Juízes e Judiciário: História, Casos, Vidas

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Juízes e Judiciário: História, Casos, Vidas

vítimas. Tenso por elas. Tribunal novo e branco; beca preta e colorada. E o réu na dele: “nada sei”. Quem é essa mulher? Braços de quem se surpreende com a acusação. Mais abaixo, depois de Cerejeiras e Pimenteiras, chegase ao vale do Guaporé. Do outro lado, os bolivianos. Não se vê nenhum deles, só os peixes. Aos olhos do novato uma perturbação. Algo naqueles braços que gesticulavam. Subiam e desciam como as colinas de Colorado. Num dos braços algo pedia descoberta. Ao menos, pedia curiosidade. Algum escrito, algum desenho, meio colorido. Aperta o olhar, força a ruga, fixa o objeto que vai e vem. Alguma coisa está escrita ali. Tatuagem na certa. Coisa de prisão. Bobagem, nada de importante. Mas, e o bicho curioso que cutuca? Espicha o olho, doutor! Vê bem, que a juventude ainda te permite. Chega mais perto, mas não constrange! Coça a curiosa. Pega um ângulo melhor, levanta e finge que vai tomar um café. Passa por trás... E vê! É o nome da dona! Sim, a mulher de que não se sabe nada! Tatuada no braço do que não sabe e não conhece ninguém! A camisa, por baixo da beca, empapada de suor. Um sorriso disfarçado, esquecendo do calor. A tatuagem é a prova do crime. Mas não consta dos autos. Ainda não é prova, apesar de estar ali. Tinta na carne, o nome do motivo. A facada foi por ela. O novato volta, senta e olha pro juiz. Sério, falante, dirigindo pergunta e pergunta. Será que ele não viu? Na certa não. A fala domina o corpo.


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