Midia, Tecnologia e Linguagem Jornalística

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Introdução Para quem está de fora, parece que as notícias simplesmente brotam nas redações dos noticiários impresso, radiofônico ou televisivo, com o acontecimento chegando ao grande público da maneira como ocorreu. Mas esta não é a realidade e, para chegar as notícias como a conhecemos, elas passam por diversos processos que vão desde a escolha dos acontecimentos que têm maior valor-notícia à determinação de onde e como elas serão publicizadas. A rotina diária do jornalismo é como uma fábrica e isso é um fator importante na produção da notícia. Porém, ela não é a mesma rotina de quando surgiu a imprensa, há alguns séculos, muito menos há 20 anos, antes da democratização da internet. Este artigo trata dos processos de transformação das rotinas jornalísticas no jornal Correio da Paraíba ocorridas nos últimos 20 anos, marcados pela informatização e, posteriormente, pela produção em rede. A Paraíba, como de resto todo o Brasil, está vivenciando esse processo de migração de novas formas de sociabilidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2003 apenas 6,64% (64 mil) das casas paraibanas tinham pelo menos um computador e, destas, apenas 4,44% (43 mil) tinham acesso à internet. Já em 2012, 31,44% (371 mil) dos domicílios tinham computador e 27,40% (323 mil) tinham acesso à internet. O computador ainda não é um equipamento universal, como acontece com a televisão (98% das casas paraibanas têm o equipamento), mas caminha para este sentido. Sempre que uma inovação tecnológica desponta, os críticos afirmam que um meio de comunicação irá desaparecer. Foi o que aconteceu com o rádio, no qual afirmava-se que acabaria com os jornais impressos. E, décadas depois, a televisão, que seria o fim do rádio e, também, do jornal impresso. É certo que a cada avanço tecnológico os meios tiveram que se reinventar para realmente não desaparecerem, porém nenhum deles sumiram. O jornal impresso, que pelas previsões já estaria morto e enterrado, ainda resiste as mudanças. A inquietante obra de Bassets (2013), El último que apague la luz, adverte para a iminente morte do jornalismo impresso e sua reinvenção em plataformas digitais. Fausto Neto (2011) acredita que o jornal não vai acabar, porém se tornará uma instituição hibridizada. Um dos desafios é exatamente buscar a adequação e reinvenção para manterse relevante à sociedade. Com o paradigma informacional, com novos processos tecnológicos, de fato os jornais impressos têm que se reinventar dentro da nova moldura digital. Hoje, qualquer pessoa com acesso à internet pode ficar sabendo dos últimos acontecimentos em tempo real e em qualquer lugar do mundo, tanto por

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