Livro Por uma Economia Politica Criativa Vol 1

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POLÍTICAS INDUSTRIAIS RECENTES E O BRASIL Algumas políticas podem ser notadas no que diz respeito explicitamente à transformação da estrutura industrial nas principais economias mundiais. Igualmente, o acirramento da disputa entre capitais nacionais parece dominar planos recentes. No caso brasileiro, apesar de algumas experiências a partir da década de 2000, o cenário que se desenha hoje é diferente da tendência mundial. Entre as políticas voltadas para indústria e inovação recentes que têm figurado na agenda de diversos países, podem ser destacadas, por exemplo, algumas da União Europeia (UE), dos EUA e da China. No caso dos EUA (2012), diante da piora na balança comercial e da necessidade de melhorar a participação setorial em atividades associadas à manufatura avançada (advanced manufacturing), propugnam-se políticas como compras governamentais antecipadas, desenvolvimento de habilidades e treinamento, parcerias governo-indústriaacademia, investimento federal por diversas agências e aumento de investimento privado e público em P&D. No caso da UE (EC, 2014), existe preocupação evidente com a indústria e advogase política explícita de reindustrialização, com aumento da parcela desse setor no valor adicionado do PIB para 20% em 2020, frente a 15,1% em 2014, e modernização industrial em manufatura avançada, tecnologias-chaves, biotecnologia, veículos e embarcações limpos, materiais sustentáveis e redes inteligentes e infraestrutura digital. Com relação à China, Ling e Naughton (2016) reconhecem nesse país um mecanismo institucionalizado de formulação de políticas industriais e tecnológicas, a partir de 2003, com significativa intervenção governamental direta para mudanças setoriais, como nas iniciativas denominadas Megaprojetos, destinadas a melhorar a competividade industrial e capacidades e diminuir gargalos, e Indústrias Estratégicas Emergentes, cuja participação no PIB se pretende aumentar de 4% em 2010 para 15% do PIB em 202040. Lançado em 2015, o plano Made in China 2025 pretende fazer o país chegar na fronteira tecnológica e ultrapassar outros em tecnologias avançadas. Almeja-se elevar o conteúdo local de componentes e materiais considerados centrais de 40% para 70%, além

40 Essas Indústrias Estratégicas Emergentes estão organizadas em sete categorias amplas: eficiência energética e conservação ambiental, tecnologia de informação de nova geração, biotecnologia, máquinas e equipamentos de alta qualidade, novas energias, novos materiais e veículos com novas fontes de energias. Políticas definidas recentemente pelo Conselho de Estado chinês, com base no Plano Quinquenal (2016-2020), ainda incluem lançamento de plano de ciência, tecnologia e inovação, para aumento da tecnologia como fonte de crescimento econômico, além do fomento de marcas chinesas (Made in China).

90 POR UM A ECONOMI A POLÍTIC A INCLUSI VA , CRI ATI VA E SUSTENTÁV EL - VOLUME 1


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