Paternidades negras em pauta – desafios e perspectivas Luciano Ramos
“É muito difícil ser pai preto, pois além de todos os desafios que um pai encontra normalmente, eu ainda preciso educar meus filhos para conviverem com o racismo.” (relato de um pai participante de uma oficina sobre Paternidades e Cuidado em 2019)
O exercício da paternidade negra no Brasil é um lugar quase inalcançável ou utópico para o homem de cor. Esse homem tem a vida ameaçada a cada instante pela necropolítica. E a cada 23 minutos uma criança negra fica sem pai ou a cada 23 minutos um homem jovem negro não se tornará pai, de acordo com o Mapa da Violência de 2017. De acordo com os fatos que serão apresentados abaixo este texto explicita a quase impossibilidade do homem negro de paternar no Brasil, devido os contextos sociais e históricos. O racismo estrutural não permite ao homem negro exercer a paternidade, pelo fato dele ter sido sequestrado para o ocidente com o intuito de ser somente uma força de trabalho escravizada e não para paternar. Assim, faz-se importante conceituar o Racismo Estrutural, que segundo Carl E. James (1996) é, portanto, a formalização de um conjunto de práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais dentro de uma sociedade que, frequentemente, coloca um grupo social ou étnico em uma posição melhor para ter sucesso e, ao mesmo tempo, prejudica outros grupos de forma consistente e constante, causando disparidades que se desenvolvem entre os grupos ao longo de um período de tempo.
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