Globalização

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A globalização económica e capitalista parece não ser acompanhada por uma globalização dos direitos humanos e da melhoria das condições de vida de todos os povos. O mundo tornou-se num enorme mercado, e os homens são vistos ou como meios ou como consumidores. A globalização económica provocou graves desigualdades nas sociedades e entre os países. Como resposta, têm surgido, várias organizações não governamentais que realizam encontros e manifestações a nível mundial, consolidando a pouco e pouco um grande movimento crítico da globalização. As posições sobre a defesa e a rejeição da globalização acentuam-se. De um lado, a Organização Mundial de Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, o G8, que regulam a economia a nível global; do outro lado, o Fórum Social Mundial, a Acção Global dos Povos Contra o Livre Comércio e a Organização Não Governamental, Globalização Social e Política, Globalizar os Direitos Humanos, que contestam o predomínio dos interesses económicos e financeiros e o esquecimento da cidadania e dos direitos sociais e humanos.

“A globalização é palavra-chave da transformação estrutural que está a sofrer o nosso mundo. A sofrer é o termo adequado, reconhecendo muito embora o extraordinário desenvolvimento tecnológico e económico que estamos a viver nas sociedades desenvolvidas, porque o processo de mudança se apresenta para a maioria das pessoas como alheio, incontrolável e inevitável. Daí que tenham surgido fortes reacções defensivas e movimentos críticos contra o processo de globalização. E uma das críticas refere-se ao desenvolvimento unidimensional da globalização à volta de interesses económicos e capitalistas. Mas, na realidade, a transformação que estamos a viver é multidimensional. E com a globalização da tecnologia e da economia, colocase com força com força crescente a globalização da política e da cultura. A partir de cima, mediante a conexão entre os Estados e a expansão planetária dos meios de comunicação. A partir de baixo, mediante a emergência de vozes críticas e movimentos sociais, que reclamam o controle social da globalização económica, assim como a globalização dos direitos humanos e exigem a afirmação política do seu respeito universal. Para além da globalização em sentido estrito, assistimos também à globalização da ciência, da tecnologia e da informação; a globalização da comunicação, tanto nos meios de comunicação de massa e multimédia, como nas novas formas de comunicação através da internet; numa dimensão mais sinistra, a globalização do crime organizado tende a penetrar nas instituições governamentais em numerosos países, com efeitos perversos sobre a soberania e a legitimidade política”. Manuel Castells, “Globalização, estado e Sociedade Civil”

Sandra S. Rodrigues

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