O livro de ouro da mitologia thomas bulfinch

Page 256

representado vestindo uma pele de leão e segurando uma clava. No momento em que as estrelas da constelação, uma a uma, eram apagadas pelo luar, o poeta nos diz: A rubra pele de leão caiu-lhe Aos pés, dentro do rio. E a bruta clava A cabeça do touro já não fere Voltado, como outrora, quando, junto Ao mar, cegou-o Eunápio e em sua forja, Procurou o ferreiro, e a rude encosta Galgou penosamente, a passos lentos, Fixando no sol o olhar vazio. By ron faz alusão à Plêiade perdida: Como a Plêiade perdida e não mais vista. AURORA E TITONO A deusa da Aurora, como sua irmã, a Lua, às vezes era presa de amor pelos mortais. Seu maior favorito foi Titono, filho de Laomenonte, rei de Tróia. Raptou-o e conseguiu que Júpiter lhe concedesse a imortalidade. Tendo, porém, se esquecido de acrescentar a juventude à graça concedida, começou a notar, depois de algum tempo, muito pesarosa, que seu amante estava ficando velho. Quando os cabelos de Titono se tornaram inteiramente brancos, a deusa abandonou-o; ele, contudo, continuou a morar em seu palácio, a alimentar-se de ambrosia e a envergar trajos celestiais. Afinal, perdeu o movimento das pernas e dos braços, e Aurora trancou-o em seus aposentos, onde sua voz muito fraca podia, às vezes, ser ouvida. Finalmente, transformou-o em um gafanhoto. Mêmnon, filho de Aurora e Titono, era rei da Etiópia, vivendo no Extremo Oriente, no litoral do Oceano. Mêmnon foi, com seus guerreiros, ajudar os parentes de seu pai, na Guerra de Tróia. O rei Príamo recebeu-o com grandes honrarias e escutou, com admiração, a narrativa das maravilhas da costa do Oceano. Desde o dia seguinte ao de sua chegada, Mêmnon, muito impaciente para lutar, levou suas tropas ao campo de batalha. Antíloquo, o bravo filho de Nestor, caiu morto por ele, e os gregos foram postos em fuga, até que Aquiles apareceu e restabeleceu a ordem em suas fileiras. Travou-se uma luta prolongada e de resultado duvidoso, entre ele e o filho de Aurora. Finalmente, a vitória pendeu para Aquiles, Mêmnon caiu e os troianos fugiram desanimados. Aurora que de seu lugar no céu olhava com apreensão os perigos que o filho corria, quando o viu cair mandou seus irmãos, os Ventos, transportarem seu corpo para as margens do Rio Esepo, na Paflagônia. A noite, Aurora, em companhia das Horas e das Plêiades, foi chorar o filho. A Noite, compadecendo-se dela, cobriu o céu de nuvens; toda a natureza chorou o filho de Aurora. Os etíopes ergueram seu túmulo à margem do rio, no bosque das Ninfas, e Júpiter permitiu que as fagulhas e cinzas de sua pira funerária se transformassem em aves, que se dividiram em dois bandos, sobrevoando a fogueira até caírem nas chamas. Todos os anos, no aniversário da morte de Mêmnon, elas voltam, celebrando os funerais da mesma maneira. Aurora ficou inconsolável com a perda do filho. Até hoje, continua a derramar lágrimas, que podem ser vistas pela manhã bem cedo, sob a forma de gotas de água espalhadas na vegetação. Ao contrário da maior parte das maravilhas da mitologia, ainda existem monumentos comemorativos desses fatos. Nas margens do Nilo, no Egito, há duas estátuas colossais, uma das quais, segundo se diz, é de Mêmnon. Escritores antigos afirmavam que, quando o primeiro raio do sol nascente caía sobre a estátua, ouvia-se, partindo dela, um som comparável ao acorde das cordas de uma harpa. Há certa dúvida quanto à identificação da estátua ora existente com aquela


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.