CGI.br - Revista .br - Edição 7

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de experiências, o estudante seguirá saindo da escola com conteúdos decorados que são esquecidos pouco tempo depois. O mesmo pode ser dito em relação à aprendizagem dos universitários que estudam para ser docentes. Existe um consenso entre os especialistas de que aulas baseadas em experimentos, principalmente quando o assunto é tecnologia, precisam compor o currículo das faculdades urgentemente. A consultora em educação e mídia Regina de Assis, ex-secretária de Educação municipal do Rio de Janeiro, afirma que uma saída é promover uma interação profunda entre universitários de diferentes cursos, como pedagogia, comunicação, letras, antropologia e computação – já que é de áreas assim que saem os produtores, roteiristas e editores que pensam os materiais didáticos de crianças e adolescentes. Uma ideia seria montar uma disciplina, com duração semelhante à da graduação, para reunir estudantes de áreas variadas do conhecimento com a finalidade de pensar as novas formas de educar. Alguns experimentos feitos no Multirio, empresa ligada ao município do Rio de Janeiro voltada para a pesquisa de novas linguagens (fundada por Regina), mostram os efeitos dessa interdisciplinaridade. Após discutir com estudantes os mitos brasileiros, e perguntar às crianças como seria contá-los nos dias de hoje, um grupo de profissionais de ciências humanas, computação e web produziu curtas-metragens que ficaram famosos mundialmente. O de Matinta Perera, lenda amazônica da bruxa que se transforma em pássaro, levou o maior prêmio de produção infantil para educação no mundo, o Japan Foundation President’s Prize. Isso porque conseguiu criar uma animação de alta qualidade e mensagem universal (com a ajuda das crianças).

Políticas públicas

Desde a década de 1980, são formuladas políticas públicas relacionadas à informática na educação básica, como o Educom, o Formar e o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe). Em 1996, o Ministério da Educação lançou o Programa de Tecnologia Educacional (Proninfo

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Integrado), que cuidou da instalação de laboratórios de informática nas escolas públicas. O projeto foi ampliado, em 2007, para incluir entre seus objetivos o “uso pedagógico das tecnologias digitais de informação e comunicação nas escolas” e “a capacitação dos agentes educacionais”. Hoje, o MEC afirma oferecer quatro cursos básicos aos professores. Entre eles está o Aprendendo e Ensinando com as Tecnologias da Informação e Comunicação, de 100 horas de duração. A pasta informa que, de 2008 até outubro de 2013, 670 mil profissionais da educação da rede pública passaram por esses cursos, dos quais 510 mil concluíram e foram aprovados. Neste ano, o objetivo é promover o curso Especialização em Educação na Cultura Digital. A iniciativa deve estimular a troca de experiências entre os professores. A crítica dos especialistas é que os esforços feitos até o momento pelo governo não foram suficientes para implementar um modelo de educação totalmente integrado às tecnologias. O forte empenho em construir laboratórios, para eles, deixou o treinamento dos professores e gestores para segundo plano. O resultado disso são elefantes brancos em muitas instituições. Há casos de escolas com equipamentos supernovos em laboratórios trancados, por exemplo. A falta de uso ocorre por desconhecimento dos professores quanto ao uso das máquinas ou por conta do medo de os computadores estragarem ou serem roubados. De outro lado estão as limitações da infraestrutura. Hoje, 99% das escolas da rede pública têm


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