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Cultivar tradições é importante, mas conciliando com a luta em favor daqueles que não tiveram oportunidade de vida digna

Silas Gehring Cardoso

Muito se fala sobre o passado ou sobre o futuro; sobre as conquistas históricas , esportivas, e sobre os sonhos de grandeza. Tudo isso é muito justo, muito correto, desde que se interprete adequadamente conquista e progresso como sendo melhora da qualidade de vida da população. Precisamos cultuar nossas tradições, nosso passado, valorizar nossas raízes, relembrar nossas conquistas, mas precisamos fazer também a seguinte pergunta básica: qual porcentagem das pessoas à nossa volta realmente tem um padrão de vida digno, com emprego, moradia, boas condições de acesso à saúde, à educação e ao lazer ? A resposta infelizmente deixará claro mais uma vez que os privilégios ainda são de uma minoria estatística. A grande massa anônima, aqueles que trabalham, lutam e não têm o retorno financeiro e social adequado, não teve até hoje a oportunidade merecida. O predomínio do interesse das elites ainda é muito claro em todo o Brasil. Reverter esse quadro não é tarefa fácil. Cada avanço mexe com os interesses de algum grupo. Cada conquista social contraria algum segmento. Medidas de cunho realmente social encontram séria resistência, que normalmente não se manifesta de forma ostensiva, mas age nos subterrâneos, age nos bastidores. Adotar estratégias que diminuam as diferenças sociais em nosso meio é algo que sempre exigi- rá muita coragem e determinação. É preciso, em uma linguagem bastante simples, criar condições para que exista comida em abundância na mesa de todos, para que não faltem remédios, para que não falte assistência médico-odontológica gratuita, e para que todos, independente da condição financeira, tenham acesso à educação, à cultura e ao lazer. Sempre temos lembrado aqui, que progresso não é inchaço. Não adianta criar um gigante com os pés de barro. É preciso criar uma estrutura sólida que cresça de baixo para cima. Este é o grande desafio para os próximos anos e o grande ponto de reflexão para todos nós. Infelizmente, uma parcela de nossa sociedade, revelando enorme falta de solidariedade humana, não quer sair da “zona de conforto”. Pensa apenas em si, em desfrutar a vida sem olhar para os lados. É o individualismo destruidor, sustentado por aqueles que não sabem enxergar a dor alheia. Para es- ses, a grande massa anônima que enfrenta privações ,parece ser invisível. Não podemos esquecer que as necessidades de alimentação, habitação, agasalho, cuidado com a saúde e formação dos filhos fazem parte das expectativas de todos e não apenas dos privilegiados.

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