Fernando Cunha Krum - Práticas transversais em artemídia: uma análise da colaboração...

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suas opiniões sobre o andamento dos jogos. Trata-se de uma interatividade limitada. Tal limitação não parece ser um problema para a maior parte dos telespectadores que, muitas vezes, é absorvida pelas programações de tal forma que não se incomoda, nem mesmo, com a cobrança pela participação, como a que ocorre no caso das votações realizadas por telefone, debitadas diretamente na conta dos usuários. Este fenômeno é o que Lemos (2012) afirma ser o da transição a um modelo “pósmassivo” de comunicação, no qual “todos têm o direito de fala” e o agenciamento29 torna-se pulverizado, não centralizado (LEMOS, 2012, p. 113). De fato, com a disseminação das redes, os usuários encontram mais espaço para expressar seus pontos de vista e algumas ferramentas permitem uma maior repercussão das opiniões individuais30. Porém não se trata de um direito de fala igualitário a “todos”, visto que estas tecnologias ainda não são acessíveis a uma grande parcela da população e o controle imposto pelas mídias de massa agora não se encontra somente na figura da televisão, mas, também, nas redes sociais online, nas ferramentas de busca, nos portais de notícias, embarcados no leiaute destes serviços. Existe uma hierarquia impressa nas páginas de internet que são exibidas em janelas que dispõem as informações “mais relevantes” no topo e o restante da informação é lida mediante a rolagem de cima para baixo. A maior parte dos serviços online que utilizamos é “gratuita”, mas coletam os dados dos usuários como forma de pagamento, contabilizando um grande fluxo de acesso, o que é revertido, posteriormente, em moeda de troca na venda de espaço publicitário, ou seja, todos são “livres para falar” nos espaços concedidos por serviços que lucram com estes diálogos. O papel das interfaces neste cenário é o da tradução, conversão, garantia de acessibilidade, integração de sistemas e emprego de analogias e metáforas do mundo real que são usadas para dar sentido a códigos que são intangíveis, necessitam ser interpretados e não existem fisicamente (embora sejam armazenados isso, sim, em suportes físicos31). Estas 29

Agenciamento é a pauta proposta pelos meios de massa para <http://andrelemos.info/2012/05/movimentos-sociais-2-0/>. Acesso em: 12 dez 2012.

discussão

do

público.

Fonte:

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As redes sociais se tornaram uma forma conexão entre as empresas e seus consumidores. Quando certa companhia abre oficialmente uma conta no Twitter (Disponível em: <http://www.twitter.com>. Acesso em: 12 dez. 2012), por exemplo, está assumindo uma responsabilidade por aquilo que circula ao redor de sua marca e deve estar a par das discussões que envolvem o seu perfil. Dessa forma, consumidores que se sentem enganados por determinado serviço podem demandar soluções abertamente nestas redes, citando o perfil oficial de tal empresa em suas mensagens. Estas ações, quando não são respondidas prontamente, podem tomar maiores proporções quando outros usuários se identificam com a causa e realimentam a discussão.

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As informações que guardamos, recuperamos e manipulamos podem ser armazenadas em diversos suportes como: fitas magnéticas, cartões perfurados, discos rígidos, discos óticos (CDs) ou memórias estáticas (como os pendrives, por exemplo). Atualmente, existe, também, o conceito de armazenamento na “nuvem”, na qual a informação do usuário não é guardada localmente, mas em servidores distantes que são acessados via rede. Este armazenamento utiliza os mesmos suportes citados


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