Gnarus 5 full

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G N A R U S | 214 duas

explicações

mais

correntes

desta

produção agrícola. O café, principal produto de

historiografia dualista a ascensão da burguesia

exportação do país e principal fonte de riqueza do

industrial ao poder e, ou, a revolução da classe

estado

São

Paulo,

também

sentiria

as

média, mas sempre em oposição à outra classe

consequências da crise de

social, no primeiro caso burguesia versus elite

fundamental para desmentirmos a crença de que

latifundiária

a

1930 representou a ascensão da burguesia

polarização se daria entre classe média e as da

industrial ao poder, tendo em vista a crise

nação. Tal afirmação possuí embasamento no

econômica que atingiu ambos os setores ao

trabalho do historiador Boris Fausto, que ao

mesmo tempo.

enquanto

que

no

segundo

analisar a Revolução de 1930 partiu de:

[...] duas linhas principais que se cristalizaram na historiografia brasileira, procurando apreender seu sentido mais profundo: uma sintetiza o episódio revolucionário em termos de ascensão ao poder da burguesia industrial; outra o define como revolução das classes médias. De certo modo, as duas versões se relacionam com o modelo que procuro criticar. A primeira integra todos os seus elementos e com ele se identifica; a segunda implica a associação classes/tenentismo e, ao menos em certas formulações, refere-se ambiguamente ao que é subjacente ao modelo, isto é, a tese dualista.18 Contudo tal visão teleológica passa a sofrer revisões de modo que uma maior problematização dessa Revolução ocorre, levando agora em consideração a complexidade deste processo. Em

econômico, pois ela estava diretamente ligada à crise do sistema capitalista de 1929 e a política financeira adotada por Washington Luís19, que atingiria a indústria nacional e os setores de

Este fato é

Boris Fausto nos lembra, ainda, que se realmente havia uma indústria forte no Brasil esta era subordinada

aos

interesses

agrários

e

principalmente seu desenvolvimento maior era no estado de São Paulo.21 E, se o principal centro industrial do país se encontrava no estado paulista não seria de estranhar que estes apoiassem a candidatura de Júlio Prestes nas eleições de 1930, como de fato aconteceu. O mais importante para nos é notarmos que quando estoura a guerra em 1932 os industriais paulistas iriam aderir ao movimento sedicioso de modo que logo “após a eclosão da revolta, o órgão de classe dos industriais [FIESP] e a Associação Comercial, em manifesto conjunto, assinado em nome das classes conservadoras,

deram

sua

adesão

ao

movimento”.22 As constatações anteriores sobre o setor

relação à Revolução de 1930 a primeira observação que devemos realizar é de cunho

1929.20

industrial

também

são

relevantes

para

compreendermos o papel do Partido Democrático (PD) de São Paulo, que no primeiro momento apoiaria a Aliança Liberal (AL). Este fora fundado em 1926 em decorrência de disputas por cargos no Instituto do Café, dentro do estado de São Paulo.

Boris. A revolução de 1930: História e historiografia. São Paulo: Companhia das letras, 1997, pp. 0718FAUSTO,

10. 19 Washington Luís nasceu em Macaé no Rio de Janeiro no ano de 1869 e se elegeu presidente pelo Partido Republicano Paulista em 1926. Para mais consulte: Verbete: Washington Luís. Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro CPDOC, doravante citado como DHBB/CPDOC. Acessado em 06 de março de 2014, <http://www.fgv.br/cpdoc/busca/Busca/BuscaConsultar.aspx >.

Era no início oposição do tradicional Partido Republicano Paulista (PRP) por abrigar os descontentes com a política adotada pelo partido perrepista. Após a vitória da Revolução o PD se FAUSTO, Boris. Op.cit. pp. 35 e 36. FAUSTO, Boris. Op.cit. pp. 37 e 38. 22 FAUSTO, Boris. Op.cit. p.48. 20 21


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