Primeiro relatório sobre as paternidades negras no Brasil

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Masculinidades e paternidades negras: os desafios de ser homem negro no Brasil Tamis Porfírio

1.1. Masculinidades: a hegemonia e o resto Para falarmos de paternidades negras no Brasil é essencial voltarmos nossas atenções para os atores desse papel parental. Quem são os homens que exercem ou que irão exercer tais paternidades? No Brasil, no ano de 2012, 54,3% dos homens se autodeclaravam negros (IBGE/PNAD, 2012). Dentre os homens, considerando negros e não negros, 63,64% são pais e 80% pretendem ser14. Podemos concluir que há uma parcela importante da população de homens cisgênero negros que são ou que podem vir a ser pais. A questão da raça associada às paternidades não deve ser tratada apenas como um acessório, mas, pelo contrário, como fator expressivamente relevante para a compreensão de como se dá o exercício dessas paternidades no Brasil. Sendo assim, entendermos as diferentes masculinidades que esses homens negros manifestam é essencial à compreensão de como irão afetar o exercício desse papel parental, uma vez que, de diferentes modos15, o exercício das paternidades é parte constituinte da construção de uma masculinidade adulta (e isso não tem, necessariamente, a ver com a idade). 14 Segundo o relatório produzido pelo Instituto Promundo, em 2019, intitulado por “A situação da paternidade no Brasil. Tempo de agir”. 15 A depender do tipo de masculinidade exercida, da região geográfica, do contexto histórico, da classe social, geração, dentre outras variáveis.

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