Revista promoção vocacional e book 2013

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Apresentação São Domingos e sua Família Espiritual Frades Dominicanos Fraternidades Leigas Dominicanas O Estudo na Espiritualidade Dominicana Irmãs Dominicanas da Anunciata Irmãs Dominicanas da Beata Imelda A Missão das Irmãs Dominicanas Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Monteils O Rosário na vida dominicana Irmãs Dominicanas do Santíssimo Sacramento Irmãs Dominicanas do Santo Rosário de Melegnano Irmãs Dominicanas de São José de Ilanz Monjas Dominicanas Movimento Juvenil Dominicano Nossos contatos


Apresentação Olhar um álbum de família é encontrar muitos rostos, muitas histórias e – por isso mesmo – muitas realidades distintas, mas que se mantêm unidas já que escolheram, a despeito das diferenças, assumir um passado, um modo de agir e, também, uma visão de futuro. Esta revista, que você começa a ler, quer ser um desses álbuns: de família. Nem todos os membros – é verdade – encontram-se aqui representados. Não é um problema! Nem todas as reuniões familiares conseguem, na primeira vez, reunir todos os seus membros para as confraternizações de final de ano, não é verdade? Ainda assim, queremos nos apresentar. Desejamos fazernos conhecidos. Já não somos tão novos, nem no Brasil, muito menos no mundo, já estamos por aqui desde o século XIII. Muitos, contudo, apesar disso não nos conhecem. Quem nós somos? Somos os rebentos do ideal dominicano, ou seja, aqueles e aquelas, que cativados pelo projeto de vida e ação de São Domingos encarnam nas terras brasileiras o sonho de pregar, com a totalidade da vida, a Boanova, de plenitude e liberdade, nascida em Jesus de Nazaré. Somos homens e mulheres. Somos frades: sacerdotes e, também, não. Somos monjas. Somos religiosas consagradas. Somos leigos e leigas. Somos jovens e já não tão jovens. Enfim, somos filhos e filhas de Domingos.

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Foto: Assembleia da Família Dominicana no Brasil | Abril de 2013

Vivemos o plano de nos fazermos pregadores. Desejamos, a partir do exemplo de São Domingos, de muitos modos, assumir em cada uma de nossas ações o ministério do anúncio da Verdade que nos torna livres. E assim, tomando como nossa essa missão de Domingos, como membros de uma família bastante grande, trilhamos esse caminho de sermos pregadores de muitas maneiras e em muitas congregações. Cada ramo dessa árvore, que germinou do ideário de Domingos, fez nascer um grupo distinto. Cada ramo tem sua própria história, sua data de nascimento, sua personagem fundamental. A despeito disso, nos reunimos em torno de um impulso inicial: o carisma – a graça de Deus – que impulsionou o Santo de Caleruega. Nestas páginas que se seguem, então, é nossa vontade mostrar um pouco dessas

histórias, desses homens e mulheres que, desde há oitocentos anos, e de muitos lugares diferentes, vêm revigorando a família dominicana. É nossa intenção caminhar em direção da sua curiosidade, isto é, “pro-mover” até aqueles que têm sido chamados: eis um significado de “promoção vocacional”! Bem-vindo... E que o seu passeio por estas páginas permita que você se sinta acolhido entre a nossa – talvez ainda a sua – família. Dom Frei Celso Pereira de Almeida, O.P. (frade dominicano e bispo emérito de Itumbiara)


São Domingos e sua Família Espiritual São Domingos de Gusmão A Família Dominicana tem sua origem num tempo e numa área geográfica bem longe de nós. Surgiu na Europa da Idade Média, na época das Cruzadas e de Francisco de Assis. Ela brotou a partir da experiência de vida evangélica de São Domingos, um daqueles grandes seguidores de Cristo que, de geração em geração, marcam o caminho do Povo de Deus e o iluminam com seu exemplo. Domingos nasceu em Caleruega, na atual Espanha, por volta de 1170. Seus pais, Félix de Gusmão e Joana de Aza, eram nobres e poderosos no reino de Castela. A casa onde Domingos nasceu era, na verdade, uma fortaleza para defender-se contra os ataques dos Mouros, seguidores da religião de Maomé que, do sul da Península Ibérica, continuamente, ameaçavam os reinos cristãos do norte. O pai de Domingos era um homem de guerra, encarregado pelo rei de defender, com um pequeno exército, os territórios dos cristãos e, possivelmente, ampliá-los, conquistando as terras ocupadas pelos infiéis. Domingos cresceu numa situação de ‘fronteira’ entre povos diferentes, entre a fé cristã e a fé dos seguidores de Maomé. Ele conservará sempre no coração o anseio para a conversão ao cristianismo dos que ainda não conheciam o Evangelho. Sendo filho caçula de uma família de nobres cristãos, Domingos foi destinado para a carreira eclesiástica. Era um desejo dos condes de Gusmão

que ele se tornasse um dia, quem sabe, bispo de uma diocese importante, ou abade de um rico mosteiro. Isso teria contribuído para aumentar o prestígio e o poderio da família. Com este propósito, desde a idade de cinco ou seis anos, ele foi confiado aos cuidados de um tio sacerdote, que lhe ensinou a ler e escrever e lhe garantiu uma boa formação cristã. Mais tarde, os pais enviaram Domingos para estudar na Universidade de Palência. Durante este período dos estudos, houve uma terrível carestia, que castigou o povo, sobretudo os mais pobres e desprotegidos. Muitos morriam de fome. Narram os biógrafos, que o jovem Domingos não hesitou em vender seus preciosos livros para dar comida aos pobres, justificando o gesto com as seguintes palavras: “Como posso estudar sobre peles mortas, enquanto os pobres morrem de fome?". Terminando o currículo dos estudos eclesiásticos, Domingos foi ordenado padre e entrou logo como membro da comunidade dos Cônegos de Osma. Era um grupo de sacerdotes que viviam num projeto de vida comum, dedicando-se, sobretudo à oração e ao estudo, e colaborando com o bispo na tarefa da pregação e do serviço pastoral na diocese. Domingos não tardou em se tornar o braço direito do seu bispo, que lhe entregava sempre novos cargos de confiança. Ele tinha todos os requisitos para uma brilhante ‘carreira’ na hierarquia da Igreja, conforme os sonhos dos seus

familiares. Um acontecimento novo mudou, então, radicalmente os rumos da sua caminhada. Acompanhando seu bispo Diogo numa missão diplomática, que os levaria ao Norte da Europa, Domingos encontrou-se, quando nas regiões do sul da França, frente a frente com a dura realidade do abandono da fé por parte do povo cristão. Grupos de pregadores hereges chamados ‘Cátaros’, com a força da palavra e com exemplos de uma vida inspirada na letra do Evangelho, iam difundindo doutrinas contrárias ao próprio Evangelho. O povo cristão, sedento da Palavra de Deus e, em muitos casos, revoltado contra os maus exemplos de sacerdotes e monges, era facilmente influenciado por essa pregação avassaladora, e acabava por afastar-se da vida cristã e da comunhão com a Igreja e seus legítimos pastores. Domingos experimentou, por sua vez, outro tipo de ‘fronteira’ da fé: era o povo de Deus, da comunidade dos batizados em Cristo, que abandonava a verdadeira fé e a prática da vida cristã; era a Igreja que ia se esvaziando por dentro! O que fazer? Domingos percebeu que o Senhor o chamava a trabalhar para a salvação daquele povo, no sul da França. Renunciou à sua pátria e aos projetos de ‘carreira’ e se entregou por completo à tarefa da pregação do Evangelho, fixando a sua moradia na pequena cidade de Fanjeaux. Foram mais de dez anos de trabalho apostólico duro e aparentemente estéril. Uma 05


São Domingos e sua Família Espiritual

experiência purificadora, que o levou a descobrir, nos ensinamentos do Evangelho e no exemplo da comunidade dos Apóstolos, os valores e os modos do verdadeiro seguimento de Cristo, como condição indispensável para a missão evangelizadora. Domingos se deu conta logo que a causa do sucesso dos pregadores Cátaros consistia no estilo de vida aparentemente evangélica que eles levavam. De fato, conformes ao ditado evangélico, eles iam dois a dois, sem levar consigo dinheiro ou outras coisas necessárias ao seu sustento, vivendo de esmola. Exatamente como Cristo tinha recomendado aos seus discípulos. Eles tinham um conhecimento profundo da Sagrada Escritura e sabiam usá-la com grande habilidade para dar fundamento às suas doutrinas. Isso encantava o povo e confundia os padres católicos, que ousassem discutir publicamente com eles. Foi um desafio que levou Domingos a descobrir com maior clareza a sua missão. Era preciso voltar ao Evangelho, voltar ao modo de viver e de evangelizar da comunidade dos Apóstolos: “renovar a vida e a missão dos Apóstolos”. Esse foi o ideal que se apoderou de todo o seu ser, transformando o jovem cônego de Osma, o filho dos condes de Gusmão, marcado para ser ‘grande’ na Igreja e na sociedade, no humilde frei (irmão) Domingos, que vivia de esmola e ia pregando o Evangelho a todos, fazendo-se próximo e 06

amigo de todos, sobretudo dos mais pobres. O exemplo verdadeiro sempre atrai seguidores. Dentro de pouco tempo ao redor de Domingos formou-se uma primeira comunidade de discípulos e colaboradores: homens e mulheres, leigos e clérigos. O primeiro núcleo se estabeleceu perto da igreja de Santa Maria de Prouille. Em 1215, o bispo Foulques, de Toulouse, confiou a Domingos e à sua comunidade a tarefa da pregação itinerante dentro dos limites de sua diocese. O mandato que Cristo confiou à comunidade dos Apóstolos, porém, era universal: “Ide e ensinai o Evangelho a todos os povos” (Mc. 16, l5). O problema da evangelização e da renovação da vida cristã não se limitava ao território de uma diocese. Era uma exigência de todas as dioceses, da Igreja toda espalhada pelo mundo. E também dos muitos povos, os quais não conheciam a Cristo, ainda. Naquele mesmo ano de 1215, Domingos participou, junto com o bispo Foulques, do IV Concílio de Latrão. Os Padres do Concílio reconheceram a urgência de intensificar a pregação ao povo cristão. Para isso estabeleceram que em cada diocese se escolhessem sacerdotes de vida realmente evangélica, os quais, livres de outros compromissos pastorais, poderiam dedicar-se exclusivamente à pregação. Era o que Domingos queria! No final de 1216, ele obteve do próprio Papa, para a pequena

comunidade de Toulouse, o reconhecimento oficial e o titulo de “Ordem dos Pregadores”. Narra uma lenda antiga, que um dia, rezando Domingos na Basílica de São Pedro em Roma, apareceram-lhe São Pedro e São Paulo. Os dois Apóstolos lhe entregaram o livro do Evangelho e o cajado do peregrino e lhe disseram: “Vai e anuncia o Evangelho pelo mundo inteiro”. Domingos guiou com amor de pai, por cinco anos, os primeiros passos da obra do seu coração, a nova Ordem dos Pregadores, até que a morte o levou para o encontro do Senhor: foi em Bologna, na Itália, no dia 6 de Agosto de 1221. Muitos amigos e discípulos deixaram-nos dele o testemunho de um homem, que conformou plenamente a sua vida ao Evangelho, seguindo os passos de Cristo e dedicandose totalmente ao serviço dos irmãos. -“Ele viveu como homem evangélico, seguindo em tudo os passos do seu Senhor”. -“Ele em tudo, nas palavras e nas obras, manifestava-se como inspirado pelo Evangelho”. -“Nele eu conheci um homem que praticava plenamente a regra de vida dos Apóstolos e não duvido que ele agora esteja junto com os Apóstolos no céu”. “Domingos, Domingos de Gusmão, Domingos do mundo todo, de ti nos ficou a liberdade de recriar em cada tempo e lugar o sempre-novo da Verdade, da Justiça, do Amor. E ficaste tu, companheiro de


viagem e de sonhos!”

A herança espiritual de São Domingos: a Família Dominicana A semente lançada por Domingos brotou e cresceu com rapidez surpreendente, transformando-se, logo, numa grande árvore com diversas ramificações: a Família Dominicana. Ela é, hoje, uma grande fraternidade espiritual, composta de religiosos – padres e irmãos; irmãs de vida contemplativa e de vida apostólica; padres diocesanos; e, leigos. Distinguem-se nela cinco ramos fundamentais, conforme os diversos modos de encarnar o carisma de São Domingos: - Frades: São os religiosos, ordenados e não-ordenados. Os frades sacerdotes dedicam-se à pregação, ao ensino, ao trabalho missionário, ao serviço pastoral. Os não-sacerdotes são religiosos, que participam da vida e da missão apostólica da Ordem, cada um cooperando com seus dons e capacidades pessoais. Eles são chamados de ‘irmãos’. Os frades da Ordem vivem conforme o projeto de vida religiosa, radicalmente inovadora, suscitado por Domingos. Enquanto os monges vivem na ‘fuga do mundo’; os dominicanos assumem a inserção mais plena no mundo, sobretudo nos centros urbanos, no compromisso com a realidade. O claustro dos monges tem uma única abertura, para o céu; o claustro dos dominicanos tem, sim, a abertura para o céu, mas tem, também, a porta sempre aberta para o mundo, para acolher e para permitir o trânsito. Os monges

fazem voto de estabilidade; os dominicanos, por sua vez, praticam a itinerância mais radical, a fim de anunciar o Evangelho de Cristo aos irmãos nos quatro cantos do mundo. Hoje, os frades da Ordem estão presentes em mais de oitenta países, nos cinco continentes. No Brasil, atuam em mais de dez comunidades, especialmente, na parte mais central do país.

- Irmãs de vida contemplativas: fundadas pelo próprio São Domingos, elas vivem no silêncio do mosteiro, mas, ao seu modo, participam plenamente da missão apostólica da Ordem, colocando-se como sinais e testemunhas vivas dos valores evangélicos. A característica própria dos mosteiros das irmãs contemplativas dominicanas é de estar inseridos, junto com os conventos dos frades, nos centros urbanos, como sinal profético do absoluto de Deus no meio dos homens, como mestras de oração e da experiência de Deus; bem como intercessoras em favor da humanidade e da missão apostólica da Igreja e de toda a Família Dominicana. É significativo lembrar que, desde o

começo, elas foram consideradas como parte integrante da Ordem dos Pregadores, sendo conhecidas e reconhecidas como as “monjas pregadoras”! No Brasil existe, atualmente, uma comunidade de monjas dominicanas, que vive no Mosteiro de Cristo Rei, em São Roque, no interior do Estado de São Paulo. -As Irmãs de vida ativa: temos hoje um número muito grande de Congregações religiosas femininas dominicanas. Elas são o ramo mais recente da grande Família de São Domingos, sendo que estas Congregações foram fundadas, na grande maioria, a partir de 1800, como uma porção significativa daquele verdadeiro ‘milagre’ do florescimento dos ‘carismas da caridade’, numa época em que a sociedade perseguia os religiosos e os expulsava dos conventos, alegando que eles eram “socialmente inúteis”. A Família Dominicana conta, atualmente, com mais de 150 Congregações femininas de vida apostólica, somando mais de trinta mil irmãs, presentes e atuantes nos cinco continentes. Elas vivem como mulheres consagradas ao Senhor, dedicando-se à educação, ao ensino, ao acompanhamento pastoral de comunidades e às mais variadas formas do serviço social em prol dos empobrecidos e marginalizados. As irmãs dominicanas testemunham hoje, no mundo inteiro, a solidariedade de Cristo e de Domingos para com os últimos e os excluídos. No Brasil, estão presentes, agora, 16 Congregações de Irmãs dominicanas. Suas casas e suas obras sociais espalham-se, de Sul a Norte, por quase todos os estados do país. 07


São Domingos e sua Família Espiritual

- Fraternidades Leigas Dominicanas: são comunidades compostas de homens e mulheres, jovens e adultos, que vivem no mundo, mas comprometidas com a espiritualidade e a vida apostólica da Ordem dos Pregadores. Configuram a forma mais antiga de pertença de leigos à vida dominicana. Sua origem remonta aos tempos de Domingos e dos primeiros frades: o estilo de vida evangélica e a fecundidade apostólica das comunidades dos frades e monjas dominicanas que iam se multiplicando em toda a Europa, despertavam em muitos leigos o desejo de participar, na medida do possível, da espiritualidade e do carisma apostólico desses novos frades e monjas. Esse desejo concretizou-se na organização de grupos ou “confrarias”, organizadas a partir de uma regra de vida que ajudava a experimentar, nas condições próprias do leigo, a vida dominicana com seus valores de espiritualidade evangélica e com seu compromisso apostólico. Ao longo dos séculos, verdadeiras legiões de leigos realizaram sua vocação cristã seguindo os passos de Domingos, no caminho da Fraternidade dominicana. Lembramos entre eles: Catarina de Sena, a jovem analfabeta italiana proclamada, pela sua doutrina espiritual, “Doutora da Igreja”. Rosa de Lima, jovem leiga do Peru, primeira santa canonizada do novo Mundo. Giorgio La Pira, o prefeito santo da cidade de Florença, na Itália. O jovem Piergiorgio Frassati, morto aos 24 anos por uma doença contraída nas visitas aos 08

pobres dos cortiços, da cidade de Turim. No Brasil existem, atualmente, mais de 15 Fraternidades já constituídas e várias em formação. - Outros grupos de Leigos Dominicanos: Além dessa forma mais tradicional de vida dominicana “leiga” representada pelas Fraternidades, existem várias outras articulações e grupos de leigos, que estão em comunhão com a Ordem e são parte da grande família espiritual de São Domingos. Eles têm níveis e formas diferentes de pertença na Ordem, mas todos se reconhecem na vivência de sua espiritualidade e na participação em seu carisma apostólico. Também no Brasil temos, hoje, vários tipos e modos desta pertença ‘leiga’. Lembramos, por exemplo, o '”Movimento Juvenil Dominicano”, que agrega, ao redor do ideal dominicano, adolescentes e jovens de várias regiões do país, o “Grupo Solidário de São Domingos”, atuante na defesa dos direitos humanos, as “Associações de Pais e Professores” ligados aos Colégios das Irmãs Dominicanas. Muitos leigos participam da Comissão Dominicana de Justiça e Paz, junto com frades e irmãs do Brasil. Muitos leigos dominicanos são ativos nas nossas paróquias e em várias pastorais da Igreja. Os púlpitos de todos estes leigos “pregadores” e “pregadoras”, não estão, propriamente, nas igrejas, mas fora delas: na família, no mundo do trabalho, nas escolas, nos hospitais, na política, na economia, no serviço social, enfim, no “mundo”, na mais plena inser-

ção e no compromisso com a realidade. Eles foram entre os primeiros discípulos de Domingos, os colaboradores pioneiros de sua pregação. Eles estão na vanguarda de uma Ordem que Domingos quis presente e atuante no ‘mundo’ e em suas ‘fronteiras’. A Família Dominicana, a grande família espiritual que oito séculos atrás brotou do coração de Domingos, continua viva e atuante na Igreja e no mundo de hoje. Ela carrega consigo toda a riqueza do seu passado e a sempre renovada liberdade de recriar o novo da Verdade e da Justiça, que se dispõe a serviço da humanidade peregrina, neste começo do terceiro milênio. Frei Mariano S. Foralosso, O.P.


São Domingos de Gusmão, presbítero | 8 de agosto


Frades Dominicanos Província Frei Bartolomeu de Las Casas

A presença dos frades dominicanos no Brasil remonta ao ano de 1881, com a chegada dos frades, vindos da França, da Província de Toulouse, uma das mais antigas províncias da Ordem. Esses pioneiros vieram para o trabalho missionário, sobretudo entre os povos indígenas, no Norte de nosso país. Antes deste ano, presenças esporádicas de frades ocorreram no Brasil, como alguns relatos históricos nos contam, mas nenhuma dessas passagens inspirou uma fundação por terras brasileiras. A “aventura” de viver o ideal de Domingos no Brasil contou com corações apaixonados e generosos de vários lugares do mundo; depois da presença dos frades franceses (que culmina na criação da Província Santo Tomás de Aquino), vêm ao país frades da Província de Bolonha, na Itália, e da Província de Malta, estabelecendo aqui seus Vicariatos (entidades de comunidades ligadas a uma Província “matriz”). Em 1998, todas as entidades 10

de frades dominicanos presentes no país formam a Província Frei Bartolomeu de las Casas. Uma Província é uma união de comunidades religiosas de uma mesma família, dentro de uma determinada área geográfica (muitas vezes, coincide com o território de um país, como no Brasil). O frade é um irmão (o nome vem da palavra latina frater); antes de tudo, nos vem a vocação à vida consagrada, à vida dominicana, e não o recebimento da ordenação sacerdotal. Antes de tudo, o frade é um homem que se sente chamado a viver um ideal em comunidade, a se fazer irmão no dia a dia da vida conventual e da missão. Seu ministério sacerdotal, no caso dos frades ordenados (que perfazem a maioria dos frades dominicanos) está todo orientado a ser vivido no espírito da Ordem, confirmado pela Igreja, em 1216: pregar, com palavras e com a vida. A vida em comum é para os dominicanos a primeira pregação que uma comunidade dominicana oferece à Igreja e ao

mundo. A vida dominicana, deste modo, é uma vida dedicada à pregação. No entanto, o que é pregar? E em que se diferencia a pregação dominicana de outras? Pode ser que, como nos relata a história, nos primórdios da Ordem um “frade pregador” fosse uma figura curiosa: no século XIII, quando nasce nossa Família, somente os Bispos estavam autorizados a pregar! Lembrava o Beato Humberto de Romans, um dos primeiros sucessores de São Domingos na direção da Ordem, que pregar é mais que fazer sermões; para isso, bastam as técnicas da retórica. Pregar, por sua vez, exige que se viva o que se ensina. Além disso, um fator importante deve ser notado: para nós – frades pregadores – a contemplação do mistério divino, pela oração e pelo estudo, não é secundária, mas primária: a pregação deve brotar da abundancia da contemplação. Do que vimos acima, podemos concluir que a vida dominicana constitui-se, essencialmente, do viver, a oração, o estudo e a vida comunitária; e ao lado disso, viver, também, na liberdade do Espírito e na doação, os conselhos evangélicos, marca da vida consagrada: a castidade (liberdade para servir, vendo em todos os homens e mulheres pessoas a serem amadas), a pobreza (liberdade diante de qualquer escravização que o mundo possa oferecer) e obediência (liberdade para a missão da pregação). E qual a missão dos dominicanos? Afinal, pregação pode englobar tantas coisas... Podemos dizer, portanto, que, com cada novo


frade acolhido na Ordem, uma nova possibilidade de missão aparece! A Ordem acolhe o frade com suas qualidades, que a enriquecem, e o frade acolhe a Ordem em sua vida. É no discernimento comunitário, respeitando a realidade em que cada qual está inserido, que se decide o que é prioritário na missão da Ordem, hoje. Os dominicanos são, de fato, a única Ordem democrática da Igreja. Isso quer dizer que os cargos de direção de uma Província e de um Convento são atribuídos através de eleição, em capítulos (reuniões deliberativas) conventuais, provinciais e gerais. A estrutura da Ordem está baseada na comunidade: todos devem tratar do que a todos concerne, sem que isso fira a autoridade do superior, que coordena e orienta os frades na missão e na administração, em diversos níveis. A Ordem possui uma unidade central, na pessoa do Mestre da Ordem, seu superior geral, que governa a Ordem com os superiores de cada Província, chamados Priores Provinciais, que por sua vez governam com seus Conselhos, como nos Conventos. Todos estes cargos se dão por eleição. Para se tornar frade pregador, o jovem vocacionado, após o período de discernimento, é acolhido para uma experiência de um ano chamada pré-noviciado, na qual vivencia seus primeiros momentos em comunidade, vai achegando-se à família dominicana, preparando-se (intelectual e humanamente) para o noviciado, que também tem duração de um ano. É um tempo de oração profunda, de encontro consigo, com o outro e com Deus, de conhecer a espiritualidade, as opções e a história da Ordem, bem como de fazer a escolha fundamental e generosa de aceitar

responder ao chamado de Deus na família de Domingos. Após esta etapa, o jovem frade emite seus primeiros votos, seguindo para os estudos de Filosofia e Teologia, no estudantado, quando será frade e estudante, até o final de sua formação inicial. Dependendo do discernimento da comunidade (local e provincial), o jovem tem seus estudos direcionados à sua futura missão, tendo oportunidade, mesmo após o final da formação inicial, de se especializar em

alguma área do saber, tendo em vista seu trabalho como frade pregador.

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Fraternidades Leigas Dominicanas

Origem das Fraternidades Leigas Dominicanas Desde os primeiros tempos da pregação de São Domingos no sul da França, constituiu-se, em Prouille, uma comunidade de discípulos e colaboradores. Além de Domingos, vivia um grupo de mulheres convertidas da heresia dos Cátaros e vários outros leigos; entre esses o casal Sancio Gasco e sua esposa Emergarda Guidolina. A comunidade se chamou, desde o começo, de ‘Santa Pregação’ de Prouille. Quando oficialmente foi fundada a Ordem e os conventos dos frades e os mosteiros iam se multiplicando nas várias cidades da Europa cristã, muitos leigos ficaram interessados pela espiritualidade e ação apostólica da Ordem e desejavam serem membros da família espiritual de São Domingos. Era o estilo de vida evangélica dos frades e das monjas 12

que os atraía. Surgiram, assim, por toda parte, grupos de homens e mulheres que participavam, na forma própria dos leigos, da vida da Ordem, de sua espiritualidade e carisma apostólico. Em 1285 o Mestre da Ordem, Munio de Zamora, aprovou oficialmente a existência desses grupos de leigos, deu a eles uma Regra e estabeleceu critérios para sua vida. O nome originário do movimento foi, então, “Ordem Terceira da Penitência de São Domingos”. Mais tarde surgirá o ramo das irmãs de vida ativa e, ultimamente, o do Movimento Juvenil Dominicano. O grupo de leigos que constituíam comunidade num lugar chamava-se de “Fraternidade Leiga Dominicana”. Este nome foi confirmado depois do Vaticano II, para expressar melhor a ideia de uma comunidade de irmãos. Nos oitocentos anos de história, legiões de leigos

trilharam e trilham – renovadas pelo Concílio Vaticano II - o caminho da santidade nas Fraternidades como discípulos de São Domingos, dando frutos imensos de bem com sua ‘pregação’ e seu compromisso no mundo. Leigos pregadores, cujos púlpitos estão localizados no mundo, mais do que nas igrejas. Eles pregam com a palavra e o exemplo nos seus lares e na sociedade: no trabalho, nas escolas, nos hospitais, no mundo da política, para a construção de um mundo diferente, mais humano e mais conforme ao projeto do Reino. A espiritualidade e o compromisso apostólico do leigo dominicano são iluminados pelo exemplo dos grandes santos leigos e leigas que os precederam nas pegadas de Domingos. A Fraternidade Leiga Dominicana hoje Como a vida dos Apóstolos, também a vida dominicana (religiosa e leiga) é essencialmente comunitária. Ele torna-se ‘leigo dominicano’ pela acolhida e participação na vida de uma comunidade de leigos chamada de ‘Fraternidade Leiga Dominicana’. A Fraternidade o acolhe, oferece a oportunidade de conhecer e vivenciar a espiritualidade de São Domingos e dos Santos da Ordem, o apoia na sua caminhada para alcançar a perfeição da santidade no seguimento de Cristo como leigo, o ajuda no processo de aprofundamento na Palavra de Deus e no estudo da Doutrina da Igreja. A Fraternidade, também, o


apoia na realização de sua missão apostólica no mundo, a partir do ‘púlpito’ que lhe é próprio, tendo em conta sua condição de vida, a profissão que exerce, os seus dons. A Fraternidade nasce, habitualmente, junto a uma comunidade dominicana ou de frades, monjas ou irmãs. Mas podem surgir Fraternidades também em outros contextos eclesiais, não necessariamente dominicanos. Nos Estados Unidos existe uma Fraternidade de presos, numa cadeia. Em todo caso, a ligação efetiva da Fraternidade com a Ordem é essencial para que seja garantida sua identidade dominicana. O superior maior das Fraternidades é o próprio Mestre da Ordem, como sucessor de São Domingos. A vida de cada Fraternidade é regulada conforme os critérios e modos próprios da tradição democrática da Ordem. Desde 1285, a vida das Fraternidades desenvolveu-se nos trilhos de uma Regra: a Regra de frei Munio de Zamora. Em época moderna, sobretudo depois do Vaticano II, essa antiga Regra foi renovada conforme as exigências dos novos tempos e as indicações do próprio Concílio. Espiritualidade e vida dominicana do leigo Quando em 1234 papa Gregório IX canonizou São Domingos, assim se expressou acerca dele: “Frei Domingos foi um homem plenamente evangélico, que seguiu em tudo os passos do seu Senhor”. Cada ramo da Família dominicana segue, a seu modo, esse caminho que foi trilhado pelos Apóstolos e pelo próprio São Domingos, junto com seus

seguidores, entre os quais muitos leigos. “Disse-lhes Jesus: segui-me e eu vos farei pescadores de homens. Eles deixando imediatamente a rede, o seguiram” (Mt. 4, 19-20). “Constituiu doze para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar” (Mc. 3, 14). J e s u s chamou e acolheu os Doze a partir de como eles eram, com suas expectativas, seus defeitos e qualidades, até com sua expectativa messiânica equivocada: pensavam que Jesus era o Messias que viria restaurar o reino de Israel, expulsando os invasores romanos. Como amigos e seguidores de Jesus, esperavam tornar-se pessoas poderosas no novo reino que Jesus iria fundar. Jesus os acolheu assim como eram! Somente pediu que ficassem com ele e que partilhassem de sua caminhada. Com muito amor e muita paciência os ensinou e os transformou em verdadeiros discípulos e testemunhas do Evangelho. Na comunhão de vida junto com o Mestre os discípulos aprenderam a dar a Deus a prioridade em sua vida. Jesus os libertou, aos poucos, de todo tipo de idolatria e de escravidão. Esse foi o caminho de São Domingos, e esse é o caminho proposto, também, para o leigo dominicano, na forma que lhe é própria, como leigo. O ‘viver em comunhão com Cristo’ do leigo concretiza-se na vida de oração, tendo como centro a Eucaristia; e no serviço aos irmãos, sobretudo aos pobres. A Fraternidade, inserida na Família dominicana e na comunidade eclesial (paróquia, diocese), corresponde para o seu membro à comunidade de Jesus junto com seus discípulos. Insistimos neste valor: como

leigo, ele tem um caminho próprio de seguimento de Cristo e de realização do carisma de São Domingos. Seu projeto de vida não é mera imitação da vida religiosa dominicana dos frades, das monjas ou das irmãs. O caminho de seguimento de Cristo e de anúncio do Evangelho se realiza para ele nas estradas do ‘mundo’, no coração da vida social, dentro de sua casa, na vida conjugal, na comunidade eclesial, no lugar de trabalho. O ‘estar na escola de Cristo’ do leigo realiza-se no estudo e reflexão da Palavra de Deus, no esforço de aprofundamento gradual da teologia e doutrina da Igreja e na atenção e estudo da realidade, na escuta dos sinais do Espírito, como se manifestam nas realidades e apelos do nosso tempo. Palavra e vida, Bíblia e jornal! Interessante lembrar que Santa Catarina de Sena, leiga dominicana e grande modelo de vida para todo leigo, era quase analfabeta, e foi proclamada ‘Doutora da Igreja’, pela sua doutrina espiritual e pela força de sua atuação apostólica. Ela devia muito à sua Fraternidade de Sena! O ‘anunciar e testemunhar o Evangelho de Cristo’ dá-se, para o leigo, nos ‘púlpitos do mundo’. São leigos pregadores. Por serem leigos, seus púlpitos colocam-se, normalmente, fora do recinto das igrejas, isto é, estão na realidade social, no coração do ‘mundo’, carisma próprio de São Domingos. O leigo dominicano faz-se imitador do Cristo, Verbo de Deus, que se encarnou, veio “plantar sua tenda” no meio da humanidade.

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O Estudo na Espiritualidade Dominicana

A espiritualidade dominicana é, intrinsecamente, evangélica, ou seja, missionária, centrada na evangelização e no anúncio de que Jesus é o Cristo. O estudo e a oração, por sua vez, são os alimentos que nutrem essa ação evangelizadora. São Domingos fundou a Ordem como resposta a uma Igreja, cuja decadência caracterizava- se pela ignorância do clero. Adotou a exigência do estudo, não por diletantismo, e sim para fundamentar “as razões de nossa esperança” e também de nossa fé (cf. 1 Pedro 3,15). Esse carisma da fundação de Domingos, centrado no tripé oração, estudo e opção pelos pobres, atraiu, nos seus primórdios, cérebros privilegiados, os quais encontraram na comunidade dominicana o locus, no qual viria a ser possível formular um pensamento teológico que constitui – ainda hoje – alicerces 14

para a doutrina da Igreja. Entre esses estiveram Alberto Magno e Tomás de Aquino. O estudo na vida dominicana, dessa maneira, não tem a pretensão de nos tornar mais eruditos. Ele, por sua vez, está em função da pregação e do entendimento mais profundo das fontes da Revelação cristã, da nossa vida espiritual. Para que o amor aos livros, assim, não nos incuta arrogância frente aos “iletrados”, Domingos exigiu de seus discípulos que

abraçassem a pobreza, entendida como amor aos pobres e serviço à causa da justiça. O lema dominicano, retirado da obra teológica de Tomás de Aquino, contemplare e contemplata aliis tradere (Suma II-II, q.188. a.6, r), traduz, com excelência, o carisma dominicano: contemplar o mistério divino - tanto pela via da oração, quanto pela via do estudo -, para comunicar aos outros os frutos dessa contemplação e não para saciar o nosso ego ou aprimorar a nossa erudição. O estudo é, em resumo, junto à oração e à meditação sobre a Palavra de Deus, fonte imprescindível de nossa espiritualidade. Frei Betto, O.P. (frade dominicano e escritor. Autor de, entre outros livros, “Um homem chamado Jesus”) (Rocco).


São Tomás de Aquino, presbítero e doutor da Igreja | 28 de janeiro Tomás nasceu em um Castelo de Roccasecca, no sul da Itália, filho de uma família nobre, pelo ano de 1225, ou seja, quatro anos após a morte de São Domingos. Aos 18 ou 19 anos, Tomás ingressou na Ordem Dominicana, na cidade de Nápolis, sem avisar sua mãe Teodora e os irmãos. Seu pai já era falecido. De fato, a decisão de Tomás contrariou a vontade dos irmãos, e por isso o conservaram preso durante certo tempo num Castelo da família. Contudo, Tomás estava decidido a assumir a vida dominicana de pobreza, obediência e castidade, bem como o amor ao estudo. Dedicou, é verdade, todo o seu talento ao conhecimento profundo da filosofia aristotélica, levando a bom termo os estudos de filosofia e teologia, que fez em Colônia (Alemanha) e em Paris (França), sob a orientação de Santo Alberto Magno, grande pensador e santo dominicano. Com sua genialidade, adaptou a doutrina de Aristóteles à Filosofia e Teologia cristã. Frei Tomás lecionou durante vários anos em Paris. Ocupou também o cargo de Mestre do Sagrado Palácio na Cúria Romana, e deixou muitos escritos, seja comentando obras de Aristóteles ou Livros da Bíblia. Sua obra-prima é a Suma Teológica, que lhe valeu o Título de Doutor da Igreja Católica. Faleceu em Nápolis, no dia 7 de março de 1274, quando se dirigia a pé ao Concílio Ecumênico de Lion, na França.


Irmãs Dominicanas da Anunciata cura, levanta e humaniza. O seguimento de Cristo, como se propõe no Evangelho: eis nosso princípio vital. Assim, queremos ser testemunhas do Reino de Deus, do amor, da misericórdia, de sua bondade infinita, de sua presença na história, a fim de que Ele seja conhecido, amado, louvado e glorificado por todos. Nossa espiritualidade, enfim, está centralizada em Cristo e encarnada na realidade, na qual estamos inseridas. Quem somos? São Francisco Coll, dominicano espanhol, vivendo as dificuldades de um momento conturbado na história da Espanha, dedicou-se à evangelização como missionário popular e pregador incansável pelos povoados grandes e pequenos na região da Catalunha. Foi em suas missões que São Francisco Coll deparou-se com a realidade de muitas jovens que desejavam consagrar-se a Deus, mas não tinham meios econômicos para entrar nas congregações de então. Fiel ao Espírito que falava através desses acontecimentos, então, reuniu as primeiras jovens e as preparou para que pudessem, como brilhantes estrelas, "anunciar a mensagem de salvação a todos, especialmente às crianças e jovens através da educação." Nascia, assim, a Congregação das Irmãs Dominicanas da Anunciata, no dia 15 de agosto de 1856. Como Maria, no mistério da Anunciação, nós, Dominicanas da Anunciata, somos chamadas a ESCUTAR, CONTEMPLAR e 16

ENTREGAR-NOS à ação de Deus, que se deixa conhecer. Atentas, então, às necessidades e problemas da humanidade, trabalhamos pela Paz, Justiça e Verdade, em solidariedade aos direitos humanos, colocando todos os nossos dons a serviço dos irmãos. Por meio da profissão dos conselhos evangélicos – obediência, castidade e pobreza – fazemos de nossa forma de vida comunitária o espaço, no qual se concretiza nosso projeto nosso vocacional: partilhar a vida, a fé, o trabalho e os bens. Nosso atuar cotidiano é dirigido pela vida de oração e pela oração da vida. A Virgem Maria, através de seu exemplo, nos ensina a guardar a Palavra no coração, encarná-la na vida e oferecê-la na evangelização. Como pregadoras, enraizadas na tradição de São Domingos, o estudo é mais do que ferramenta fundamental para o exercício da missão e para a busca da verdade. Fiéis ao mandato de Jesus, nos sentimos impulsionadas a levar a Palavra de vida que ilumina, fortalece,

Onde atuamos? Hoje, desenvolvemos nosso apostolado de pregação junto a escolas de ensino formal e informal; pastorais de juventude e de catequese; formação de liderança; programas de promoção da mulher e inserção em setores marginalizados da sociedade; e hospitais. Onde estamos? Vivemos e anunciamos a fé na Espanha, Argentina, Suíça, Filipinas, Ruanda, Guatemala, Chile, Camarões, México, Itália, El Salvador, Nicarágua, Peru, Costa de Marfim, Costa Rica, Paraguai, Uruguai, França, Benin. Desde 1973, estamos no Brasil. Aqui, somos seis comunidades: duas em Belo Horizonte, uma em Governador Valadares, duas no norte de Minas: Montes Claros e Francisco Sá e uma comunidade em Vila Verde, no Estado do Acre.


Irmãs Dominicanas da Beata Imelda O Fundador Em Popetto de Tresana (Itália), no ano de 1870 nasceu Giocondo Lorgna. Filho de uma família rica de fé. Aos 13 anos de idade, entrou para o seminário de Parma e, aos 19, na Ordem Dominicana. Foi ordenado sacerdote em 1893. Por alguns anos, dedicou-se ao ensino de Teologia no convento de São Domingos, em Bolonha. De 1901 a 1905, fez uma significativa experiência apostólica, junto ao Santuário de Nossa Senhora de Fontanellato (Parma). Em seguida, foi nomeado pároco. Contrariando sua inclinação natural para o estudo e contemplação, foi pároco por 23 anos na paróquia São João e Paulo, em Veneza, na qual esteve até sua morte. O Amor ao estudo e à oração fez de Pe. Giocondo um dominicano “sábio e piedoso” e dedicado, especialmente, aos pobres e pequenos. A Eucaristia foi o centro de sua vida espiritual. Homem da Palavra, da oração e da caridade, de coração ardente como São Domingos. Imitou a Virgem do Rosário e viu na Beata Imelda Lambertini um modelo de vida eucarística. Foi o apóstolo de largos horizontes, que acolhe as necessidades de seu tempo e as enfrentou com os recursos da fé e do amor. A chama que ardeu em seu peito se eternizou com a fundação da Congregação das Irmãs Dominicanas da Beata Imelda. Depois de prolongada doença,

em que foi modelo de doação e entrega, morreu em Veneza, no dia 08 de julho de 1928, deixando a Congregação, que apenas completara seis anos.

Padre Giocondo Lorgna

Realização de um sonho A inspiração de dar a vida a uma nova família foi sentida por Pe. Giocondo Lorgna, em Fontanellato – (Parma), no período de 1902-1905. Ele intuiu que a Congregação deveria ser inteiramente consagrada à Eucaristia, para perpetuar o espírito apostólico-contemplativo de S. Domingos. Este ideal foi amadurecendo aos poucos, junto ao sacrário, aos pés da Virgem de Fontanellato e, mais tarde, em contato com as necessidades diárias de seus paroquianos, em Veneza. Seu projeto foi aos poucos se concretizando. Iniciou-se com a Pia União Eucarística, formada por Pe. Giocondo e duas monjas do mosteiro Dominicano de Fontanellato: Irmã Imelda Zappieri e Irmã

Rosa Borelli. O grupo tinha como finalidade colocar seus ideais de vida em comum, para a glória de Jesus Sacramentado. Este ideal veio a consolidarse ainda mais, quando Giocondo foi transferido para Veneza, no ano de 1905. Outras jovens começaram a fazer parte do grupo, o qual, mais tarde, seria os fundamentos da nova Congregação. Essas jovens viviam na irmandade, obedecendo a um projeto comum de vida que visava transformá-las em apóstolas de Jesus Eucaristia. Eram chamadas de “Imeldinas”, por terem como protetora a Beata Imelda. Em 1917, as jovens passaram a morar juntas numa pequena casa. Pe. Giocondo, com a colaboração mais próxima de Ir. Catarina Boscolo e Ir. Domingas Roberti, cultivava nessas jovens a ideia surgida em Fontanellato: concretizar numa obra seu ardente amor pela Eucaristia. Imaginou uma comunidade de educadoras, que teriam em Jesus Eucaristia seu Mestre e Modelo. Elas aprenderiam, com Jesus, a amar os pequenos, cujos pais estavam na guerra, e se encontravam abrigados no Jardim da Infância “Anjo da Guarda”. A partir daí, entre alegrias e dores, foi crescendo a nova Congregação. Muitas jovens pediam para fazer parte desta família religiosa. Na noite de Natal de 1919, Pe Giocondo celebrou a Santa Missa pela primeira vez, na pequena capela da comunidade e no dia 11 de fevereiro do próximo ano Jesus, sacramentalmente, ficou presente ali. 17


Irmãs Dominicanas da Beata Imelda

No dia 30 de outubro de 1922, na solene conclusão das festas centenárias da morte de S. Domingos, dez jovens fizeram, com muita alegria, a sua vestição. Foi lido o decreto de aprovação da Congregação das Irmãs Dominicanas da Beata Imelda. No dia 25 de dezembro, do mesmo ano, 05 noviças fizeram os primeiros votos, nas mãos de Pe. Giocondo. No dia de S. José, 19 de março de 1923, foi aberta a primeira casa filial na cidade de Este – Padova. Outras casas foram abertas nas dioceses de Veneza, Pádua, Treviso, Vicenza e Milão. Assim a Congregação se difundiu pela Itália. Em 1946, Ir. Angélica Bizzari mais sete irmãs foram enviadas para o Brasil. Elas se estabeleceram em Santa Cruz do Rio Pardo – SP. Estavam repletas do amor a Jesus Sacramentado e desejavam ardentemente que todos o amassem de verdade. Assim, aos poucos o apostolado as chamava para São Paulo - capital, Paraná, Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Minas Gerais. Hoje, além da Itália e Brasil, a 18

Congregação responde aos apelos de Deus, na África (Camarões), Filipinas, Albânia, Bolívia, México e Indonésia, onde novas vocações vão surgindo para continuar o ideal de Pe. Giocondo Lorgna: levar a Luz de Cristo Eucarístico a todos os povos. Espiritualidade e Carisma Nossa ação missionária está centralizada na EUCARISTIA, sendo nossa missão específica: anunciar o Mistério Eucarístico, com as palavras e ações, sempre e em todos os lugares. O lema dominicano Contemplata aliis tradere – Contemplar e irradiar o contemplado, foi traduzido pelo fundador com as palavras: “AMAR E FAZER AMADO JESUS EUCARISTIA”, missão essencial da Congregação que se concretiza na educação da fé, por meio das obras educativas e Pastoral paroquial, sobretudo em favor das crianças e dos jovens. A participação diária da Celebração Eucarística e a adoração são meios preciosos para manter acesa a chama do

amor eucarístico. A identificação com Jesus, que se doa a todos com o partir do pão e a entrega do vinho faz de nós apóstolas do seu amor no mundo, o que significa caminhar com os irmãos construindo uma relação de acolhimento, perdão, escuta, partilha, solidariedade, transformando o mundo num cenáculo de justiça, amor e paz. Pe. Giocondo continua dizendo a nós e a todos: “Cada Imeldina e cada comunidade será como fermento, que Jesus coloca nas cidades e nas paróquias, para transformá-las totalmente, realizando essa transformação com o calor do fogo eucarístico”. (Coleção Lorgna 3,1) Presença Missionária no Brasil Como uma pequena semente, nossa vida nasceu e cresceu aos poucos até que no dia 08/08/1976 foi instalada a Província Nossa Senhora do Rosário que reúne atualmente um número de 100 irmãs, que diante de Jesus Eucarístico aprenderam a viver intensamente a espiritualidade eucarística entre si e com os irmãos no apostolado direcionado às crianças, jovens e pobres. Hoje, a Província tem 12 comunidades no Brasil, 2 comunidades na Bolívia e 01 comunidade no México. Temos, também, irmãs brasileiras “anunciando a Palavra feita Eucaristia” em outros países, nos quais a Congregação está presente.


A Missão das Irmãs Dominicanas

Inseridas na Ordem dos Pregadores, nós – como irmãs dominicanas – partilhamos do Carisma de Domingos, que nos leva a ouvir e pregar a Palavra de Deus, sempre viva e transformadora. Participamos, então, da sua missão, como ele a realizou. Somos chamadas a conhecer a Palavra de Deus, que é Verdade; e a partir desse conhecimento, levar, para as pessoas, a infinita misericórdia de Deus Amor. Domingos ouviu o chamado de Deus perceptível no clamor das pessoas de seu tempo. Nós, também, buscamos viver atentas às diferentes necessidades das pessoas, para as quais somos enviadas. O centro de nossa vida, então, é a integração entre o contemplar e dar aos outros o fruto de nossa contemplação. Nossa ação missionária é alimentada pela nossa íntima união com Deus, a qual, enraizada na tradição dominicana, nos mostra como essenciais: o estudo, que se torna reflexão; a oração, que nos

nutre; e a vida, que se desdobra em apostolado. Como mulheres consagradas, caminhando rumo ao Cristo sobre os passos de Domingos, vivemos como anunciadoras da Boa Nova, que foram convocadas a pregar a Palavra pelo testemunho profético de nossa vida pessoal e comunitária. A irmã dominicana deve perceber, a partir da Palavra que ilumina, as alegrias e esperança dos homens, mulheres e crianças do presente; bem como as angústias e desafios de deste tempo. E, assim, discípula na escola de São Domingos, procurar, entre a mística e a profecia, descobrir e testemunhar a presença amorosa de Deus na sua vida e na vida do povo. Ser mulher consagrada ao carisma da pregação é, enfim, assumir como missão contribuir com construção de um mundo novo baseado na justiça, na solidariedade e na paz.

Busto construido em homenagem a Irmã Edila Maria Tavares dos Santos, por sua atuação como missionária dominicana, na cidade de Porto Nacional - TO.

Ir. Maria José de S. Brito 19


Santos Dominicanos na América Latina

São Martinho de Lima 3 de novembro Martinho era filho de um cavalheiro espanhol, João Porres, e de uma escreva negra liberta, Ana Velasquez. Nasceu no Peru em 1579. No início de sua juventude aprendeu o ofício de auxiliar de barbeiro, que naqueles tempos incluía certas habilidades de enfermagem. Em 1603 entrou para a Ordem Dominicana no convento de Nossa Senhora do Rosário, em Lima, Capital do Vice-Reino do Peru. Não tendo estudos, Martinho fez a profissão religiosa como irmão cooperador. Religioso humilde, piedoso, caridoso, amava cuidar dos enfermos, fazer o serviço caseiro do convento. Tinha grande predileção pelos animais domésticos. Martinho praticava com perfeição o jejum e a abstinência de carne prescritos pelas Constituições da Ordem. Ele conviveu na cidade de Lima com grandes santos: São Turíbio de Mongrovejo, arcebispo da cidade, São Francisco Solano, Santa Rosa de Lima e São João Maciais. Morreu no dia 3 de Novembro de 1639. O Capítulo Geral da Ordem Dominicana o proclamou patrono dos irmãos cooperadores da ordem e o Papa João XXIII o canonizou no dia 5 de maio de 1962.


Santa Rosa de Lima, virgem 23 de agosto Em 1586, quando no Novo Mundo a cupidez dos Conquistadores da América ameaçava tornar o Cristianismo odioso aos indígenas da América do Sul, a Providência divina fez nascer em Lima, no Peru, Isabel Flores y de Oliva. Sua beleza mereceu-lhe o apelido carinhoso de “Rosa”, nome ao qual ela depois, por ocasião de sua profissão religiosa, acrescentou a expressão “de Santa Maria”. Desde a meninice, ela fez o voto de virgindade, impôs a si mesma uma regra de vida bastante austera e cultivou uma profunda devoção a Santa Catarina de Sena. Aos vinte e um anos, mesmo não havendo conventos no Peru, Isabel pediu e obteve a licença de emitir votos religiosos em casa, como terceira dominicana. Amante da solidão e rejeitando o mundo, no qual via apenas sombras da felicidade oriunda do amor de Deus, ela transcorria dias inteiros em ininterrupta oração em uma tosca ermida construída no quintal da casa paterna. Gostava de praticar obras de misericórdia em benefício dos pobres e, também, se dedicava a duros trabalhos de lavoura e costura e bordado de roupas para fins litúrgicos. Durante 15 anos suportou uma forte aridez espiritual. Por fim, morreu com 31 anos de idade, no dia da festa de São Bartolomeu, 24 de agosto, data que predissera como momento de suas “núpcias eternas”. Seu corpo é venerado na Basílica dominicana do Santo Rosário de Lima. Clemente X a canonizou em 1671. Santa Rosa de Lima é invocada como protetora da América latina.


Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Monteils Províncias: Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora de Guadalupe e Madre Anastasie

Retiro Provincial | Província Nossa Senhora do Rosário | Uberaba - MG

Quem somos? Nós, Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Monteils, fazemos parte de uma Congregação Religiosa apostólica, de direito pontifício, fundada em Bor, França, em 1850, filiada à Ordem de São Domingos, em 1875. Como Irmãs Dominicanas de Monteils vemos nossa história começar com Alexandrina Conduché que se tornará mais tarde Madre Maria Anastasie. Alexandrina nasceu em Compeyre, na Diocese de Rodez, França, em uma admirável família cristã. Os Conduché, que colocaram três de suas filhas sob a proteção de Maria, mantinham viva em seu lar a devoção ao Rosário. Alexandrina herdou de seus pais as sólidas qualidades morais que faziam suas vidas bem superiores à sua humilde situação material. Em julho de 1847, seu tio, o 22

Padre Artières, pároco de Tizac, sensibilizado pela situação de pobreza da família, ofereceu-se para cuidar de Alexandrina. Tizac não tinha escola e o bondoso sacerdote sofria por ver a ignorância das crianças. Improvisou então uma escola e Alexandrina tornou-se professora, com competência, apesar de muito jovem. Seu trabalho não a impedia de cuidar de sua vida interior. Seu amor à oração era insaciável. Assim, Deus a orientava para sua missão de educadora, e, na solidão do presbitério de Tizac, preparava- a para seguir o exemplo da “Virgem Fiel”. Quando o apelo do Senhor lhe foi revelado, ela se abandonou à orientação de seu tio, no tocante à realização concreta de sua vida religiosa. Este consultou seu parente Padre Gavalda, vigário de Bor, o qual desejava fundar uma congregação

religiosa em sua paróquia. Ficou então encantado de poder associar Alexandrina à sua sobrinha, Virgínia Gavalda, que ele já conquistara para o seu projeto. A necessidade de formar as duas aspirantes à vida religiosa fez com que ele as enviasse ao noviciado das Irmãs de Notre Dame, em São Julião d’Empare. À tomada de hábito, Virgínia se tornou Irmã São José e Alexandrina, Irmã Anastasie. Em São Julião, a atração de Irmã Anastasie pela contemplação foi satisfeita. Não se esqueceu nunca das alegrias de seu noviciado. Mais tarde dirá: “Eu só vivi seis meses”. O padre Gavalda tinha pressa de chamar suas protegidas. Por seu pedido insistente, elas regressaram a Bor no dia 31 de dezembro de 1849 e, no dia seguinte, começou a fundação. Pelo privilégio de idade, Irmã São José foi nomeada Superiora, aos 24 anos; Irmã Anastasie ficou incumbida da escola, com a idade de 17 anos. Após os contatos requeridos, o vigário de Bor obteve do bispo a autorização de admitir suas duas sobrinhas à profissão e três aspirantes ao noviciado, o que foi feito na igreja paroquial. A 8 de outubro de 1851, festa de Nossa Senhora do Rosário, Irmã Anastasie tornou-se canonicamente Mestra de noviças. Ela era, então, a alma da Comunidade. Hoje, a Congregação encontra-se organizada em cinco províncias: duas na França: Província Lacordaire e Província de França; e três no Brasil: Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora de Guadalupe e


Madre Anastasie. Nossa Espiritualidade Nós, Irmãs Dominicanas de Monteils acreditamos numa Espiritualidade: - Trinitária como fonte de nossa consagração batismal, no seguimento radical de Jesus Cristo; - Alimentada pelo silêncio e pelo estudo; - Encarnada, descobrindo a manifestação da presença amorosa, misericordiosa e redentora de Deus na nossa vida e na vida do povo. - Que faça crescer o ardor missionário na ótica da opção pelos pobres e não incluídos;

Escola Lar São José | Província Nossa Senhora de Guadalupe | Goiás - GO

- Que nos ajude a olhar o mundo com o olhar do profeta que: anuncia a Boa Nova; denuncia as causas de injustiça e opressão; e vai sempre ao encontro do outro (itinerância). - Centrada na Palavra de Deus: - Escutada com o coração e a inteligência, - Aprofundada no estudo, - Celebrada numa oração viva, - Vivida em comunhão fraterna, - Anunciada e manifestada por toda a vida. Nossa Missão Enraíza-se na missão do Verbo Encarnado que: revela, aos seres humanos, o amor do Pai, assume os valores humanos na reconciliação com Ele, nos liberta por sua Páscoa, reúne, na unidade do Espírito, o novo povo de Deus. Pelo lema da Ordem Dominicana: “louvar, bendizer e

Renovação dos Votos | Província Madre Anastasie

Madre Anastasie

pregar”, é-nos pedido um movimento para fora de nós, um caminhar sempre.

- na Família Dominicana; - no CEBI; - na CRB...

Assim é que atuamos:

Tudo isso requer de nós muita coragem evangélica e muita solidariedade sendo ao mesmo tempo estímulo para sonhar, caminhar, persistir e cultivar a esperança.

- na educação; - na saúde; - no desenvolvimento comunitário; - na recuperação de dependentes químicos; - no Movimento de Justiça e Paz e dos Direitos Humanos; - na formação bíblica e catequética; - na alfabetização de adultos; - na atuação em comunidades de base; - nas Dioceses, nos Sínodos Diocesanos, nas Paróquias e Assembleias Paroquiais; - nas Missões Populares; - nos Mutirões Dominicanos;

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O Rosário na vida dominicana

Vemos em Maria – mãe de Jesus Cristo e nossa – um sinal muito forte na família dos Frades Pregadores. Não é fácil, contudo, seguir os caminhos do Rosário na história dominicana – história nossa. A despeito disso, o Rosário aparece muito cedo nessa história, já como parte da própria veste dos membros da família de fé de Domingos. E, se teve seu lugar no hábito dominicano, é certo que foi parte da nossa fé e da nossa religiosidade. Disse o então Mestre da Ordem, Fr. Timothy Radcliffe: “Há uma longa tradição iconográfica de nossa Senhora entregando o Rosário a S. Domingos. Em um determinado momento, outras ordens religiosas tomaram a iniciativa de apresentar quadros de Nossa Senhora entregando o Rosário a outros santos: S. Francisco, e até Santo Inácio. Nós defendemos e penso 24

que foi no século XVII que convencemos o papa a por fim à competição. Foi Então permitido representar a Virgem Maria entregando o Rosário só a S. Domingos”. Esta oração simples tornou-se querida aos Dominicanos. É certo que a oração litúrgica da Igreja sempre foi a parte mais profunda de nossa vida consagrada e evangelizadora. Mas é certo, também, que o Rosário, popular, tornou-se uma parte da oração dominicana. Creio, assim, que se pode dizer que desde a sua origem o Rosário transporta duas motivações, as quais passaram a fazer parte da nossa formação e da nossa vida de oração: 1) Maria, mãe de Cristo e da Igreja, traz grande motivação para nossa vida de fé. Maria é a mãe que nos conduz; e, 2) O Rosário é contemplação e oração bíblica motivada pela história salvadora do Cristo na sua origem, na sua

vida evangelizadora e na sua morte e ressurreição. E Maria foi a acompanhante da história de seu Filho e da história da Igreja a partir do Pentecostes. O Rosário, então, passa a ser sinal de simplicidade na vida da fé e uma simplicidade na oração bíblica sobre a vida do Cristo. A devoção a Nossa Senhora é um dos patrimônios que enriquecem a história da Igreja. Desde os primeiros séculos do cristianismo, Maria é uma presença na fé e na vida do povo. Já se disse que o Rosário é o “breviário” do povo, isto é, a oração oficial da Igreja na prática popular. E, como oração do povo, o Rosário vem desde a Idade Média, desde as origens da Ordem Dominicana, como prática da Igreja Católica. O Rosário está na devoção a Maria e na religiosidade que vivemos. Fr. Humberto Pereira de Almeida, O.P.


Santa Catarina de Sena, virgem e doutora da Igreja | 29 de abril Catarina nasceu em Sena, Itália, filha de Tiago Benincasa e de Lapa Piagenti, em 1347, penúltima de 25 irmãos. Aos 6 anos teve uma visão de Jesus Cristo em trajes pontificais, sobre a igreja dos Padres Dominicanos, não longe de sua casa. Com sete anos prometeu a Deus não se casar e quando a mãe lhe apresentou um pretendente ao noivado, reagiu cortando seus longos cabelos, orgulho da família. Como castigo, a mãe a encarregou dos pesados trabalhos caseiros, que lhe impediriam de se dedicar à vida de oração, como desejava. Protegida do pai, Catarina com 16 anos conseguiu entrar para a ordem Terceira leiga da Ordem dominicana. Além de recuperar sua vida de meditação e oração, ela começou a cuidar de enfermos com muito carinho. A partir dos 23 anos, pouco a pouco, se entregou ao apostolado doutrinal, mediante cartas e palestras no salão do Hospital da Misericórdia, em Sena. Sua santidade e cultura religiosa fizeram surgir em volta de si um numeroso grupo de discípulos, e admiradores incluindo sacerdotes, monges, políticos e leigos. Convidada a ir à cidade de Pisa, lá recebeu as chagas de Jesus crucificado, as quais a seu pedido se tornaram invisíveis, mas muito dolorosas. Catarina desenvolveu um imenso trabalho pela reforma da Igreja Católica, mediante cartas e outros escritos, que chegaram até nós e continuam fazendo muito bem a todos pela profundidade de seus ensinamentos. Morreu aos 33 anos em Roma no dia 29 de abril de 1380. Foi canonizada pelo Papa Pio II. Em 1970 Paulo VI a declarou Doutora da Igreja universal, pela sabedoria dos seus escritos.


Irmãs Dominicanas do Santíssimo Sacramento Congregação? “Aproxima-te do Divino Sacramento: recebe Jesus... Ele é o Deus conosco, que se comunicando à criatura infunde em tua alma a doçura, a alegria, a força...” (Pe. Pallladino) Fazemos parte da grande família Dominicana e, portanto, temos como base para a nossa vida os mesmo três pontos fundamentais, a saber, a oração, o estudo e a vida comunitária. Nosso Apostolado

Com Cristo, buscamos ser uma presença de amor para os nossos tempos. Nossa Origem “Todas as almas a mim confiadas conduzirei a Ti, Senhor!” (Pe. Palladino) Somos uma Congregação Religiosa, fundada no sul da Itália, por padre Antônio Palladino, que foi sacerdote diocesano, terciário dominicano, e um homem apaixonado pela Eucaristia. Seu testemunho de união com Cristo e com os irmãos difundiu-se, com o mesmo ardor, inicialmente, sobre duas jovens irmãs: Tarcísia Vasciaveo e Maria Ângela Vasciaveo, dando início a nossa congregação em 1927, na cidade de Cerignola. Estamos no Brasil, desde 1983. Quem faz parte da nossa 26

Congregação? Mulheres como você, que “escutando um chamado, um divino recado batendo no coração, deixaram as promessas deste mundo e foram depressa no rumo das mãos do Senhor”! Somos chamadas, mas precisamos de formação O chamado à consagração é uma semente, que deve crescer até a estatura de Cristo. É um processo que acaba somente no dia da morte. Até lá, existem etapas fundamentais para a formação: aspirantado, postulantado, noviciado e juniorado.

Como alimentamos nossa

“Contemplar, para levar ao outro o fruto da contemplação.” Somos impulsionadas, pelo carisma eucarístico, a viver o amor ao próximo e levar Aquele, que contemplamos, para nossas obras de promoção humana e espiritual, que se realizam na catequese, na atenção aos menores em abrigos e através das muitas formas de atividade educacional, formal e nãoformal.


Irmãs Dominicanas do Santo Rosário de Melegnano O Fundador Padre Francisco Fiazza, fundador da Congregação das Irmãs Dominicanas do Santo Rosário, nasceu em Casolate, pequena cidade ao sul de Milão, na Itália. Padre Francisco era profundamente conhecedor das chagas morais de seu tempo: latifundismo, anticlericalismo, analfabetismo, opressão. Por isso, ansiava e preocupava-se em dialogar com a juventude. E, de coração sensível, vivia a tragédia dentro de si, entre o desejo de agir e a falta de meios. “Não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10, 43-45), foi a vida de sua própria vida. O que mais o fazia sofrer era a situação de abandono em que viviam a juventude e as adolescentes camponesas. O servo de Deus sentiu no seu coração de Pastor um grande amor para com o seu povo. Por isso, desejava que sua paróquia fosse uma comunidade de fé e, sobretudo, uma comunidade de amor. Isso se materializa em seu lema: “Caridade acima de tudo”. Seu espírito impregnado de contemplação, oração, ação, estudo, devoção a Maria e culto à Eucaristia, foi motivado a orientar, no espírito dominicano, um novo Instituto religioso. Sonhava que sua fundação encarnasse o espírito contemplativo e apostólico de São Domingos, num forte amor à Verdade, servindo aos irmãos e irmãs na Igreja de Cristo; na missão de educar e instruir a juventude, na colaboração pastoral paroquial e na cura dos

enfermos. O Fundador, desde 1826, já pensava nos fundamentos de sua Obra (Colégio – Convento) para acolher as jovens. Padre Francisco contou com a colaboração de seis idôneas professoras que se dispuseram a consagrar suas vidas a Deus, na dedicação e na formação da juventude. Em 1828, conseguiu o Decreto de Filiação de sua futura Obra, à Ordem dos Pregadores.

Foto: Padre Francisco Fiazza

Em 02 de setembro de 1828, escreveu uma carta ao Bispo de Lodi pedindo aprovação da Obra e enviou-lhe o Plano de Fundação. O Fundador morreu em 08 de maio de 1829, mas a Obra seguiu em frente sob o olhar amoroso e diligente de sua irmã, Marianna Fiazza. Ser Dominicana do Santo Rosário Nós, Irmãs Dominicanas do Santo Rosário, somos chamadas, por vocação específica, a viver plenamente a consagração batismal; enviadas em missão para “pregar o Evangelho do Reino: educando, instruindo e curando”(Mt. 4, 23). Temos um estilo de vida pobre, simples, e familiar. No nosso apostolado estamos unidas no vinculo da caridade, no seguimento de Jesus Mestre, segundo o espirito contemplativo e apostólico de São Domingos, num forte amor à Verdade, Culto à Eucaristia, Assiduidade ao Estudo e Devoção à 27


Irmãs Dominicanas do Santo Rosário de Melegnano

Virgem do Rosário dedicamonos com alegria à educação e instrução da juventude pobre, à colaboração pastoral paroquial e à cura dos enfermos. A exemplo de São Domingos, que falava com Deus e de Deus, nossa vida de oração consiste na prática da Lectio Divina pessoal e comunitária; na Eucaristia – o centro de nossa vida; oração pessoal, retiro, Liturgia das Horas e culto a Virgem Maria, através da meditação dos mistérios do Rosário. Procuramos vivenciar Deus em nós e nas pessoas. A nossa vida fraterna, sinal do amor trinitário e da unidade da Igreja é um valor essencial de nossa família religiosa. Viver em comunidade significa não só estar juntas, mas viver juntas, para proclamar a todos: “Como é bom e agradável às irmãs viverem unidas.” (cf. Sl 133, 1). A luz e a fonte do nosso estudo é Deus. Convictas do seu valor enquanto meio de aproximação com a Verdade e fonte da Esperança e como instrumento eficaz para a vida espiritual e apostólica, aplicamo-nos nele com perseverança. Estamos, hoje, na Itália, país de origem; no Brasil, primeiro país de missão; na África; e, na Bolívia. Presença no Brasil Em 1952, no dia oito de agosto, seis Irmãs impulsionadas pelo amor de Jesus Cristo, com grande ardor missionário partiram em missão para o Brasil e, abrasadas pelo exemplo do Fundador: “Caridade Acima de 28

Tudo”, abriram as primeiras comunidades no Estado de Goiás. Um ano depois, em 1953, já se apresentaram as primeiras vocações goianas para a Congregação. Nesta caminhada, ora árdua e ora suave, nós, Irmãs Dominicanas do Santo Rosário, estamos celebrando nossa sexta década de presença em terras brasileiras, cheias de coragem e esperança, confiantes na Palavra de Jesus: “Se permanecerdes na minha Palavra, em verdade sereis minhas discípulas, conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.” (Jo 8,31-32)

Jovem, mergulhe-se em si mesma e experimente perguntar-se: “Senhor, que queres de mim?” Talvez você escute o convite: “A messe é grande e os operários são poucos. Vem e segue-me!” E você sinta também o desejo de dar a sua resposta generosa: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua a palavra”.


Santo Alberto Magno, bispo e doutor da Igreja | 15 de novembro Alberto nasceu em Lauingen (Baviera) pelo ano de 1206. Aos dezesseis anos, foi trazido por um tio para Bolonha, onde completaria seus estudos universitários. Ali, conheceu o Beato Jordão da Saxônia, então, mestre da Ordem dominicana, que o encaminhou para a vida religiosa. Em 1229, Alberto vestiu o hábito dos frades pregadores e foi enviado para Colônia, onde lecionou na mais importante escola dominicana de filosofia e teologia da época. Ao longo de sua vida, também ensinou em Hildesheim, Friburgo, Ratisbona, Estrasburgo e Paris. Em 1248 foi regente de estudos e teve como seu formando São Tomás de Aquino. De 1254 a 1257 foi Prior provincial da Teutônia. Nesse período, foi a Roma para defender, juntamente com São Boaventura, o direito dos religiosos mendicantes de ensinar em Universidades, contra as ideias de Guilherme do Santo Amor. Em 1260 foi feito bispo de Ratisbona, mas renunciou ao cargo alguns anos depois, para voltar à vida comum no seu convento e ensinar em Colônia. Deixou grandes obras de teologia e de ciências. Foi chamado de “Magno” e de “doutor universal”. Faleceu em Colônia e em 1280. Pio XII o canonizou, em 1931, e o proclamou patrono dos cultores das ciências naturais.


Irmãs Dominicanas de São José de Ilanz

"Vivenciar o amor misericordioso de Deus com alegria" Padre João Fidel Depuoz nasceu na Suíça, no ano de 1817. Educado em uma família católica sentiu o chamado de Deus em sua vida e se tornou Padre. Viu a precária situação do povo de sua terra natal no tocante à saúde e educação e fundou uma escola e um hospital na cidade de Ilanz, Suíça. Seu ideal era fazer tudo por amor a Deus e ao próximo. Convidou colaboradoras que também assumiram este ideal. Assim deu-se início à Congregação em 1865. Pe. João Fidel, após muita luta e dedicação no serviço aos irmãos, veio a falecer em1875 e Ir. Maria Theresia Gasteyer, que já era sua grande colaboradora, leva adiante o grupo que já contava com muitas irmãs. Maria Theresia Gasteyer nasceu em 1835 na Alemanha, em Wiesbaden. Mulher inteligente e dinâmica, de influência na classe nobre e de grande espiritualidade. Foi uma das mulheres que viu na obra de Pe. 30

João Fidel, o chamado de Deus para si, renunciou a um nobre pedido de casamento, pois sua paixão por Jesus Cristo era maior.

seu Prior Geral, o então Mestre da Ordem, Fr. André Früwirth. Em maio de 1892, as Irmãs receberam em Ilanz o Fr. Reginaldo Krempff, que as acompanhou de perto, sendo também Diretor Espiritual. No Capítulo eletivo de 1892, após muita reflexão, diálogo e oração, as Irmãs decidiram buscar a filiação na Ordem dos Pregadores. Esta decisão foi recebida de muito bom grado pelo Mestre da Ordem. No dia 4 de agosto de 1894, festa de São Domingos, as Irmãs passaram a viver conforme a regra de Santo Agostinho e as Constituições segundo a Ordem dos Pregadores. Assim passamos a nos chamar Irmãs Dominicanas de São José de Ilanz. A opção das Irmãs foi feita a partir de uma grande identificação com São Domingos que tinha como ponto fundamental “Contemplar a Palavra de Deus e transmitir os frutos da contemplação”. É a contemplação do amor misericordioso de Deus e seu anúncio que dá sentido à nossa vida e orienta toda a nossa ação missionária no mundo, esta é a fundamentação da nossa espiritualidade. Presença missionária no Brasil

Foto: Padre João Fidel Depuoz

Irmãs Dominicanas Por alguns anos as Irmãs tiveram grande contato com os dominicanos, principalmente na cidade de Friburgo, onde trabalhavam. Fr. Berthier, um dominicano benemérito da Universidade desta cidade, encaminhou o caso das Irmãs de Ilanz para

Estamos presentes no Brasil desde 14 de Fevereiro de 1952, quando por ocasião da 2º Guerra Mundial, fomos convocadas por Deus, através da Igreja a acompanhar cerca de 500 famílias - mais ou menos 2.500 pessoas refugiadas - que aspiravam uma vida de paz. Foram abrigadas no Brasil em Guarapuava, no Paraná. Junto destas


famílias, nossas Irmãs se aplicaram na educação, no atendimento aos doentes e no anúncio da Palavra de Deus. Deus, mais uma vez intervindo em nossa história, faz nascer aí nossa presença missionária no Brasil. Hoje atuamos em dois Estados: São Paulo e Piauí, buscando vivenciar o amor misericordioso de Deus com alegria, fazendo o bem a todos. Elementos fundamentais da nossa vida Comunidade: lugar onde enfrentamos o desafio do diferente, da cultura, dos costumes que cada Irmã traz consigo. Mas nos enriquecemos com a diversidade de dons, com a criatividade e as mais ricas experiências que cultivamos e possuímos. Em comunidade, partilhamos dificuldades, sonhos, trabalhos, ideais e o nosso carisma para o bem comum e a edificação do Reino de Deus. Oração: dedicamos parte do nosso tempo diário, para nos colocarmos intimamente na presença de Deus através de momentos pessoais e comunitários de oração. A oração é o lugar privilegiado onde Deus vem e se manifesta na quietude do nosso ser os seus apelos para nossa vida como pessoa, Congregação, Igreja e mundo. Missão: esforçamo-nos para bem servir, fazendo o bem a todos, ajudando as pessoas a descobrirem meios eficazes de promoção humana. Nossa missão abrange crianças, jovens, idosos, mulheres e famílias, tanto em obras sociais como nas mais diversas pastorais. Formação: O estudo para nós, como para todas as Dominicanas, é um ponto muito forte. O estudo acadêmico, que nos prepara para enfrentar os desafios

do mundo contemporâneo, mas, sobretudo nos empenhamos no estudo da Palavra de Deus, da tradição da Igreja e dos sinais dos tempos que são elementos essenciais na vida de cada uma de nós, que da contemplação é convocada à ação.

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Monjas Dominicanas

Já são mais de 40 anos no Brasil... No entanto, essa historia lança raízes na experiência de São Domingos, quando viu, em oração, sobre a planície de Fangeaux, na França, um globo de fogo, que lhe parecia mostrar o local destinado à fundação daquele que viria a ser o Mosteiro de Nossa Senhora de Prouille, berço de toda a Ordem. Isso aconteceu em 22 de julho de 1206. Ali, Domingos reuniu mulheres, para uma vida de oração e dedicação a Deus, convertidas da heresia para a fé católica. Depois de 710 anos, em outubro de 1916, a primeira dominicana brasileira, Amélia Matos da Costa, expirava, no Mosteiro de Viviers (França), oferecendo sua vida para alcançar de Deus a graça de uma comunidade monástica do Brasil. Dez anos mais tarde, duas brasileiras partiam para Prouille, a fim de iniciar o noviciado, apoiadas pelo ilustre pregador Frei Vicente Moreira, O.P., quem depois viria a orientar o futuro 32

mosteiro no Brasil. Em maio de 1930, ele obteve de Dona Ana Bernardina de Campos, a doação de uma casa da Rua Bela Cintra, em São Paulo. Eis, então, a possibilidade da vinda das monjas para as terras brasileiras. As primeiras foram quatro francesas e duas brasileiras, que deixaram Prouille no dia 4 de agosto de 1930 e chegaram ao Brasil em 22 do mesmo mês. Em São Paulo, após algumas mudanças, conseguiram, em 1939, construir o primeiro mosteiro em terreno doado por Dom Duarte Leopoldo e Silva. Dificuldades financeiras obrigaram as irmãs a pensar em nova mudança, era o ano de 1970. Dessa vez, dirigiram-se para a cidade de São Roque, no bairro do Ibaté. Em um prédio adaptado, que pouco correspondia ao ritmo da vida monástica, iniciaram nova fase da experiência brasileira. Depois de nove anos – com muito trabalho, auxilio dos

mosteiros do exterior e, também, de generosos benfeitores – foi possível construir o prédio atual, que se situa à Rua Walter de Filippo, no bairro Cambará. O trabalho sempre foi a fonte para prover às necessidades materiais. Assim, além das tarefas domésticas, as monjas se dedicam à confecção de lasanhas e diversos doces, os quais preparam, os “recheando” com a recitação do rosário. Em meio às suas tarefas, atendem, também, os que procuram alimento material e espiritual. Nessa nova casa, viram aumentar o numero dos participantes da liturgia eucarística dominical. Por isso, abraçaram mais um desafio: a construção de uma capela mais ampla. Esse trabalho resultou na consagração de uma bela capela, decorada com o trabalho do artista Claudio Pastro, a 6 de agosto de 2011. Esse é o púlpito das monjas dominicanas. Nele elas se reúnem várias vezes ao dia para louvar, bendizer e pregar, com sua vida oculta. As monjas perseveram em oração, junto com Maria, a Mãe de Jesus. Assim, intercedem por todas as necessidades da humanidade, a fim de que a Palavra que sai da boca de Deus a Ele não volte sem dar fruto, mas cresça cada vez mais naqueles para quem foi enviada.


Movimento Juvenil Dominicano no Brasil Oficializado em 2009, no dia de N. Sra. de Guadalupe - 12 de dezembro -, o Movimento Juvenil Dominicano do Brasil (MJDBR) é um dos inúmeros ramos participantes da família Dominicana. Sob os cuidados da Ordem dos Pregadores, o MJD-BR é formado por jovens leigos que, conhecendo o carisma de São Domingos, resolveram vivenciar essa espiritualidade. Começamos a dar os primeiros passos em um período de aproximações com a Família Dominicana. Tivemos muitas tardes de estudo e conversas com frades e irmãs, leigos e leigas, para decidirmos, como grupo de jovens, se assumiríamos o carisma de São Domingos. Este período de “enamoramento” ainda é preservado para os ingressantes. Espiritualidade Nossa espiritualidade está alicerçada em um tripé formado pela Oração, Estudo e Vida comunitária, que tem por finalidade o Agir (Pregar) engajado no mundo. - Devemos orar para construirmos uma terna relação de proximidade com Deus e, dentro dessa relação de profunda cumplicidade, receber forças para continuarmos no árduo e delicioso trabalho de Seu serviço. Nossa Oração, de estilo contemplativo, nos leva à reflexão dos problemas do “Eu” e do “Mundo”, contemplando o todo à luz da proposta Evangélica, para então, sensíveis à realidade do mundo, nos tornarmos “sal e luz” onde for necessário;

- No estudo, encontramos as respostas de nossos questionamentos e o suporte para as dificuldades diárias. Direcionado para as diferentes realidades e faixas etárias, sem menosprezar a capacidade intelectual do jovem, o estudo deve seguir uma pedagogia “Histórico Crítica”, buscando, gradativamente, atingir a essência dos problemas. E, pelo debate e reflexão, alcançarmos, quando possível, soluções concretas para interferirmos positivamente na realidade, caso seja necessário; - A vida comunitária é o local onde nos descobrimos e crescemos como seres sociais. É um espaço para convivência, aprendizado, partilha e, acima de tudo, para nos educarmos para a singularidade e o respeito com as diferenças. Dentro da proposta Evangélica de partilha, a vida em comum nos leva a sairmos do individualismo para a descoberta do “outro” e assim promovermos o exercício da fraternidade. - Pela prática nos tornamos virtuosos, assim, a ação é a finalidade para a qual pende nossos

esforços, pois “(...) uma fé sem obras é uma fé morta (...)” (Tiago 2, 14 – 22). Ir ao mundo para que possamos conhecer as diferentes realidades que nele subsistem. Observar a riqueza das diferentes culturas para nos potencializarmos e nos questionarmos sobre qual o papel que desempenhamos na sociedade e se é essa sociedade que queremos. Isso porque reconhecemos o amor de Deus em nossas vidas e já descobrimos que a resposta a esse amor se dá na relação com o próximo. Não queremos ficar de braços atados, pois sabemos que juntos podemos mudar a realidade, mesmo que de uma só pessoa! Onde estamos O primeiro grupo a ser oficializado foi em São Paulo, em 2009. Os outros dois, de Curitiba – PR, e de Porto Nacional – TO, foram oficializados em 2012. Apesar das distâncias, hoje estes 3 grupos fazem grandes esforços para se encontrarem, se conhecerem melhor e partici33


parem de atividades em conjunto, como o Espaço Missionário. Há outros diversos esforços para semear essa espiritualidade entre os jovens da Igreja. Um deles é o Movimento fazer presença nos colégios das províncias religiosas, como um ponto de missão, formando os jovens no Carisma de São Domingos. Nos grupos de paróquia temos experiências dos jovens do Movimento assumindo a Pastoral do Crisma, também como ponto de missão, e apresentando o Movimento como um dos caminhos de prática de vida cristã.

O trabalho de comunicação dentro do MJD-BR é essencial. Atualmente existe uma equipe, composta por jovens integrantes do movimento, responsável pela divulgação de atividades do MJD, de alguns ramos da Família Dominicana e de movimentos sociais parceiros. Além disso, mantém canais diretos e atualizados, como o Blog, a página no Facebook, o perfil no Twitter e um canal de vídeos no YouTube. Acreditamos que esses meios sejam mais um espaço de evangelização e divulgação de ideias para um melhor serviço cristão.

ocorre em São Paulo, Tocantins e em Santa Cruz do Rio Pardo, e é uma atividade que ilustra bem o estilo de vida cristã do MJD, pautado na vida fraterna, oração e estudo, ou seja, uma vida íntegra, em que o jovem é chamado a ser o TODO em TUDO, até mesmo no esporte e nas atividades físicas. Já existe, inclusive, um grupo de esportes dos Jovens Dominicanos, intitulado Domini Runners. Também há os encontros Regionais e o Encontro Nacional. Esse intercâmbio visa promover o conhecimento da realidade dos grupos locais da região, a partilha experiências e integração, aprofundamento da vida espiritual, e tomadas políticas. Também incentivamos todos os membros do MJD, quando possível, a participarem de retiros espirituais de silêncio, para ter um maior aprofundamento da fé.

Atividades

Logotipo do MJD

Em uma abrangência nacional, cultivamos algumas atividades. Uma delas é o Espaço Missionário, que acontece anualmente. Essa é uma atividade de aprendizado e formação humana na realidade cotidiana do local visitado. Também realizamos a Caminhada Orante que hoje

A pregação deve alcançar toda a humanidade e, para isso, devemos ter múltiplas formas de pregar. Cada um de nós tem características pessoais que nos leva a ter mais facilidade em áreas específicas. Isso deve ser levado em consideração para que possamos melhor atingir o objetivo da pregação. A dança-

Comunicação

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rina prega melhor dançando, o economista prega melhor pelos números, o poeta pela poesia. Ou seja, cada qual segundo o seu carisma e vocação. A Ordem dos Pregadores incorpora as diversas formas de pregar para poder levar a palavra do Cristo a todas as culturas e classes sociais. E é isso que o Símbolo MJD-BR quer mostrar. Em primeiro lugar, a finalidade da existência da Ordem dos Pregadores é a própria pregação, daí ao escrito Praedicator, OP porque somos da Ordem dos Pregadores; Sobre os objetos: Todos eles são pregadores, cada qual a sua maneira, A agulha representa a pregação minuciosa, com ARTE; O pregador representa a PRATICIDADE, as pequenas pregações do dia a dia; O prego representa aqueles que pregam com FIRMEZA, insistência; O clip representa a pregação ERUDITA, teórica. Todos são pregadores segundo a sua maneira!


Nossos Contatos Agora, você já conhece parte de nossa família. Quer saber mais? Entender melhor e, então, vivenciar o carisma de São Domingos? Entre em contato com aquele ramo da família dominicana com que você mais se identifica. Deixamos, abaixo, um catálogo de contatos. Podemos marcar um encontro. Quem sabe tomar um café e conversar? Será um prazer conhecê-lo/conhecê-la. Frades Dominicanos Convento Sagrada Família Rua João de Santa Maria, 142 - Jardim da Saúde, São Paulo/SP. (CEP: 04158-070 ) Tel.: (11) 3567-8508 Site: www.dominicanos.org.br E-mail: vocacional@dominicanos.org Blog: vocacionalop.blogspot.com Facebook: Vocacional Frades Dominicanos Monjas Dominicanas (Mosteiro Cristo Rei) Rua Walter de Filipo, 52 – Cambará, São Roque/SP (CEP: 18130-970 ) Caixa Postal – 85 Telefax: (11) 4712-2808 E-mail: mosteirop@ig.com.br Blog: monjasdominicanas.wordpress.com Irmãs Dominicanas da Anunciata Rua Eneida, 358 - Bairro Nossa Senhora da Glória, Belo Horizonte/MG (CEP: 30881-520) Tel: (31) 3479-4452 Site: www.dominicasanunciata.org Blog: dominicanasdaanunciata.blogspot.com.br Irmãs Dominicanas de São José de Ilanz Rua Acácio Moraes Terra, 17 – Vila Aparecida Itapetininga/SP (CEP: 18214-385) Tel.: (15) 3273-4055 Fax: (15) 3273-4055 Site: www.irmasdominicanas.com.br E-mail: savdominicanasj@hotmail.com Blog: irmasdominicanasdesaojose.blogspot.com Facebook: IrmãsDominicanasdeIlanz

Irmãs Dominicanas da Beata Imelda Rua Mariana Correia, 539 - Jardim Paulistano São Paulo/SP (CEP:01444-00) Tel.: (11)3085-3373 / (11)3085-9582 Site: www.imelda.com.br E-mail: savi@imelda.com.br Rua Fortaleza, 1790 - Vila Camargo Curitiba/PR (CEP:82930-230) Tel.: (41) 3226-7573 Rua C 187, Quadra 467, Lote:14/15 - Jardim América, Goiânia/GO (CEP:74265-300) Tel.: (62)3286-4652 Irmãs Dominicanas do Santíssimo Sacramento Casa de Formação São José Avenida Mascote, 888 - Vila Mascote São Paulo /SP (CEP: 04363-001) Tel.: (11) 3798-5637 / (11) 5564-5637/ (11) 95028-1067 E-mail: irmasds.sacramento@yahoo.com.br Trabalho Social Casa do Menor Alegria e Esperança Rua Caqui, 175 - Jardim Pinheirinho Embu das Artes /SP (CEP: 06835-280) Tel.: (11) 4241-8731 / (11) 6272-4895 e-mail: casaalegriaesperança@uol.com.br Casa de Acolhida Pe. Antônio Palladino Rua: Major Paulino, 343, Catalão/Goiás (CEP: 75709-220) Tel: (64) 3442-4382 / (64) 99735-5521 Casa de Apostolado Madre Maria Ângela Rua: Marechal Rondon, s/nº Araguanã/Tocantins (CEP: 77855-000) Tel: (63) 3428-1334 /(64) 9231-0806 E-mail: irmasdssaraguana@hotmail.com Instituto S. Maria de Lourdes (Itália) Via di Selva Candida, 30 - Casalotti 00166 Fone: (0021) 39-06-6156-2182 fax: 6156-2183 cel: 3491836392 E-mail: casageneraliziaroma@gmail.com

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Nossos Contatos Irmãs Dominicanas do Santo Rosário de Melegnano Centro Vocacional São Domingos Rua 02 nº 595 – Setor Oeste, Goiânia / GO (CEP: 74110-130) Tel.: (62) 3223-1352 / (62) 8158-7183 E-mail: pvdominicscstr@yahoo.com.br Facebook: Animação Vocacional Dominicanas Santo Rosário Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Monteils Casa Geral (Brasil) Rua 18 nº 221 – Setor Oeste, Goiânia/GO (CEP: 74120-080) Tel.: (62) 3215-3583 Província N. Senhora de Guadalupe Rua 105-A, 71 – Setor Sul, Goiânia/GO (CEP:74080-280) Tel.: (62) 3278-4344 / (62) 8450-0480 Província Nossa Senhora do Rosário Rua Domingos de Morais, 2926 – Vila Mariana, São Paulo/SP (CEP:04036-100) Tel.: (11) 2577-6680 / (11) 2578-6348 Fax: (11) 2577-7347 E-mail: provinros@uol.com.br Província Madre Anastasie SGAS Quadra 908 Lotes 23/24 - Asa Sul, Brasília/DF (CEP: 70390-080) Tel.: (61) 3242-1134 / (61) 3443-7758 / (61) 9257-0864 E-mail: provincianastasie@gmail.com Irmãs Dominicanas da Congregação Romana de São Domingos Rua Professor Tacinho, 875, São Domingos do Prata/MG (CEP: 35995-000) Tel.: (31) 3856-1592 / (31) 9642-9506

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Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena Rua Manuel da Nóbrega, 307 – Paraíso, São Paulo/SP (CEP:04001-082) Tel.: (11) 3284-5656 (colégio) / (11) 3887-2238 (comunidade) / Fax: (11) 3288-2951 E-mail: dominicanasantacatsena@gmail.com Irmãs Dominicanas de Santa Maria Madalena Rua Benjamin Constant, 503, Cruzeiro do Sul/AC (CEP: 69980-000 ) Tel.: (68) 3322-2409 Fax: (68) 3322-2857 E-mail: conv_scruz@yahoo.com.br Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena (Sede Regional: Argentina) Rua BF 32 Q 50 Lote 17 - Bairro Floresta, Goiânia/GO (CEP: 74477-157 ) E-mail: santa_catarinaop@hotmail.com Movimento Juvenil Dominicano do Brasil E-mail: mjddobrasil@gmail.com Blog: juventudedominicana.wordpress.com Facebook: MJD Brasil Twitter: twitter.com/mjdbrasil (@mjdbrasil) Youtube: youtube.com/juventudedominicana Fraternidades Leigas Dominicanas E-mail: fldbrasil.op@gmail.com


Realização: Família Dominicana no Brasil Coordenação do Projeto: Bruno S. Alface - MJD Brasil Frei Fernando Valadares, O.P. Irmã Maria da Gloria Inácio, O.P. Leonardo De Laquila - MJD Brasil Osvaldo Meca - MJD Brasil Textos: Congregações, Fraternidades e Movimento Juvenil da Família Dominicana no Brasil Dom Frei Celso Pereira de Almeida, O.P. Frei Betto, O.P. Frei Humberto Pereira de Almeida, O.P. Frei Mariano S. Foralosso, O.P. Irmã Maria José de S. Brito, O.P. Projeto Gráfico: Bruno S. Alface - MJD Brasil Carlos V. dos Santos - Reptile Studio Diagramação: Bruno S. Alface - MJD Brasil Ilustrações dos Santos: Leonardo De Laquila - MJD Brasil Revisão e adaptação de textos: Frei Zilton Salgado, O.P Frei Fernando Valadares, O.P. Osvaldo Meca - MJD Brasil



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