situação dos Sartorius. Preferia ir trabalhar a depender de Claudius Terlinden. — Sim. Claudius foi o único que nos apoiou. Pagou o advogado e, mais tarde, ia regularmente visitar o Tobias na prisão. — Sei. — A família Terlinden vive em Altenhain há exatamente o mesmo tempo que a nossa. O bisavô de Claudius era o ferreiro do vilarejo, até que fez uma descoberta técnica que lhe deu a chance de abrir uma metalúrgica. Por fim, o pai do Claudius abriu uma empresa a partir disso e construiu a mansão lá em cima, junto da floresta — contou Hartmut Sartorius. — Os Terlindens sempre tiveram uma posição social e fizeram muito pelo vilarejo, por seus empregados e pelas suas famílias. Hoje já não precisariam disso, mas o Claudius ouve todos com atenção. Ele ajuda quem está em dificuldade. Sem seu apoio, as associações da cidade não teriam chance alguma. Há alguns anos deu uma nova viatura ao corpo de bombeiros; é diretor da associação esportiva e patrocina o primeiro e o segundo times. Até o campo de futebol com grama sintética a associação deve a ele. Por um momento, ficou pensativo, com o olhar distante, mas Bodenstein e Pia evitaram interromper o fluxo de seu discurso. Após certo tempo, Sartorius continuou a falar. — O Claudius até ofereceu um emprego para o Tobias em sua empresa. Até que ele encontrasse outra coisa. Antigamente, o Lars também era o melhor amigo do Tobias. Ele vivia aqui em casa, como um segundo filho, e o Tobias também se sentia em casa com os Terlindens. — Lars — observou Pia. — Ele é deficiente mental, não é? — Ah, não, não o Lars. — Sartorius balançou enfaticamente a cabeça. — Esse é o Thies, o mais velho dos dois. E também não é deficiente mental. O Thies é autista. — Se bem me lembro — disse Bodenstein, que, com o auxílio de Pia, tinha se informado muito bem sobre o antigo caso —, na época, Claudius Terlinden também chegou a ser suspeito. Seu filho não afirmou que o Terlinden tinha tido um caso com a Laura? Na verdade, ele pode não gostar muito do Tobias. — Não creio que tenha havido alguma coisa entre o Claudius e a garota — respondeu Sartorius após uma rápida reflexão. — A menina era bonita e um pouco atrevida. A mãe dela era empregada lá na mansão, e, por isso, a Laura vivia lá. Ela havia contado para o Tobias que o Claudius andava atrás dela, só para deixá-lo com ciúme. Ela ficou muito magoada por ele ter terminado com ela. Mas o Tobias estava completamente apaixonado pela Stefanie; a Laura já não tinha nenhuma chance. Hum, além disso, ela era totalmente diferente, a Stefanie. Uma verdadeira mulher feita, muito bonita e altiva. — Branca de Neve — disse Pia. —É, assim era chamada, depois que recebeu o papel. — Que papel? — quis saber Bodenstein. — Ah, em uma peça de teatro da escola. As outras meninas ficaram morrendo de inveja. Afinal de contas, a Stefanie era nova na escola e, apesar disso, logo recebeu o papel principal mais cobiçado no grupo de teatro. — Mas a Laura e a Stefanie eram amigas, não eram? — indagou Pia. — As duas, mais a Nathalie, estavam na mesma classe, se entendiam bem e faziam parte da mesma turminha. — Os pensamentos de Sartorius vagueavam em um passado pacífico. — Quem fazia parte da turma? — Laura, Nathalie e os meninos: Tobias, Jörg, Felix, Michael. Quando a Stefanie chegou a Altenhain, logo passou a fazer parte do grupo. — E, por causa dela, o Tobias terminou com a Laura.