Anais do IV Encontro de Filosofia Analítica

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Alexandre Meyer Luz

mas sem padecer do mesmo mal que (TGI): (TG2) The C/ever reasoner: Um aluno da classe de S. Mr. Nogot deu aS evidência e, suficiente para justificar a crença q paraS: ' Mr. Nogot tem uma Ferrari'; S não tem evidências que sustentem r: 'Mr. Havit tem uma Ferrari'. O professor não está in~eressado em quem possa ser na classe o proprietário da Ferrari, mas somente se p é verdadeira, onde p é a proposição 'alguém na classe tem uma Ferrari'. As razões do professor para inferir que a evidência e apóia q são as de que (dado e) é possivel que alguém na classe tenha uma Ferrari.

Algumas variações desse contra-exemplo são particularmente danosas. Vejamos, por exemplo, a seguinte versão proposta por Paul Moser, conhecida também como Jones sob Hipnose, na qual apenas proposições verdadeiras aparecem justificando a crença em questão: (TG3) Jones sob Hipnose: Suponhamos que uma pessoa, S, sabe a seguinte proposição verdadeira, M: o Sr. Jones, um colega de trabalho que S sempre tomou como alguém confiável e em relação ao qual S não tem, no presente, nenhuma razão para nutrir desconfiança, disse a S que P: Ele, Jones, possui um Ford. Suponhamos também que Jones disse P a S somente devido ao estado de hipnose em que Jones se encontra, e que P é verdadeira unicamente porque, sem que o próprio Jones o saiba, ele ganhou um Ford na loteria no instante em que entrou no estado de hipnose. E suponha ainda que S deduz de M a generalização existencial Q: Há alguém, o qual S sempre considerou confiável e em relação ao qual S não tem nenhuma razão para começar a desconfiar no presente, que disse a S, seu colega de trabalho, que ele possui um Ford. S, então, sabe que Q, desde que ele deduziu corretamente Q de M, o qual ele também sabe. Mas suponhamos também que, baseado em seu conhecimento de que Q, S acredita também em R: Alguém no escritório possui um Ford. Nestas condições S tem uma crença verdadeira;ustificada de que R. conhece sua evidência para R. mas não sabe que R. 2

Este caso nos mostra a dramaticidade do Problema de Gettier: tal caso, enquanto não envolve nenhuma crença falsa, serve como contraexemplo a tentativas (como a do próprio Shope em 1983) de propor urna condição adicional à (DT) que servisse exatamente para desvelar aquela 22

Moser, Paul. Knowledge and Evidence. Cambridge: Cambridge University Press, 1989, p. 237.


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