Folha Viva [43]

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EDITORIAL

FolhaViva MARร O nยบ43 2014


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Sapal do Coina Um local de excelência para a observação de aves

O ecoturismo, a visitação e conservação da natureza e o lazer são setores por explorar no Concelho, e que podem criar riqueza e postos de trabalho. O património natural da Reserva permite apostar nesta estratégia e é esse o compromisso que assumi desde o início do mandato – tornar a Reserva Natural Local num pólo de desenvolvimento sustentável. A Mata Nacional da Machada e o Sapal do Rio Coina são dois espaços únicos ao nível da biodiversidade. Estes “oásis” são um património que temos procurado potenciar, tornando-os numa referência ambiental, a nível local e regional. Porque temos consciência de que um futuro melhor só pode existir com um melhor ambiente, tem sido feita uma forte aposta nestes que são os dois maiores e mais importantes espaços verdes do concelho do Barreiro.

Pretendemos que sejam geradores de mais-valias para a comunidade local, um valor acrescentado na perspetiva metropolitana e uma articulação e complementaridade com áreas próximas, principalmente a Reserva Natural do Estuário do Tejo, o Parque Natural da Arrábida e o Parque Florestal de Monsanto. É nossa intenção promover e potenciar o Sapal do Coina como um local de excelência no turismo ornitológico, devido às suas características únicas. Tal implica um conjunto de investimentos, que criem as condições para a visitação a este local. E decisões que ultrapassam a nossa esfera de competências direta. Estes são passos que estão a ser dados no sentido de criar uma maior ligação entre a comunidade e estes espaços naturais, mas também para aproveitar todo o potencial turístico e económico inerente. Para isso, temos de saber o que queremos e temos de ter a capacidade para dialogar e para envolver muitas outras entidades neste processo, algumas com poder de decisão. Temos de nos orgulhar e, sobretudo, preservar o nosso património natural, por isso estamos a estabelecer medidas que visem a valorização do seu papel enquanto espaços estruturantes e fundamentais do concelho, zelando pela sua conservação e manutenção. O desenvolvimento dum concelho novo, moderno e atrativo também passa por aqui!

BRUNO VITORINO Vereador da Câmara Municipal do Barreiro Vice-Presidente do Conselho de Administração da S.energia bruno.vitorino@cm-barreiro.pt


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FOTORREPORTAGEM

Charcos para a biodiversidade

Quem reservou o sábado, no passado dia 1 de março, e não se deixou intimidar pela chuva, teve oportunidade de participar na atividade “Charcos para a Biodiversidade”.

Sensibilizados os participantes para a temática, e uma vez que fazer é das melhores formas para consolidar conhecimentos, passou-se para a parte prática: construir um charco. Sensivelmente numa hora foi possível escolher e preparar o local. Foi necessário escavar com o auxílio de ferramentas, impermeabilizar o terreno e usar pequenos truques para deixar preparadas as condições para que surja um pequeno charco. O objetivo é que os participantes guardem consigo as ferramentas teórico-práticas com que ficaram através desta atividade, para que consigam replicar e manter de forma simples este ecossistema e sensibilizar outras pessoas para a sua importância. Relembramos que o Reserva o Sábado é uma atividade gratuita que o Centro de Educação Ambiental promove no primeiro sábado de cada mês, no espaço da Reserva Natural Local da Mata da Machada e Sapal do Coina, e que pretende reforçar a importância da conservação da natureza e da biodiversidade no concelho.

Aqui, descobriu-se a importância ecológica e as funções ambientais deste ecossistema, frequentemente desconhecido e desvalorizado. Um charco é uma massa de água de pouca profundidade, maior que uma poça, ou seja, que não se consegue passar com um passo por cima, e menor que um campo de futebol, ou seja, com menos de um hectare. Pode ser temporário ou permanente, natural ou construído, e nele podemos encontrar com regularidade, níveis de biodiversidade superiores à dos lagos e lagoas. É habitualmente um ponto de água doce essencial para muitos animais e considerado um hotspot determinante em termos de biodiversidade local.

Espaço web /cea.barreiro


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PAISAGENS

O novo código da estrada e os velocípedes

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oi reforçado o dever dos condutores de veículos de terem um especial cuidado com utilizadores vulneráveis (incluindo bicicletas), moderar a velocidade e aumentar as distâncias de segurança. Na ultrapassagem, os condutores têm agora que ocupar a via de trânsito adjacente, abrandar, e manter pelo menos 1,5 metros de distância lateral de segurança da bicicleta ultrapassada. Aos utilizadores da bicicleta cabe circular pelo lado direito da via de trânsito, preservando das bermas ou passeios uma distância suficiente que permita evitar acidentes. Passam ainda a poder circular a par dentro de uma mesma via, exceto em vias com reduzida visibilidade, desde que não exista intensidade de tráfego, e que tal não cause perigo ou embaraço ao trânsito. Muito conveniente para quem circula em meio urbano é que a utilização de pistas para velocípedes deixa de ser estritamente obrigatória, apenas “preferencial”. Uma regra que normalmente causa dúvidas é a prioridade: as bicicletas deixam de perder a prioridade em cruzamentos, e seguem as mesmas regras de prioridade que os outros veículos. Como exemplo, num cruzamento sem sinalização, a bicicleta apresentando-se pela direita, tem prioridade! Os ciclistas têm prioridade sobre todos os veículos, quando não haja sinalização vertical a indicar-lhes o contrário, no atravessamento de passagens ou passadeiras dedicadas para velocípedes (não confundir com passadeiras para peões). Para quem tem crianças que gostam de pedalar ou passear à boleia, até aos 10 anos, estas podem circular em bicicleta nos passeios e pas-

as bicicletas deixam de perder a prioridade em cruzamentos, e seguem as mesmas regras de prioridade que os outros veículos. sadeiras, e com a utilização de triciclos e atrelados até 1 m de largura, é permitido o transporte de passageiros em atrelados. O número total de artigos modificados é considerável, e os artigos a serem consultados em são o 1º, 3º, 11º, 13 º, 17º, 18º, 30º, 32º, 38º, 78º, 90º, 91º, 103º, 104º, e 113º. Cabe a cada município a decisão sobre a permissão de circulação de bicicletas nos corredores BUS (77º) e a criação de zonas de coexistência, com um limite de velocidade de 20 km/h, nas quais todos os utilizadores são permitidos, simultaneamente. A prioridade na coexistência segue a ordem da vulnerabilidade: primeiro os peões, depois bicicletas, e em último lugar automóveis (78º A).


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Fica uma nota final, não para uma alteração, mas para a tão esquecida obrigatoriedade da iluminação de bicicletas. Esta não se altera e está regulamentada no Art.º 59º e na Portaria 311-B/2005 de 24 de março, de forma detalhada: refletores dianteiros e traseiros, quantidade e cores das luzes de presença, local, intensidade e orientação. Estas são obrigatórias desde o anoitecer até ao amanhecer e sempre que as condições de circulação causem má visibilidade. Para além da legislação, campanhas e informação são disponibilizadas pelo IMTT, FPCUB e MUBI. O conhecimento do código de circulação torna o ciclista mais consciente dos seus deveres e de potenciais perigos, mas também dos seus direitos que saíram definitivamente reforçados nas últimas alterações do código.

Espaço web /ibikebarreiro http://ibikebarreiro.blogspot.com


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PERFIL

SONS DO ARCO RIBEIRINHO SUL EM EXPOSIÇÃO

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o Piso 1 do Auditório Municipal Augusto Cabrita está patente uma exposição alusiva ao projecto Sons do Arco Ribeirinho Sul, uma iniciativa da OUT.RA – Associação Cultural, com o apoio da CMB / CEA da Baía do Tejo. Neste projecto, iniciado em 2011 e agora concluído, elaborou-se um retrato sonoro do Concelho do Barreiro, com especial incidência nas áreas da Reserva Natural Local da Mata da Machada e do Sapal do Rio Coina, bem como em outras zonas da Frente Ribeirinha do Concelho, como a Praia de Alburrica ou o Parque Industrial. Estas recolhas sonoras, reunidas num arquivo online, pretendem lançar as bases para um entendimento diferente da cidade, através da escuta dos sons característicos dessas áreas, quer sejam as muitas espécies com habitat na Mata da Machada, quer a atividade humana ou industrial, que contribuem para a identidade do Barreiro.

Infos: Piso 1 do Auditório Municipal Augusto Cabrita – Parque da Cidade do Barreiro. Horários de funcionamento da exposição: Das 14h00 às 20h00. Encerra às segundas-feiras e feriados. Serviço Educativo: - Visitas guiadas para escolas: 3ª e 5ªs-feiras, 10h00 às 11h00 (máximo 1 turma por visita). - Visitas guiadas para o público em geral: 2º e 4º sábados de cada mês, 14h00 às 15h00 (nº mínimo/máximo de inscrições: 6/15 pessoas). - Atividade gratuita, mediante marcação prévia: informações/marcações 212 147 410 ou cultura@cm-barreiro.pt O arquivo online final estará disponível, a partir de 31 de março, em: www.sonsdoarcoribeirinhosul.com

A exposição, que pode ser visitada até 30 de março, oferecerá um pequeno percurso pelas várias fases do projeto, desde a fase inicial de conceção até à audição de alguns dos sons que compõem o arquivo sonoro final. Contará com visitas guiadas à comunidade escolar, e acolherá, no dia 28 de março, pelas 21h30, um Concerto Para Olhos Vendados, pelo artista Luís Antero, baseado inteiramente nos sons recolhidos por si para este projeto (entrada livre). O filme documental realizado em acompanhamento do projeto, e que traduz, visualmente, todo o trabalho desenvolvido na recolha deste património imaterial do Concelho, pode ser visto no decorrer das visitas guiadas à exposição. Rui Pedro Dâmaso (Dirigente da OUT.RA – Associação Cultural)

Espaço web /sonsdoarcoribeirinhosul www.sonsdoarcoribeirinhosul.com


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PERFIL

projeto fruta feia Numa sociedade em que cada vez há mais pobreza e mesmo alguma fome, assiste-se à situação irónica e triste de mais de 30% da fruta produzida em Portugal ser desperdiçada pois, apesar de ser saborosa e de qualidade, não tem o aspeto perfeito em termos de cor, formato e calibre que a grande distribuição procura e que os consumidores escolhem.

O Projeto Fruta Feia tem como objetivo principal canalizar essa parte da produção fruto hortícola até àquele consumidor que não julga a qualidade pela aparência.

Um mercado que gere valor para os agricultores e consumidores, e combata tanto o desperdício alimentar como o gasto desnecessário dos recursos utilizados na sua produção - água, terrenos cultiváveis e energia. Modelo e funcionamento atual Reconhecendo que a atual preferência dos canais de distribuição por frutas e legumes esteticamente perfeitos foi, em grande parte, imposta pelo consumidor que no supermercado optava sempre pelas frutas perfeitas, considerámos que o modelo que melhor respondia ao objeto da Fruta Feia era o da Cooperativa de Consumo, devolvendo assim ao consumidor a responsabilidade de inverter tal tendência e o desperdício alimentar que daí advém. A cooperativa Fruta Feia CRL arrancou no dia 18 de novembro de 2013, com a sua primeira delegação/ponto de entrega em Lisboa, que funciona uma vez por semana (segunda-feira), num espaço cedido pela Associação Casa Independente, sita no Largo do Intendente n.º 45.

Espaço web Este projeto visa combater uma ineficiência de mercado, criando uma marca e um movimento que consigam alterar padrões de consumo e criar um mercado para a chamada “fruta feia”.

/FrutaFeia www.frutafeia.pt

@ frutafeia@gmail.com


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200

Consumidores associados (mais 320 em lista de espera)

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Agricultores parceiros

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VoluntĂĄrios para a montagem das cestas

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Semanas de funcionamento

9,7

Toneladas de desperdĂ­cio evitado


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PROJETO ESCOLA

COASTWATCH UM PROJETO A MANTER!

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Coastwatch tem-se revelado um projeto dinamizador e encorajador para a nossa escola e, mais concretamente, para o curso de Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho e Ambiente. Os estudantes deste curso aproveitam o CoastWatch para aumentar o seu conhecimento e curiosidade na área que aos recursos ambientais diz respeito, potenciando assim as suas aprendizagens de forma prática e estimulante. O enquadramento e as explicações entusiasmantes feitas pelo responsável local do Barreiro e a articulação com a Câmara Municipal do Barreiro, em muito contribuíram para a captação de interesse por parte dos alunos da Escola Profissional Bento Jesus Caraça. Esta iniciativa anual, à qual a escola aderiu no ano letivo 2010/2011, tem vindo a sensibilizar a comunidade educativa para a importância da preservação e monitorização dos espaços litorais, uma vez que leva os jovens a descobrir as “riquezas de fauna e flora” que se encontram presentes na sua localidade, bem como as ameaças que sofrem. Além do óbvio interesse que o Projeto Coastwatch tem no âmbito da formação técnica dos nossos alunos, traz-lhes também mais-valias do ponto de vista das chamadas competências transversais. O trabalho desenvolvido no âmbito do projeto oferece a cada aluno a oportunidade de desenvolver um sentimento mais profundo de responsabilidade pelo património natural da região, bem como a noção do papel do cidadão comum no sentido de participar na preservação de cada espaço. Por outro lado, os alunos valorizam sempre a possibilidade de aprender fora da sala de aula, ao mesmo tempo que podem contribuir para um conhecimento mais profundo dos nossos recursos naturais, num ambiente de convívio, descontração e intervenção cívica.


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Por tudo isto podemos afirmar que esta iniciativa, de interesse comunitário e ao mesmo tempo local, tem já um grande valor na nossa comunidade educativa, encontrando-se as entidades dinamizadoras de Parabéns. Professora Dora Teresa Professora Raquel Rodrigues Escola Profissional Bento Jesus Caraça


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GRANDES INVENÇÕES

ÓCULOS Os primeiros óculos que existiram foram criados pelos chineses, há mais de 2000 anos. No entanto, estes óculos não corrigiam a visão, servindo apenas para proteger os olhos do Sol. Quem tinha problemas de visão, tinha de viver com isso. Por exemplo, em Roma, os senhores com pouca visão obrigavam os escravos a lerem para eles. Os escravos, se vissem mal, eram vendidos barato.

O nome “óculos” vem do latim ocularium, um termo que se referia ao orifício feito nas armaduras de cabeça dos soldados, que lhes permitiam ver. No século I d.C. o cientista árabe Alhazen observou como a luz se refletia quando atravessava uma lente (um pedaço curvo de vidro), e percebeu que os objetos, vistos através de algumas lentes, pareciam maiores. Rapidamente os monges da europa começaram a usar as “pedras de leitura”: umas lentes que deslocavam sobre as páginas dos livros e aumentavam as letras. O inglês Roger Bacon escreveu, em 1268, sobre o modo como as lentes poderia ser usadas diante os olhos para corrigir a falta de visão, mas nunca meteu em prática as suas ideias. Só uns anos mais tarde, em Itália, surgiram os óculos, que se tornaram um sucesso.

Os primeiros óculos não tinham hastes: prendiam à volta do nariz. Tratava-se de duas lentes presas por armações de metal, que se uniam por uma articulação dobrável, ou um arame maleável. As hastes só surgiram, por volta do século XVII. No início, os óculos apenas corrigiam a hipermetropia, ou seja, a dificuldade em ver ao perto. Por isso, eram apenas usados para fazer trabalhos manuais, ler ou escrever. Mas com o passar dos anos, foram feitos desenvolvimentos importantes, e que muito têm ajudado quem tem diferentes problemas de visão. Logo no século XV começaram a ser usadas lentes para fazer óculos para pessoas com miopia (dificuldade em ver o que está longe). As lentes bifocais (dois tipos de lentes numa só), foram criadas em 1784 pelo americano Benjamin Franklin, e cerca de 100 anos depois, o suíço A. Eugene Fick inventou as lentes de contacto, que são colocadas diretamente no olho, não sendo necessária a armação para segurar as lentes corretivas.


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ECOPÁGINA

VIRA O DISCO! Mesmo que os velhinhos discos tendam a ser substituídos pelos cd’s, o vinil veio para ficar.

Dê uso àqueles que entretanto se riscaram, e parecem não ter outro destino que não seja o lixo. Transforme-os em originais taças, que pode usar como fruteira ou vaso, seguindo estes passos.

material necessário

• Uma taça de pirex, ou inox ou outro material que possa ir ao forno • Folha de alumínio • Um disco de vinil

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passo 1

Comece por pré-aquecer o forno a 180ºC e coloque o vinil sobre a taça voltada com a abertura para baixo. Cubra o vinil com a folha de alumínio. Leve ao forno por 4 minutos, até perceber que o disco está a ficar mole.

passo 2

Retire do forno, com cuidado. Para não se queimar na taça, use luvas, e vire-a ao contrário, com a abertura para cima. Coloque o disco no seu interior e molde-o à taça, com relativa rapidez (cerca de 1 minuto).

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Escolha outro tamanho de taça para moldar, consoante a medida que pretende para esta de vinil.

passo 3

Deixe arrefecer um pouco ainda na forma, e retire. Está pronto a usar e fazer maravilhas na sua decoração!!

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PROJETO ESCOLA

EXPOSIÇÃO/ CONCURSO DE AVES

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a Escola Básica 2,3 de Álvaro Velho decorreu até ao dia 23 de janeiro uma exposição de fotos de aves do fotógrafo Faísca, acompanhada de uma exposição de aves em 3D elaboradas pelos alunos no âmbito do clube ”Os Amigos da Natureza”. Este concurso consistiu na realização de aves em 3D com materiais reutilizados/reciclados pelos alunos e respetivas famílias, e foi alvo de uma votação online no portal da escola. Foi, ainda, apadrinhado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que fez parte do painel de júri e contou com uma equipa de professores que colaboraram na montagem da exposição.

Em primeiro lugar ficou a Neuza Gonçalves (9º D) com um flamingo, seguida do João Silva (5ºD) com um mocho, e do Rúben Santos (9ºD) com um pardal. Ainda dentro desta atividade, os alunos irão distribuir pelas árvores da escola, ninhos por eles elaborados. A Coordenadora do clube Helena Pires


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IMPRESSÕES COLORIDAS

OS LUGARES MAIS POLUÍDOS DO PLANETA Encontrar paisagens idílicas do nosso planeta não é difícil. No entanto, existem outros locais que duvidamos da sua existência ou em que seja possível sobreviver

Foto: Blacksmith Institute


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IMPRESSÕES COLORIDAS

S

ão várias as organizações que tentam ajudar as populações locais e procuram soluções de recuperação ambiental e controlo de doenças que atingem milhões de pessoas. É o caso do Instituto Blacksmith, uma organização internacional sem fins lucrativos, responsável pela elaboração de uma lista com os locais mais poluídos do planeta em 2013. São eles: Agbogbloshie, Gana O Gana importa cerca de 215.000 toneladas de lixo eletrónico da Europa. Todos procuramos ter a tecnologia mais recente no dia-a-dia, por isso a este bairro chegam computadores, telemóveis, micro-ondas, frigoríficos, televisores, entre outros, que tenham sido considerados inúteis. Assim, Agbogbloshie é o segundo maior local de processamento de resíduos eletrónicos da África Ocidental. Os especialistas acreditam que rapidamente se tornará no maior, visto que está previsto que receba até 2020 os nossos gadgets. Estima-se que 40 mil pessoas sejam afetadas diretamente. Chernobyl, Ucrânia Quem não conhece a trágica história deste local, considerado o pior desastre nuclear de sempre, em que ocorreu a libertação de radiação nuclear 100 vezes superior às bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki? Desde 1986 que os efeitos se fazem sentir: bebés que nascem com mal-formações, doenças respiratórias graves, infertilidade, cancro, entre outros. Mas não se pense que os efeitos da radiação apenas se fazem sentir nos limites da cidade, existem vastíssimas áre-

Foto: Blacksmith Institute

as contaminadas na Bielorrússia, Rússia e Ucrânia. Estima-se que cerce de 10 milhões de pessoas foram afetadas pela poluição de Chernobyl. Rio Citorum, Indonésia Há 2 décadas era um rio límpido, onde os pescadores passavam calmamente os seus dias e um local bastante visitado por famílias. Passados 20 anos, tornou-se o depósito de lixo doméstico de 9 milhões de pessoas, e onde cerca de 500 empresas têxteis libertam os seus resíduos e efluentes carregados de produtos químicos. Atravessar este rio de barco tornou-se uma verdadeira proeza, e por incrível que possa parecer, 80% do fornecimento de água de Jacarta provêm das águas deste rio. Chumbo, alumínio, manganês e ferro são alguns dos poluentes que afetam diretamente mais de 500 mil pessoas e 5 milhões indiretamente. Dzerzhinsk, Rússia A cidade foi construída em 1929 com o propósito de albergar indústrias químicas, a sua existência foi mantida em segredo uma vez que era aqui que se produziam armas químicas devastadoras. Com a queda do regime da antiga União Soviética, as fábricas e os seus produtos foram deixados ao abandono. Existem poucas árvores (franzinas e sem folhas), poucos animais subsistem e a população sofre de inúmeras doenças, a esperança de vida é de 47 anos para as mulheres e de 42 para os homens.


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Foto:www.planetforward.ca

Hazaribagh, Bangladesh É a região com mais curtumes de Bangladesh. Fábricas e tecnologia obsoletas e métodos de trabalho ultrapassados promovem com que cerca de 22 mil litros de resíduos tóxicos sejam despejados por dia no rio Buriganga. Este curso de água é também a principal fonte de abastecimento de água em Dhaka. Uma vez que o principal agente químico presente nesta indústria é o crómio hexavalente, são inúmeros os casos de cancro que afeta a população.

Rio Matanza – Riachuelo, Argentina Foi considerado o rio mais poluído da Argentina e a sua bacia, uma das mais contaminadas do mundo. Cerca de 5000 fábricas libertam os seus esgotos nas águas do rio, que estão carregadas de grandes quantidades de zinco, chumbo, cobre, níquel e outros metais pesados. São conhecidos diversos problemas de saúde na população, ao nível do sistema digestivo e das vias respiratórias. Estima-se que a poluição possa afetar cerca de 20.000 pessoas que vivem na zona.

Kabwe, Zâmbia É a segunda maior cidade da Zâmbia, que se dedica principalmente à exploração dos recursos geológicos. Durante um século, as minas de chumbo libertaram finas partículas de metais pesados para a atmosfera, que se depositaram no solo de Kabwe e das cidades vizinhas. Em 2006, foram efetuadas análises ao sangue das crianças locais e verificou-se que os níveis de chumbo excediam os valores recomendados entre 5 a 10 vezes.

Delta do Rio Níger, Nigéria É uma área densamente povoada, concentrando cerca de 8% de toda a população da Nigéria. O Delta do Rio é atravessado por milhares de quilómetros de oleodutos, muitos deles em mau estado de conservação, com cerca de 4 ou 5 décadas. Devido a diversos derrames de petróleo (entre 1976 e 2001 cerca de 7000 acidentes) e ao roubo desta tão cobiçada matéria-prima, julga-se que o equivalente a 240 mil barris de petróleo contamine o delta anualmente.

Kalimantan, Indonésia Localizada na ilha de Bornéu, esta zona é conhecida pela riqueza em ouro. Os métodos utilizados pelos mineiros são ainda pouco desenvolvidos, recorrendo ao mercúrio para a extração do ouro. Este metal pesado foi gradualmente penetrando no solo e contaminou os lençóis freáticos. Estima-se que cerca de 225 mil pessoas estejam a sentir os efeitos nefastos do mercúrio na sua saúde.

Norilsk, Rússia Nesta cidade industrial na Sibéria, aproximadamente 500 toneladas de óxidos de cobre e de níquel, e milhões de toneladas de óxido de enxofre, são liberadas. A poluição do ar é tão grande que a expectativa de vida dos trabalhadores das indústrias da cidade é dez vezes menor do que a média registrada na Rússia.


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OBSERVATÓRIO

maçarico-debico-direito

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imosa limosa ou maçarico-de-bico-direito é uma ave limícola de médio porte, que faz parte da extensa ordem dos Charadriiformes e da família Scolopacidae. Atinge facilmente os 36 a 40 cm de comprimento e apresenta pernas compridas e negras. A sua característica mais marcante, e que lhe dá o nome, é o longo bico direito, que possui uma coloração que varia entre os tons laranja e arroxeado, mas sempre com a extremidade preta. Em voo, a barra preta na cauda em contraste com o uropígio branco e a larga e branca banda alar dão-lhe um ar singular. Pode, no entanto, ser facilmente confundida com outra limícola, o fuselho (Limosa lapponica), contudo este não possui um porte tão elegante, uma vez que apresenta o pescoço, bico e pernas mais curtos. Na época de acasalamento, os adultos apresentam uma plumagem nupcial com tons alaranjados na cabeça, pescoço e peito, embora nas fêmeas estes tons sejam mais suaves. Quando não se encontram com plumagem nupcial, as aves têm as regiões superiores de cor cinzenta uniforme e a parte ventral branca. Os juvenis apresentam tonalidades mais próximas do castanho. A época de reprodução ocorre entre abril e junho. Constrói o ninho no chão, em zonas de vegetação rasteira, entre pequenos arbustos, que utiliza para camuflagem. Faz apenas uma postura e normalmente com 4 ovos. O período de incubação varia ente 22 a 24 dias e o período de desenvolvimento do juvenil de 25 a 30 dias. Relativamente ao habitat, o maçarico-de-bico-direito encontra-se maioritariamente em zonas húmidas litorais, tais como estuários e rias, utilizando principalmente os arrozais e as salinas associados. As zonas de vaza dos estuários são igualmente frequentadas pela espécie

É uma limícola comum no nosso país e no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal está classificada como “Não Ameaçada”. É protegida pelo Anexo II da Convenção de Bona e pelo Anexo III da Convenção de Berna. A nível europeu, sofreu um decréscimo nos últimos anos como consequência direta da intensificação agrícola e da drenagem das zonas húmidas nos seus locais de nidificação. No nosso território continental ocorre como migrador de passagem ou invernante. Durante a sua migração pré-nupcial, que nesta espécie é precoce, ocorrendo nos meses de janeiro e fevereiro, é usual a presença de mais de 50 mil indivíduos em Portugal, a maioria em arrozais. No inverno e durante a migração pós-nupcial, que tem início em junho, a espécie é menos comum, contudo observável.

Curisosidade: Dá-se o nome de uropígio ao apêndice triangular que cobre as vértebras caudais das aves e onde se inserem as penas da cauda.


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Classificação científica Reino: Reino: Animalia Animalia Filo: Filo: Chordata Chordata Classe: Classe: Aves Aves Ordem: Ordem: Charadriiformes Charadriiformes Família: Família: Scolopacidae Scolopacidae Género: Género: Limosa Limosa Espécie: Espécie: Limosa Limosa limos limos

Foto: Nuno Cabrita


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DESTINOS

Parque Marinho Professor Luiz Saldanha Com uma área de 52 km2, este parque criado em 1998 integra o Parque Natural da Arrábida. O seu nome é uma homenagem ao biólogo que dedicou parte da sua carreira científica ao estudo daquelas costas, mas já nos finais do século XIX suscitava o interesse do Rei D. Carlos, entre outros naturalistas e universidades. O Parque abrange a área marinha entre a Serra da Arrábida - praia da Figueirinha - e o Cabo Espichel - praia da Foz. É detentor de características particulares, nomeadamente o fundo rochoso, de natureza muito específica, pois resulta essencialmente da fragmentação da própria arriba, destacando-se grandemente de toda a envolvente, já que a costa portuguesa para norte do cabo de Sines é maioritariamente arenosa. O sistema de serras protege esta zona do vento norte, reduzindo a ondulação e favorecendo o desenvolvimento de muitas espécies e sua reprodução. Talvez também por isso, no Parque Marinho, se verifiquem espécies raras em Portugal, como são o caso do cação-liso e do cação-perna-de-moça, que estão mencionados na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas do IUCN (International Union for Conservation of Nature), com o estatuto de «Vulneráveis». Também a raia-branca, está na mesma lista com o estatuto de «Em perigo». Dentro dos peixes, podemos encontrar, o apara-lápis, o peixe-porco, o besugo, o bodião, o peixe-lua, a boga, a bruxa, o caboz-negro, o sargo-bicudo, o mero, a abrótea-da-poça, ou a moreia. Também se pode encontrar alforrecas, o cavalo-marinho, o polvo, a aranha-do-mar, esponjas, ou o pepino-do-mar. Junto às rochas, são frequentes as anémonas, as estrelas-do-mar, ouriços-do-mar e crustáceos, como a santola ou a lagosta-castanha

No que respeita às aves, observam-se a torda-comum, a cagarra, a gaivota-argentina, o pato-preto, o ganço-patola, ou o corvo-marinho-de-crista, entre outras. É uma área com elevadíssima diversidade animal e vegetal, estando registadas mais de 1400 espécies, muitas com valor económico importante, como o tamboril e o pregado. A sua proteção tem particular importância pois existem indícios de declínio destas populações. Trata-se de uma zona com elevada produção primária e que é utilizada como local de refúgio e crescimento de juvenis de muitas espécies, nomeadamente de peixes, conferindo a esta zona um papel de “berçário”, muitas vezes só atribuído aos estuários. As pradarias marinhas, ambientes de pouca profundidade, conferem uma zona de proteção, com bons esconderijos, para as espécies que migram para estas águas, com o único objetivo de acasalarem e colocarem os seus ovos protegidos dos predadores. São no entanto o habitat mais ameaçado do Parque.


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A exploração excessiva dos recursos biológicos, bem como a forte utilização deste espaço para fins recreativos, são os problemas que mais afetam o Parque Marinho. NÃO DEIXE DE: Mergulhar no idílico Jardim das Gorgónias. Com um fundo pedregoso a circundar uma grande baia de areia fina e branca, constitui uma verdadeira maternidade de biodiversidade. As gorgónias de várias cores salpicam a paisagem, fazendo jus ao nome de jardim, principalmente de manhã quando o sol enche aquela baía. Se não puder mergulhar, visite o Museu Oceanográfico, instalado no Forte de St.ª Maria no Portinho da Arrábida, que constitui um janela para o parque marinho.

Foto: FPinto

Foto: EGonçalves


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SUGESTÕES

AGENDA Até 30 de março

SONS DO ARCO RIBEIRINHO SUL Informações: www.sonsdoarcoribeirinhosul.com

21 de março DIA DA ÁRVORE

Atividades dirigidas às escolas do concelho Local: Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada e Sapal do Coina Informações: 800 205 681 – Linha Verde do Ambiente

Até agosto

ERA UMA VEZ… CIÊNCIA PARA QUEM GOSTA DE HISTÓRIAS Local: Pavilhão do Conhecimento Informações: www.pavconhecimento.pt

22 de março

A QUE SABEM AS FLORES? Local: Museu Nacional de História Natural e de Ciência Informações: www.mnhnc.ulisboa.pt


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LIVRO A LAGARTIXA CASADOIRA

Luisa Chaves com ilustrações de Beatriz Lamas Oliveira Escola de Mar

São várias as espécies animais simpáticas sobre as quais podemos falar e sonhar, mas muitas outras existem, ainda pouco conhecidas, igualmente bonitas, interessantes e apelativas, como a lagartixa-damontanha. Manuel Monticola, a lagartixa-da-montanha, surge como um animal apaixonado, resgatado da realidade biológica portuguesa, com uma história apaixonante e encantadora. Escrita para que todos possam aprender, está pensada com especial carinho para os pequenos aventureiros e exploradores da natureza.


FICHA TÉCNICA Câmara Municipal do Barreiro Rua Miguel Bombarda 2834-005 Barreiro www.cm-barreiro.pt Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina Tel.:211 919 362 ceambiental@cm-barreiro.pt Coordenação de Edição e Redação: Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina Design e Paginação: Hortelã Magenta Data de Edição: Março de 2014


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