Arranjo relatorio web

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arranjo PUC-Rio _ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

dsg1032 projeto de conclusão em comunicação visual 2015.2

projeto por Fernanda Guizan orientação Roberta Portas Izabel Oliveira


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sumário

agradecimentos, 6

introdução, 8

motivação, 10

objetivos, 11

artistas, 12

metodologia, 22

conceituação, 28

pontos norteadores, 30

suporte, 32

desenvolvimento das imagens, 33

aprendizados/ conclusões, 38

panorama gráfico, 40

produto final, 120

subprodutos, 144

considerações finais, 148

referências bibliográficas, 149


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agradecimentos

Serei infinitamente grata a todos que participaram e acompanharam o meu percurso de desenvolvimento deste projeto. Devo dizer que todo o processo foi levado com muito prazer e estusiasmo, não só por estar trabalhando com um tema com o qual tenho envolvimento, mas em grande parte e, fundamentalmente, pelas pessoas que generosamente me cercaram de atenção, conhecimento e carinho. Minhas orientadoras Roberta Portas e Izabel Oliveira foram verdadeiras companheiras que muito me inspiraram com sua calma, respeito

e confiança no meu tempo de lidar com a metodologia de projeto, elevando minha motivação e astral durante todo o processo. O resultado aqui apresentado é fruto da incansável dedicação das duas em trocar suas experiências comigo. Aos queridos amigos de turma que encerram junto de mim este ciclo, Ana Luiza Guadalupe, Andre Massotti, Barbara Tavares, Fernanda Varella, Helena Schmidt, Isabel Scarlazzari, Pedro Zylbersztajn, Viviane Giaquinta, Tatiana Frambach, pelo interesse em meu trabalho, disposição em me ouvir

e pela companhia tão agradável ao longo destes 5 anos. As tantas histórias felizes que levo comigo são a certeza de que aproveitei ao máximo este período. Ao trio amado Ana Bolshaw, Chica Caldas e Nina Vieira, pelos encontros produtivos e afetivos. Amor demais. Aos amigos de infância Iuri, Julio, Julias, Luiz, Mariana, Rachel, Thaises, por estarem por perto sempre, por me ensinarem outra noção de família. Ao amigo querido Pedro Leobons por acompanhar cada


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detalhe e passo dado neste projeto, fazendo comentários preciosos e compartilhando muita energia boa. A meus pais Anderson Guizan e Lucilia Pinheiro, por tanta importância que dão ao prazer relacionado ao trabalho e por serem exemplos vivos deste valor, me espelhando a buscar o mesmo. Acho que tenho conseguido. Por fazerem de tudo e mais um pouco para oferecer a melhor formação que eu poderia ter. A minha irmã quase gêmea Roberta Guizan que está sempre comigo, aqui e em outras

dimensões, me ensinando sobre o amor. Tanto afeto e compreensão não caberiam. Ela sabe.


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introdução

Foi-se o tempo em que era possível identificar com clareza os diferentes gêneros da música brasileira. Suas vertentes eram expressivamente marcantes e as delimitações entre estes estilos definiam grupos que normalmente se apoiavam de um discurso visual bastante característico. Muitas vezes tradutoras de comportamentos sociais e políticos, as representações visuais atreladas à indústria fonográfica eram um dos veículos mais potentes para levantar bandeiras, movimentos e ideologias. Esse momento e tantos outros de transformação que o sucederam foram

definidores para a construção do histórico musical brasileiro e para a formação do cenário presente. As recentes manobras de organização e estruturação do atual cenário musical independente brasileiro compõe um momento único e talvez um dos períodos de maior impacto nas maneiras de produção e consumo de música. Encontramos hoje uma cena absolutamente heterogênea e múltipla, diversa em qualidade e no trânsito por infinitas influências e tendências, sonoras e visuais. Se em décadas passadas os artistas eram nomeados

como representantes de determinados gêneros musicais, hoje a pluralidade de nuances que caracteriza cada universo melódico inviabiliza e torna desinteressante este tipo de setorização. Por conta de sua multiplicidade, apesar de uma certa pulverização dessas características que formariam a identidade musical brasileira, é notável a formação de uma rede de artistas com elementos fortes e peculiares em comum, ou mesmo incomuns, circunstâncias que os identificam como parte de um mesmo movimento.


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Além e transversal a isso, a realidade vivenciada por músicos que produzem sem o filtro da indústria e com o suporte da internet modifica completamente a sua relação com o seu público e implica em um processo de reposicionamento, pela busca de um espaço dentro deste novo modelo. Em meio a um mix de rotas de eventos, publicações, canais de shows e portais de financiamento coletivo o desafio é como se apropriar deste ambiente, desfrutando das suas possibilidades para compartilhar e propagar o seu trabalho. É pertinente supor que este aspecto talvez seja

o grande diferencial desta geração que, através da criatividade e do colaborativismo, conseguiu romper barreiras e quebrar paradigmas do mercado.


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motivação

Partindo do contexto do não interesse e da não necessidade de se estabelecer gêneros musicais e engessar o trabalho dos artistas em definições fechadas, identifico, em contrapartida, como fundamental o interesse em um olhar para essa nova cena musical enquanto reconhecimento e valorização do ponto de vista cultural. Trazendo o tema e a pesquisa para o universo do design, especialmente da comunicação visual, a imagem surge como um veículo em potencial para apontamento e investigação das características e personalidades desse

novo som, pois é capaz de sugerir e transmitir noções sem fechá-las e reduzi-las a palavras por vezes impregnadas de significados, proporcionando leituras subjetivas e novos pensamentos. A imagem, então, é tratada como conteúdo principal neste projeto.


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objetivos

Com a intenção de retratar e despertar o olhar para este novo movimento de formação musical brasileiro e proporcionar uma leitura das diversas nuances que compõe este cenário, proponho uma investigação imersiva entre som e imagem, afim de explorar por meio de recursos da linguagem visual a sonoridade representativa de um grupo de artistas desta nova geração. Através da criação de uma coleção de composições visuais representativas da sonoridade de cada artista retratado, almejase traçar um panorama gráfico e possibilitar que

o público, ao contemplar este conteúdo, possa reconhecer relações de similaridades e diferenças, encontros e desencontros. Por isso, assim como mencionado anteriormente, não há a pretensão de se chegar a uma única possível leitura deste conteúdo, mas dar espaço para que surjam além da minha, novas leituras e interpretações. O desenvolvimento do projeto permite um estudo reflexivo e prático sobre os recursos da linguagem gráfica, enquanto expressão da visualidade musical brasileira. Há também o interesse do ponto de vista cultural, uma vez que busca-se valorizar

a produção de música brasileira contemporânea e reafirmá-la enquanto movimento. Este projeto é especialmente dedicado a pessoas que tem familiaridade e interesse pela nova música brasileira e/ou pela linguagem gráfica.


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artistas

Para viabilizar a concretização do projeto foi importante definir um recorte dentre a enorme variedade de artistas que compõe o nosso presente musical. O critério para definição desse recorte foi em parte priorizar artistas com os quais me identifico pessoalmente – para que a minha relação próxima com os seus trabalhos já fosse em si um dado para me ajudar a interpretá-los – e que compreendessem o o cenário em questão: artistas que apresentam uma postura de maior liberdade frente ao mercado e, portanto, produzem um resultado musical bastante espontâneo, pois esta postura é extremamente valiosa e característica nesta nova geração.

TONO

O TTO

LETUCE

KARINA BUHR

AVA RO C H A

E DDI E

J OHNNY HOOK


R

K ER

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CÉU

K A SSI N

T U LIPA R U IZ

M O R E N O VE L O SO

MAR IAN A AY DAR

SI LVI A M AC H E T E


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OTTO

Artista da cidade pernambucana Belo Jardim, é ex-integrante da banda Mundo Livre S/A e já tocou com integrantes da banda Nação Zumbi. Suas melodias misturam os ritmos regionais do Brasil e a eletrônica contemporânea com liberdade, inteligência e carregam uma certa ironia em suas letras. Otto consegue distanciar-se dos lugarescomuns do regionalismo sem esforço e é considerado um dos mais inteligentes músicos brasileiros atuais. Atualmente reside no Rio de Janeiro e já declarou considerar sua mudança para a cidade um marco cultural em sua carreira.

KARINA BUHR

Karina nasceu em Salvador, e aos 8 anos, foi morar em Recife e viveu intensamente a ebulição musical da cidade, desde o começo dos anos 90, primeiro cantando e tocando percussão em vários grupos como os maracatus Estrela Brilhante do Recife e Piaba de Ouro, o Véio Mangaba e suas Pastoras Endiabradas, além de acompanhar cavalos marinho, rodas de coco e ciranda em Recife e no interior de Pernambuco. Tocou em bandas como a Eddie, Bonsucesso Samba Clube, Dj Dolores e Orchestra Santa Massa, (com Erasto Vasconcelos e Antônio Nóbrega).


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EDD IE

J O H N N Y H O O KE R

EDDIE é uma banda pernambucana que existe desde meados da década de 1990. Fazem um som influenciado pelo movimento mangue beat. Sendo uma banda com mais de 15 anos de estrada, EDDIE vem da histórica cidade de Olinda, um celeiro de bandas e artistas como Alceu Valença e Chico Science & Nação Zumbi.

“As ideologias morreram. Nós só queremos dançar.” É a partir desse conceito que Johnny Hooker parte para um passeio entre os caminhos da vida noturna, e do modo de vida de seus personagens trazendo à tona uma música dançante e enérgica orientada para as pistas. Johnny Hooker já foi duas vezes finalista do Festival Microfonia, o maior festival de novos talentos de Pernambuco e indicado ao Prêmio Recife Rock! como Artista Revelação. Dividiu o palco com artistas como Los Hermanos, Cachorro Grande, Mombojó e também com bandas independentes como a Vamoz!, Mellotrons, Backing Ballcats Barbies Vocals e Montage (durante o Rec Beat 2007).

EDDIE despontou nacionalmente junto com Movimento Mangue Beat – um jovem movimento cultural que surgiu em Pernambuco no início dos anos 90. Sua sonoridade é leve e descontraída, como o carnaval de Olinda – fonte de inspiração para inúmeras músicas da banda. A EDDIE mistura os ingredientes rock, reggae, dub, samba e frevo para fazer uma dançante batida sonora.


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TONO

Formada por cinco jovens e inventivos músicos, ao longo dos últimos dois anos o Tono percorreu os palcos da Cidade Maravilhosa apresentando um show que se destacou pela originalidade das canções, melodias e arranjos, e também da formação – o baterista Rafael Rocha é ao mesmo tempo vocalista e fica posicionado no meio e mais à frente do palco, coisa bastante rara de se ver por aí. Despretensiosamente, a banda aos poucos conquistou e formou uma legião de fãs fiéis às suas apresentações, provocando o primeiro e bem recebido lançamento. Isso naturalmente impulsionou o grupo a mergulhar de cabeça neste projeto musical, que agora já está no terceiro disco.

LETUCE

Letuce é um duo composto pelo casal Lucas e Letícia, que fazem uma mistura de lounge, pop e mpb. Iniciaram a carreira em 2007, no Rio de Janeiro. Os dois, carametades, se somam a comparsas de altíssimo nível para um desfile de cançõesjóias diversas, de quem saca além da tropicália, transa Dalva de Oliveira e Courtney Love, galopa de cavalinho azul pelo Leblon todo aceso da Marina, e pela Tijuca swingada dos erasmos, jorges e afins: sem pastiche, mas com pistache. O show é mais que um happening, cada glitter nos olhos, cada imagem projetada na banda, cada serpente cintilante de luz enroscada nos pedestais de microfone, cada verso safado em francês, cada verso embriagado de amor, cada nota dissonante do coro dos contentes é parte de um espetáculo maior que é total, porque “cada parte é um todo”.


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AVA ROCH A

Numa viagem musical e poética, o canto de contralto raro de Ava Rocha - cineasta, cantora e compositora - se enlaça a uma pesquisa sonora que cruza percussões e timbres de violão acústico e violoncelo com loops e samples criados em computador, compondo uma narrativa de arranjos. Integrando outros parceiros como o músico eletrônico Edson Secco e Pedro Paulo Rocha, fundem sons inspirados na sensação, na espacialidade e no tempo do cinema, tramando efeitos sonoros a caminhos melódicos e harmônicos.


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CÉU

Cantora paulista, com seus 31 anos já alcançou muito em sua pequena carreira. Seu trabalho traz influências tanto dos ritmos brasileiros, particularmente o samba, como de hip hop, afrobeat, jazz, R&B, etc. Já afirmou em entrevista que não rejeita o rótulo de MPB, mas pondera: “O rótulo da MPB ficou limitado. Ele é bem abrangente, afinal é música popular brasileira. E me considero isso. Quando vou fazer um som, me alimento do que gosto e, como muitos outros da minha geração, me alimento não só de coisas específicas. Gostamos de ouvir música da Jamaica, agora estou escutando música etíope. Não penso que tipo de música estou fazendo. Simplesmente faço um som.”

TULIPA RUIZ

Nascida em Santos, Tulipa cresceu na cidade mineira de São Lourenço. Seu contato com a música começou cedo, influenciada pelo pai, Luiz Chagas, jornalista e guitarrista da histórica banda Isca de Polícia de Itamar Assumpcão. Na adolescência, a cantora teve um programa de rádio, fez coral e estudou por cinco anos canto lírico com a maestrina Edna de Sousa Neves. Mudou-se para São Paulo, onde estudou Multimeios. Apesar de ter integrado bandas durante a faculdade, tratava a música como hobby. Formada, trabalhou como ilustradora e redatora por anos até que começou a participar informalmente de alguns projetos musicais. O convite para o primeiro show, criou a necessidade de ter uma banda.


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MARIANA AYDA R

Também paulista, sua trajetória musical teve início em 2000, quando aos 20 anos começou a cantar profissionalmente como backing vocal do violeiro Miltinho Edilberto, cujo repertório era basicamente de forró. Logo depois, comandou sua primeira banda, Caruá, também de forró, durante três anos. Neste período, teve a oportunidade de dividir o palco com grandes nomes da música popular brasileira, como Dominguinhos e Elba Ramalho. Em 2004, após anos de estudo no Brasil e na Berklee School of Music, em Boston, morou em Paris por um ano. Lá conheceu Seu Jorge, que a convidou para abrir os shows na turnê europeia. Observar o Brasil com um olhar estrangeiro foi muito importante para sua formação. O resultado é um trabalho artesanal, misterioso e que está pronto para ser descoberto por seus ouvintes.

SI LVI A MACHETE

Carioca no auge de seus 35 anos, é cantora, compositora, performer, malabarista e trapezista brasileira. Silvia saiu do Brasil para estudar Civilização Francesa na Sorbonne. Largou a universidade, se formou em artes circenses e foi para as ruas mostrar o que aprendeu. Ganhou prêmios em festivais de artistas de rua de na Holanda e na França, mudou para Nova York, onde começou sua carreira. Recebeu elogios no New York Times, na revista Time Out e recomendação do Village Voice, em seguida voltou para o Brasil para gravar seu disco. Aqui foi comparada a Carmen Miranda, por sua irreverência e brincadeiras nas vestimentas.


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K ASS IN

Alexandre Kassin (1974) é um produtor musical, cantor, compositor e multiinstrumentista brasileiro. Kassin integra, junto com Moreno Veloso e Domenico Lancelotti, o aclamado grupo +2 (que atualmente se desdobrou para +ela, sob liderança de Adriana Calcanhotto) e também a big-band Orquestra Imperial. Além disso, ainda fomenta experimentalismos em projetos como o Artificial, no qual lançou o disco Free Usa e “toca” as músicas com um Game Boy. Integrou a banda Acabou la Tequila, notória no cenário independente carioca dos anos 90.

M ORENO V ELOS O

Filho de Caetano Veloso e sua primeira esposa, Dedé, esteve envolvido com música desde criança. Em 1982 fez a letra da música “Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê”, música do pai, gravada no disco “Cores, Nomes”. Quinze anos depois, sua composição “How Beautiful Could a Being Be” entrou no repertório do disco “Livro”, de Caetano (1997). Chegou a estudar física na faculdade, até que em 2000 gravou seu primeiro disco, “Máquina de Escrever Música” (Rock It!), em que canta, toca violão e violoncelo, com o grupo Moreno+2, formado por ele, o baixista Kassin e o baterista Domênico. No mesmo ano, apresentaram-se no Free Jazz Festival.


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metodologia

Para que eu entrasse em um contato além da minha prévia experiência com o universo sonoro que este grupo de artistas representa, estruturei a fase de pesquisa em 2 estágios que guiariam em um terceiro momento a produção do panorama gráfico proposta pelo projeto: primeiro, uma etapa de investigação coletiva em que convidei amigos a realizarem experiências propostas por mim, para que pudéssemos gerar diálogos e expandir a minha percepção sobre os sons. O objetivo desta primeira etapa não era necessariamente coletar matéria prima para o posterior desenvolvimento das imagens, mas sim

um conteúdo, como palavras, frases, vídeos e fotografias, a ser utilizado como base para conceituações. A etapa foi, então, assimilar este conteúdo e reinterpretá-lo, reunindo conceitos que guiassem a contrução das imagens.


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experiências/ interpretação coletiva experiência 1_ palavras A proposta desta experiência foi gerar um mapeamento coletivo de palavras que surgissem ao ouvir algumas músicas de cada um dos artistas. Assim, foram coletadas uma série de palavras sobre cada artista, que remetessem a características visuais — como cores, formas, esquemas — e características sensoriais — como texturas e outras qualidades — que ajudaram a compor um cenário para cada sonoridade. A partir destas palavras foi possível escrever frases que representassem

situações, ou perfis em que fosse possível enquadrar estes artistas.


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experiência 2_ imagem

experiência 3_ movimento

Neste caso foi destinado um artista a cada participante da experiência e estipulado o prazo de uma semana para que ouvissem o seu respectivo artista e gerassem, a partir do som, registros fotográficos de cenas no seu dia-adia para representar as características sonoras.

Buscando um registro ligado a gestos e expressão corporal, convidei amigos para que ao ouvir as músicas de cada artista interpretassem com o corpo, fazendo movimentos espontâneos que representassem as características sonoras. Esta experiência foi capturada por mim em formato de vídeos.


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O fato de ter entrado em contato de outras maneiras com a sonoridade dos artistas que não somente o ato de ouvir, mas me engajar em extrair conteúdo a partir delas foi de fato importante para me sensibilizar e fazer com que enxergasse o meu objeto de estudo por outra perspectiva. Assim, ao olhar para o conteúdo obtido com estas dinâmicas, palavras e frases, vídeos e fotografias, percebi que a maneira como se apresentavam já comunicavam em si uma série de aspectos

visuais que me serviriam de referência. A forma como as palavras preenchiam o papel, os movimentos que os corpos dos meninos faziam, como se apropriavam do espaço, qual membro do corpo se destacava em cada música; as cores e texturas, as escolhas por objetos ou paisagens representadas nas imagens fotográficas. Todos estes aspectos foram se acumulando em meu imaginário e, somados à minha experiência, contribuindo para alimentar minha interpretação.

palavras


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O diagrama ilustra o método utilizado para transpor as percepções adquiridas para a produção de imagens, com o objetivo de atribuir aos resultados uma unidade de sentido, submetendo-os a uma equação objetiva. Todos os conteúdos produzidos nesta primeira fase de investigação coletiva foram por mim

analisados e filtrados, gerando palavraschave que remetiam a qualidades visuais e eram no mínimo três para cada artista. Portanto, todas estas análises e traduções foram o insumo para a conceituação do universo sonoro de cada artista, que fundamentou o processo criativo das imagens.

som

frases

imagem

vídeos

fotografias

palavras

imagem


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conceituação

ava rocha

otto

tempestade poder desalinhar androginia vibração

doce x bruto rude exagero

johnny hooker

karina buhr

dramático/cênico melancólico rastejante

eco contínuo—quebra—contínuo turvo

silvia machete

céu

fantasia tropical-artificial extravagante

aveluda vapor conforto mergulh

kassin sintético elástico cômico


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letuce

eddie

arrastado cintilante deslizante plano—linha

fuleiragem abafado rasgado ruído

tono

tulipa ruiz

badulaque caleidoscópio imaginário

plástico polichinelo artificial

u

moreno veloso

ado

macio quintal espuma refrescante

o ho

mariana aydar vento sopro fluido contínuo


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pontos norteadores Algumas noções foram fundamentais para que o projeto começasse a tomar forma. Antes mesmo de analisar a natureza das palavrasconceito relativas a cada artista já havia dados que deveriam ser considerados para estudar o tipo de abordagem e linguagem a tratar nas imagens. Duas dimensões foram igualmente importantes neste momento: as características gerais, que definiriam a unidade do conjunto, e as características particulares. No âmbito geral, a polifonia foi um dos principais atributos conceituais a se pensar, no sentido de representar

a pluralidade e variedade de qualidades sonoras, mas ao mesmo tempo dar conta da harmonia do todo. Assim, começava a vislumbrar que devia atingir este caráter de multiplicidade de referências nas composições e que uma forma interessante de transpô-las para a linguagem gráfica seria me apropriar de múltiplas técnicas, atendendo às particularidades que cada som demandasse. A utilização e apropriação dos aspectos analógicos e digitais característicos no trabalho deste grupo de artistas me impulsionou a fazer um projeto que também transitasse por estas duas áreas e, então, trazê-las como estímulos

para o projeto gráfico, sobretudo incorporando o seu contraste como informação. Além disso, percebi que a manipulação digital seria a condição ideal para a construção de imagens sonoras, visto que alguns elementos característicos do som como distorções e ruídos poderiam ser representados com êxito por este meio. Analisando o cunho das palavras elencadas como diretrizes conceituais para cada artista, pude ter dimensão de como eram variadas as situações como aqueles estímulos me afetavam e, tratando-se em maioria de conceitos abstratos, determinavam que as imagens deveriam


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alcançar um perfil de complexidade, abrindo espaço para múltiplas e subjetivas leituras. novas relações A partir destas investigações coletivas e minhas interpretações sobre seus resultados pude perceber novas relações entre os trabalhos musicais dos artistas selecionados. Percebi, principalmente, que não é possível delinear com rigor grupos isolados, que há uma relação muito próxima entre a sonoridade de todos eles. Simultaneamente ao tempo de desenvolvimento do projeto me deparei com uma numerosa

quantidade de eventos por semana, reunindo especialmente os artistas aqui retratados, como shows com participações especiais e mesmo encontros para conversas e troca de ideias sobre este novo cenário musical. Comparecendo a alguns destes eventos e podendo assistir à sua interação em palco, percebi como as singularidades que definem seus trabalhos são muito pouco discrepantes, e que a rede que os inclui é muito mais potente do que as suas individualidades. Por isso, o que sustenta e dá cara à identidade musical brasileira atual, ao meu ver, são de fato estas relações, uma

ausência de hierarquia, a não representatividade de um gênero por um só nome. Esse aspecto deveria ser contemplado no projeto gráfico.


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suporte

Para pensar a plataforma sob a qual o projeto se concretizaria foi imprescindível o entendimento da natureza do conteúdo e que tipo de contato se almejava proporcionar ao público. Tratando-se de um conteúdo que não vislumbra um valor didático, mas de caráter abstrato, destacou-se a importância de propor um contato tangível do leitor com as imagens, para que esse tenha domínio de manipulá-las como desejar, se aproximar e sobretudo ser possuidor deste material gráfico. Ainda sobre a tangibilidade, pensando que estes novos artistas caracterizam-se por uma intensa presença nas mídias digitais e virtuais, o projeto surge como um contraponto,

permitindo acesso palpável, um ponto de contato a um conteúdo que normalmente é consumido imaterialmente. O suporte impresso/ publicação atende com eficácia estas questões apresentadas e implica em uma concretização não-efêmera deste conteúdo. Porém, é possível compreender o projeto como um sistema, podendo se desdobrar em outros espaços, complementando as possibilidades de visualização e recepção do conteúdo no ambiente físico. Aspirando ampliar e enriquecer a experiência deste público e, ainda, não aprisionar este panorama gráfico complexo e de sutis variações e detalhes, a contextualização

das imagens em um lugar com sonorização foi definida como complemento ideal para o projeto. Assim, coube ao projeto contemplar o sistema composto por: uma publicação impressa de conteúdo eminentemente visual e a realização de um evento, que contaria com shows dos artistas e ambientação e cenografia construida a partir das imagens.


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desenvolvimento das imagens Partindo das palavrasconceito elencadas para cada artista e da intenção de transitar entre técnicas analógicas e digitais como princípios, a maneira que encontrei para ir compondo as imagens foi uma constante, um método que foi se concretizando a cada imagem criada. Minha interpretação foi guiada não somente por estes estímulos, mas simultaneamente por assimilações subjetivas a partir da minha relação com cada artista. O método que desenvolvi após algumas experimentações era dividido em dois momentos principais: Pré-produção: Somando os significados imagéticos que cada

palavra representava em meu imaginário, utilizei diversos materiais como tecidos, plásticos, papéis, telas, argila e massa de modelar, garrafas pet, espelhos, tintas, borrachas, plantas, água, entre outros. Após a escolha do material, experimentava maneiras específicas de manipulálos com o objetivo de captar fotograficamente ou por meio de digitalização (scanner) uma primeira imagem, fiel aos significados por mim interpretados, que seria utilizada como matéria-prima para a construção da imagem final. Pós-produção: Feitos os registros fotográficos, o próximo passo era levá-los para o computador e editá-los,

realizando interferências e adicionando aspectos de linguagem característicos do meio digital, como distorções, efeitos de sobreposição, ideais para finalizar cada imagem, seguindo sempre as palavras e minha interpretação sobre elas como parâmetro para avaliar quando atingissem resultado satisfatório. Neste momento a ferramenta utilizada foi exclusivamente o software Adobe Photoshop. Apresento a seguir algumas experimentações para ilustrar o funcionamento deste método.


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karina buhr eco / turvo / contínuo—quebra—contínuo Estas diretrizes me remeteram ao tecido de tela-filó, que por não ser completamente translúcido e não revelar com clareza o que está por trás, produz um efeito turvo, especialmente ao ser dobrado, sobrepondo algumas de suas camadas. Além disso, a cor branca acinzentada e leitosa, por conta das sombras e diferenças de proximidade do tecido à lente da câmera também representavam com êxito a dimensão misteriosa como a palavra "turvo" me afetava. Depois de alguns registros com diferentes resultados possibilitados por este

pré-produção

material, experimentei digitalmente fazer algumas interferências, sobrepondo mais de uma foto e utilizando efeitos de distorção para trazer as outras palavras para a imagem. Com estes efeitos, cheguei finalmente a uma imagem composta por diferentes planos e uma certa repetição de formas que são interrompidas por sua irregularidade e inconstância, que traduziam satisfatoriamente a minha percepção sobre as palavras-conceito que representam a sonoridade de Karina.


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pós-produção

imagem finalizada


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letuce arrastado / cintilante / deslizante / plano–linha A noção de cintilância me trouxe como referência a suavidade do brilho de uma concha e seu aspecto interior madre pérola, o que me direcionou a utilizar como ponto de partida uma foto deste elemento. Para complementar o sentido de suavidade e também o fato de interpretar que sua musicalidade tem uma relação com o mar enquanto entidade e as sensações de leveza proporcionadas pela água, senti necessidade de fazer pinceladas de tinta guache azul sobre papel. Posteriormente à escolha e produção dessas imagens,

pré-produção

comecei a experimentar transformações digitais que me proporcionassem resultados pertinentes aos conceitos de arrastado e deslizante, com distorções retilíneas que trouxessem as linhas como elemento gráfico.


37 pós-produção–processo

imagem finalizada


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aprendizados/ conclusões Neste processo de experimentação e construção de imagens algumas questões levantadas foram de fundamental importância para a continuidade da produção de conteúdo. Primeiro, uma não desenvoltura e familiaridade com todos os recursos disponíveis no Photoshop, software utilizado em 50% de todo o trabalho, me trouxe liberdade em explorálo sem pré-conceitos e desfrutar de uma postura inteiramente experimental ao utilizar suas ferramentas.

às minhas concepções estéticas de beleza, porém eram resultados extremamente coerentes com a interpretação e visualização que passava pelo meu imaginário ao ouvir o som e ser sensibilizada pelos conceitos. Assim, a conclusão foi de que o parâmetro para finalização de uma imagem seria de fato a correspondência com a minha interpretação, e assumir o caráter estranhamente belo das imagens como uma linguagem autêntica do projeto.

Por vezes, as imagens geradas resultavam em representações estranhas

Além disso, notei que as possibilidades de representação para cada

artista eram infinitas e que cada resultado obtido era reflexo de uma escolha processual em como misturar e manipular os elementos compositivos da imagem. Portanto, considerei propício incorporar sequências de imagens, contestando a pretensão de se chegar a uma única representação que rotulasse e aprisionasse a imagem de cada artista, permitindo inclusive que o conjunto de imagens criasse uma narrativa visual. Este acréscimo na quantidade de imagens por artista é também interessante por abrir espaço para que o processo de


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experimentação seja perceptível pelo leitor. Estas primeiras conclusões ajudaram na formulação de escolhas formais sobre como apresentar as imagens. Com relação às sequências, identifiquei que cada imagem dava origem a desdobramentos de diferentes classes, o que determinou que cada sequência de imagem teria sua necessidade de existir, não sendo colocada uma regra que estipulasse um mesmo número de imagens para os artistas, mas sim que estas sequências se desdobrassem o quanto fosse interessante para comunicar os conceitos.


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panorama gráfico

sintético

kassin Explorei o movimento de esticar e esgarçar a massa de modelar, revelando uma textura rasgada. Neste caso, a escolha do material, suas cores e os enquadramentos inspiravam uma abordagem cômica e leve.


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el谩stico

c么mico


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panorama gráfico

sintético

kassin Explorei o movimento de esticar e esgarçar a massa de modelar, revelando uma textura rasgada. Neste caso, a escolha do material, suas cores e os enquadramentos inspiravam uma abordagem cômica e leve.


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el谩stico

c么mico


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panorama gráfico

sintético

kassin Explorei o movimento de esticar e esgarçar a massa de modelar, revelando uma textura rasgada. Neste caso, a escolha do material, suas cores e os enquadramentos inspiravam uma abordagem cômica e leve.


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el谩stico

c么mico


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panorama gráfico

fuleiragem

eddie Utilizei uma rede que é utilizada como embalagem de frutas que me remetiam a palavra fuleiragem por ser um material marginal, descartado facilmente. Sua cor alaranjada alude ao solar, caloroso. Como recursos de edição fiz uso de deslocamento de seções da imagem para proporcionar o efeito de ruído e rasgado.

abafa


ado

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rasgado

ruĂ­do


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panorama gráfico

fuleiragem

eddie Utilizei uma rede que é utilizada como embalagem de frutas que me remetiam a palavra fuleiragem por ser um material marginal, descartado facilmente. Sua cor alaranjada alude ao solar, caloroso. Como recursos de edição fiz uso de deslocamento de seções da imagem para proporcionar o efeito de ruído e rasgado.

abafa


ado

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rasgado

ruĂ­do


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panorama gráfico

tempestade

ava rocha As palavras tempestade e desalinhado traziam a perspectiva de um movimento de vibração, o que me fez incorporar nesta série de imagens a repetição sequenciada de um mesmo elemento, fragmento de uma imagem de recorte de papel, com diferenciações de gradação e distorções que representassem o ruído.

poder


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desalinhar

androginia

vibração


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panorama gráfico

tempestade

ava rocha As palavras tempestade e desalinhado traziam a perspectiva de um movimento de vibração, o que me fez incorporar nesta série de imagens a repetição sequenciada de um mesmo elemento, fragmento de uma imagem de recorte de papel, com diferenciações de gradação e distorções que representassem o ruído.

poder


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desalinhar

androginia

vibração


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panorama gráfico

tempestade

ava rocha As palavras tempestade e desalinhado traziam a perspectiva de um movimento de vibração, o que me fez incorporar nesta série de imagens a repetição sequenciada de um mesmo elemento, fragmento de uma imagem de recorte de papel, com diferenciações de gradação e distorções que representassem o ruído.

poder


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desalinhar

androginia

vibração


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panorama gráfico

tempestade

ava rocha As palavras tempestade e desalinhado traziam a perspectiva de um movimento de vibração, o que me fez incorporar nesta série de imagens a repetição sequenciada de um mesmo elemento, fragmento de uma imagem de recorte de papel, com diferenciações de gradação e distorções que representassem o ruído.

poder


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desalinhar

androginia

vibração


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panorama gráfico

eco

karina buhr O aspecto de um fluido viscoso para representar a turbidez e as distorções reforçando o movimento de quebra e reverberação foram as soluções que encontrei para estas representações. A presença de cores pálidas e sóbrias refletem o mistério e o desconhecido, provenientes da minha concepção sobre estas diretrizes.

turvo


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contínuo—quebra—contínuo


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panorama gráfico

eco

karina buhr O aspecto de um fluido viscoso para representar a turbidez e as distorções reforçando o movimento de quebra e reverberação foram as soluções que encontrei para estas representações. A presença de cores pálidas e sóbrias refletem o mistério e o desconhecido, provenientes da minha concepção sobre estas diretrizes.

turvo


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contínuo—quebra—contínuo


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panorama gráfico

eco

karina buhr O aspecto de um fluido viscoso para representar a turbidez e as distorções reforçando o movimento de quebra e reverberação foram as soluções que encontrei para estas representações. A presença de cores pálidas e sóbrias refletem o mistério e o desconhecido, provenientes da minha concepção sobre estas diretrizes.

turvo


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contínuo—quebra—contínuo


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panorama gráfico

arrastado

letuce A representação literal da transposição de plano para linha inspirou a produção desta sequência e a presença da distorção de formas azuis e cintilantes quase derretidas pretendem suavidade e um certo misticismo.

cintilante


e

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deslizante

plano—linha


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panorama gráfico

arrastado

letuce A representação literal da transposição de plano para linha inspirou a produção desta sequência e a presença da distorção de formas azuis e cintilantes quase derretidas pretendem suavidade e um certo misticismo.

cintilante


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deslizante

plano—linha


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panorama gráfico

arrastado

letuce A representação literal da transposição de plano para linha inspirou a produção desta sequência e a presença da distorção de formas azuis e cintilantes quase derretidas pretendem suavidade e um certo misticismo.

cintilante


e

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deslizante

plano—linha


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panorama gráfico

dramático/cênico

johnny hooker Os três atributos remetiam a uma presença intensa e exagerada do corpo e, partindo desta desta concepção, digitalizei imagens do rosto e do cabelo para experimentar uma representação rastejante e visceral.


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melanc贸lico

rastejante


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panorama gráfico

dramático/cênico

johnny hooker Os três atributos remetiam a uma presença intensa e exagerada do corpo e, partindo desta desta concepção, digitalizei imagens do rosto e do cabelo para experimentar uma representação rastejante e visceral.


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melanc贸lico

rastejante


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panorama gráfico

dramático/cênico

johnny hooker Os três atributos remetiam a uma presença intensa e exagerada do corpo e, partindo desta desta concepção, digitalizei imagens do rosto e do cabelo para experimentar uma representação rastejante e visceral.


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melanc贸lico

rastejante


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panorama gráfico

aveludado

céu O reflexo de raios de sol na água e a leveza de um tecido brilhante em movimento eram cenários que compunham meu imaginário a cerca das palavras-conceito. A sequência traz três abordagens distintas para o princípios adotados de movimento e de fluidez.

vapor


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conforto

mergulho


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panorama gráfico

aveludado

céu O reflexo de raios de sol na água e a leveza de um tecido brilhante em movimento eram cenários que compunham meu imaginário a cerca das palavras-conceito. A sequência traz três abordagens distintas para o princípios adotados de movimento e de fluidez.

vapor


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conforto

mergulho


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panorama gráfico

aveludado

céu O reflexo de raios de sol na água e a leveza de um tecido brilhante em movimento eram cenários que compunham meu imaginário a cerca das palavras-conceito. A sequência traz três abordagens distintas para o princípios adotados de movimento e de fluidez.

vapor


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conforto

mergulho


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panorama gráfico

plástico

tulipa ruiz Adotei como ponto de partida sacolas plásticas e braços de bonecos. As sacolas foram usadas para criar um fundo sobre o qual os braços foram aplicados de forma sequencial para remeter ao movimento corporal através da repetição.


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artificial

polichinelo


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panorama gráfico

plástico

tulipa ruiz Adotei como ponto de partida sacolas plásticas e braços de bonecos. As sacolas foram usadas para criar um fundo sobre o qual os braços foram aplicados de forma sequencial para remeter ao movimento corporal através da repetição.


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artificial

polichinelo


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panorama gráfico

vento/sopro

mariana aydar Capturei imagens por debaixo d’água para representar o contraste entre continuidade, fluidez dos líquidos, em oposição a um aspecto por vezes sombrio, contraste esse bastante característico da sonoridade de Mariana. A sequência foi composta por frames de um vídeo e, por isso, tem maior duração do que as outras.


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fluido

contĂ­nuo


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panorama gráfico

vento/sopro

mariana aydar Capturei imagens por debaixo d’água para representar o contraste entre continuidade, fluidez dos líquidos, em oposição a um aspecto por vezes sombrio, contraste esse bastante característico da sonoridade de Mariana. A sequência foi composta por frames de um vídeo e, por isso, tem maior duração do que as outras.


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fluido

contĂ­nuo


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panorama gráfico

vento/sopro

mariana aydar Capturei imagens por debaixo d’água para representar o contraste entre continuidade, fluidez dos líquidos, em oposição a um aspecto por vezes sombrio, contraste esse bastante característico da sonoridade de Mariana. A sequência foi composta por frames de um vídeo e, por isso, tem maior duração do que as outras.


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fluido

contĂ­nuo


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panorama gráfico

vento/sopro

mariana aydar Capturei imagens por debaixo d’água para representar o contraste entre continuidade, fluidez dos líquidos, em oposição a um aspecto por vezes sombrio, contraste esse bastante característico da sonoridade de Mariana. A sequência foi composta por frames de um vídeo e, por isso, tem maior duração do que as outras.


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fluido

contĂ­nuo


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panorama gráfico

vento/sopro

mariana aydar Capturei imagens por debaixo d’água para representar o contraste entre continuidade, fluidez dos líquidos, em oposição a um aspecto por vezes sombrio, contraste esse bastante característico da sonoridade de Mariana. A sequência foi composta por frames de um vídeo e, por isso, tem maior duração do que as outras.


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fluido

contĂ­nuo


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panorama gráfico

doceXbruto

otto Ao direcionar um foco de luz diretamente para a superfície do scanner produzi uma imagem que traduzia muito bem as ideias de exagero, rude e bruto. Através da manipulação dessa matriz inicial experimentei novas composições que aveludassem esses adjetivos.


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rude

exagero


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panorama gráfico

doceXbruto

otto Ao direcionar um foco de luz diretamente para a superfície do scanner produzi uma imagem que traduzia muito bem as ideias de exagero, rude e bruto. Através da manipulação dessa matriz inicial experimentei novas composições que aveludassem esses adjetivos.


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rude

exagero


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panorama gráfico

doceXbruto

otto Ao direcionar um foco de luz diretamente para a superfície do scanner produzi uma imagem que traduzia muito bem as ideias de exagero, rude e bruto. Através da manipulação dessa matriz inicial experimentei novas composições que aveludassem esses adjetivos.


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rude

exagero


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panorama gráfico

macio

moreno veloso Explorei a aparência calma e tranquila capturada nas fotografias de uma planta que conseguia traduzir sensações e visões que as palavras-conceito me trazem. Com técnicas de sobreposição tornei seus contornos menos delineados e criei movimentos de ondulação, para evocar o macio.

quintal


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espuma

refrescante


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panorama gráfico

macio

moreno veloso Explorei a aparência calma e tranquila capturada nas fotografias de uma planta que conseguia traduzir sensações e visões que as palavras-conceito me trazem. Com técnicas de sobreposição tornei seus contornos menos delineados e criei movimentos de ondulação, para evocar o macio.

quintal


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espuma

refrescante


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panorama gráfico

macio

moreno veloso Explorei a aparência calma e tranquila capturada nas fotografias de uma planta que conseguia traduzir sensações e visões que as palavras-conceito me trazem. Com técnicas de sobreposição tornei seus contornos menos delineados e criei movimentos de ondulação, para evocar o macio.

quintal


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espuma

refrescante


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panorama gráfico

fantasia

silvia machete Encontrei nas garrafas plásticas PET as características físicas para evocar o tropicalartificial. As tiras de plástico ora remetem a plantas artificiais, ora a fantasias de carnaval. A extravagância se dá por conta das experimentações de cores e composição.

tro


opical-artificial

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extravagante


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panorama gráfico

fantasia

silvia machete Encontrei nas garrafas plásticas PET as características físicas para evocar o tropicalartificial. As tiras de plástico ora remetem a plantas artificiais, ora a fantasias de carnaval. A extravagância se dá por conta das experimentações de cores e composição.

tro


opical-artificial

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extravagante


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panorama gráfico

fantasia

silvia machete Encontrei nas garrafas plásticas PET as características físicas para evocar o tropicalartificial. As tiras de plástico ora remetem a plantas artificiais, ora a fantasias de carnaval. A extravagância se dá por conta das experimentações de cores e composição.

tro


opical-artificial

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extravagante


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panorama gráfico

badulaque

tono Neste caso explorei a estética kitsch proporcionada pela soma e acúmulo de elementos que separados poderiam não expressar significados, mas que juntos compõe uma cena propícia para representar uma realidade imaginária.


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caleidosc贸pio

imagin谩rio


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panorama gráfico

badulaque

tono Neste caso explorei a estética kitsch proporcionada pela soma e acúmulo de elementos que separados poderiam não expressar significados, mas que juntos compõe uma cena propícia para representar uma realidade imaginária.


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caleidosc贸pio

imagin谩rio


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panorama gráfico

badulaque

tono Neste caso explorei a estética kitsch proporcionada pela soma e acúmulo de elementos que separados poderiam não expressar significados, mas que juntos compõe uma cena propícia para representar uma realidade imaginária.


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caleidosc贸pio

imagin谩rio


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produto final Analisando o conjunto de sequencias de imagens, constatei que havia uma correspondência no todo. Apesar de me fazer valer de múltiplas técnicas de representação, a maneira como manipulava e editava as matérias-primas na pós-produção produzia um efeito de unidade, sem comprometer a personalidade de cada resultado.

projeto gráfico –LIVRO– A ideia de apresentar um livro que tem como conteúdo exclusivamente imagens foi desafiadora. Deveria encontrar uma maneira de valorizar as imagens e de proporcionar uma leitura generosa e imersiva e, ainda, que o leitor pudesse se apropriar deste conteúdo, interferindo e dialogando com sua própria interpretação. Tomei como referência alguns projetos gráficos de livros que não utilizavam encadernação, apresentando lâminas avulsas e sobrepostas,

que sugeriam uma reordenação e, por isso, a possibilidade de criar novas narrativas. A opção por um formato grande, nas dimensões de 31 cm x 50,2 cm, próximo do tamanho limite para impressão digital, se deu pela riqueza de detalhes e nuances presentes nas imagens e na consequente intenção de envolver o leitor na sua manipulação e apreciação. De todo o conteúdo produzido em experimentação foram selecionadas 40 imagens, impressas sangradas em 20 lâminas frente e verso em papel polen bold 90g/m³.


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As lâminas dobradas pelo meio e encartadas umas nas outras resultam em encontros entre diferentes imagens, proporcionando uma leitura comparativa de congruências e divergências em suas composições e fazendo com que estes aspectos visualmente perceptíveis sejam um espelho das relações entre as sonoridades que as originaram. É sugerido um percurso original que mantém agrupadas as imagens relativas a cada artista e destaca, na transição de um artista para outro, a tensão e inesperados encaixes entre as imagens, que reforçam o aspecto da

leitura relacional. No momento em que o livro é entregue ao leitor, está sujeito a apropriações e recomposições, analisando e destacando cada imagem separadamente, agrupando-as como desejar. O conteúdo textual do livro é apenas uma lâmina dobrada e encartada entre a primeira e segunda páginas, contendo nome do projeto, texto de apresentação, colofón e sumário, que funciona como um mapa visual da ordenação original proposta e que comunica a relação de quais imagens pertencem a cada artista. A opção por

não informar as palavrasconceito que guiaram a construção das imagens e outras informações de processo foi intencional, não querendo induzir a interpretação do leitor e permitindo que este componha sua própria versão do cenário musical brasileiro contemporâneo. Tratando-se de um trabalho realizado a partir de um recorte de artistas frente a uma enorme e efervescente nova cena musical, adotou-se o partido de que o projeto poderia se desdobrar em novas edições, em períodos anuais.


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–NOME– Para dar nome ao projeto, procurava palavras que estivessem presentes tanto no universo da imagem quanto da música. Depois de listar algumas, a palavra arranjo trouxe conotações bastante oportunas aos conceitos do projeto. Na matemática, representa o número de maneiras que se pode ordenar um grupo de elementos, relacionando uns com os outros, de modo que cada grupo se distinga dos demais. No âmbito musical, traz a noção de reescrever o material pré-existente e reorganizálo de acordo com os recursos disponíveis, transformando-o e

apresentando-o de nova maneira. Sendo um dos principais objetivos do projeto o de proporcionar que relações e arrumações sejam feitas entre as imagens através de sua ordenação e reordenação, além de dar possibilidade de interpretar as individualidades em relação ao todo e criar agrupamentos, estes significados reforçaram e ampliaram o sentido das decisões relativas não só ao projeto gráfico, mas à base conceitual que sustenta este trabalho.


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–IDENTIDADE VISUAL– Busquei na identidade visual trazer as conotações da palavra arranjo e, ao mesmo tempo, conseguir que as características das imagens estivessem presentes. Optei por utilizar a Gotham Narrow, uma tipografia que revela um aspecto contemporâneo, coerente com o recorte temporal do contexto abordado no projeto. Sua estrutura densa e expressiva em contraste com formas e curvas sinuosas compõe um contraste amigável quando utilizada em caixa baixa. A disposição sortida e irregular das letras

coloca em questão a elementaridade dos caracteres em relação ao conjunto e destaca uma configuração não estática destes elementos, demonstrando sua mobilidade e sucetibilidade a novas formatações. Somado a este efeito de distribuição alternada dos caracteres, os traços adicionados às suas bases remetem por vezes às linhas das partituras, como se os caracteres do arranjo fossem, neste caso, notas musicais.

aspecto da manipulação digital presente nas imagens em contraste com as formas regulares e polidas da tipografia utilizada, a gradação em 3 níveis de distorção compõe uma identidade visual cambiável e em movimento, que pode se desdobrar em aplicações virtuais animadas, como vinhetas no formato .GIF.

Como tipografia auxiliar, utilizei no encarte do livro a Akzidenz Grotesk. Procurando ampliar o significado desta mobilidade e trazer o

CLIQUE AQUI PARA VER A VERSÃO ANIMADA


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–EMBALAGEM– Em função da ausência de encadernação, a embalagem deveria prestar a função de proteger e conter o livro. Pretendia-se também que não escondesse o conteúdo, o que me fez imaginar um material transparente e plástico como adequado ao propósito. Elaborei um pasta envelope de PVC cristal, nas dimensões 29 cm x 33 cm fechada, com uma aba externa de fecho e acabamento solda térmica. O aspecto sintético resultante da textura e brilho do PVC se mostrou oportuno por remeter ao princípio estético das imagens da publicação.


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ESPELHO DA PUBLICAÇÃO


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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO IMPRESSO –LIVRO– 50,2 cm x 31 cm aberto 25,1 cm x 31 cm fechado encarte 50,2 cm x 31 cm aberto 15,5 cm x 25,1 cm fechado papel livro e encarte polen bold 90 g/m acabamento corte e dobra livro aberto

encarte aberto

livro fechado

encarte fechado

livro + encarte


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–EMBALAGEM– material PVC cristal formato 29,5 cm x 33 cm acabamento solda térmica


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FOTOS


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o evento Escolhi um lugar que atendesse ao perfil adequado para a realização do evento, utilizando e me apropriando de seu espaço para fins de simulação. Optei pelo És Uma Maluca, localizado no bairro de Vila Isabel, Rio de Janeiro, que se caracteriza como um núcleo independente de produção e experimentações artísticas, com foco na cultura colaborativa. O espaço recebe cooperações e parcerias com artistas e agentes culturais de outros núcleos apostando na criação de um cenário múltiplo e diverso na cidade. Seu ambiente dispõe de um galpão e galeria com aspecto

informal que abriga eventos de diferentes portes, desde exposições até festas e shows. A proposta é proporcionar ao público a visualização das imagens construidas ao longo do projeto utilizandoas como material para ambientação e cenografia de um evento que reúne imagem e som como estímulos fundamentais. Ao convidar os artistas retratados em cada edição a fazerem shows, constroi-se a camada sonora que contextualiza e enriquece a presença das imagens, criando em uma noite um cenário vivo de celebração e apreciação deste movimento. O fato de entender que o foco do evento não são as imagens, e sim que

essas são mais uma das camadas que compõe a experiência de imersão neste recorte do cenário musical brasileiro vigente, refletiu no projeto de estruturação e disposição dos elementos no evento. Não se pretendia, portanto, criar um ambiente de exposição convencional, mas propor um espaço dinâmico no qual o público usufruisse de uma relação de proximidade e contato físico com as imagens criadas. Para isso, estipulei duas maneiras de apresentar este conteúdo visual: A primeira, por meio de projeções que preencheriam o ambiente, se aproveitando de suas perspectivas e ângulos arquitetônicos, sem se limitar a um espaço contido. Haveria mais


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de um foco de projeção, dando conta de iluminar não somente o show, mas também outros pontos do espaço; A segunda maneira, através de bandeiras verticais impressas em tecido translúcido e suspensas por trilhos da estrutura do prédio, formando cortinas laterais, entre as quais as pessoas poderiam transitar. Haveria também uma bandeira na entrada do galpão com a identidade visual, e em seu verso, o texto de apresentação. Próximo à entrada e ao lado da bandeira de apresentação, uma mesa de suporte onde seriam dispostas as publicações disponíveis para venda. Além delas, poderiam ser adquiridas bolsas como souvenir do evento.


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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO EVENTO

PLANTA BAIXA GALPÃO


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CORTE AA


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CORTE BB


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BANDEIRAS COM IMAGENS


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–DIVULGAÇÃO– Para a divulgação do evento, foi pensado um conjunto de peças gráficas, correspondente a uma bandeira para ser fixada na fachada do prédio e dois desdobramentos para divulgação online, um cartaz e um GIF.

divulgação online

CLIQUE NA IMAGEM PARA VER O GIF


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bandeira fachada


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subprodutos

Como desdobramento do projeto, desenvolvi subprodutos que cumprem a função de complementar e ampliar o sentido do projeto como um sistema. Considerando como uma das etapas mais ricas do projeto o processo de pré-produção das imagens, percebi que seria desperdiçoso não aproveitar e revelar este material numa espécie de bastidores do processo. Para isso, criei um blog que foi alimentado somente com imagens do processo para ser acessado como conteúdo extra da publicação.

clique para acessar

arrranjo.tumblr.com


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Fiz a simulação de uma mixtape que seria disponibilizada virtualmente a cada edição do arranjo, com mixagens relativas às sonoridades dos artistas abordados na respectiva edição, disponíveis para download, proporcionando ao público um contato com o conjunto de sons que originou a criação do panorama gráfico.


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arranjo__01


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considerações finais Este projeto me deu a oportunidade de trabalhar com uma temática pela qual tenho muito interesse. Poder abordar esse cenário músical contemporâneo através de um processo guiado pela experiência e experimentação me permitiu ampliar a minha imersão nesse contexto. O caráter experimental me presenteou também com a descoberta de uma capacidade que até então não era consciente, a de criar imagens do zero a partir de abstrações. Entendo agora, que meu processo criativo é resultado da metodologia que estabeleci, mas

também, que esta metodologia é resultante desse mesmo processo criativo. A experimentação física guiou todo o trajeto de produção de cada imagem. Ao entrar em contato com estas materialidades consegui não só expressar minhas leituras de cada sonoridade, mas também enxergar os parametros que iriam conduzir na manipulação digital de cada composição. Estar imersa tão profundamente em um processo criativo, no qual a trilha sonora do meu cotidiano se fez contexto, fez com que

meu ser fosse projetual. O observar as cenas do dia a dia não era mais um ato passivo, mas parte de uma pesquisa imagetica de como traduzir essas sonoridades. Creio que meu maior aprendizado ao longo desse processo foi conseguir desenvolver uma forma de abordar a geração de conteúdo visual coerente com meu contexto.


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referências bibliográficas AMPLIFICADOR: a central da nova música brasileira. Disponível em: <http://oglobo. globo.com/blogs/amplificador/posts/2013/11/28/julianna-sa-ve-musica-carioca-emprocesso-de-reposicionamento-516619.asp> [Consult. 2015-04-18] ANDRE MIDAN: DO VINIL AO DOWNLOAD. Direção: Andrucha Waddington e Mini Kerti. Produção: Conspiração Filmes Rio de Janeiro - RJ, 2015. 180 min. AVA ROCHA. Disponível em: <http://www.avarocha.com/> [Consult. 2015-04-30] CANÇADO, WELLINGTON e MARQUEZ, RENATA. Atlas Ambulante. Belo Horizonte: Ed. ICC, 2011. CÉU. Disponível em: <http://www.ceumusic.com/> [Consult. 2015-04-30] EDDIE. Disponível em: <http://www.bandaeddie.com.br/> [Consult. 2015-04-30] KARINA BUHR. Disponível em: <http://www.karinabuhr.com.br/> [Consult. 2015-0430] LETUCE. Disponível em: <http://www.letuce.com.br/> [Consult. 2015-04-30] MARIANA AYDAR. Disponível em: <http://www.marianaaydar.com.br/site/> [Consult. 2015-04-30] NAVES, Santuza Cambraia. DA BOSSA NOVA À TROPICÁLIA: contenção e excesso na música popular*. Revista Brasileira de Ciências Sociais, SP, VOL. 15, N˚ 43. jun, 2000. OTTO. Disponível em: <http://trama.uol.com.br/otto/hotsites/principal/> [Consult. 2015-04-30] SILVIA MACHETE. Disponível em: <http://www.silviamachete.com/> [Consult. 201504-30] TATA AEROPLANO. Disponível em: <http://www.tataaeroplano.com/site/> [Consult. 2015-04-30] TONO. Disponível em: <http://www.tono.mus.br/site/?page_id=5> [Consult. 2015-0430]


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Este relat贸rio foi composto em ITC Franklin Gothic. Rio de Janeiro, dezembro de 2015.


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