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Entrevista

Braço do Norte, 17 de fevereiro 2017

Luiz Antônio Brescianini

Café da Folha luizantonio@matrix.com.br

REITOR diz que nunca sonhou com o cargo, mas que foi levado pela comunidade universitária

Um filósofo na reitoria da Unisul

Mauri Luiz Heerdt fala dos desafios e da oportunidade de ser o reitor da Universidade do Sul de Santa Catarina Com muita alegria e satisfação recebemos o magnífico reitor da Unisul Mauri Luiz Heerdt, neste nobre espaço da Folha do Folha. Com graduação em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina, Mauri tem Especialização em Administração pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina, mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina, 2001. Também concluiu o doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina e em 2008 concluiu Especialização em Ges-

tão Estratégica de Instituições de Ensino Superior. Foi gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão da Unisul entre 2006 e 2009 no Campus Grande Florianópolis. Em 2009, assumiu a função de Pró-Reitor de Ensino da Universidade do Sul de Santa Catarina. Em 2011, assumiu também a função de Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação. Em 2012, foi eleito vice-reitor para o período 2013-2017. Hoje é o reitor da Unisul. A nossa conversa você confere também neste sábado, 18, a partir das 07 horas, no Estúdio Verde Vale.

Quem é o professor Mauri Luiz Heerdt? Mauri – Sou nascido na comunidade de Rio São João, interior de São Martinho. Como era comum à época, nasci em casa com a presença de uma parteira. Meu pai foi o primeiro morador da região a ter acesso ao estudo fora do município. E, realmente, naqueles tempos qual era a possibilidade de alguém da comunidade buscar o estudo fora? As meninas ou iam para o convento ou para alguma casa trabalhar como doméstica e estudar em algum período. Inclusive, as minhas irmãs estudaram desta forma e geralmente em Armazém, na casa da Dona Monica, da dona Cleia. Os meninos também tinham a opção de ir para o Seminário ou morar de pensão ou de favor em alguma casa. Meu pai teve a felicidade de ser acolhido pelo senhor Aldo Rampinelli, em Tubarão, que o convidou para morar em sua casa. Eu segui os passos do meu irmão mais velho indo para o seminário em Tubarão. Foi,

assim, portanto, que, após concluir o ginásio no Colégio Fredolino Hülse, em São martinho, fui para Tubarão no Colégio Dehon e logo após no Galotti. E depois do ensino médio? Mauri – Continuei em Tubarão onde conclui o curso de filosofia na Unisul. Em seguida, fui para Florianópolis para cursar Teologia. Depois, deixei o Seminário e inicie estudos e especialização em Administração. Fiz pós na Udesc e mestrado e doutorado na Ufsc. Ainda cursei mais uma pós em Gestão de Ensino Superior. Em síntese, é um pouco da minha história acadêmica. Já na caminhada profissional, iniciei na Unisul em 1998, tendo trabalhado ainda em outras faculdades da Grande Florianópolis. Fui redator de jornal, professor da rede pública estadual. Aos poucos fui aumentando a minha carga de trabalho na Unisul, cargos de gerente, diretor e, em 2012, fui convidado pelo Professor Salésio e o professor Ailton para ser candidato

a vice-reitor. E, agora, na atual gestão fomos eleitos para o cargo de reitor. E a oportunidade de ter estudado como também irmãos e irmãs? Mauri – Me lembro quando estava na quarta série, com a professora Lair, e ela perguntou quem iria estudar o quinto ano, em Praia Redonda, antiga São Martinho, e somente eu me anunciei. Os demais todos tinham dúvidas, as famílias não sabiam se conseguiriam oportunizar este estudo. E, veja, nós tínhamos a certeza que iríamos, devido ao meu pai ter estudado e criado a prática do aprender. Agradeço muito pelo meu pai, especialmente, pela oportunidade que ele teve de estudar. E temos que manter esta linha da educação, pois é o caminho para mudanças e conquistas de cidadania e de uma vida melhor. Os lugares podem ser transformados, mas as pessoas somente com formação e mudanças profundas de comportamento e conhecimento. Aproveito para perguntar ao Filósofo, professor Mauri, como administrar a nossa vida hoje, nesta loucura de informações e velocidade das notícias? Mauri – Muitos nomes são dados, mas podemos dizer que estamos vivendo na Sociedade do Espetáculo. A educação é muito importante neste momento para não permitir os modismos, que são fugazes e passageiros. E o que pode modificar esta ordem das coisas é aprofundar no estudo, nos pensadores. Pensamentos mais críticos que possam ir mais fundo na raiz dos problemas. A filosofia é muito importante para provocar o pensamento. O senhor estudou bastante, era também sonho de ser reitor, ou foi à busca do conhecimento para se preparar e devolver em conhecimento a sua gente? Mauri – Se planejei ser reitor? Posso afirmar com segurança que não. Fui levado a ser reitor pela “Comunidade Universitária” da Unisul e, para tanto, veja o resultado, onde recebemos 100% dos votos. Foi um movimento que me levou a ser reitor e não a vontade do professor Mauri. Em um determinado momento tive que assumir esta situação com muita alegria, disposição, pois conclui que, pelos relacionamentos e situações criadas na Universidade, seria justo colocar o meu nome e a minha pessoa à disposição deste projeto de educação. O importante é fazer bem para as pessoas. Qual a importância de uma Universidade forte em uma região? Mauri – Nós temos dois tipos de ensino. Um fica dentro da sala de aula, fechado praticamente só no conhecimento. Transmite-se o que se sabe, é um verdadeiro elefante branco. E existe o outro tipo de Universidade que, inclusive segundo o professor Jorge Audir da PUC do Rio Grande do Sul, “é a universidade que se confunde com a cidade, se mistura com a cidade”. É este o nosso pensamento. Fazer a Unisul estar cada vez mais presente no dia a dia de nossas cidades da região. Queremos conversar com a cidade. Neste sentido, estamos realizando as mudanças estruturais para o Campus de Braço do Norte, o Vale do Braço do Norte. Temos dois

processos desta realização. Um é liderar alguns processos onde estamos, outro é ser participante efetivo das realizações. Nós podemos e devemos colaborar com os municípios de atuação da Universidade, temos que estar presentes, de fato e de direito. Temos que ter a proposta de participar da vida de nossa região. Qual o maior valor de uma Universidade? São com certeza as pessoas, este é o grande patrimônio. O que Braço do Norte e o Vale podem esperar deste novo momento da Unisul? Mauri – O Ministério da Educação utiliza uma frase muito importante, “necessidades loco regionais”, o que queremos com isto é deixar claro que tudo que fizermos aqui tem que ter sintonia com o município. Nós vamos dar a nossa opinião, mas a comunidade vai se posicionar e determinar o seu caminho. É, inclusive, uma questão legal. O MEC quando vem reconhecer nossos cursos, tem uma pergunta que é feita sobre a contextualização regional, qual a interação da Universidade com a região. Nós teremos que realizar assim neste novo projeto. Neste projeto com a Webber, é necessário a participação da comunidade. Temos que desenvolver, mas com sustentabilidade, senão daqui a 20 anos não teremos a Universidade. Temos que saber quais as necessidades, quais as potencialidades da região para elencarmos nossa atuação. Já foi mais rápido em outros tempos, hoje a própria legislação educacional já é mais demorada e burocrática. Temos que encaminhar os pleitos de alguns cursos como exemplo, até abril para o MEC nos autorizar para o ano que vem. Inclusive, necessitamos da junção de forças com o Campus de Tubarão, para auxiliar nas decisões que aqui serão tomadas. Uma coisa é certa, teremos uma unidade maior, melhor e queremos ter um portfólio maior e melhor também. Pode ser graduação como pode ser pós, como pode ser um curso de curta duração, por exemplo, na formação de lideranças, pode ser projeto de pesquisa... O horizonte é grande. Uma das formas de mudar a vida das pessoas é pela mensagem, pela formação. E pergunto como vocês podem nos ajudar? Não concordando com tudo que fazemos e colocamos, questionando e buscando situações importantes para a região. É importante que vocês sejam a nossa lucidez, a voz crítica. A Universidade necessita da voz diferente e que forçosamente se proponha a dialogar. O nosso relacionamento com Braço do Norte tem que ser autêntico, senão corremos o risco de trazer para cá produtos e pesquisas que não façam sentido com o desejo e as necessidades. Podemos realmente esperar um novo momento, uma nova Unisul, estamos à disposição de toda a região e esperamos com a nova estrutura proporcionar melhores condições para o desenvolvimento e consolidar a Unisul aqui, pois o nascimento da Universidade também tem o DNA desta região. Em todos os sentidos estamos aí para um novo momento.


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