Relatorio Anima Forum 2015

Page 26

Mesa Redonda

Distribuição de AnimaçãoIndependente Em Nova York, a GKIDS é a distribuidora independente que mais emplacou nominações ao Oscar com curtas e longas de animação. “Os EUA são muito extensos geograficamente e o significado de animação é diferente para a Disney e a Pixar e para nós. Fazer filmes, para mim, é uma expressão pessoal, um ponto de vista diferente. Nem todo filme precisa alcançar 1 milhão de espectadores. Nossa maneira de distribuição não é muito científica ou brilhante. Como um time, nos reunimos

“Acho que ninguém nunca disse: ‘mãe, quero ser rico, quero ser um animador’. Todos fazem filmes que são verdadeiros para eles” ERIC BECKMAN

para descobrir o que mais amamos no filme e o que mais queremos fazer com ele. Como fazer as pessoas descobrirem que o filme existe e fazê-los querer ir ver ou clicar? Esse é o nosso negócio”. Eric Beckman advoga pela estratégia: “Você não precisa pular a distribuição em cinemas, mas precisa ser estratégico a elas. O Menino e o Mundo, por exemplo, encontrou uma outra forma através das premiações. Eu apoio muito as pessoas que querem fazer longas de animação. Ao meu ver, trabalhar como animador em grandes estúdios em geral não oferece muitas saídas criativas”. Nicolas Schmerkin, da Autour de Minuit productions, concorda. Sua produtora e distribuidora francesa se

especializa em curtas de animação experimental. “Dentro do audiovisual, a animação é um nicho específico, como um gueto. Os curtas são um canto escuro desse gueto, e o curta experimental tem um espaço menor ainda. Esse ramo, em geral, perde mais dinheiro do que ganha. Muitas vezes, depois de três ou quatro anos de produção, os produtores e diretores precisam entrar com algum dinheiro para poder finalizar o projeto”. Quanto à distribuição, a empresa tem funcionários exclusivos e dedicados à submissão em festivais e realização de negócios no pequeno mercado de curtas. “Tentamos explorar todos os caminhos possíveis para exibir os filmes e gerar alguma renda. Até então já produzimos 50 curtas e distribuímos cerca de 250.

“São muito valorizados o desenvolvimento de roteiro e o desenvolvimento visual, mas pouco o planejamento. Precisamos avançar mais nos planos de produção e nos planos de negócio e isso envolve um plano de distribuição decente” DANIEL GRECO Fazemos a distribuição de nossos próprios curtas, dos de outras produtoras e até de animadores e diretores sem produtor. Quando nós mesmos produzimos, o objetivo é alcançar o maior número de público e conseguir algum retorno financeiro. Quando distribuimos sem produzir, queremos tornar o filme conhecido, tentamos todos os tipos de mercados: prêmios, TV, DVD, cinemas etc.”

Perguntas e Respostas QUAL FOI O MOMENTO CORRETO DE ACHAR O DISTRIBUIDOR? FARIAM DIFERENTE HOJE? Ale Abreu: Foi no momento em que precisamos do FSA, pois é critério, e conseguimos a EspaçoFilmes. Com projetos novos, eu pensaria em encontrar parceiros e distribuidores no início do projeto, desde que eles não influenciem no conteúdo. 50

Marcondes: No Brasil, os autores são produtores-autores e seria fundamental que você tivesse uma interface com quem falar. De preferência, o autor deveria ter um produtor e o distribuidor deveria ter uma relação com esse produtor.

grandes defeitos é não prestar atenção nisso durante a fase de desenvolvimento.

Daniel Greco: Com Uma história de amor e fúria também foi com a necessidade do Fundo Setorial. Um dos

Daniel: Eu acho que o plano de distribuição tem que vir no desenvolvimento mesmo. Nós fizemos somente um

DANIEL, VOCÊ MUDARIA A ESTRATÉGIA DE DIVULGAÇÃO DO SEU FILME, LEVANDO EM CONTA O PÚBLICO DE 14+?

ano antes de lançar o filme. Temos que ter em mente que o trabalho do distribuidor é de criar expectativa. Você precisa passar anos criando isso ao longo do desenvolvimento e envolve um investimento em marketing. Isso deve ficar a cargo do produtor ou do distribuidor, e tem pessoas no mercado mais capacitadas que nós. Para mim, falta pesquisa de mercado para entender quem

é, onde está e como atingir o público do filme. POR QUE NÃO USAR MAIS A ESCOLA? NA MINHA OPINIÃO, VOCÊ ESTARIA COLOCANDO O SEU FILME DIRETO COM O PÚBLICOALVO E EM LARGA ESCALA. Andrés: É um recurso bastante utilizado, como foi feito com o filme O Avião Vermelho ou o Tainá. É um recurso

que revela a importância de se formar plateias, mas não salva a equação. A dificuldade é monetizar essa relação. Ale: Em O Menino e o Mundo, com a venda de artes originais do filme no Facebook, levamos mais de 5 mil crianças ao cinema, o que ajudou a movimentar muito na mídia. É uma estratégia possível. 51


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.