais cinco irmãos: José, nascido a 29.11.1872; Manuel, a 24.1.1874, médico; Joaquim, a 17.7.1878, médico; Maria José, nascida a 1.11.1880 e falecida a 8.2.1881, e Francisco, que nasceu a 8.5.1884. O pai surge nos Registos Paroquiais como sangrador, numa primeira fase, e professor de instrução primária, mais tarde. No campo do ensino, Joaquim Francisco referia-se, enquanto presidente da então Junta de Paróquia, em 1882, à importância de os pais enviarem os filhos à escola, ao invés de os ocuparem nos afazeres agrícolas. É assim, neste contexto, que os herdeiros do autarca vão todos estudar, seguindo, a posteriori, para instituições de ensino superior. Desta maneira, José, Manuel e Joaquim, sob a protecção de um pai extremoso, cursam Medicina. Os outros irmãos faleceram novos. [Sobre a temática dos Alves do Cercal é fundamental consultar o que foi escrito por Domingos Marques das Neves, "Coisas da nossa terra", in Luz da Serra, Janeiro, Fevereiro, Março e Maio de 2012]. José Francisco Alves, pelos estudos de que era detentor, foi uma personagem de destaque na vida política da freguesia de Santa Catarina. Aos 26 anos, a 16.1.1902, o Padre Francisco da Gama Reis, então cura da freguesia, convidou-o para secretário da Junta de Paróquia, que aceitou. [Ver: Livro 5 de Actas da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra (1893-1902), AJFSCS, fls. 44-44v]. No ano subsequente, a 16.8.1903, José Francisco Alves, de 27 anos, consorciou-se, na Igreja Matriz da Serra, com Rita Adelina Fragoso, de 25 anos, natural de Penamacor e residente na cidade de Coimbra, onde se tornou professora. Era descendente de Marcelino Pinto de Andrade e de Maria da Piedade Fragoso. Neste período, o enorme proprietário da freguesia mantém-se como escrivão da Junta de Paróquia, tendo transferido, no en-

tanto, a sua residência para a sede paroquial, habitando uma casa localizada na actual Rua Rita Fragoso, que fica na estrema da aldeia de Santa Catarina da Serra com o povoado de Pinheiria. Nem o falecimento do Padre Francisco da Gama Reis, a 15.09.1902, amigo do dr. José de Albergaria, 2.º barão do Salgueiro, retirou a importância política a José Francisco Alves. O novo presidente da Junta de Paróquia, António dos Santos Alves, natural de Soutocico, pároco, assumiu o cargo ainda antes do óbito do antecessor, assinando a primeira acta da edilidade no dia 6.7.1902. Este clérigo, que deu seguimento ao projecto de edificação da Matriz, de acordo com a planta do arquitecto suíço dr. Ernst Korrodi, residente em Leiria, manteve no cargo de secretário da dita Junta de Paróquia José Francisco Alves. No dia 15.3.1903, Joaquim Ferreira Gonçalves das Neves, natural de Ulmeiro, mas residente na sede de freguesia, coadjutor que fora do Padre Francisco da Gama Reis, rubrica, como presidente da nova Junta de Paróquia, a sua primeira acta. Não consegue, porém, prescindir de José Francisco Alves, que continua como escrivão. [Consultar: Livro 6 de Actas da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra (1902-1910), AJFSCS, fl. 10v]. Com o advento da I.ª República, que é implantada a 5.10.1910, os clérigos ficaram proibidos, em definitivo, de exercerem quaisquer cargos políticos, tendo sido substituídos por laicos. Na freguesia de Santa Catarina é José Francisco Alves quem ocupa, de imediato, o cargo de presidente da autarquia, assinando a primeira acta a 9.11.1910: «Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil novecentos e dez aos nove dias de N<ovem>bro do dicto anno: na sala das sessões da Junta de Parochia, tendo comparecido o Reverendo Parocho, e os cidadãos Jose Francisco Alves, de Santa Catharina, Manoel Pereira das Neves, de Valle Tacão, Luiz Marques, da Magueigia, Joze Justino Gonçalves, da Chainça e Manoel Pereira, do Sobral, nomeados pelo cidadão Governador Civil deste districto, por alvará de vinte e seis de Outubro vogaes efectivos da Junta de Parochia desta freguezia, compareceu tambem o regedor Jose Pereira Relha.

Procedendo-se à eleição para os diferentes cargos, esta deu o rezultado seguinte: presidente Jose Francisco Alves, vicepresidente Manoel Pereira das Neves; thezoureiro, Manoel Pereira; secretario Jose Francisco Alves. Declararam todos pela sua honra desempenharem fielmente as funcções que lhe erão confinadas». [Ver: Livro 6 de Actas da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra (1910-1922), AJFSCS, fls. 55v]. José Francisco Alves é presidente e secretário. Em 20.4.1911, o Governo Provisório, presidido por Teófilo de Braga, natural de Ponta Delgada, faz publicar, em Lisboa, a Lei da Separação da Igreja do Estado, da autoria do dr. Afonso Costa, a qual ia ao encontro de um dos princípios basilares do novo regime, o laicismo do Estado. A Lei saiu quatro dias depois do comício republicano em Santa Catarina. [Ver: Leiria Ilustrada, Ano 6, n.º 277, 15.4.1911]. Contudo, a aplicação da dita legislação foi difícil, na medida em que o Partido Republicano Português conheceu uma acérrima oposição por parte de inúmeras instituições religiosas que se viram espoliadas dos seus bens móveis e imóveis, os quais transitaram para a República. Em todas as freguesias do país, arroladores faziam inventários patrimoniais para apurar o que deveria ser nacionalizado. Na Serra, José Francisco Alves é nomeado, no dia 27.5.1911, pelo Partido. A 5.12.1911, o presidente da Junta tem o inventário pronto. Quatro pessoas de Vale Tacão tinham sido encarceradas, por causa de um letreiro com a frase «Morra a Republica - Fora os arroladores». [Ver: Leiria Ilustrada, Ano 6, n.º 297, 2.10.1911]. O inventário incluía o Passal, mas também 3 oliveiras que a Igreja Matriz tinha em Pinheiria, 1 no Vale das Costas, em Cova Alta, 1 no Vale Mourão, em Loureira, e 10 no logradouro de Ulmeiro. José Francisco Alves continuava como presidente e escrivão da Junta de Freguesia. A 15.6.1913 nomeou Manuel Pereira, de Sobral, para secretário. Neste mesmo período, o autarca andava ocupado com a política em Leiria, uma vez que fora eleito pelo Partido Republicano Português, dirigido por Afonso Costa, para vogal efectivo da Câmara Municipal. [Ver: Leiria Ilustrada, Ano

8.º, n.º 413, 22.11.1913]. A ligação de José Francisco Alves ao PRP é compreensível numa família em que todos os irmãos eram republicanos, pois o dr. Manuel Francisco Alves, médico em Marinha Grande, fazia parte do Partido, assim como o dr. Joaquim Francisco Alves, médico municipal de Ourém. O dr. João Lopes Soares, do 32.º grau maçónico, e o dr. Ernst Korrodi, arquitecto, eram corregiolários dos Alves. No ano de 1912, Korrodi, herdeiro de Hans Heinrich Korrodi, professor no Liceu de Zürich, e de Anna Muller, consorciado com Quitéria Maia, director da então Escola Industrial Domingos Sequeira, em Leiria, e empresário em Opeia, Caranguejeira, onde tinha uma exploração de calcário, era Venerável do Grémio Gomes Freire, loja maçónica fundada em 1907. Nesta agremiação leriense iniciarase Artur de Oliveira Santos, administrador, em 1917, do concelho de Ourém, fundando um triângulo maçónico, o 91, ao qual estava ligado o dr. Joaquim Francisco Alves, membro do PRP. Em Leiria, os irmãos do Grémio, sob dependência do Grande Oriente Lusitano Unido, pugnavam pela aplicação da Lei da Separação da Igreja do Estado, pelo desenvolvimento da Instrução e ainda pela obrigatoriedade do registo civil. Na freguesia da Serra, ao abrigo do § 1, da Lei de 10 de Julho de 1912, é criado um posto de registo civil, ficando em casa de José Francisco Alves, assinante de «O Século». Em Leiria, no ano de 1917, José Francisco Alves, conhecedor de princípios e símbolos maçónicos (observe-se o jazigo), estava como vereador da Câmara Municipal. Com a ditadura de Sidónio Pais, em 1918, inúmeros autarcas republicanos foram perseguidos e impôs-se a censura. Em Santa Catarina era presidente da edilidade, desde 2.1.1918, António Pereira das Neves, do sítio da Granja, Sobral. Como católico e, quiçá, monárquico, era correspondente do jornal «O Mensageiro». Aquando do assassinato, no dia 14.12.1918, de Sidónio Pais, abatido a tiro na estação do Rossio, em Lisboa, a autarquia presidida por António Pereira das Neves condenou, em acta, o atentado, que atribuiu a homens indignos educados nas

«sociedades secretaz», isto é, na maçonaria. [Consultar: Livro 6 de Actas da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra (1910-1926), AJFSCS, fl. 64]. Nos princípios de 1919, a alma de Sidónio Pais foi, por todo o país, sufragada. Leiria, em geral, e a Serra, em particular, não foram excepção. Na missa realizada na Matriz, onde esteve a edilidade da freguesia, não compareceu, estranhou o então presidente da autarquia, o professorado. [Consultar: O Mensageiro, Ano V, n.º 222, 24.1.1919]. Em 1919, ocorreram novas eleições autárquicas. Em Leiria, à lista do Partido Republicano, onde estava incluído José Francisco Alves, para vereador efectivo do Município, opunha-se a lista dos monárquicos e conservadores, na qual se achava Faus-

Vasco Jorge Rosa da Silva Investigador em História Paleógrafo e Epigrafista Leiria - Ourém tino Pereira Gonçalves das Neves, de Siróis. Este era tio e sogro do citado António Pereira das Neves, ex-autarca. O Partido Republicano Português venceu as eleições, conseguindo 80 votos no círculo eleitoral de Santa Catarina e Arrabal. A 5.10.1956, José Francisco Alves comemorou a Revolução Republicana (1910).

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OUTUBRO 2012

Poesia da nossa Freguesia

As Vindimas

Por: Lúcia Ribeiro

Como é lindo as vindimas, Que o homem sabe fazer, Transformar a uva em vinho, Para o poder beber.

Só depois faz a vindima, E no lagar faz o seu vinho Vai esperando dia a dia, Até dia de São Martinho.

Mas é um trabalho árduo, Pois não é só vindimar, Porque antes da colheita, Há muito em que cuidar.

É chegada a altura, De provar da sua colheita, Foi com a mão do Senhor, Que conseguiu a receita.

Podam, cavam, espoldram e curam, Muito mais há a fazer, É trabalho de um ano, Para se poder colher.

Porque não é só de agora, Que há vinho sobre a mesa, Pois na mesa do Senhor, Já havia esta riqueza

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É quando chega o Outono, Que o homem vai cortar, Os belos caixinhos de uvas, Para os saborear.

Outubro 19 – Centro Social Par. Santa Catarina da Serra Noite de Fados 21 – Rancho Folclórico de S. Guilherme Almoço de angariação de fundos 27 – União Desportiva da Serra 36º Aniversário do Clube 28 – Paróquia Santa Catarina da Serra Profissão de Fé

Novembro 01 – Ass. de S. Miguel - Olivais Bolinho Partilhado 01 - Ass. Cult. Rec. Sobral Bolinho Partilhado 03 - Conf. S. V. Paulo Jantar de Homenagem Américo Vieira 10 – Ass. de Bombeiros Magusto Tradicional 10 – Paróquia Santa Catarina da Serra III Festival de Sopas - Jovens Festeiros 1992 10 – Ass. de S. Miguel - Olivais Almoço Chícharo com bacalhau/azeite/vinho

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LUZ DA SERRA

-- sociedade --

Fenómenos da nossa terra Este mês fomos descobrir mais uma abóbora de dimensões anormais. Desta vez, na Barreiria em casa do Sr. José da Cruz e Adelina Vieira da Cruz. “Nunca tive uma abóbora deste tamanho no meu quintal” afirma. Mesmo assim, esta abóbora está muito longe da abóbora que detêm o recorde do guiness... com 820Kg de peso.

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Minimaratona e caminhada solidária Venham correr ou caminhar, mas venham. Vamos ajudar a salvar vidas, vamos ajudar crianças necessitadas, vamos ajudar quem precisa e a nós próprios. Inscrições on-lin em www.minimaratonaleiria.com Valor da inscrição: 4€ (vale um kit que traz uma t-shirt) 14 de Outubro de 2012 Local de partida: Estádio Municipal de Leiria Receção dos participantes: a partir das 8 horas Inicio da corrida: 10 horas Pontos de Inscrição: lojas São Ópticas, loja Stop, ADAL, junto dos companheiros rotários e online com pagamento por transferência bancária. Organização: Câmara Municipal de Leiria, ADAL e o Rotaract Club de Leiria

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Atenção ex-combatentes do ultramar Como foi combinado no nosso 1º encontro, vamos organizar, no “festival do chícharo, um mural com as recordações da nossa comissão no ultramar. Se queres estar representado – gostaríamos que estivessem todos – entrega na junta de freguesia até 31 de outubro, fotografias ou outros “roncos” que consideres interessantes para marcar esse período das nossas vidas. Também os familiares dos colegas que já faleceram, podem participar com recordações que tenham em seu poder. Nota: tudo será devolvido após esta exposição

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LUZ DA SERRA

última

-- divulgação --

OUTUBRO 2012

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