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FOLHA DE BOA VISTA

CIDADE

Boa Vista, segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

APÓS PROTESTOS

Mulher com hemorragia espera 25 horas por remoção Sem aeronave para transporte e sem médicos na unidade, mulher evoluiu rapidamente para um estado grave YANA LIMA Editoria de Cidade yana@folhabv.com.br Acometida por uma hemorragia, uma ribeirinha da comunidade de Santa Maria do Boiaçú, no extremo sul do Estado, teve que esperar 25 horas para ser removida para a capital, onde fica o único hemocentro do Estado. A vila fica no Baixo Rio Branco, uma das regiões mais isoladas de Roraima e os aproximadamente 250 quilômetros que a separa da capital só podem ser percorridos por barco ou avião. Sem o suporte médico, e com a notícia de que não havia aeronaves disponíveis para o transporte da paciente, os profissionais da Unidade Mista Rosa Vieira fizeram uma verdadeira peregrinação na tentativa de salvar a mulher. Após interferência da Folha, o socorro foi providenciado. Segundo profissionais da unidade, a paciente Maria José de Araújo Rosa, de 39 anos, foi admitida por volta das 16 horas de sábado. A unidade mista suporta apenas atendimentos de baixa e média complexidade. A equipe é composta por médicos, enfermeiros e técnicos de

enfermagem, no entanto, os três médicos que atuam na unidade não estavam no local. Diante da hemorragia uterina sofrida pela paciente, os profissionais pediram apoio dos médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Os médicos nos instruíram a administrar soro e vitamina K [conhecida como anti-hemorrágica], mas disseram que teria que ser providenciado socorro aéreo - coisa que o Samu não dispõe – para que ela recebesse transfusão de sangue”, explicou. Diante da situação, os profissionais procuraram o aeroporto da região, onde fica um hangar para os aviões do governo do Estado. Lá, foram informadas de que todas as aeronaves estavam em manutenção fora do Estado e que a remoção seria impossível. Por volta do meio-dia de ontem, os profissionais entraram em contato com a Folha. Àquela altura, a paciente apresentava baixa pressão arterial e, segundo familiares, estava bastante debilitada, o que aliado ao baixo nível do rio, impossibilitava o transporte dela por barco.

Incrédulos de que o socorro chegaria a tempo, os familiares chegaram a pedir a liberação da mulher para que ela pudesse morrer em casa, junto ao companheiro e quatro filhos. O marido dela, Manoel Lopes de Moraes, contou que ela já vinha apresentando o problema, mas sempre a família tentava resolver com medicamentos. “Mas quando a gente viu que o sangue não parava de descer, levamos ela para o posto. Depois, ela já estava até delirando de tão ruim que estava”, disse. Por volta das 17h horas de ontem, a paciente foi finalmente removida por meio de uma aeronave particular. OUTRO LADO – A Coordenadoria Geral de Urgência e Emergência (CGUE) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), informou que o transporte aéreo foi providenciado no final da manhã desse domingo, e que levou um médico intensivista. “Como as aeronaves do Governo de Roraima estão em manutenção fora do Estado, foi providenciada de forma emergencial, a remoção. A paciente foi estabilizada”, diz a nota. Sobre a denúncia de falta de médicos, devido ao final de semana, a CGUE vai apurar o ocorrido a partir desta segunda-feira, para poder se pronunciar e tomar as medidas cabíveis, pois aumentou o quadro de um para três profissionais atuando na região, na intenção de melhorar a assistência à população daquela região.

Folha já havia alertado para precariedade da saúde na região No final de agosto do ano passado, a Folha esteve na região e detectou que uma das principais reclamações dos moradores é a falta de assistência médica. Na vila de Santa Maria do Boiaçú, o maior núcleo urbano da região, onde vivem cerca de 700 moradores, já havia a reclamação de falta de médicos. Na época, o único médico disponível deveria passar quarenta dias atendendo aos

ribeirinhos, com folga de dez dias. O último concurso público da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) destinou mais dois médicos para a unidade, o que deveria, pelo menos, amenizar o problema. Mas ainda assim, a falta de médicos persiste. Além da falta de suporte médico, faltam ainda as mínimas condições de trabalho. Segundo os funcionários, o prédio bastante deteriorado e parcialmente interditado, chega a pôr em risco a vida dos próprios

profissionais, dada a alta incidência de mofo nas paredes, tetos que precisam ser escorados com madeira para não desabarem e outros problemas estruturais. À época, a Sesau informou que estava prevista uma reforma na unidade e que faria, inclusive, inspeções relacionadas à engenharia no local. No entanto, segundo os funcionários, até o momento a reforma não ocorreu. (Y.L.)

Número de mortes nas estradas de Roraima aumentou 50% em 2013 O ano de 2014 começou com boas notícias que vieram das estradas federais do Brasil, onde, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), houve queda no número de acidentes, mortes e até de motoristas flagrados com bebida alcoólica em 2013 em relação a 2012. Mas em Roraima essa realidade é bem diferente. No balanço apresentado pela PRF/ RR, o relatório da Coordenação Geral de Operações aponta que em 2013 houve aumento de 50% no número de mortes nas estradas e de 33% no número de acidentes. Apenas nas prisões por embriagues houve redução de 0,62%, em relação a 2012. De acordo com os dados, em 2012 foram registrados 231acidentes nas rodovias e

20 mortes. Em 2013 foram 307 acidentes e 30 mortes registradas. Houve redução de prisões por embriaguez ao volante, que caiu de 95 em 2012 para 89 em 2013. Outra boa notícia foi quanto a recuperação de veículos. Em 2012 foram recuperados nove veículos e em 2013 esse número subiu para 19. Já o número de veículos fiscalizados quase que dobrou de 2012, quando 12.511 foram abordados, para 21.940 em 2013. Com isso o número de pessoas fiscalizadas nas estradas também aumentou significativamente, pulando de 14.774 para 28.545. Outro número que chama a atenção é quanto a apreensão de combustíveis e bebidas contrabandeadas. Em 2012 foram apreendidos 30.068 litros de combustível, já em 2013 foram apenas 18.863 litros. Em compensa-

ção, em 2012 foram apreendidos 11.269 litros de bebidas e em 2013 foram 155.103 litros. No ano passado a PRF apreendeu 10,3 quilos de drogas e em 2012, foram 7 quilos. FIM DE ANO - No período de 20 de dezembro de 2013 a 1° de janeiro deste ano, na Operação Fim de Ano, foram registrados 21 acidentes com quatro mortes. A equipe fiscalizou 521 veículos, realizou 40 autos de infração. Nesta operação, oito pessoas foram detidas, dois veículos retidos e dois recuperados. Foram realizadas ainda seis prisões de pessoas que dirigiam alcoolizados. A reportagem da Folha tentou contato com a Assessoria de Comunicação da PRF/RR para detalhar os números apresentados, mas até o fechamento desta edição, não houve retorno. (R.R.)


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