fevereiro 2022 | jornal FNE
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ESTADO DA EDUCAÇÃO 2020 TROUXE MAIS SINAIS DE PREOCUPAÇÃO O Relatório “Estado da Educação 2020” – edição de 2021 do Conselho Nacional da Educação (CNE) foi divulgado publicamente no início de fevereiro e trouxe à tona conclusões vistas pela FNE com "muita preocupação". Em declarações à Rádio Renascença, o Secretário-Geral da FNE, João Dias da Silva, lamentou "a inexistência de medidas para atrair os portugueses para a carreira docente", lembrando ainda que "precisamos de fazer com que haja pessoas com formação para ser professores e que estão fora do sistema, atraí-los para voltarem a vir para a profissão docente”. Para isso, “são precisas medidas de atra vidade para estas pessoas, renovando as suas condições de trabalho que, muitas vezes, as obrigam a sair das suas residências para garan rem a oferta educa va”. Se nos úl mos 10 anos houve menos alunos, por culpa da quebra da natalidade, João Dias da Silva alertou ainda para o risco de se rarem conclusões precipitadas: "Não se pense que são necessários menos professores, por haver menos estudantes." Os números divulgados pelo Relatório do CNE evidenciam que, nos próximos sete anos, a escola pública vai perder cerca de 20 mil professores que vão para a reforma, não se configurando um cenário fácil para encontrar subs tutos mais jovens em número suficiente. Por outro lado, a quebra de natalidade e o envelhecimento da população portuguesa – que se reflete também no corpo docente – vai contribuir para um agravamento da situação.
Segundo dados revelados pelo CNE, as escolas, desde creches ao ensino superior, perderam mais de 322 mil alunos numa década, com destaque para o ensino básico que registou uma quebra de 15,5%: "Em 2010/2011, 2.320.004 crianças, jovens e adultos frequentavam o sistema educa vo português. Dez anos depois, em 2019/2020, contam-se menos 322.113 inscritos, correspondendo a uma quebra de 14%", revela o “Estado da Educação 2020”. Mais de 80% das crianças e jovens de todos os níveis de ensino frequentam o sistema público de educação, com exceção do ensino pré-escolar, onde o setor privado assume mais destaque, acolhendo 53% das crianças inscritas. Em 2020, a população residente em Portugal cifrava-se nos 10,29 milhões de residentes, dos quais 347. 388 eram crianças dos zero aos três anos e 176. 064 em idade pré-escolar (com quatro ou cinco anos). O CNE regista ainda 859. 226 crianças e jovens com idade para frequentar o ensino básico e 319. 059 o ensino secundário.
Os números divulgados pelo Relatório do CNE evidenciam que, nos próximos sete anos, a escola pública vai perder cerca de 20 mil professores que vão para a reforma.