Foca Livre 219

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FOCA LIVRE JORNALISMO UEPG | SETEMBRO E OUTUBRO DE 2021 | EDIÇÃO 219

ESPECIAL

Jornal feito por estudantes do curso de Jornalismo da UEPG completa três décadas p. 08 e 09

Chuva abaixo da média coloca abastecimento de PG em risco Cidade registrou apenas 676 milímetros de janeiro a agosto deste ano. Para o período, este volume está 25% abaixo da média histórica, calculada desde 1998 ESPORTE

CASSIANA TOZATI

ERICA FERNANDA/DIVULGAÇÃO

BIPOLARIDADE

UEPG

REINALDO DOS SANTOS/DIVULGAÇÃO

Pistas de skate de PG precisam de manutenção, dizem skatistas p.15

Campus passa por reformas; obra foca portas, janelas e estacionamento p.03

MERCADO

CIDADES

MARIA LUIZA PONTALDI

LILIAN MAGALHÃES

Separar tempo de trabalho e tempo de lazer é empecilho no home office p.11

Bairros de Ponta Grossa ganham CEP e placas para identificação p.12

CULTURA

EDUCAÇÃO

Escritores lançam livros em eventos na internet p.14

Manter alunos com máscara desafia professores p.07

Dificuldade de diagnóstico aumenta risco de suicídio; mal é tratado com remédios e terapia


opinião

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Expediente Editoras-chefe: Isadora Ricardo, Leriany Barbosa, Tamires Limurci Editor de diagramação: Matheus Gaston Edição de texto: Amanda Martins, Ana Carolina Barbato, Ana Luiza Bertelli, Bettina Guarienti, Carlos Solek, Cassiana Tozati, Diego Chila, Helena Denck, Kathleen Schenberger, Maria Eduarda Ribeiro, Mariana Gonçalves, Mariana Real, Valéria Laroca, Vinicius Sampaio

EDITORIAL

Chegamos aos 30! Mais uma edição do Foca Livre chega pa‐ ra você ficar informado com notícias da UEPG e de Ponta Grossa e região. A edição, novamen‐ te, por causa da pandemia de coronavírus, foi feita de maneira remota. Há, contudo, duas grandes novidades em relação à edição passa‐ da: o aniversário do Foca e a estreia do novo projeto gráfico do jornal. Nesta edição comemorativa, um dos desta‐ ques é a reportagem especial sobre os 30 anos de publicação ininterrupta do Foca. Criado em 1991, o jornal representa um marco na vida de estudantes de Jornalismo da UEPG. Isso por‐ que ele costuma ser a primeira experiência prá‐ tica de jornalismo daqueles que se aventuram nesta profissão. Por este motivo, também, está na memória afetiva de centenas de jornalistas que apreenderam o ofício na instituição e que agora estão por aí, fazendo parte da luta. O Foca sempre contou com o apoio de pro‐ fessores e alunos. Há aqui um fato curioso: muita gente que um dia foi estudante/repórter do Foca hoje trabalha como professor de Jor‐ nalismo na UEPG. É o caso, por exemplo, de Karina Janz Woitowicz, Marcelo Engel Bro‐ nosky e Graziela Bianchi, que foi chegou a ganhar um prêmio com uma reportagem publi‐ cada no jornal. Projeto. É normal, entre os grandes jor‐ nais do país, que datas importantes sejam mar‐ cadas com a inauguração de um novo projeto gráfico. No nosso caso, o projeto chega com o aniversário de 30 anos por uma coincidência: poderíamos tê­lo preparado antes, mas não o fizemos por uma falha de comunicação interna. Águas passadas. Agora temos um para chamar de nosso! Ele foi feito a partir de um punhado de horas de preparação e de dois encontros pe‐ lo Google Meet. Não está perfeito, mas o consideramos um bom começo. O novo projeto foi pensado com algumas prioridades: melhorar a experiência de leitura, tornando o jornal mais “limpo”; criar mais es‐ paços em branco, para arejar a leitura; facili‐ tar o trabalho de edição, que está sendo feito

totalmente de forma remota, por estudantes e professores que estão até em estados dife‐ rentes, que usam computadores e progra‐ mas de diferentes versões; permitir que estudantes dediquem­se mais à aprendiza‐ gem de elementos clássicos do jornalismo, como a elaboração de texto e título, em vez de ocuparem­se com fios separadores, tona‐ lidades, letras capitulares e outros elemen‐ tos gráficos de entrada de leitura e produção de jornais. Na prática, a principal proposta do no‐ vo projeto é a verticalização do jornal. Tra‐ ta­se de uma tentativa de “alongar” as páginas: sendo tabloide, a tendência é que conteúdos colocados uns sobre os outros tragam uma sensação de aperto. Acredita‐ mos que matérias colocadas lado a lado, com uso frequente de fotos verticais, possa resultar na diminuição deste quadro. O novo projeto gráfico não está total‐ mente pronto; faremos ajustes para o próxi‐ mo número. Mas fica aqui, desde já, o registro: na forma como está, ou na forma como ficará, nossa proposta é disponibili‐ zá­lo a quem, de maneira temporária ou permanente, precisar usá­lo, seja como um todo, ou apenas em parte. Vacina. Esta edição, embora não traga uma reportagem sobre o tema, também ce‐ lebra o aniversário de Ponta Grossa. A ci‐ dade completou 198 anos em 15 de setembro. Celebramos, portanto, a vida. Neste sentido, vale dizer que muitos dos jo‐ vens que estão por trás das reportagens e da finalização deste jornal conseguiram to‐ mar a primeira dose da vacina contra a Co‐ vid­19. Com isso, esperamos que em breve possamos finalizar o Foca Livre presencial‐ mente. Ao jornal, desejamos vida longa; que ele nunca deixe de cumprir o seu maior objetivo: levar informação até você e ensi‐ nar jornalismo a um punhado de gente. Pa‐ rabéns por seus 30 anos, Foca! Caro leitor, cara leitora, tenham uma ótima leitura!

Edição de imagens: Janaina Cassol, Carlos Eduardo Mendes, Lilian Magalhães Arte: Victória Sellares (editorial), William Brasil (capa) Diagramadores: Ana Moraes, Catharina Iavorski, Heryvelton Martins, Lincoln Vargas, Lucas Ribeiro, Maria Luiza Pontaldi, Victória Sellares, Vittória Mulfait, William Brasil Repórteres: Consulte a autoria das reportagens diretamente na página da notícia Foca Livre é o jornal-laboratório do curso de Jornalismo da UEPG E-mail: uepgfocalivre@gmail.com Departamento de Jornalismo UEPG - Campus Central - Praça Santos Andrade, n° 01 - Centro CEP: 84010-330 - Ponta Grossa/PR Telefone: (42) 3220-3389 Jornal produzido e editado na disciplina “Núcleo de Redação Integrada I” Professores responsáveis: Cândida de Oliveira (MTB 16767 - RS) e Jeferson Bertolini Notícias integradas com a disciplina “Produção e Edição de Textos Jornalísticos II” Responsável: Prof. Muriel Emídio Pessoa do Amaral (MTB 6963 - PR) Projeto gráfico integrado com a disciplina "Design em Jornalismo" Responsável: Prof. Maurício Liesen (MTB 2666 - PB)

Esclarecimento A edição 218, publicada em agosto, usou como referência o projeto gráfico da edição 217, criado pela turma 34 do curso de Jornalismo. Isto não foi informado nos créditos.


uepg

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REINALDO DOS SANTOS/DIVULGAÇÃO

MOBILIDADE

Ciclorrota ligará campus Uvaranas e Fazenda Escola DIEGO CHILA

Estacionamento também foi revitalizado para melhorar drenagem, pavimentação, iluminação e acessibilidade

CENTRAL

Campus passa por reforma; obra troca portas e janelas MARIA LUIZA PONTALDI

O campus central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) está em obras. Portas e janelas fo­ ram trocadas para melhorar o iso­ lamento acústico nas salas de aula. Portões também foram subs­ tituídos. O estacionamento, que é usado por professores e funcioná­ rios, está sendo revitalizado. A reforma acontece no mo­ mento em que as instalações do campus, como as salas de aula, estão fechadas por causa da pan­ demia. Para proteção da saúde, os alunos estão em ensino remoto desde o ano passado. Andrea Tedesco, da Pró­Rei­ toria de Planejamento (Proplan) da universidade, diz que os repa­ ros estavam previstos antes da pandemia. Ela avalia que a inter­ rupção do ensino presencial facili­ tou a realização das obras. “Com a pandemia e consequente inter­ rupção das aulas presenciais, as obras transcorreram sem maiores perturbações à comunidade usuá­ ria do campus central”, diz. As esquadrias tinham sido instaladas em 1970. O isolamento acústico era considerado ruim por estudantes e professores. Era re­

“Além de ambiente mais novo, [as obras] vão servir para deixar a universidade mais confortável.” Ana Flávia Branco, estudante

_________________________ clamação frequente da comunida­ de acadêmica. Foram substituídas por esquadrias em PVC com vidro duplo. Para a reforma delas, o va­ lor final proposto pela empresa ganhadora foi de R$1,07 milhão. No caso do estacionamento, o valor final do contrato de licita­ ção foi de R$ 239 mil. O projeto foi elaborado pelas equipes técni­ cas da Proplan e da Prefeitura do Campus (Precam). Contempla le­ vantamento topográfico, projeto de drenagem, pavimentação, ilu­ minação, acessibilidade e pintura. Com a reformulação da área, a ca­ pacidade do local subiu para oi­ tenta e cinco veículos. De acordo com Andrea, exis­ tem outros 31 projetos em fase de desenvolvimento, aprovação ou orçamentação. “Dentre eles está a reforma do pátio interno, recupe­

rando o piso e paisagismo, mas principalmente criando espaços de convivência. Além de solicitações de diferentes departamentos e da Biblioteca Central”, diz. Alunos. Para os alunos ouvi­ dos pela reportagem, a reforma era necessária. Ana Flávia Branco, estudante do curso de Letras, acredita que os consertos devem melhorar a rotina de alunos, pro­ fessores e servidores da institui­ ção. “Além de um ambiente mais novo, vão servir muito para deixar a universidade mais confortável para os estudantes”, diz Ana. Para Ana Flávia Branco, a troca de esquadrias era muito im­ portante. “O isolamento acústico pode ajudar inclusive na concen­ tração nas aulas e melhorar o ren­ dimento dos alunos.” O SindUEPG avalia que as reformas são extremamente ne­ cessárias. O órgão considera ser importante ter transparência nos contratos e gestão participativa nas decisões sobre a vida no cam­ pus. “Se olharmos apenas o resultado enxergamos benefícios, indo além vemos a permanência de práticas verticais e pouco transparentes”, diz comunicado divulgado pelo sindicato.

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em reunião com a equipe de Inovação e Desenvol­ vimento do Esporte do Paraná, decidiu aprovar a criação de uma ciclorrota que ligará dois pontos importantes da comunidade aca­ dêmica: o Campus Uvaranas da UEPG e a Fazenda Escola. A ideia surgiu do Programa Pedala Paraná, que criará uma grande rota cicloturística pelo Es­ tado, passando por municípios co­ mo Curitiba, Campo Mourão, Pato Branco e Guarapuava, além de Guaratuba e Matinhos, na faixa litorânea. A reunião, que ocorreu no fim de julho, teve como desfe­ cho uma resposta positiva para a criação da ciclorrota no local. Basta agora a Superintendência Geral do Esporte tratar dos termos e concessões para que os projetos sejam oficializados. Trecho. Em PG, o projeto pretende contemplar de 35 a 50 km de ciclorrotas. O trecho entre o campus e a Fazenda Escola foi escolhido por fornecer uma maior segurança para alunos e comuni­ dade, além de ser um incentivo para a visitação de atrações turís­ ticas que contemplam a região. Para Vinícius Camargo Swia­ towski, aluno de agronomia da UEPG que faz o trajeto de bicicle­ ta durante todo o período da sua graduação, é muito importante a implantação da ciclorrota no lo­ cal. “É um trecho perigoso, pista simples, bastante trânsito de cami­ nhões e veículos”, diz. Além dis­ so, ele comenta. “É extremamente importante para a segurança dos usuarios e para fortalecer o ciclismo e a visitação dos pontos turísticos como o buraco do padre e a cachoeira da mariquinha." O aluno Alexandre Ochonski, que frequenta o Campus Uvaranas da UEPG e faz o trajeto de bici­ cleta desde 2020, aborda a ques­ tão da segurança. “É bom saber que a iniciativa foi tomada, por­ que nós não nos sentimos tão se­ guros como deveríamos, a criação da ciclorrota aumentará o respeito do motorista com os ciclistas.”


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uepg

SAÚDE BUCAL

Alunos de Odonto retomam atendimento gratuito aos moradores de Ponta Grossa TAMIRES LIMURCI

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) oferece tratamen‐ tos odontológicos gratuitos à po‐ pulação da cidade. São realizados procedimentos de restaurações, tratamento de canal, cirurgias, procedimentos estéticos, próteses, limpezas, raspagens e atendimen‐ to ao público infantil. Os tratamentos são ofertados na clínica universitária, na qual os estudantes da área, com os profes‐ sores, fazem uma avaliação do ca‐ so e colocam em prática os seus conhecimentos de sala de aula. Por conta da pandemia, as ativida‐ des ficaram suspensas. Mas volta‐ ram em maio de 2021. O estudante Felipe Coppla, do quinto ano de Odontologia, aponta que o retorno dos serviços é importante tanto para a sua for‐ mação quanto para a população pontagrossense. “Boa parte da po‐ pulação depende deste atendimen‐ to. Se o atendimento não ocorrer, a população fica desassistida em relação à saúde bucal”, avalia. Pacientes. Estudantes de ou‐ tros cursos da UEPG usam o ser‐

viço. Felipe Simão, aluno de Agronomia, soube do clareamento por meio de uma postagem nas re‐ des sociais. Ele diz que o tempo entre o agendamento e a primeira sessão foi de uma semana. “Envi‐ ei uma mensagem para o número que estava na publicação. Em se‐ guida já viram para fazer os agen‐ damentos. Em uma semana estava marcada a primeira sessão.” Felipe destaca que, se neces‐ sário, vai procurar o serviço nova‐ mente. Caso Felipe fosse a uma clínica convencional, ele pagaria ao menos R$ 450,00 pelo procedi‐ mento, de acordo com a tabela de preços da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Odontológicos (CBHPO). Leana Rebonatto fez seu tra‐ tamento odontológico em 2019. Indicada pelo seu pai, que tam‐ bém era paciente da clínica, co‐ menta que foi muito bem atendida e que recomendaria para quem precisasse. Na ocasião, ela fez desde o pré­atendimento, com a avaliação e o raio­x, até os cuida‐ dos de pós do procedimento de canal na universidade. Leana con‐ sidera necessária a permanência

THAYNÁ JUSTUS / DIVULGAÇÃO

Acessórios odontológicos de proteção fundamentais contra a COVID-19

do projeto, mas observa que a di‐ vulgação dos serviços deveria ser feita de modo mais amplo, pois a população seria contemplada e os alunos teriam contato com o exer‐ cício da profissão. “Acredito que deveria ser mais divulgado e, tam‐ bém, que as unidades de saúde deveriam encaminhar pacientes,

porque sabemos que pelo SUS existe uma demora na realização dos atendimentos.” Para saber mais informações sobre os agendamentos e os pro‐ cedimentos odontológicos ofere‐ cidos pela universidade é possível entrar em contato pelo telefone: (42) 3220 ­3104.

DIVERSIDADE

Universidade cria canal para ouvir denúncias de assédio LINCOLN VARGAS

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) lançou o Canal de Escuta Gênero e Diversidades pa‐ ra atender alunas e alunos vítimas de assédio ou discriminação den‐ tro da comunidade acadêmica. Cristiane Gonçalves de Sou‐ za, diretora de Ações Afirmativas e Diversidade da UEPG, diz que o objetivo, além de identificar casos de violência, é promover discus‐ são e reflexão sobre processos discriminatórios, de assédio e im‐ portunação. “O canal atenderá alunos da UEPG. Uma equipe in‐ terdisciplinar cuidará das deman‐ das apresentadas pela comunidade acadêmica”, afirma.

Na edição de agosto, o Foca Livre abordou o problema do as‐ sédio em universidades de Ponta Grossa (imagem nesta página). A reportagem contou histórias de alunas dos cursos de Engenharias da cidade. A maioria das entrevis‐ tadas disse ter sido vítima ou pre‐ senciado assédio nas unidades. O texto se baseou em pesqui‐ sa com 58 estudantes. Deste total, 63% delas disseram ter já se senti‐ do intimidadas, excluídas e des‐ confortáveis por serem mulheres ou presenciaram alguma situação desagradável. “Não é fácil sentir na pele que alguém acima de você na hierarquia não ouve suas ideias apenas por você ser mulher”, dis‐ se uma das entrevistadas.

Coletivo. Juliano Lima Schu‐ altz, membro há dois anos do Co‐ letivo Ilê Aiyê da UEPG, diz que a criação do canal é algo muito positivo para a universidade. “Penso que essa ação da escuta seja muito importante, ainda mais nessa conjuntura atual, onde a di‐ ferença precisa ser suprimida”. O estudante afirma ainda que, devido à natureza da univer‐ sidade, é importante dar oportuni‐ dade para diferentes grupos de pessoas exercerem a sua liberdade de expressão. “A universidade é um campo plural, que deve pro‐ mover a diferença. Buscar lacunas para a movimentação desses gru‐ pos no interior da universidade é primordial”, diz Juliano. O atendimento do canal será feito de forma online, utilizando o email praeescuta@uepg.br ou pe‐ lo número (42) 3220­3227, que também funcionará como contato

REPRODUÇÃO

Reportagem da edição 218

de WhatsApp. Por meio do canal será feito um atendimento que buscará acolher, realizar escuta qualificada, prestar orientações, realizar encaminhamentos para a rede de atendimento e enviar, se necessário, para a Ouvidoria Ge‐ ral da universidade.


saúde

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SERVIÇO

DOENÇA

Postos retomam atendimento exclusivo a mulheres em PG

Obesidade em crianças cresce na pandemia BETTINA GUARIENTI

ROSELI STEPURSKI/ARQUIVO PORTAL COMUNITÁRIO

Exames são realizados nas Unidades Básicas de Saúde; antes, moradoras tinham de pagar consulta particular

LERIANY BARBOSA

Com o avanço do calendário de vacinação contra a covid­19, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Ponta Grossa retomam exames de rotina e procedimentos ambulatoriais voltados especifica‐ mente às mulheres da cidade. O serviço começou em julho. Anteriormente, muitas moradoras da cidade tiveram que pagar por consultas e exames que, antes da pandemia, eram assegurados gra‐ tuitamente pelo SUS, ou optaram por não realizar os acompanha‐ mentos adequados. A auxiliar de produção Pris‐ cila Rautenberg de Souza, 36 anos, costuma frequentar o posto de saúde Clyceu C. de Macedo, do Santa Terezinha, para realizar exames e consultas. No início de 2021, por conta da pandemia, o posto de saúde ficou sem atendi‐ mento voltado a mulheres. Como Priscila toma o anticoncepcional injetável a cada três meses oferta‐ do pelo SUS, ela precisou recorrer a outro posto de saúde, Egon Ros‐ kamp, do Santa Paula. “Mesmo com a pandemia, continuei a rea‐ lizar exames, como o teste rápido para sífilis, hepatite e HIV, além do papanicolau e todas as vezes fui bem atendida pelo SUS”. Além dos exames e testes preventivos, o SUS também acompanha as gestações. Os exa‐ mes de pré­natal continuaram a ser executados mesmo em meio à pandemia pelos principais postos de Ponta Grossa.

Liamara dos Santos Guerino engravidou em julho de 2020 e em abril deste ano deu à luz à Ísis Helena. A mãe frequentou durante a gravidez o posto de saúde Pau‐ lo Madureira Novaes, do Bairro Chapada, mesmo morando em ou‐ tra localidade, pois era o único próximo de sua residência que es‐ tava atendendo as gestantes du‐ rante a pandemia. Liamara explica que o acom‐ panhamento pelo SUS sempre foi a única opção, por conta da condi‐ ção financeira. “No geral, o pré­ natal foi bem realizado, a única coisa que achei ruim foi que a ca‐ da consulta era um médico dife‐ rente”, avalia. Mãe de dois filhos, ela ainda comemora a conquista da laqueadura, que executou du‐ rante a pandemia. “Consegui dar entrada ao processo de laqueadura com dois meses de gestação, o médico responsável pelo parto avaliou o quadro clínico e assim consegui realizar o procedimento após a cesárea”, diz. Projeto. Para incentivar a procura de exames e consultas re‐ gulares, o município criou um no‐ vo projeto para atender à saúde feminina. A ação Saúde da Mu‐ lher foi uma iniciativa da Funda‐ ção Municipal de Saúde de Ponta Grossa (FMSPG). A proposta visa a realização de exames como pa‐ panicolau, HPV, mamografia e implantes de métodos contracepti‐ vos ­ como o DIU de cobre. Por meio de mutirões reali‐ zados ao menos uma vez por mês, a ação pretende atender

mulheres de 25 a 64 anos de ida‐ de que consultaram há mais de um ano e não conseguem procu‐ rar o serviço de saúde durante a semana. A Fundação Municipal de Saúde, em parceria com o Departamento de Atenção Pri‐ mária, escolheu os sábados para realizar os mutirões mensais. Na ação do final do mês de julho, foram coletados materiais de mais de 300 exames preventivos e realizados 17 procedimentos de inserções de DIU. No mês de julho, em duas horas de agenda‐ mentos, as 400 vagas disponibi‐ lizadas foram preenchidas. A enfermeira Manon Callaça, uma das responsáveis pela inicia‐ tiva, explica que as mulheres inte‐ ressadas devem agendar o horário pelo site da prefeitura para evitar aglomerações. Manon reforça o convite às mulheres para partici‐ parem da ação Saúde da Mulher. “Mulheres, empoderem­se, cui‐ dem de seus corpos, da saúde e agendem seus exames, porque vo‐ cês serão bem acolhidas pelas nossas equipes”, incentiva. Para que mais mulheres, co‐ mo Liamara e Priscila, participem da ação Saúde da Mulher, a pre‐ feitura planeja realizar mutirões ao menos um sábado por mês até o final do ano, além de intensifi‐ car as ações em outubro, por con‐ ta prevenção ao câncer de mama. As mulheres interessadas em rea‐ lizar exames de rotina podem en‐ trar em contato com a UBS mais próxima através do telefone: 3220­1020 + ramal.

Obesidade infantil sempre preocu‐ pou pais e especialistas. Na pan‐ demia, especialmente por causa da ansiedade alimentar e da falta de atividades físicas, o problema se agravou. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, uma em ca‐ da três crianças está obesa. A Or‐ ganização Mundial da Saúde (OMS) prevê que, até 2025, exis‐ tirão cerca de 75 milhões de cri‐ anças obesas no mundo. A nutricionista Micheli Ma‐ luf, de Ponta Grossa, diz que a obesidade infantil se agravou na cidade na pandemia. “No meu consultório, neste ano, a procura aumentou cerca de 60% por auxí‐ lio nutricional principalmente das crianças”, relata. Micheli afirma que os hábi‐ tos adquiridos na pandemia esta‐ rão presentes mesmo após o fim do isolamento e perdurarão anos na sociedade. “Acredito que va‐ mos viver um pós pandemia de uns dois a três anos convivendo com as consequências.” A falta de exercícios físicos e a má ali‐ mentação são as principais con‐ sequências notadas por pais e profissionais da área. Um médico de Ponta Grossa, que preferiu não se identificar e também não identificar seu filho, relata como o isolamento prejudi‐ cou os hábitos alimentares da fa‐ mília e sobretudo da criança, que foi diagnosticada com obesidade. “Antes almoçávamos apenas em restaurantes. Com o isolamento, comemos em casa e meu filho não tem mais praticado atividades físi‐ cas.” Ele acrescenta que a alimen‐ tação em casa piorou, uma vez que há uma oferta maior de ali‐ mentos industrializados. Uma profissional da área de limpeza de Ponta Grossa, que também preferiu não identificar sua filha e não se identificar, rela‐ ta que a criança sofre de obesida‐ de desde antes da pandemia, entretanto, a conjuntura atual agravou muito o caso. “Hoje em dia não conseguimos mais realizar os exercícios que fazíamos antes, sem contar que agora ela não tem a mínima vontade de comer frutas ou verduras”.


saúde

06

CASSIANA TOZATI

COVID

Governo do Paraná promete ajudar com verba crianças órfãs da pandemia CARLOS EDUARDO MENDES

Transtorno bipolar é tratado com medicamentos adequados e acompanhamento psicológico com profissional

DOENÇA

Bipolaridade: diagnóstico tardio agrava risco de suicídio CASSIANA TOZATI

Transtorno bipolar é uma doença que atinge cerca de 140 milhões de pessoas no mundo, segundo a Associação Brasileira de Familia‐ res, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata). Um dos empecilhos para o trata‐ mento é o diagnóstico tardio. De acordo com a Abrata, as vítimas mais comuns são pessoas entre 18 e 25 anos. Metade dos portadores de bipolaridade tenta o suicídio pelo menos uma vez na vida. Em Ponta Grossa, o proble‐ ma é tratado nos Centros de Aten‐ ção Psicossocial (CAPS). A psicóloga Camila da Silva Eidam trabalha em um deles. Ela diz que diante da suspeita de bipolaridade é realizada uma avaliação por um psiquiatra. Quando nota­se risco de suicídio, há a necessidade de internação e acompanhamento mais intenso do paciente. Camila acrescenta que, em quase todos os casos de bipolari‐ dade, é utilizado o estabilizador de humor. O paciente é orientado a não deixar a medicação. "Além do uso de remédios, é indicado que o paciente siga uma rotina que proporcione a estabilidade do humor e bem­estar. É para que a

“Não gosto de mencionar para as pessoas, pois também é difícil de aceitar o próprio diagnóstico.” Portador da doença

_________________________ pessoa consiga perceber quando começa a entrar numa fase e bus‐ que ajuda antes que seja tarde.” Fases. O transtorno bipolar oscila em duas fases: depressiva e maníaca, como explica a psiquia‐ tra Cássia de Conto. Na fase de‐ pressiva, os pacientes se apresentam pessimistas, desinte‐ ressados, com irritabilidade e com tendência suicida. Já na fase maníaca, de eufo‐ ria, ocorre o aumento de energia, fala rápida, agitação e, em alguns momentos, agressividade e delíri‐ os. Nesta fase também há o risco de suicídio, pois existe o senti‐ mento de grandeza e o paciente muitas vezes se coloca em situa‐ ções perigosas por se imaginar imune aos riscos. Cássia pontua que sintomas do transtorno são intensificados na pandemia. “Surgiram mais pa‐ cientes com queixa de ansiedade ou depressão, e durante análise é

identificado o transtorno bipolar”, relata a psiquiatra. Drama. Uma pessoa com o transtorno de bipolaridade, que preferiu não se identificar, diz que é comum os bipolares pensarem em suicídio. “Principalmente quando está depressivo, os pensa‐ mentos surgem e começa uma no‐ va luta”, ressalta. Para ela, foi importante rece‐ ber o diagnóstico para compreen‐ der comportamentos, se tratar com a medicação necessária e ter melhor qualidade de vida. Ela acrescenta que ainda tem dificul‐ dade em falar sobre o assunto por sentir muito preconceito das pes‐ soas por entenderem pouco sobre a bipolaridade. “Não gosto de mencionar para as pessoas, pois também é difícil de aceitar o pró‐ prio diagnóstico.” A paciente alerta que são poucas as discussões abertas sobre o tema. Ela ainda fala que o trans‐ torno sempre afetou suas relações sociais e de trabalho. “Tenho um sentimento de que nunca vou con‐ seguir ser como as outras pessoas e desempenhar as mesmas fun‐ ções”, aponta, afirmando também que a pandemia intensificou seu quadro emocional a ponto de não conseguir trabalhar.

O Governo do Paraná criou um programa que prevê a destinação de R$ 8,5 milhões para projetos voltados ao atendimento de crian‐ ças e adolescentes que, na pandemia, ficaram órfãos de mãe ou de pai ou perderam quem gera‐ va a renda familiar. Ponta Grossa irá receber R$ 150 mil. A responsabilidade da verba é do Departamento de Proteção Social Especial da Fundação de Assistência Social de Ponta Gros‐ sa (FASPG). A diretora do depar‐ tamento, Thais Verillo, informa que ainda não foi definido o plano de ação para o projeto, mas a ideia é oferecer para a população um Benefício Eventual e também programas de saúde mental volta‐ do às famílias enlutadas, além de equipar as casas de acolhimento do município, sobretudo com no‐ tebooks e também investir na ca‐ pacitação da rede municipal de assistência social e educação. Ajuda. João, nove anos, tem potencial de ser beneficiado pelo programa. O pai dele morreu de Covid­19. Agora o menino vive com os tios. Eles afirmam que o menino mostrou uma maturidade muito grande e conseguiu superar a morte do pai. João já havia per‐ dido a mãe há alguns anos. A tia de João relata que a família é afe‐ tada pelo desemprego, também causado pela pandemia. Ao saber da possibilidade de receber uma cesta básica, ela des‐ tacou que o recurso seria essencial para superar a dificuldade finan‐ ceira do momento. “Meu marido perdeu o emprego há cinco meses e está na busca de um trabalho, a cesta básica poderia suprir nossa necessidade alimentar”, explica. Ela afirma que depois que ficaram com a guarda de João as despesas apertaram. “Uma pessoa a mais gera mais gastos. Antes do João vir estávamos nos virando bem, mas agora temos certa dificulda‐ de. Claro, ele não tem culpa. Gos‐ tamos muito dele e queremos ter a guarda até que ele complete a maioridade”, pontua.


educação

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Manter alunos separados e com máscara desafia professores da rede municipal em PG JANAÍNA CASSOL

VICTÓRIA SELLARES

Com a volta das turmas completas ao formato presencial, professores de educação física do ensino fun‐ damental I em Ponta Grossa pre‐ cisam ajustar as atividades esportivas para garantir o cumpri‐ mento sanitário de combate à Co‐ vid­19. Entre outras medidas, tiveram de garantir o distancia‐ mento de ao menos um metro en‐ tre os estudantes, conforme estipulado pela Secretaria Munici‐ pal de Educação (SME). Desde o retorno do ensino em formato híbrido e presencial, foram realizadas mudanças para garantir a segurança dos estudan‐ tes e professores. Para isto, as au‐ las de Educação Física passaram por alterações nas atividades reali‐ zadas, seguindo as recomenda‐ ções da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), como desencora‐ jar a prática de esportes coletivos, não compartilhar materiais entre os alunos e estimular a hidratação para a realização das atividades. As medidas estão sendo se‐ guidas, afirma o coordenador de Educação Física na Secretaria Municipal de Educação, Anderson Ribeiro. “Estamos procurando tra‐

Educadores priorizam esportes individuais para manter a segurança dos alunos

balhar de forma individual. Uma das recomendações da SBP foram as atividades de baixa intensidade a moderada. Sugerimos aos pro‐ fessores que continuassem traba‐ lhando o referencial curricular, porém com as adaptações sugeri‐ das.” De acordo com o coordena‐ dor, durante as aulas são

priorizadas atividades de conheci‐ mento corporais como ginástica, luta individual, danças e corrida. A professora de Educação Fí‐ sica Lucimara Duarte relata que a maior dificuldade durante as aulas está sendo fazer com que os alu‐ nos sigam os protocolos de segu‐ rança. “É difícil mantê­los

separados e com a máscara co‐ brindo o nariz e boca. A cada mi‐ nuto é preciso cobrar eles, pois é automático ficarem ofegantes e quererem tirar a máscara”, diz. Atraso motor. De acordo com Lucimara, o tempo em que as crianças ficaram no ensino re‐ moto e híbrido impactou no de‐ senvolvimento deles. “É visível o atraso motor, o comprometimento na área cognitiva, na área afetiva. Com todo esse tempo em casa, as crianças precisaram quase rea‐ prender a andar, a correr, a jogar. Algumas estavam sedentárias, de‐ saprenderam a correr junto com uma ou mais crianças”, afirma. Até chegar ao retorno total, as atividades escolares passaram por vários momentos. Em março de 2020, o ensino de maneira re‐ mota foi o único modelo adotado. Já em maio de 2021, houve a pos‐ sibilidade de realização das aulas em ensino híbrido, com a divisão das turmas em dois grupos com aulas presenciais intercaladas a cada semana. Por fim, a partir de 23 de agosto de 2021, a SME au‐ torizou o retorno das aulas presenciais com a totalidade de alunos, desde que respeitando um metro de distância entre eles.

ENSINO SUPERIOR

Parceria de alunos cria cursinho pré-vestibular gratuito MARIA EDUARDA RIBEIRO

Estudantes da Universidade Esta‐ dual de Ponta Grossa (UEPG) e da Universidade Tecnológica Fe‐ deral do Paraná (UTFPR) se uni‐ ram para construir um cursinho online e gratuito para estudantes acima de 16 anos que estão no en‐ sino médio ou que já o concluí‐ ram, mas não possuem condições financeiras de arcar com as aulas. Gabriel Nunes, diretor de eventos do diretório de estudantes da UTFPR, diz que muitos estu‐ dantes não têm acesso a uma edu‐ cação qualificada e acabam não tendo a chance de entrar em uma

universidade pública. A preparação do cursinho é voltada aos vestibulares das uni‐ versidades públicas do Paraná e para o ENEM. A estudante do pri‐ meiro ano Kemily Nunes, do Co‐ légio Dr. Mario Toledo de Moraes, fará o Processo Seletivo Seriado (PSS) da UEPG. Ela se sente preparada para realizar as provas. “Antes do cursinho eu não sabia muito qual conteúdo estudar e por onde começar. Agora com o cursinho eu tenho mais orientação dos professores para isso.” O caso é o mesmo para Gus‐ tavo Soares Leão. O estudante se informou durante este ano para

saber se havia um cursinho públi‐ co em Ponta Grossa para se pre‐ parar melhor para as provas de vestibular. Porém, desde março do ano passado, período em que a pandemia eclodiu, as instituições de ensino que eram vinculadas ao município e que ofereciam um curso pré­vestibular de forma gra‐ tuita perderam tal associação e, consequentemente, houve uma evasão dos alunos nos estudos. Vaga. Atualmente, Gustavo é aluno do cursinho solidário e o considera importante no seu pro‐ cesso de disputa por uma vaga. “Agora tenho a base que eu tanto queria para estudar e passar nos

vestibulares”, afirma. “Se eu não tivesse conseguido uma vaga no cursinho solidário, eu não pagaria nenhum curso a fora porque não tenho condições. Provavelmente, eu estaria bem perdido em relação aos estudos.” Os professores do cursinho são, em grande maioria, acadêmi‐ cos da UEPG que se voluntaria‐ ram para darem aulas. Todos foram escolhidos por Processo Se‐ letivo e participaram de entrevis‐ tas classificatórias e simulações de aulas testes para que fossem avaliados. O material utilizado nas aulas também foi produzido pelos professores selecionados.


especial

08

Foca Livre: 30 anos

e ensinando a fa

Jornal laboratório foi criado em outubro de 1991. Desde então, tem contribuído no apontamento e na solução de problemas da comunidade; o Foca está na memória afetiva de inúmeros profissionais que hoje estão no mercado de trabalhado apurando informações, escrevendo textos, fazendo fotos e afins para ajudar a construir um país melhor

ISADORA RICARDO

O Foca Livre completa, em outu‐ bro de 2021, 30 anos de produção. A criação do projeto teve apoio de professores e, após reuniões, pes‐ quisas e assembleias, surgiu a pri‐ meira edição. Mesmo integrada à disciplina de Jornal­Laboratório I do terceiro ano, o jornal contou com a participação de estudantes das demais turmas na produção de fotografias, textos e conteúdos. O Foca Livre substituiu o Contraponto, que durou três anos, entre 1989 e 1992. Com o Foca, surgiu o primeiro jornal laborato‐ rial do regime anual de ingresso de estudantes. A decisão de um novo produto foi encaminhada pe‐ lo próprio Colegiado do curso, que propôs um currículo com no‐ vos projetos laboratoriais. O professor do curso de Jor‐ nalismo na UEPG Marcelo Engel Bronosky fez a produção do jor‐ nal em 1993. Ele conta que, no início, a periodicidade não era re‐ gular. ‘‘Fazia­se na medida do possível, dentro da dinâmica da turma’’, afirma. Ele ressalta que o Foca tinha somente oito páginas e que, entre os estudantes, sempre trouxe expectativa e ansiedade. ‘‘A história do Foca é praticamen‐ te a história de todo estudante de Jornalismo na UEPG’’, destaca. Elaine Javorski, jornalista formada pela casa em 1998, relata que além do jornal oficial do cur‐ so a turma produziu um encarte cultural e, com a ajuda de patrocí‐ nios do comércio local, publica‐ ram algumas edições veiculadas junto ao Foca Livre. ‘‘Nossa ideia era mostrar a cultura porque não tinha espaço para isso nos jornais tradicionais’’, pontua a jornalista. Alberto Benett, idealizador do encarte, e atualmente chargista da Folha de S.Paulo e editor do jornal Plural, lembra com carinho das edições produzidas por sua turma. Ele afirma que era fasci‐ nante produzir o Foca porque par‐ ticipava de todo o processo de criação. Ressalta que o jornal foi um dos primeiros que desejou pu‐ blicar. ‘‘Quando chegou a minha vez, tudo que eu desejava era pu‐ blicar as charges e ilustrações.’’ Bennet relembra, em especi‐ al, uma edição em que não tinha conseguido pauta. No deadline

2015: estudantes da turma 28 do curso de Jornalismo preparam uma das edições do

‘‘Morreríamos fazendo jornalismo, pensei. Mas o importante é que a edição fez barulho.” Alberto Benett, ex-aluno (prazo final), surgiu uma suges‐ tão. Ele foi escalado para contatar fontes, produzir o texto e diagra‐ mar. Com amigos, foram até Curi‐ tiba para ter auxílio do irmão dele, designer gráfico. A viagem de volta para Ponta Grossa foi um sufoco. ‘‘Era de madrugada e aca‐ bamos dormindo. Acordamos com os socos do chãos de terra e pe‐ dras ao sair da estrada. Morrería‐ mos fazendo jornalismo, pensei. Mas o importante é que a edição fez bastante barulho”, diz Bennet. No início, se por um lado

havia dificuldade na estrutura da instituição para ceder recursos e condições para produção de um jornal de qualidade, por outro ha‐ via a liberdade de produzir do iní‐ cio ao fim um jornal próprio. Aniela Almeida, ex­aluna da casa, pontua essa autonomia. ‘‘Mesmo que não tivéssemos a rotina do dia a dia (de uma redação), tínhamos condição de produzir todo o con‐ teúdo e aprendermos todas as par‐ tes de um jornal’’, afirma Aniela. A jornalista caracteriza o jornal como fator contribuinte do senso investigativo da profissão. ‘‘O trabalho de construção do Fo‐ ca Livre dentro da universidade com todas as dificuldades, aliado à disponibilidade dos professores e à vontade dos acadêmicos, ajuda a compreender que a notícia não é simples de ser feita’’, ressalta.


especial

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contando histórias

azer jornalismo ARQUIVO FOCA LIVRE

REPRODUÇÃO LATTES

Karina Janz e Vinícius Biazotti

De repórteres do Foca a professores de Jornalismo

Foca; hoje, por causa da pandemia, produção está sendo realizada remotamente

Desafio. Ao chegar aos 30 anos, o Foca Livre tem enfrentado um desafio enorme: ser produzido de forma inteiramente remota de‐ vido à pandemia da Covid­19. Esta edição, de número 219, é o quarto jornal montado remota‐ mente. Mas isto não afeta o pro‐ gresso, que a cada publicação tem o remanejamento de funções entre os estudantes, a fim de que todos passem pelos quatro processos de produção da montagem do jornal. O professor Rafael Kon‐ dlatsch, que acompanhou a produ‐ ção do jornal antes e durante a pandemia, comenta que na cria‐ ção remota as atividades são mais lentas, e é necessário um esforço extra por parte de alunos e profes‐ sores. ‘‘É válido como um proces‐ so de aprendizado, mas dá outra perspectiva do jornalismo, em um

“A história do Foca é praticamente a história de todo estudante de Jornalismo na UEPG.’’ Marcelo Bronosky, professor novo e atípico momento’’, afirma. Em 20 dias, a edição 218 do Foca, publicada em agosto, uma das do período remoto, chegou a 2 mil visualizações. O estudante Heryvelton Martins, que ajudou a produzir a edição, ressalta a im‐ portância do digital, recurso usado na divulgação. ‘‘O Foca Livre di‐ gital traz visibilidade e alcance. A internet hoje tem um alcance mai‐ or que o meio impresso. Traba‐ lhando só com o digital, nós mandamos o link, a pessoa já lê e compartilha’’, opina o estudante.

O Foca Livre foi a primeira expe‐ riência de muitos estudantes que hoje são professores de Jornalis‐ mo na UEPG. Este é o caso, por exemplo, de Karina Janz Woi‐ towicz e Vinicius Biazotti. A importância do jornal la‐ boratorial é lembrada por muitos que se graduaram na UEPG. Para eles, o jornal é uma forma de aprender, dialogar e entender a ro‐ tina produtiva do meio impresso. Para o professor Vinícius Biazotti, formado em 2016 pela universidade, o Foca Livre supera todas as expectativas, e se apre‐ senta com teor profissional. ‘‘É um privilégio para a cidade de Ponta Grossa ter um produto co‐ mo o Foca Livre’’, declara. Karina Janz Woitowicz, jor‐ nalista e professora do curso for‐ mada pela UEPG, afirma que o jornal, em sua época como estu‐ dante, era a atividade mais espera‐ da do curso. ‘‘Era o momento de realizar a produção e ter o materi‐ al em mãos’’, comenta. Uma das primeiras tarefas de Karina como professora uni‐ versitária foi a produção do Foca. Ela ressalta ter sido uma experiên‐ cia interessante. ‘‘Foi uma opor‐ tunidade de ter contato com a produção já numa outra situação, mas ainda com essa lembrança.’’ Prêmio. O Foca Livre foi finalista de algumas premiações. A estudante Manu Benício, do quarto ano, foi finalista na Expo‐ com Sul edição 2020 com sua tur‐ ma. Ela afirma que o empenho na produção foi grande, e que o sen‐ timento de estar entre os melhores produtos da região sul do Brasil é indescritível. ‘‘É o reconhecimen‐ to de todo o nosso trabalho’’, diz.


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economia CATHARINA IAVORSKI

PONTA GROSSA

Geração de empregos cresce, mas desligamentos também VINICIUS SAMPAIO

Redução ocorreu por causa do isolamento social e fechamento de lojas

CONSUMO

Venda de cosméticos registra queda de 15% durante a pandemia CATHARINA IAVORSKI

O comércio de cosméticos preci­ sou se reformular na pandemia. De acordo com dados da Associa­ ção Brasileira da Indústria de Hi­ giene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), no iní­ cio de 2020 o comércio destes produtos teve queda de 10% a 15% se comparado com o ano an­ terior. Isso ocorreu, sobretudo, por causa do isolamento social e do fechamento provisório das lojas. Entretanto, o mercado parece es­ tar reagindo. Entre janeiro e abril de 2021, os dados da entidade re­ velam que o setor cresceu 5,7% quando comparado com o mesmo período de 2020. Em Ponta Grossa, lojas e re­ vendedoras do setor explicam que houve queda na venda devido à pandemia, principalmente entre os meses de março e abril de 2020. De acordo com Giulia Pizzatto, gerente de uma loja de cosméticos da cidade, no último ano houve um maior consumo de produtos de autocuidado, como cremes pa­ ra o rosto, produtos para a pele e cosméticos para a área dos olhos. Contudo, na loja em que trabalha, notou­se queda na venda de pro­ dutos para a área dos lábios, por

exemplo. “O setor mais atingido foi a parte dos lábios, com uma queda de cerca de 35% na loja." Preços. Além do declínio nas vendas, itens que não são de uso de higiene pessoal diária, enfren­ taram o aumento do valor. Laís Camargo, revendedora de cosmé­ ticos, diz que, no início da pande­ mia, suas vendas diminuíram cerca de 50%. A revendedora tam­ bém observa que o aumento de preços impactou na comercializa­ ção. “Os preços tiveram um au­ mento mensal, alguns produtos precisei manter o valor, mas ga­ nhando menos para não perder os clientes ou precisei esperar pro­ moções para vender aos clientes que estavam reprovando os valo­ res dos produtos.” Compradoras e compradores também tiveram que alterar os seus hábitos de consumo. Simone Oliveira, que costuma usar cos­ méticos, diz que durante a pande­ mia, seus hábitos de compra precisaram mudar em função da alta de preços dos produtos. “O consumo de produtos que não são de autocuidado caíram bastante, o motivo disso está relacionado a minha renda, eu tive que optar pe­ la necessidade, então substituí por outros produtos mais baratos.”

Uma pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgada no fim de ju­ lho deste ano, revela que Ponta Grossa registrou 23.342 admis­ sões no primeiro semestre de 2021. Trata­se de um volume 15,7% maior que em igual perío­ do de 2020, quando registrou 20.173 admissões. Mas, assim co­ mo as admissões, o índice de des­ ligamentos no município também sofreu aumento neste ano: 1.334 a mais em relação ao primeiro se­ mestre do ano passado. Professora de Economia na UEPG, Augusta Raiher afirma que, mesmo com os efeitos do coronavírus na geração de empre­ gos em Ponta Grossa, o município obteve resultados positivos duran­ te o período da pandemia. “O efeito negativo da covid­19 se deu em meados de abril do ano passa­ do, mas o mercado de trabalho pode se recompor nos meses se­ guintes, reagindo bem ao período crítico da pandemia’’, aponta. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, estima que o Paraná al­ cançou a marca de 553 mil deso­ cupados no estado durante o primeiro semestre de 2021. O Ins­ tituto também revela que o Brasil alcançou 14,6% da população de­ sempregada neste ano. É a segun­ da maior marca da série histórica do IBGE iniciada em 2012, ape­ nas ficando atrás do primeiro tri­

mestre do ano de 2021, que teve o total de 14,7%. Procura. Thais Lins conse­ guiu um emprego em julho deste ano, mas revela que enfrentou di­ ficuldades para encontrar um em­ prego. Segundo ela, demorou três meses para que conseguisse um trabalho formal em algum estabe­ lecimento. “Foi difícil encontrar um emprego porque queriam al­ guém com experiência no cargo’’, diz. Durante o período, a procura de Thais se deu principalmente nas áreas de vendas e administra­ tivo. Desde julho, ela trabalha co­ mo atendente em uma loja de bijuterias, no Jardim Carvalho. Uma jovem que preferiu não ser identificada conta que está à procura de um trabalho há cerca de três anos. “Procuro um empre­ go desde 2018, como jovem aprendiz primeiramente, mas nun­ ca consegui. Procuro trabalho fixo há dois anos e também não conse­ gui nada’’, relata. Ela afirma que uma das difi­ culdades na procura por um em­ prego é a exigência de empresas por pessoas com experiência. “Quando aparece alguma vaga é para quem tem experiência e quando não exigem isso, fazem trabalhar como freelancer, mas não têm paciência para explicar’’, revela. Além de seguir à procura de um trabalho formal, ela atual­ mente faz alguns trabalhos free­ lancers e também recebe a ajuda de familiares para conseguir continuar se mantendo. VINICIUS SAMPAIO

Taxa de desemprego atinge 14,6% dos brasileiros em 2021, segundo o IBGE


mercado

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HOME OFFICE

Conciliar tempo de trabalho e lazer é desafio para os que trabalham de maneira remota KATHLEEN SCHENBERGER

A falta de distinção entre tempo de trabalho e lazer colabora para o desenvolvimento de ansiedade e prejudica a saúde mental de mui­ tos que, na pandemia, adotaram o trabalho em home office. O servidor do judiciário Matheus de Quadros passou por esta situação. Ele fala que, com o home office, sua rotina mudou e passou a ser comum deixar alguns encargos para a madrugada. “Após um tempo me senti muito cobrado devido à sensação de disponibilidade plena para o trabalho”, diz. Ele também re­ lata que já sofria com os sintomas de ansiedade, mas a atual condição agravou ainda o seu estado. “Precisei aumentar a dose do meu remédio de uso contínuo devido à sensação de estar trabalhando o dia todo.” Também em home office, a compradora Aline Santos relata ter encontrado dificuldades para se adaptar à rotina. Ela fala que as co­ branças da empresa a pressionaram ainda mais. “Tive alguns sintomas de ansiedade por querer dar conta de tudo ao mesmo tempo.” Porém, a compradora decidiu priorizar a saú­

de mental e relata que mudar a for­ ma de pensar diminuiu o estresse. Para ela, encontrar o equilíbrio entre as demandas foi crucial para sua saúde. “Como estava me fazendo mal, comecei a fazer as obrigações no meu tempo, sem pressa para cumprir tudo", comenta. Ansiedade. O corpo pode ex­ pressar que algo está errado através da ansiedade, explica a psicóloga Ana Paula Malysz. Ela fala que a au­ tocobrança tem relação com as ex­ pectativas sobre o trabalho. “Às vezes, na tentativa de querer dar conta de tudo, a ansiedade e o medo de decepcionar gera um desgaste emocional.” Segundo a psicóloga, o ideal é reconhecer os próprios limi­ tes. “Divida e delegue tarefas, não pegue tudo para si. É necessário aprender a dizer não sem medo.” Ana Paula também reforça que é importante reconhecer os sinais. “A ansiedade pode se manifestar em nível físico como sudorese, tensão muscular, apetite desregulado e alte­ rações do sono. Em nível emocional, como a desconcentração, angústia, medos irracionais, preocupações ex­ cessivas, entre outras”, explica. A psicóloga orienta que ao identificar

MARIA LUIZA PONTALDI

Sobrecarga no serviço feito de casa pode levar a males como ansiedade

sinais de ansiedade é preciso procu­ rar ajuda profissional. Tratamento. Segundo a Fun­ dação Municipal de Saúde de Ponta Grossa, durante a pandemia houve um aumento de aproximadamente 20% pela procura de atendimentos em saúde mental. O departamento de Saúde Mental destaca que uma das principais causas identificadas para o agravamento dos transtornos é a sobrecarga nas rotinas. Na cida­ de, existem meios que proporcio­ nam o tratamento de pessoas que sofrem com ansiedade e outros transtornos psicológicos.

Inicialmente, a pessoa pode procurar atendimento em uma Uni­ dade Básica de Saúde. Os casos mo­ derados são atendidos no Ambulatório de Saúde Mental e os casos graves são encaminhados para os Centros de Atendimento Psicos­ social. Além disso, é possível procu­ rar ajuda em instituições privadas que realizam atendimentos psicoló­ gicos. Neste caso, os alunos do cur­ so de Psicologia das faculdades oferecem as consultas com valores mais acessíveis e os atendimentos podem ocorrer tanto de forma pre­ sencial como online.

para controlar suas crises durante os estudos. “Quando eu tenho uma cri­ se e não consigo fazer nada, é como se eu fosse desmaiar, então não reali­ zar o tratamento com remédios não era uma opção.” Psicologia. Esses problemas psicológicos não se manifestam ape­ nas em jovens no ensino médio, mas também em trabalhadores que dese­ jam cursar o ensino superior. Atual­ mente, Sara Milena Vaz é setorista na empresa Multinacional Tetra Pak durante o dia, mas à noite estuda pa­ ra provas de vestibular e ENEM. Ela conta que este é seu terceiro ano co­ mo vestibulanda e que sua rotina se torna estressante e cansativa. A psicóloga Izabel Freitas de Borba Rosa aponta que, durante a pandemia, muitos pais entraram em contato para buscar acompanhamen­ to psicológico de seus filhos. “Eu re­ cebi vários adolescentes de uma hora para outra no meu consultório, isso

foi um grande reflexo de que os jo­ vens estavam sofrendo durante a pandemia”, comenta. Segundo Iza­ bel, ela atende jovens com diversas demandas psicológicas. “A pande­ mia de Covid fragilizou ainda mais a saúde mental dos adolescentes.”, acrescenta a profissional. Apesar das dificuldades vivi­ das, Sara Milena e Ana Júlia relatam que esperam entrar na universidade em 2022, mas divergem em como acham que será a vida acadêmica. “Eu acho provável que o ensino no ano que vem permaneça de forma remota ou ensino híbrido, como já está sendo ofertado por muitas Uni­ versidades públicas e particulares”, expõe Sara Milena. Em contraparti­ da, a estudante Ana Júlia se mantém otimista em relação ao seu ano de ingresso como caloura. “Acredito que até lá muitos jovens já estejam vacinados, então eu acho que o ensi­ no presencial irá voltar”.

PROFISSÃO

Pandemia afeta preparação para vestibular, dizem jovens AMANDA MARTINS

O período pré­vestibular sem­ pre foi desafiante aos estudantes. Na pandemia, devido aos reflexos do isolamento social e outras medidas de combate à Covid­19 nos modelos de ensino, o desafio tem sido ainda maior que o normal. Segundo um estudo científico realizado no periódico da Associa­ ção Médica Americana, a JAMA Pe­ diatrics, antes da pandemia 12,9% dos jovens apresentavam sintomas depressivos. Durante a crise do ví­ rus, esse número aumentou para 25,2%. Já em adolescentes com sin­ tomas de ansiedade, a taxa subiu de 11,6% para 20,5%. Os índices se elevaram à medida que a pandemia

de Covid­19 se agravava. Ana Júlia de Souza, estudante do Ensino Médio, planeja seguir pa­ ra a graduação quando se formar. Ela relata que a pandemia acabou difi­ cultando muito o processo de apren­ dizagem e que, apesar de os professores se esforçarem, muitas vezes a ajuda deles acaba não sendo suficiente. “A pressão das provas de vestibular, provas da escola e os pro­ blemas que às vezes ocorrem por es­ tarmos estudando em casa, torna tudo mais difícil”, comenta. A falta de convívio social, aumento no es­ tresse familiar e limitação na hora de realizar atividades acabam prejudi­ cando o bem­estar mental. Ana comenta que precisou fa­ zer acompanhamento profissional


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cidades

NATUREZA

Prática de atividades físicas ao ar livre se populariza na região dos Campos Gerais JULIANO MAKOHIN/DIVULGAÇÃO

LUCAS RIBEIRO

Os municípios da região dos Campos Gerais, incluindo Ponta Grossa, têm ganhado destaque na área das práticas de atividades fí‐ sicas ao ar livre pelos visitantes que percorrem as áreas naturais da região. Práticas como a trilha, ciclismo e rapel se tornaram po‐ pulares e passaram a ser realiza‐ dos por um maior número de pessoas. Pontos como o Parque Estadual de Vila Velha, a Cacho‐ eira da Mariquinha e o Buraco do Padre se destacam como alguns dos locais mais utilizados para a prática destas atividades. O ecoturismo e o turismo de aventura (práticas de esportes em meio a natureza) se tornaram as atividades mais procuradas pelos visitantes. A guia de turismo Rita de Castro Martins conta que a prática dessas atividades aumen‐ tou nos últimos anos e que a região possui a capacidade de atrair ainda mais turistas, caso o poder público e a população con‐ tinuem investindo na área. “Hoje temos dois locais bem estrutura‐ dos que recebem os maiores nú‐ meros de visitantes, mas a região possui outros lugares com belezas naturais como as cachoeiras da

Fazer trilhas e outros exercícios na mata pode ajudar a aliviar o estresse

Mariquinha e São Jorge que ainda carecem de melhorias em suas es‐ truturas para atrair mais visitan‐ tes”, destaca Rita. Praticante. Juliano Makohin é técnico em informática e prati‐ cante de trilhas de forma recreati‐ va. Ele explica que este tipo

de exercício, especialmente na pandemia, foi a resposta encontra‐ da para enfrentar os problemas causados pelo isolamento, como a ansiedade e a falta do contato com o mundo exterior. “Além de algo que motiva a conhecer novos lu‐ gares e a desafiar a si mesmo, pra‐

ticar trilhas ajuda a manter a mente e o corpo trabalhando de forma saudável”, conta. O psicólogo Nicolas Fialho explica que o contato com a natu‐ reza promove melhoras na saúde mental, já que a interação com o meio faz parte da condição huma‐ na, e atua de forma positiva para a qualidade de vida das pessoas. “Esse contato nos ajuda a respon‐ der de forma positiva às situações como o estresse e o humor, auxili‐ ando diretamente na melhora des‐ tes e de outros elementos”, detalha. O cicloturismo é outra ativi‐ dade que tem se popularizado. A prática consiste em percorrer tri‐ lhas e explorações na natureza uti‐ lizando uma bicicleta como meio de transporte. Nathan Kawahara pratica a modalidade há oito anos e vê a região dos Campos Gerais, especialmente o distrito de Itaia‐ coca em Ponta Grossa, como um grande potencial para o desenvol‐ vimento do esporte. “A região tem muito a oferecer. Como muitas vezes faltam atenções, alguns lo‐ cais acabam pouco visitados ou apresentam problemas devido a ação humana. Com novas ciclovi‐ as e um aumento do incentivo, a região pode abrigar ainda mais turistas”, afirma.

ENDEREÇO

Cinco bairros de Ponta Grossa terão placas e CEP LILIAN MAGALHÃES

Pelo menos cinco bairros de Ponta Grossa e cinco residenciais terão placas e Código de Endere‐ çamento Postal (CEP), o que faci‐ litará o acesso de moradores a serviços que exigem esta informa‐ ção, como a entrega de cartas. Serão atendidos os bairros Costa Rica, Londres, Buenos Ai‐ res, Athenas e Panamá, e os resi‐ denciais Esplendore, Colinas Verdes, Parques dos Sabiás, Cali‐ fórnia I e Califórnia II. O primeiro local a ser regula‐ rizado pela lei é o Costa Rica. O bairro contará com a instalação de

119 placas com a identificação e regularização dos CEPs. Valéria Pereira, presidente da Associação dos Moradores do Costa Rica, descreve o regulamento do CEP como uma conquista. “Não rece‐ bíamos correspondências porque o núcleo não possuía CEP, e agora temos uma localização exata. Ho‐ je, o procedimento é que nós, mo‐ radores, coloquemos os números nas casas”, diz. A Prefeitura de Ponta Grossa informou que cabe à administra‐ ção municipal apenas a instalação das placas com os nomes das ruas, mas que o pedido da definição do CEP deve ser feito nos Correios.

As dificuldades de não ter identificação são notadas por mo‐ toristas e entregadores. Maryane Neumann reafirma as dificuldades para localizar a residência de mo‐ radores em bairros afastados. “É preciso ligar para o morador para receber instruções do endereço, pois não existem placas de identi‐ ficação indicando o logradouro, e em alguns casos, estão deteriora‐ das. Já tive estas experiências nos bairros Neves e Ouro Verde”. Placas. Mauricio Silva, se‐ cretário municipal de Administra‐ ção e Recursos Humanos, diz que o processo de colocação das pla‐ cas de identificação urbana é

constante, uma vez que os equipa‐ mentos são danificados pelo tem‐ po e precisam de substituição. “Precisamos trabalhar para repor em outros locais as placas que es‐ tão deterioradas, então o trabalho tem que continuar sem se esgotar em uma única ação”. O secretário explica que a distribuição das correspondências é responsabilidade da Empresa Brasileira de Correios e Telégra‐ fos (ECT). “Se no local já existem placas com o CEP, a Secretaria de Administração pode entrar em contato com o ECT para a solução de possíveis problemas e eventu‐ ais reclamações com o serviço”.


geral CRISTIANE MELO

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MOSQUITO

Casos de dengue diminuem 75% em PG, diz Fundação de Saúde VALÉRIA LAROCA

De janeiro a agosto deste ano a cidade teve só 676 milímetros de chuva

CLIMA

Estiagem preocupa em Ponta Grossa; há risco de racionamento CARLOS SOLEK

A situação de emergência hídrica no Paraná, provocada pela escas‐ sez de chuvas neste ano, preocupa agricultores e população de Ponta Grossa. Entre janeiro e agosto, o município acumulou 676 milíme‐ tros de chuva, segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Sime‐ par). Para o período, isso é 25% abaixo da média histórica, calcu‐ lada desde 1998. O engenheiro agrônomo An‐ dré Sant’anna avalia um provável impacto na agricultura, especial‐ mente na safra de milho. “Pode acontecer problemas como a di‐ minuição da produtividade e o atraso da plantação por conta do solo estar seco, havendo o risco de perda da semente”, alerta. An‐ dré ressalta que caso ocorram per‐ das significativas, haverá também aumento de preço nos produtos derivados do grão, como ração para animais e alimentos. Agricultura. O agricultor Gildo Obereck, que planta milho para silagem, tem receio de per‐ das na plantação e prejuízos fi‐ nanceiros. “Tenho medo que essa falta de chuvas prejudique minha lavoura, pois já atrasei o plantio por causa das geadas fortes e ago‐ ra há o risco da seca”, comenta. Há ainda riscos de raciona‐ mento de água, já que, pelo decre‐

to estadual, as empresas de sanea‐ mento estão autorizadas a adota‐ rem a medida para garantirem o abastecimento mínimo à popula‐ ção. Em Ponta Grossa, a Compa‐ nhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) não descarta a possibili‐ dade de racionamento caso a crise hídrica persista. O meteorologista do Simepar Reinaldo Kneib explica que a fal‐ ta de chuvas na região ocorre em razão da irregularidade da umida‐ de atmosférica, mas não há uma justificativa específica para o fenômeno. “Existem apenas teori‐ as, como o efeito La Niña, que impede que a umidade seja mais frequente na região sul, havendo uma quantidade menor de chu‐ vas”, salienta Kneib. As fortes queimadas em ou‐ tras regiões do país são outros fa‐ tores que ajudam a compreender a seca, segundo o meteorologista. “Quando há muita fuligem na at‐ mosfera, há uma variação na for‐ mação das nuvens, o que acarreta na mudança da ocorrência de chu‐ vas, afetando a região”, destaca. Reinaldo Kneib observa que a estiagem deve continuar. “Ainda que a partir do mês de setembro comece a chover com maior in‐ tensidade, as precipitações devem permanecer irregulares e abaixo da média até o fim do ano”, ressalta o meteorologista.

Ponta Grossa registrou 14 casos de dengue em 2021. Segundo re‐ latório da Fundação Municipal de Saúde, o número de registros da doença é 73% menor que em 2020, com 53 registros. Segundo a coordenadora de epidemiologia Caroliny Stocco, os números têm se mantido bai‐ xos. O maior índice foi em 2016, com 24 registros. “Isso demonstra que os serviços estão identifican‐ do os casos, mesmo diante da pandemia em que os sintomas de Covid­19 podem se confundir com os de dengue”. Pandemia. Uma das alterna‐ tivas para conscientizar e fomen‐ tar os cuidados domésticos durante a pandemia foi a criação da Campanha Digital de Combate a Dengue, promovida pelo Sesc Paraná, que contou com a partici‐ pação de 249 municípios. Natana Rodrigues, técnica de atividades do Sesc Ponta Grossa e

responsável pela ação na cidade, explica que a prática, além de en‐ volver toda a comunidade, cola‐ bora com o trabalho da Vigilância, pois diminui os possíveis focos do mosquito Aedes aegypti. “A cam‐ panha foi através do aplicativo Sesc Paraná. O morador se cadas‐ trava e publicava fotos removen‐ do locais com água parada. De acordo com o número de publica‐ ções o município ia pontuando”, destaca a técnica. Natália Contente, moradora de Ponta Grossa que adquiriu den‐ gue no início da pandemia, relata sobre o protocolo após confirma‐ ção da doença. “Com o resultado, a vigilância sanitária veio até meu prédio verificar o possível foco do mosquito, mas como contraí fora da cidade não tinha nenhum peri‐ go para os moradores”, diz. Em casos extremos, a dengue pode provocar a morte. Os princi‐ pais sintomas da doença são fe‐ bre, dor de cabeça, dores pelo corpo, cansaço e mal­estar.

RENDA

Projeto leva empreendedorismo a mulheres vítimas de violência MARIANA GONÇALVES

Para ajudar mulheres vítimas de violência, foi lançado em agosto o projeto Dona de Mim. O objeti‐ vo é oferecer subsídios para que as vítimas possam alcançar sua independência financeira por meio do empreendedorismo. A seleção das participantes é feita pela Patrulha Maria da Pe‐ nha. O projeto atende até 25 mu‐ lheres em situação de risco por um mês, com quatro encontros presenciais semanais nos quais receberão orientações sobre em‐ preendedorismo, tendências de mercado e economia criativa. Tonia Mansani, coordenado‐ ra do projeto, explica que mesmo após o afastamento do parceiro, as mulheres têm dificuldades de voltar ao mercado, seja por au‐ sência de qualificação e experiên‐ cia ou por passar muito tempo

fora do mercado de trabalho for‐ mal. "Assim, o empreendedoris‐ mo é uma possibilidade para que as mulheres desenvolvam seus ne‐ gócios, gerando renda". Vítimas. Bruna Balsano, ad‐ vogada do Núcleo Maria da Pe‐ nha da UEPG (Numape), explica que em quase todos os casos de violência doméstica, a dependên‐ cia emocional e financeira causa insegurança nas vítimas. “Esses fatores geram dúvidas se deve dar continuidade à denúncia e sair da relação. Sempre há o medo de co‐ mo se sustentará, a questão fami‐ liar e o preconceito”. Bruna reafirma a importância desse pro‐ jeto para mostrar às vítimas que existem meios de sair do ambiente de violência, mas é necessário tra‐ balhar a mulher em um todo. “Não só o mercado de trabalho, mas também a parte psicológica e a jurídica”, destaca a advogada.


cultura

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LITERATURA

Por causa da necessidade de isolamento, escritores lançam livros em eventos online HELENA DENCK

HELENA DENCK

Na pandemia, o mundo literário precisou passar por mudanças sig­ nificativas. Os lançamentos de li­ vros, por exemplo, tiveram que ser feitos por transmissões pela internet. Isso interferiu no habitu­ al encontro entre autores e leitores na sessão de autógrafos. Marco Aurélio de Souza pu­ blicou livros de poesia e romance na pandemia. Todos tiveram lan­ çamentos remotos. Ele destaca que existem pontos positivos, co­ mo a participação de pessoas que antes não teriam acesso ao evento. Mas esta possibilidade priva a re­ lação mais íntima entre escritores e leitores. “Muita gente deixa de comprar o livro e é por isso que editoras pequenas e autores inde­ pendentes perderam muito com a interrupção de lançamentos pre­ senciais”, afirma. No caso de Camila Pasetto, que lançou um livro de relato so­ bre sua gravidez e seu parto, a possibilidade de um evento pre­ sencial já era pequena desde o princípio. Mesmo assim, ela des­ taca que a pandemia fez com que refletisse melhor sobre sua recém descoberta carreira de autora, e que pretende continuar escreven­ do. “Graças à escrita pude canali­ zar da melhor forma todos os sentimentos da pandemia. Foi meu refúgio, minha terapia.” Jacqueline de Mattos também

Eventos remotos afastaram o tradicional encontro de autores e leitores

teve uma primeira experiência de lançamento remoto com sua obra de literatura infantil. Para chamar a atenção dos pequenos leitores, a autora tem que se desdobrar para atrair os olhos das crianças, como músicas. “É interessante que o au­ tor tenha elementos que chamem a atenção de uma maneira alegre.” Editoras. As editoras de li­ vros também tiveram que parali­ sar suas atividades presenciais e trazer novas ações para o mundo digital. Cristina Jones, publisher (quem faz a seleção dos conteú­ dos publicados) da Editora InVer­ so, destaca que os lançamentos online foram a alternativa com a maior possibilidade de alcançar um grande número de pessoas. “Quando começamos a fazer os eventos online, o leitor fica mais animado conhecendo mais o autor pelas suas falas e pela sua presen­ ça nas transmissões”, comenta. Cristina ainda reforça o quanto novos conteúdos digitais foram criados a partir do sucesso dos lançamentos remotos como tópicos exclusivos sobre gêneros literários e espaços que aproxi­ mam mais o público do mundo dos livros. “O que no início era reinvenção, este ano virou uma expansão, que faz com que a gen­ te utilize todas as ferramentas com o objetivo de ir aonde o lei­ tor está e fazer com que a literatu­ ra faça seu papel transformador na vida das pessoas.”

INDICAÇÃO DE LIVROS O AUTO DA COMPADECIDA

CARANDIRU

Do escritor Adriano Suassuna, o romance conta a história de Chicó e João Grilo tentando sobreviver em um ambiente hostil. O longa­metragem, lançado em 2000, traz no elenco nomes como Selton Mello e Matheus Nachtergaele e é dirigido por Guel Arraes. Ambientados no sertão brasileiro, livro e filme são símbolos da cultura nacional e, principalmente, nordestina.

Escrito pelo Dr. Drauzio Varella e lançado em 1999, o livro traz relatos de seus dez anos de atendimento como voluntário à prevenção da AIDS na Casa de Detenção de São Paulo, o maior presídio do país. A obra, adaptada para o cinema por Hector Babenco em 2003, discute violência, precariedade e superlotação das celas, expondo a realidade dos encarcerados.


esporte

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ÉRICA FERNANDA/DIVULGAÇÃO

PRATA DA CASA

Projeto paga bolsas de até R$ 1,04 mil para 98 atletas ANA LUIZA BERTELLI DIMBARRE

Trincas no piso são um dos problemas das pistas; rachaduras afetam prática da modalidade, agora olímpica

RADICAL

Skatistas pedem consertos nas pistas em Ponta Grossa JANAINA CASSOL

Rachaduras, buracos, matos, se‐ mentes de árvores e pedras são problemas comuns nas pistas de skate de Ponta Grossa. Skatistas dizem que, para uma prática segu‐ ra, as pistas devem ter um piso li‐ so e os obstáculos precisam ser resistentes para as manobras. As pistas dos bairros Santa Paula e Rio Verde foram construí‐ das em 2010. Os skatistas que usam o local fizeram reparos ne‐ las. A pista do Rio Verde não é frequentada atualmente. Já a pista localizada no Parque Ambiental foi reformada três vezes pelos skatistas e, em 2010, a prefeitura trocou o piso, porém, atualmente, se encontra com rachaduras. Também há as pistas da 31 de março e a do Parque Linear, no Bairro de Oficinas. As duas foram construídas em 2019. A pista da 31 de março possui um piso asfál‐ tico que, além de dificultar as ma‐ nobras, estraga o shape do skate. A pista do Parque Linear apresen‐ ta uma estrutura adequada, com modelo internacional. O local já foi utilizado para campeonatos re‐ alizados pela Associação Ponta­ grossense de Skate (APS) em

2019 e início de 2020. Gustavo Muzika frequenta a pista de skate do bairro Santa Paula. Ele reclama da falta de re‐ vitalização dos espaços. “Quere‐ mos ter um espaço para praticar, sem se preocupar em ter que tapar os buracos e varrer as pistas. Se a prefeitura ajudasse a fazer os re‐ paros, poderíamos curtir nosso ro‐ le sem essa preocupação”, relata. Rifa. A APS levanta fundos e conta com ajuda dos skatistas para reformar e manter as pistas ade‐ quadas para o uso. No entanto, o presidente da Associação, Roger Maliski de Souza, conta que os re‐ cursos são insuficientes. “Leva‐ mos propostas para melhoria, porém nunca nos foi dada a devi‐ da atenção. A secretaria de Espor‐ tes nunca considerou o skate como uma modalidade esportiva”, afirma o presidente. A Secretaria do Meio Ambi‐ ente criou recentemente o Depar‐ tamento de Parques e Praças, onde o mesmo realiza um levanta‐ mento das áreas públicas de lazer do município que estão precisan‐ do de manutenção e investimen‐ tos. Segundo a Prefeitura, o Departamento mapeou e incluiu no cronograma as pistas do Santa

Paula, do Parque Linear, do Rio Verde e da 31 de Março. As ma‐ nutenções já foram feitas nas pra‐ ças do Parque Monteiro e da Praça Getúlio Vargas, e as revitali‐ zações das pistas estão seguindo o cronograma de acordo com as dis‐ ponibilidades das equipes e exten‐ são do município. Olimpíada. O skate surgiu em meados de 1950 e 1960 na Califórnia, Estados Unidos. No Brasil, a prática se popularizou em 1970. Em Ponta Grossa, no fi‐ nal da década de 70, a primeira pista foi construída no Parque Monteiro Lobato, localizada no bairro Jardim Carvalho. Entretan‐ to, mesmo com a aceitação, o ska‐ te era visto com preconceito pelas pessoas destas comunidades. Pela primeira vez em 2021, o esporte virou modalidade nos Jo‐ gos Olímpicos de Tóquio 2020, e teve grande aceitação pelo públi‐ co brasileiro e mundial. Para Mu‐ zika, a inserção do skate nas Olimpíadas vai inspirar novos jo‐ vens a praticar. “As pessoas co‐ nheciam os skatistas como marginais, vândalos, e agora com o skate nas olimpíadas, todos ve‐ em que não somos nada do que pensam”, conclui o skatista.

Em Ponta Grossa, 98 atletas de‐ vem ser contemplados com o pro‐ jeto Prata da Casa. Eles receberão bolsas de R$ 260 a R$ 1.040. De‐ vido à pandemia, o edital de 2021 para a seleção dos beneficiados teve como base os resultados das competições realizadas pelos es‐ portistas nos últimos três anos. Serão atendidos os que, durante o isolamento social, continuaram com seus treinamentos. O projeto, que financiará o grupo por até seis meses, foi cria‐ do em 2005. É o único que ofere‐ ce bolsas esportivas na cidade. Ele busca estimular jovens que se destacam em modalidades como xadrez, handebol e basquete. Dis‐ tribui verbas para atletas de quatro categorias: olímpica, alto rendi‐ mento, seleção e base. Esta divi‐ são entre as categorias e a diferença de valores entre as bol‐ sas são realizadas pelos critérios técnicos correspondentes à impor‐ tância das competições apresenta‐ das e seus resultados. Ajuda. A enxadrista Giovan‐ na Pavlak foi selecionada pelo Prata da Casa duas vezes. Ela conta que antes de receber o bene‐ fício deixou de participar de algu‐ mas competições devido aos custos elevados dos torneios, fato que, com o auxílio do programa, não ocorreu novamente. Para a atleta, é de extrema importância que haja apoio finan‐ ceiro por parte da prefeitura desde o início da vida esportiva. “Ponta Grossa apresenta alto número de esportistas, então auxílios iniciais fazem com que eles cresçam cada vez mais dentro das modalidades e como profissionais também”, ressalta a beneficiária. Além do Prata da Casa, Pon‐ ta Grossa tem o projeto Escola da Bola. Este não tem distribuição de verbas. O projeto é destinado para crianças e adolescentes entre sete e 17 anos e seus objetivos estão li‐ gados à iniciação esportiva, recre‐ ação e promoção da saúde, bem como a busca por descoberta de talentos esportivos, afirma.


ensaio

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Tamires Limurci

Vinicius Sampaio

Neste espaço, o Foca publica fotos feitas por estudantes de Jornalismo da UEPG. Para esta edição, o tema escolhido é Primavera. Cassiana Tozati

Lilian Magalhães

Maria Luiza Pontaldi

Matheus Gaston

Vittória Mulfait

Carlos Solek

Carlos Solek

Cassiana Tozati


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